LEÃO DEHON
FUNDADOR DOS
PADRES DO SAGRADO CORAÇÃO DE SÃO QUINTINO
ALGUMAS DATAS
1843 (14/03) - Nascimento de Leão Dehon em La Capelle
(Aisne).
1864 – Doutorado em Direito.
1868 – Ordenação
Sacerdotal em Roma.
1869 – Pe. Dehon: estenógrafo no Concílio Vaticano I.
1871 – Vigário da
Basílica de São Quintino. Ele descobre a miséria do mundo operário.
1872 – Fundação do Patronato São José.
1873 – Fundação do Circulo Operário Católico.
1877 – Fundação do Colégio São João.
1878 – Eleição do Papa Leão XIII.
1878 (28/06) – Padre Dehon emite seus votos religiosos: eis
a fundação da Congregação dos Padres do Sagrado Coração.
1888 – Partida dos primeiros missionários para o Equador.
1891 – A Encíclica “Rerum Novarum” (Leão XIII). Pe. Dehon
será seu ardoroso divulgador.
1894 – Publicação do Manual Social Cristão.
1925 – (12/08) Morte do Padre Dehon em Bruxelas (Bélgica).
Sepultamento em São Quintino.
1963 – Seu corpo foi trasladado para a Igreja de São
Martinho.
LEÃO DEHON
Aos 21 anos, é doutor em
Direito, e inscrito no corpo de advogados de Paris. Contrariando a vontade dos
pais, entra no Seminário Francês de Roma, onde se ordena padre em 1868.
Em 1871, a cidade operária de São Quintino acolhe o
neo-sacerdote que vem de concluir seus estudos. Intelectual brilhante, Padre
Dehon lá descobre a situação operária e o fôsso que separa a Igreja da
Sociedade da época. Um encontro decisivo que orientará a vida e o pensamento
desse homem de Deus: curioso de todos as novidades; atento às mudanças que
obrigam a Igreja a rever suas estratégias para continuar à escuta dos homens.
Figura de proa dos “padres democratas”, Padre Dehon é um
místico a haurir, na contemplação do Coração de Jesus, a própria vida de Deus –
Amor. Ao fundar uma Congregação de Religiosos – os Padres do Sagrado Coração
(dehonianos) - ele ofereceu à Igreja apóstolos enraizados no amor de Deus, mas
totalmente presentes aos homens. Combinação original de uma mística do Deus –
Amor, mas que se empenha nos problemas da sociedade: lá onde vivem os homens,
lá onde eles encontram o seu Deus.
Leão Dehon é um desses homens do século XIX que construíram
a Igreja hodierna. Esse percurso fora do comum anuncia os estremecimentos na
modernidade e delineia as soluções para um Cristianismo do IIIº Milênio.
TRÊS
INSISTÊNCIAS DO PADRE DEHON
1-
O ESTUDO
“Precisamos
de Doutores”. “Somos homens da Educação”.
Leão Dehon quis formar-se. Não
somente nas ciências teológicas e religiosas. Mas também em todas aquelas que
tangenciavam o social, o esconômico, o político e o cultural. Ele se interessa
pela arte e pelas civilizações: Daí, a razão de suas viagens não ser jamais a
“de um turista ocioso”; porém, a de um homem em busca de sentido e compreensão
de humanidade.
Na sua preparação ao sacerdócio,
ele quis fazer, com a ajuda dos melhores mestres, os estudos mais sólidos
possíveis. Para orientar e estruturar a sua vida sacerdotal e espiritual, ele
vai ao encontro das personalidades que “se alimentavam com a mais segura
doutrina”, e dos quais sempre podia “auferir valioso proveito ao com eles
privar”.
No seu ministério e, mais que
tudo, em São Quintino, era levado, por essa necessidade, a criar centros de
formação. Para os jovens operários, através de patronatos e de círculos. Para
os jovens operários, ou para os patrões, com a animação de sessões, de
congressos e de semanas sociais. Para os sacerdotes, nos quais lamentava a
ignorância das questões sociais -, ele se fez um apóstolo da “Rerum Novarum”.
Para os seminaristas, para os quais escreveu um catecismo social. E, por sem
dúvida, pelo fato de fundar o seu Instituto, a partir de São João, ele criava a
possibilidade de atingir dois objetivos: o de estruturar padres e o de formar
jovens: todos eles aptos para a promoção da Justiça.
É esse zelo de formar e de
convencer que o impele a escrever, a fazer conferências, a fundar um jornal e
multiplicar publicações...
Em nossos dias, essa
necessidade da formação: não vem a ser ela, mais do que nunca, uma exigência?
Como esperar que alguém possa tornar-se responsável pela sua vida, crescer
em liberdade, ser capaz de exercer a sua cidadania -, caso não dominemos, ainda
que pouco, o nosso ambiente? Como falar de emancipação, sem formação? Como, em
nossos dias, preparar o futuro, se não formos exigentes na formação dos
religiosos, dos padres e dos responsáveis da Igreja e da Sociedade futura?
Nossa sociedade tem a necessidade de entender que a formação
é um direito de todos e uma exigência de justiça e, pois, de caridade; e pela
qual se faz necessária a mobilização de todos.
2 –
A AÇÃO
“Precisamos
de Apóstolos” “Ide ao Povo... Saí de
vossas sacristias”.
Padre Dehon quis sacudir a Igreja,
pedindo-lhe que abrisse as suas portas. Não somente para que os povos por aí
pudessem entrar; mas sobretudo para que a própria Igreja saia ao seu encontro,
entre em diálogo com eles e que Ela possa, finalmente, nascer dentre eles. “O
culto eucarístico nos torna atentos ao amor e à fidelidade do Senhor na sua
presença em nosso mundo”.
Para Leão Dehon, sair da sacristia
também significava dar resposta aos apelos da Igreja nos quatro cantos do
mundo. Enviando, pois, os seus “missionários” a todos os cantos da diocese de
Soisson; a todos os colóquios sociais da França; assim como enviará as suas
mais vivas forças ao Equador e ao Brasil -, e sob o risco de fragilizar o seu
nascente Instituto. “O padre deve ser o homem do seu tempo...; ele deve falar a
linguagem do seu tempo; e não pode negligenciar o estudo dos grandes problemas
que agitam a sua Nação”.
Eis porque Leão Dehon nunca
hesitou colocar-se na fronteira das questões da Sociedade: ele toma posição
face a muitas questões sociais, inclusive à organização da sociedade, à
democracia, às finanças, à produção, bem como face a todas as ideologias de seu
tempo. Com igual vigor e coragem, ele age diante das questões internas da
Igreja, diante das questões de teologia, de moral e de sua função.
Trata-se, ainda
hoje, de uma mensagem e de um apelo de candente atualidade. O próprio
mundo, notadamente ocidental: não é ele tentado a voltar-se para si mesmo, a
ponto de ignorar os que batem à sua porta? Ou de somente lhes dar atenção na
medida em que deles possa obter apoio para a sua própria segurança?
A mensagem de
Leão Dehon é mensagem de confiança, de audácia e de ação. Vamos em frente se
quisermos viver. Ele se preocupou menos com a construção do seu Instituto do
que com o empenho de, em todas as circunstâncias, e nada obstante a debilidade
de suas forças -, responder aos apelos do seu tempo.
3 –
A ORAÇÃO
“Precisamos
de Santos”. “Eis o Caminho: Seguir fielmente a Jesus”!
Para todos é evidente que Leão
Dehon hauriu a energia necessária para a sua encarnação do Deus de Amor. O seu
“Instituto tem sua origem na experiência de Fé do Padre Dehon”.
“Ide ao Sagrado Coração. É nEle, é
nas profundezas do seu amor que o pregador e o homem de ação encontrarão o
segredo de Lhe ganhar as almas”.
“Testamento do amor do Cristo que
se entrega, a Eucaristia ressoa em tudo quanto somos e em tudo quanto vivemos”.
“O culto eucarístico nos torna
atentos ao amor e à fidelidade do Senhor na sua presença em nosso mundo”.
“Pelo fato de haver somente um
pão para todos nós, formamos um só corpo, pois todos comungamos do mesmo
pão” (1 Cor 10, 17).
A encarnação contemplada e
celebrada na Eucaristia, é o coração da inspiração de Leão Dehon. É também um
pouco a nossa herança. No cotidiano de nossas vidas, nós aí encontramos “a
presença do Senhor em nosso mundo”. Presença sofredora ou gratificante,
trata-se, em verdade, da encarnação do Senhor que encontramos, contemplamos, e
que trazemos com o pão e o vinho da eucaristia, para que toda esta vida, esta
porção de humanidade se torne um só corpo: o Corpo de Cristo.
Nos dias atuais, essa
espiritualidade dehoniana é perfeitamente atual. De fato, hoje como nunca, a
nossa humanidade é carente de ternura, de se sentir amada, de se reconhecer em
fraternidade, em relações de paz. Homens e mulheres, povos inteiros sofrem da
exclusão, do não reconhecimento, do ódio e do medo do outro. Assim os povos
como a natureza são ameaçados de destruição, porque o homem não está no
interior da atividade humana, uma vez que a humanidade adquiriu poderes de vida
e de morte assim sobre o seu planeta como sobre a sua própria existência.
No nosso mundo, notadamente
ocidental, os católicos tornaram-se minoritários. “Não têm, sequer, o monopólio
da fé em Deus. Outros que não nós praticam o serviço de outrem e trabalham
efetivamente pela paz e pela justiça entre os homens. A indiferença religiosa
coexiste, hodiernamente, com expressões múltiplas do desejo religioso. Esse
contexto geral nos convida a redescobrir a nossa especificidade”. (Carta dos
Bispos aos Católicos da França (1997)).
Nota - Os originais dos textos
foram doados ao APPAL
pela Sra. Maria
Terezinha Ramos Krieger Merico,
que os trouxe da
França. (19/05/2005).
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