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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Palestra sobre o Amor - a respeito da Encíclica Deus Caritas Est

Seção "Antologia Eloyca"

PALESTRA SOBRE O AMOR - a respeito da Encíclica Deus Caritas Est
Padre Eloy Dorvalino Koch, SCJ

Papa Bento XVI

PRIMEIRA PARTE


DADOS ESSENCIAIS SOBRE O AMOR QUE DEUS OFERECE DE MODO MISTERIOSO E GRATUITO AO HOMEM. MAS DE NEXO INTRÍNSECO COM A REALIDADE DO AMOR HUMANO.


1 – NOÇÕES GERAIS DO AMOR NAS VÁRIAS CULTURAS

EROS: De certa forma impõem-se ao ser humano, na relação homem/mulher.

PHILIA: Amor de amizade (Jesus+Discípulos).

ÁGAPE: A novidade do AMOR CRISTÃO.


2 – EROS, ENTRE GREGOS E OUTROS POVOS

ERA UMA FORÇA DIVINA A SUBJUGAR A RAZÃO: SEM NASCER DA INTELIGÊNCIA E DA VONTADE. DIVINIZAÇÃO DO INSTINTO.

VIRGÍLIO: o EROS leva à mais alta beatitude.

NAS RELIGIÕES:
* culto da fertilidade;
* prostituições sagradas,
* divinização do instinto.
3 – AMOR BÍBLICO
A CAMINHO DO EROS PURIFICADO COM RENÚNCIA.

No “Cântico dos Cânticos”: o amor vai do amor inseguro (“dodim”) – para o amor definitivo (ágape): não se busca a si próprio; vai acima do egoísmo.
* Sobe para o amor do Bem-Amado, exclusivo e para sempre.
* Confira CÂNTICO DOS CÂNTICOS: exalta a única pessoa, e para sempre no amor conjugal.
* CRISTO, GRÃO DE TRIGO (Jo 12, 25).
* Crítica de Friedrich Nietzsche: o amor cristão destrói o amor humano.
Ora, é apenas aperfeiçoamento.


4 – ÁGAPE: SAINDO DO MERAMENTE BIOLÓGICO

No Cristianismo, a passagem do Amor-EROS para o Amor-ÁGAPE “denota, sem dúvida, na novidade do cristianismo, algo de essencial e próprio em relação à compreensão do Amor”.













5 – NÃO À SEPARAÇÃO RADICAL ENTRE EROS X ÁGAPE


* O AMOR é uma só realidade!

Mas há diversas dimensões: uma se sobressaindo mais do que a outra.
* A SEPARAÇÃO RADICAL seria caricatura do amor.
* O AMOR COMPLETO:
No início: é mais possessivo.
Depois: é mais oblativo.



6 – A NOVIDADE DA FÉ BÍBLICA


* O Deus de Aristóteles é amado, mas não ama.
* O Deus de Israel: tem-lhe amor de EROS, de paixão, traduzido na metáfora do “noivado e matrimônio”, a ponto de a idolatria ser adultério.






7 – EIS PORTANTO UM AMOR APAIXONADO QUE PERDOA:

A ponto de Deus virar seu amor contra a sua Justiça (Oseias, 11, 8-9).


8 – SEPARAÇÃO BIOLÓGICA HOMEM – MULHER

* NA BÍBLIA: Deus separa para re-união;
* EM PLATÃO: a esfera dividida, por castigo à soberba, para re-encontro.
* NA BÍBLIA: “e os dois serão uma só carne” (Gên. 2, 24).
Porque o EROS está enraizado na própria natureza humana.

9 – DEUS PROCURA SALVAR

* Em Cristo, o próprio Deus vai atrás da “ovelha perdida”, do “Filho Pródigo”.
* Eis a origem desta Encíclica: o olhar fixo no lado trespassado de Cristo.
* Na Eucaristia, esta oferta do lado trespassado ganha presença duradoura, como amor-alimento: com Deus e com o próximo, isto é, de caráter social.
* A Eucaristia leva à UNIÃO MÍSTICA: ao ÁGAPE.
10 – EXEMPLIFICAÇÃO DESTA LIÇÃO DE AMOR

* O Bom Samaritano (Lc 10, 25-37);
* O Rico Avarento (Lc 16, 19-21);
* A identificação de Cristo com os necessitados (Mt 25, 40).


11 – VER DEUS NOS IRMÃOS

* O caminho do amor a Deus passa pelo amor ao próximo.
* Ninguém jamais viu a Deus tal como ele é em si mesmo. (1 Jo 4, 20).
* Em Jesus vemos o Pai (Jo 14, 9).








12 – IGUAL QUERER E IGUAL NÃO QUERER

* O amor consiste no “idem velle” (igual querer), “atque idem nolle” (não querer).
* É a comunhão de vontades /Maria em Caná/.
* “Deus se torna mais íntimo a mim mesmo do que eu” (Sto. Agostinho).
* São inseparáveis: o amor a Deus e o amor ao Próximo.
* Tudo converge para Deus no sentido de Ele ser “tudo em todos” (1 Cor 15, 28).
* Teresa de Calcutá através do seu encontro com “o Senhor Eucarístico”.

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



SEGUNDA PARTE


A   C A R I D A D E 
 N A   P R Á T I C A   E C L E S I A L

13 – OS FIÉIS, INDIVIDUALMENTE

* O Espírito é a força interior dos que crêem com o coração de Cristo, e que os leva a amar os irmãos, como ELE os amou:
* Ao inclinar-se para lavar os pés dos discípulos (Jo 13, 1-13);
* E sobretudo, quando deu a Sua Vida por todos (Jo 13, 1; 15,13).


14 – COMUNIDADE ECLESIAL

* O Espírito também é a força que transforma o coração da Comunidade Eclesial empenhada em fazer da Humanidade uma só Família, no Filho do Pai através do Bem Integral do Homem.

* Pela evangelização através da Palavra e dos Sacramentos;
* Pela sua promoção nos vários setores da vida.




15 – SERVIÇO ORDENADO

Essa atuação Eclesial de Amor também precisa ter um serviço comunitário ordenado em suas três dimensões:

* Na Comunidade Local;
* Na Igreja Particular;
* Na Igreja Universal.
Ordenamento que se vem fazendo desde o início:
* Possuíam tudo em comum (Atos 2, 44-45) (At 4, 32-37).
* Embora não continuasse tal e qual.
MAS É INACEITÁVEL UMA POBREZA SEM OS BENS NECESSÁRIOS PARA UMA VIDA DIGNA.


16 – OS SETE DIÁCONOS

* Um passo decisivo da Igreja naquele tempo, deu-se com a escolha dos Sete Diáconos (At 6, 5-6).
* Os Apóstolos ficavam livres do serviço social, para o serviço espiritual.
* Mas os Diáconos do serviço social também iam além do técnico, porque deviam ser homens “cheios do Espírito Santo e de Sabedoria” (At 6, 1-6).


17 – TUDO ANIMADO PELO AMOR

* Com o tempo, esse serviço social com caridade foi progredindo. Isto é: além da administração dos Sacramentos e do anúncio da Palavra -, a prática do amor (viúvos, órfãos, presos, doentes e necessitados em geral) tudo isso pertence à essência do amor.
* Falam a respeito: Justino (155); Tertuliano (220); Inácio de Antioquia (117); “Roma, a que preside a Caridade”.


18 – A DIACONIA

Esse Serviço Social da caridade, que é oficial, praticava-se:
No Egito: nos diversos mosteiros e dioceses, até século VI, com capacidade jurídica.


19 – JULIANO APÓSTATA

* Dizia ele que: “O único aspecto do cristianismo que o maravilhava era a atividade caritativa da Igreja”.
Daí, a par da Caridade da Igreja, a atividade neo-pagã dele.




20 – A CARIDADE ALÉM DA IGREJA

* Essa Caritas – ágape vai além das fronteiras da Igreja. Por exemplo: o Bom Samaritano (estrangeiro).
* Mas dedica-se primordialmente aos irmãos da Fé (Gal, 6, 10).


21 – NOVOS PROBLEMAS SOCIAIS

* Desde o século XVIII, a produção, com mais poderes industriais, Marx vinha combatendo a caridade, e lutava pela justiça.
* No que há algo de verdade, e algo de errado. Porque ao Estado cabe velar pela justiça. Máxime com a nova relação: grande poder do capital x trabalho produtivo de massas trabalhadoras sem os seus direitos.


22 – AS SOLUÇÕES

* Marx revelou-se antes, e a Igreja só depois. A Igreja começou com o BISPO KETTLER (Mogúncia, +1877), seguido de círculos, associações e congregações religiosas.
* A LUTA DECISIVA DA IGREJA: Leão XIII (1891), Pio XI (1931), João XXIII (1961), Paulo VI (1967), João Paulo II (3 encíclicas sociais).
* Mais tarde, apareceu COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz).

23 – A PANACÉIA MARXISTA

A Revolução Marxista pretendia uma solução de panacéia: a coletivização dos meios de produção /Estado-Patrão/. Um sonho que se desvaneceu.


24 – A GLOBALIZAÇÃO AGRAVA O PROBLEMA

* O problema continua grave. Notadamente, com a globalização. Aqui entram as orientações da Doutrina Social da Igreja.
* Mas, cuidado! O cristianismo distingue: o que é de César, e o que é de Deus (Mt 22, 21). Observe-se a distinção entre Estado e Igreja, a autonomia das realidades temporais.
* Estado: não impõe religião, mas garante a paz entre as religiões.
* Igreja: independente na sua expressão social da Fé, respeitada pelo Estado.
* Ambos: distintos, mas em recíproca relação /porque não há separação entre Deus e o Estado/.







25 – FUNÇÃO DA IGREJA

* “A sociedade justa não pode ser obra da Igreja. Deve ser realizada pela Política”. Mas toca à Igreja, e profundamente, empenhar-se pela Justiça trabalhando:
* Para a abertura da inteligência;
* E da vontade às exigências do BEM COMUM. /conscientização: os fundamentos são da Humanidade!/
* “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política. Mas não pode por-se à margem”.


26 – O AMOR – CARIDADE

* “Não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o SERVIÇO do AMOR”.
* Amorosa dedicação pessoal: por parte das diversas forças sociais;
* A Igreja é uma dessas forças Vivas do Amor Cristão. “Compete-lhe contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais. Sem as quais não se constroem estruturas justas. Nem estas permanecem operativas por muito tempo”. /Estatuto da Infância e Adolescência/.




27 – OS FIÉIS LEIGOS

Trabalham por uma ordem justa na sociedade, é dever imediato deles /como cidadãos do Estado/.


28 – A OBRA ESPECÍFICA DA IGREJA

As suas organizações caritativas são-lhe um dever congênito. Até porque o homem “além da Justiça, tem e terá sempre a necessidade do amor.


29 – COLABORAÇÃO GERAL

 Empenho pela Justiça e do Amor no mundo atual:
* Reina, hoje, miséria multiforme: assim material como espiritual.
* Por outro lado, os meios de comunicação e a globalização facilitam no sentido de distribuição de alimento, vestuário, habitação e acolhimento.
* É a sociedade entre os povos expressa pela Sociedade Civil.







30 – ESTADO E IGREJA

* Assim também nasceram e se desenvolveram numerosas formas de colaboração entre as estruturas estatais e eclesiais, e estas também podem animar de maneira cristã as estruturas civis.
* Colaborações pelas quais a juventude poderá passar da cultura da morte “droga” para a cultura da vida.


31- IGREJA E IGREJAS

* A Igreja Católica e outras Igrejas e Comunidades Eclesiais:
-         apareceram novas formas de atividades caritativas;
-         ressurgiram antigas formas com zelo renovado.
-         unem-se evangelização e obras de caridade.
* A disponibilidade da Igreja Católica para colaborar com as organizações caritativas de outras igrejas e comunidades eclesiais.









32 – EMPENHO  D I S T I N T O   DA IGREJA

O específico na atividade caritativa da Igreja:
O aumento das associações caritativas deve-se:
* Ao amor ao próximo inscrito no coração pelo Criador;
* E a presença do cristianismo no mundo (Cf. reforma de Juliano Apóstata).
Por isso, há de manter-se essa essência de caridade cristã e eclesial.


33- AS MARCAS DISTINTAS

Quais são essas marcas essenciais do cristianismo?
* Segundo o espírito samaritano: famintos, nus, doentes, presos, etc.;
* As organizações caritativas da Igreja, a começar pela “Caritas”
(diocesanas, nacionais, internacionais);
* Competência profissional;
* Não só o tecnicamente correto;
* Mas com humanidade (com a formação do coração, pelo encontro com Deus em Cristo) para chegar ao amor do próximo.






34 – AÇÃO SEPARADA DE PARTIDOS E IDEOLOGIAS

É a atualização daquele amor de que o homem sempre tem necessidade.
* Marx era contra a Caridade, porque retardaria o potencial revolucionário.
* Ora, seria injusto o necessitado sofrer no presente, em troca de um bem estar futuro e incerto...
* Importa implantar a ajuda na atualidade.


35 – A GRATUIDADE

* O amor é gratuito: não é justo exercê-lo para outros fins, para impor proselitismo.
* O amor, em sua pureza e gratuidade é o melhor testemunho do Deus em quem acreditamos.
* Pode inclusive chegar o momento de também falar-se sobre a Fé.









36- OS RESPONSÁVEIS
DA AÇÃO CARITATIVA DA IGREJA

* Eis a iniciativa assumida pela Igreja como iniciativa Comunitária.
* De maneira que, à espontaneidade do indivíduo, há de acresentar-se a programação, a previdência, a colaboração com outras instituições idênticas.


37 – AINDA A IGREJA

Ela é responsável pela Ação Caritativa Comunitária da Igreja: na Paróquia (Pároco), na Igreja Particular (Bispo) e na Igreja Universal (Papa).
Foi oportuno Paulo VI ao instituir o PONTIFÍCIO CONSELHO COR UNUM como orientador de todas as orientações e atividades caritativas promovidas pela Igreja.











38 – EM SUMA

“A prática da caridade é um ato da Igreja como tal. E assim como o Serviço da Palavra e dos Sacramentos, também a prática da Caridade faz parte da essência da sua Missão Originária”.


39 – SEM IDEOLOGIAS

“Os que colaboram com a Igreja não devem inspirar-se nas ideologias do melhoramento do mundo, mas devem deixar-se guiar pela Fé que atua pelo amor” (Gl 5,6), mas com a Igreja com o Bispo.


40 – SINTONIZAÇÃO

A Igreja deve predispor os colaboradores a sintonizarem-se com as outras organizações que estão a serviço das várias formas de necessidades.








41 – AÇÃO SEMPRE RESPEITOSA COM A CARIDADE

Isto é: com o específico do serviço requerido por Cristo a seus discípulos. Notadamente no seu HINO À CARIDADE (1 Cor 13). Nele São Paulo ensina-nos que a Caridade é sempre algo mais do que mera atividade.


42 – DOAÇÃO PESSOAL

* “Esse hino deve ser a Magna Carta de todo o serviço eclesial”. Aqui está “o resumo das reflexões que fiz sobre o Amor ao longo desta carta Encíclica”.
* Não basta “dar-lhe (ao necessitado) qualquer coisinha minha, mas dar-me a mim mesmo, devo estar presente no dom como pessoa”.












43 – EXEMPLO DE AMOR DADIVOSO

* Sem posição de superioridade. Ao final de tudo: “somos servos inúteis” (Lc 16, 10) nas mãos do Senhor, reconhecendo humildemente, em meio aos problemas infindáveis, que é Deus quem governa o Mundo.
* É fundamental: o tempo dedicado à oração (Teresa de Calcutá). É reação importante contra “o ativismo do secularismo”.


44 – QUANDO NÃO ENTENDEMOS...

* “Muitas vezes não compreendemos o motivo pelo qual Deus retém o seu braço, em vez de intervir”.
* Mas podemos gritar: Meus Deus, meu Deus por que me abandonaste?” (Mt, 27, 26).
* “Se O compreendesses,  Ele não seria Deus” (Sto. Agostinho).


45 – EXEMPLOS DE INSTITUIÇÕES E PESSOAS
(de 40 a 42)
* Martinho de Tours (+ 397) (metade de seu manto);
* Movimento monástico (+ 356);
* Ao lado dos mosteiros: acolhimento, internamento e tratamento;
* As ordens monásticas mendicantes;
* Institutos religiosos (masculinos e femininos);
* Entre os Santos, Maria (aqui longamente tratado).
Santa Maria, Mãe de Deus,
Vós destes ao mundo a luz verdadeira,
Jesus, vosso Filho – Filho de Deus.
Entregastes-Vos completamente
ao chamamento de Deus
e assim Vos tornastes fonte
da bondade que brota d’Ele.

Mostrai-nos Jesus.
Guiai-nos para Ele.
Ensinai-nos a conhecê-Lo e a amá-Lo,
para podermos também nós
tornar-nos capazes de verdadeiro amor
e de ser fontes de água viva
no meio de um mundo sequioso.
Bento XVI






DEUS É AMOR
Carta Encíclica do Santo Padre Bento XVI (25/12/2005)

Local: Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe (Florianópolis)
Pároco: Pe. Jair Rodrigues Costa scj
Vigário Paroquial: Pe. Irmundo Rafael Stein scj
Palestrante: Pe. Eloy Dorvalino Koch scj
Digitadora: Karina Santos Vieira
Impressão: Arquivo Provincial Padre Lux – Appal
Brusque, 25 de maio de 2007.



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