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sábado, 6 de junho de 2015

A Igreja Matriz de Brusque (São Luis Gonzaga)

A IGREJA – MATRIZ de BRUSQUE

Eloy Dorvalino  Koch,SCJ

Primeira Capela de Brusque



A primeira igreja-matriz de Brusque, de alvenaria, com uma torre, e em estilo gótico-, foi inaugurada em 1877, com a bênção litúrgica do seu primeiro pároco: o Pe. Alberto Gattone. Igreja que, na época, era considerada “o mais belo templo de Santa Catarina” (Álbum do Centenário”, p. 263).


Pe. Alberto Gattone

















Pe. Vicente Schmitz

Pe. Luiz Gonzaga Steiner



1- Projetos da Nova Igreja

Pe. Luiz Gonzaga Steiner, scj foi nomeado pároco aos 13/03/1949. Pe. Vicente Schmitz, seu antecessor, já dera um início de ampliação ao templo, de cada lado da torre. Mas Pe. Luiz acabou preferindo a construção de uma igreja nova, até porque já se respirava uma atmosfera de 1º centenário de Brusque.
O prestígio do arquiteto alemão, Simão Gramlich, estava em alta com suas igrejas em estilo gótico: em Azambuja, Gaspar, Itajaí, Rio do Sul, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e em outras cidades; e do agrado da respectiva comunidade. O pároco, todo empolgação, logo encomendou, ao referido arquiteto, um projeto para a “sua” igreja; que seria de duas torres. E teria dois pisos: o inferior, seria uma cripta, destinada ás missas cotidianas; o piso superior ficaria reservado para as missas dominicais e festividades maiores.
Assim que o Pároco recebeu o projeto, colocou-o, cheio de otimismo, em exposição na secretaria paroquial. Mas os Superiores de sua Congregação não confiavam na sua capacidade administrativa, alertando, pois, o Sr. Arcebispo no sentido de lhe exigir uma Comissão Construtora.
Obediente, o Pároco nomeou uma Comissão, assim constituída: Dr. Guilherme Renaux (Presidente), Sr. Otto Schaefer (Vice Presidente), Sr. Érico Contesini (Tesoureiro), Dr. Ivan Walendowski (Engenheiro), Dr. Carlos Moritz, Aderbal Schaefer e Oscar Gustavo Krieger (Secretário). Comissão que foi aprovada pelo Sr. Arcebispo.
A 1ª reunião (1952) teve lugar no tradicional Salão São José, e com alguma afluência de paroquianos. No palco, tomaram seus lugares os membros da Comissão, e também o Pároco. Ao lado, destacava-se o referido Projeto - Gramlich.
Em poucas palavras, embora educada e diplomaticamente, Dr. Guilherme derrubou o Projeto – Gramlich, e levou a Comissão a optar por um novo projeto, desta vez a cargo do alemão Gottfried Böhm, o arquiteto da nova igreja de Blumenau.
Ao Pe. Luiz G. Steiner, apenas restou-lhe dizer “sim”, e empalidecer de frustração e humilhação.














Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger
















2 – A falta de Acabamento

Houve grande empenho da parte dos párocos, e generosos sacrifícios da população brusquense, para erguer tão colossal monumento de Fé. Mas falta-lhe ainda, ao templo, a concreção de alguns elementos previstos no projeto original:
a) As estátuas de madeira dos quatro evangelistas, em tamanho natural, e que podem ser pintadas com as cores vigorosas (não berrantes) do “bordô” e do “azul”, e cujos suportes já se acham embutidos nas paredes laterais;
b) As 14 estações da via-sacra, a serem esculpidas em madeira, e instaladas em nichos, abertos aos pares em ambos os paredões do campanário.

3 – Problemas Artístico – Pastorais

O problema está em pintar ou não pintar o interior do templo. Do material empregado na construção da igreja, destaco a pedra e o concreto armado.
A pedra, arrancada de natural pedreira, é material nobre. A merecer, pois, respeitada em sua original pureza. Já com o concreto armado não se dá o mesmo. Pois é um compacto bruto e artificial de construção. Não tendo nada que ver com material nobre.
Ora, a mesma realidade ocorreu, anteriormente, na construção da igreja de Blumenau. Seu pároco, o arrojado e inteligente Frei Braz Reuter, não teve dúvidas: tudo quanto fosse de concreto armado (colunas, arcadas e detalhes), ele o mandou pintar com tinta clara (não branca); só deixando ao natural as pedras, que compõem as paredes. De sorte que o próprio arquiteto acabou aprovando a iniciativa do Sr. Pároco.
Com o apoio de Frei Braz e do exímio arquiteto Böhm, creio estarmos autorizados a aplicar as mesmas medidas ao acabamento da igreja – matriz de Brusque. E com mais fortes razões, dado que as pedras da nossa igreja são cinzentas, e nada artisticamente trabalhadas. Sua cor é inexpressiva, sem calor para um ambiente de funções religiosas.
Quando o Sr. Arquiteto esteve em Brusque (1953) para examinar a localização da nova igreja, ousei fazer-lhe a pergunta sobre se o projeto estaria de acordo com os requisitos da Liturgia Católica. A resposta veio direta e precisa: “Ich zeichne nur was ich glaube” (Só projeto o que eu creio).
Mais adiante, fiz-lhe a sugestão de importar pedras rosáceas de Blumenau para a construção de nossa igreja. Não aceitou a proposta. Guiado por senso litúrgico, dava preferência ao nosso material, para melhor traduzir, disse ele, uma oferta da comunidade a Deus, mediante “dons naturais” da própria região.
E assim ficamos com as nossas inexpressivas pedras cinzentas. Por outro lado, o arquiteto mostrou-se de pleno acordo com a feliz idéia das pinturas acima indicadas. E até sugeriu algumas pinturas a mais. Segundo ele, e apesar das pedras cinzentas, também poderia pintar-se a parede do presbitério; bem como, na largura de um metro, a parte inferior das paredes centrais. Sendo que esta faixa poderia ser ilustrada com o simbolismo da videira e do trigo -, trabalho esse que seria efetuado com o auxílio de “sprey”, sob a orientação de um técnico da Alemanha, gratuitamente por ele posto à disposição da Comunidade.
Quer-me parecer, no entanto, que esta última sugestão do arquiteto esteja beirando o exagero, por desrespeito ao natural das pedras.

Conclusões

De pouco ou nada nos servem avaliações de curiosos turistas. Mais interessados no exótico da arte, e sem perceberem os entraves psicológico-pastorais. Mais voltados para a distribuição de gentilezas e agrados à população.
Com longa e larga experiência de vida brusquense, sabe-se que bom número de fiéis preferem freqüentar o Santuário de Azambuja. A dizer-nos, por sua preferência, que o templo deve primar pelo acolhimento, a começar pelos atrativos de suas condições ambientais. A dizer-nos, outrossim, que teria sido preferível o Projeto- Gramlich da igreja-matriz.
Até porque a cultura catarinense, já meio tropicalizada, pende mais para o tom aprazível das cores alegres do que para o das cores austeras das regiões nórdicas. Ao que tudo indica, também o Sr. Arquiteto vinha de aprender essa lição tropical. Permita-me um gracejo: ele até apreciou uma feijoada que lhe ofereci no Balneário de Comboriú...
Sem nada dramatizar com o proverbial “leite derramado”, creio valer a pena aplicar estratégias adequadas de melhorar, psicológica e pastoralmente, também o ambiente físico do nosso espaço eclesial.
No mês de maio de 1988, a Paróquia teve a última visita do arquiteto Böhm, que vinha de Blumenau. Esteve conosco por vários dias. O pároco, Pe. Nelson Tachini, deu-lhe todas as atenções. Do novo diálogo sobre o acabamento e os melhoramentos do templo, foram incumbidos os padres Valberto Dirksen e Dorvalino Eloy Koch. Acompanhou-os o engenheiro Orlando Schaefer, do Conselho Pastoral. Tudo foi relatado ao Pároco Tachini.
De lá para cá tudo continua no imexível. Ignora-se o paradeiro do projeto Böhn da igreja.

Da esquerda para a direita: Schaefer, Dirksen, Böhm e Koch.

Gottfried Böhm



Nota – Para fontes auxiliares, tive os meus artigos sobre a Igreja-Matriz publicados no jornal
O Município, de Brusque: em 07/05/1985, 09/05/1986 e 10/08/1987. Esta publicação não é feita em oposição à atual reforma da Igreja - Matriz. Mas tão somente por ocasião dela, dando ao povo a justa oportunidade de ver o problema em seu conjunto.


A Matriz atualmente, pós reforma litúrgica durante o paroquiato do Pe. Ari Erthal






























Pe. Ari Erthal

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