Total de visualizações de página

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Padre Eloy Dorvalino Koch no Canal X

A seguir temos diversos textos apresentados pelo Padre Eloy Dorvalino Koch no programa "Conversando com Pe. Eloy" no Canal X de  Brusque.

Canal 24 horas TV

O Canal 24horas está localizado na rua João Bauer, nº 464 3º andar salas 304/305 Centro em Brusque Santa Catarina.


29-06-2008
SÃO PAULO APÓSTOLO E AS OLIMPÍADAS


No dia 29 de junho celebramos a festa de São Pedro e São Paulo.
Hoje, vamos celebrar, de modo especial, o Apóstolo São Paulo. Que nasceu em Tarso (Ásia Menor), que pertencia ao Império Romano. Portanto, Saulo era cidadão Romano. Mas a genealogia de Saulo era Judaica. Aliás, neste ano comemoramos o seu 2º milênio de nascimento.
E teve uma formação superior em Jerusalém. Foi seu mestre o Rabino Gamaliel: Doutor em Lei Judaica. De maneiro que Saulo também era Doutor em Lei Judaica, isto é, Rabino.
Saulo tomou a sério a sua religião Judaica, ou seja, o antigo testamento da bíblia. Tão a sério que se convenceu, como dever seu, combater a ferro e fogo a religião cristã, que se espalhava sempre mais desde a Antioquia.
Por isso, para lá se dirigiu com o propósito de prender os cristãos, mas nesta viagem a Damasco, Jesus Cristo numa visão, cortou-lhe o plano, e o converteu para a Fé Cristã.
Fala-se que nesta visão ele teria caído do cavalo. Mas isto é lenda, introduzida por Caravaggio (1600) para dar maior dramaticidade ao evento.
Nesta cena da conversão Jesus cristo o transformou em Apóstolo dos Gentios, isto é, Apóstolo dos que eram pagãos, dos que não eram judeus. Com a conversão, o nome de Saulo transformou-se em Paulo.
No fim da vida apostólica, olhando para traz, foi lhe possível fazer esta conclusão: “terminei a minha carreia”
“combati o bom combate”
“guardei a fé”
“resta-me agora receber a coroa da justiça, que o senhor, justo juiz, dá a quantos o amam (II, Tim. 4, 6-8).
São Paulo compara esta coroa da Justiça com a coroa dos jogos olímpicos, que era uma coroa de ramos de louro.
Nas corridas de um estádio, compara São Paulo, todos correm; mas um só recebe o prêmio.
Todos os atletas se impõem a si, muitas privações.
E o fazem para alcançar uma coroa corruptível.
Nós o fazemos para uma coroa incorruptível ( I Cor. 9, 24-27).
Verdade é, que hoje, a coroa olímpica foi substituída por medalha de ouro, que não é corruptível: mas que não dá para levar para o céu. Apesar disto, o brasileiro César Célio, bem que merece os calorosos aplausos que prorromperam pelo Brasil e pelo Mundo. E sua medalha ficará entre seus familiares ou em algum museu nacional. No entanto, para os céus, só vão as medalhas espirituais das boas obras: da Fé, da Esperança e da Caridade. Esta é a coroa, ou a medalha do prêmio eterno.
 Oxalá, o Brasil possa participar, e vitoriosamente também, nos Jogos Olímpicos! Até porque, as alegrias desportivas fazem parte da vida humana. Mas sem esquecer de, a exemplo de São Paulo, guardar a fé cristã, combater o bom combate da caridade, em ordem a ganhar o prêmio da vida eterna.


Boa Semana.





12-08-2008
TEMA: PADRES E BISPOS AFRO-BRASILEIRO

1)    Em Taubaté – SP conheci, em 1946, o Cônego Chico. Negro de verdade! Muito conhecido e estimado.
2)    Em João Pessoa (Paraíba) conhecia, pela imprensa, o Bispo Dom José Maria Pires, apelido Dom Pelé. Aposentado, bom teólogo e escritor até hoje!
3)    Mas quero apresentar-lhes um negro do século XXI: Dom Antônio Wagner da Silva scj.

·        nasceu em Luz – MG
·        inicialmente, estudou no Seminário Dehoniano de Lavras. Tive a honra de ser seu professor no Colégio de Nossa Senhora Aparecida, também em Lavras.
·        Mas em Brusque, ele foi o meu superior no Convento Sagrado Coração de Jesus!
·        Daqui, Pe. Wagner foi transferido para Joinville, e nomeado Pároco do Santuário SCJ.
·        Creio que o bispo de Joinville, Dom Orlando Brandes, o encaminhou para o Episcopado.
·        Pe. Wagner foi ordenado bispo aos 18/06/2000, em Guarapuava – PR, onde é bispo-coadjutor.
·        A meu pedido, ele me enviou farto material histórico e de reflexões sobre o Clero Afro-Brasileiro.

Sobre a escravidão negra no Brasil, todos nós já temos muita informação desde as carteiras escolares.
Mas passo a apresentar alguns dados especiais:
1ª - A igreja católica não trabalhou muito para evitar a escravidão, e que durou 3 séculos!
Mas eu pergunto: Era possível remar eficientemente contra uma corrente política e econômico tão avassaladora.
Finalmente, a Católica Princesa Regente, Dona Isabel, sancionou e promulgou a Lei da Abolição, 1888. Mas que resultou no exílio da Família Imperial e a extinção do Império.
Cabe observar: na América do Norte, cada escravo liberto, recebeu do governo um lote de terra, como propriedade sua. No Brasil o liberto não recebia nada. Era um boi alçado.
Mas, por qual razão, a Igreja foi tão lenta para arrebanhar mais negros para a vocação sacerdotal.
No meu entender não foi só por preconceito racial. Mas muito também a marca do seu palperismo da escravidão: o trabalho pesado, sem propriedade, sem liberdade, sem boa escola pública, cujos remendos artificiais são as cotas universitárias. Mas a começar pela comemoração do centenário da Abolição (1988), trouxe notável mudança de rumo na igreja católica. Notadamente, pela campanha da Fraternidade, que deu um grande impulso em favor das afro-vocações religiosas.
E com real fundamento: quase a metade da população católica é de origem africana, e assim distribuída:
1) a maior população negra encontram-se na Bahia, no Amazonas e no Pará: entre 76% e 78% da população.
2) bem menor é a população em SC com 11%, no RS com 15% e no Paraná 25%.
Por tudo isso, o Bispo Negro Dom João Alves dos Santos, responsável pela pastoral Afro-Brasileira (na CNBB) lamenta haver poucos padres afro-brasileiros: pois são apenas 1000 em meio a 18000 padres, e são apenas 12 bispos negros entre 420 outros bispos.
Dom João Alves pleiteia mais igualdade afro-brasileira: em todos os domínios da vida: pessoal, social, política e católica do país.
Nada mais que justo! Que os nossos pedidos sejam acolhidos por Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil e rainha dos apóstolos.

Que o nosso senhor Jesus Cristo abençoe essa nova caminhada da sua Igreja Católica, em favor de maior inclusão do Clero e do Cidadão Afro-Brasileiro.




03-09-2008
No dia da Independência, creio oportuno fazer referência à Religião Nacional. A qual, segundo Tancredo Neves, é a Religião Católica.
Por isso, tomo a liberdade de ler o trecho do Evangelho da liturgia deste domingo (Mt 18, 15 –20).
Vejam vocês, meus irmãos, o comportamento de bondade, de fraternidade que se há de ter para com o próximo: que errou, que cometeu uma falta contra você.
À pessoa ofendida, Jesus lhe dá o direito de exigir explicações. Mas em particular! Isto é: Sem logo mandar tocar todos os sinos da paróquia, e apontar o dedo, acusador, contra a vítima.
Sem logo botar a boca no trombone, e berrar acusações contra o faltoso!
Porque erra é humano. E é por isso que na Igreja Católica existe o confessionário.
Infelizmente, há pessoas que tem o prazer doentio de espalhar a torto e a direito os erros do próximo!
Pecado esse conhecido como Difamação. Porque o difamador tem um só propósito: a destruição do bom nome alheio, do prestígio que alguém possa ter na comunidade.
Essa vontade doentia de destruir o bom nome do próximo pode chegar ao extremo de INVENTAR pecados e defeitos alheios. E até muito graves!
É, portanto, um pecado contra a verdade. E o nome deste pecado é CALÚNIA!
Sempre achei dignificante, nos filmes norte-americanos o juiz exigir do delator que, a mão sobre a Bíblia, jurasse dizer a Verdade, e somente a verdade em relação ao acusado.
No Brasil, o tempo muito favorável, ao plantio de joio político é o das eleições municipais.
Neste sentido, pode haver discursos políticos com dois tipos de joios políticos, o joio da difamação e o joio da calúnia.
Discursos esses que, apesar das maldades que contém pode revestir-se, por vezes, de uma linguagem beirando o pitoresco.
Vou dar um exemplo. No alto vale do Itajaí, um candidato a Prefeito Municipal teve a seguinte passagem no seu discurso:
Minhas senhoras e meus senhores, o município vizinho pode orgulhar-se, porque tem o prefeito mais honesto de Santa Catarina. No entanto, o nosso município pode orgulhar-se mais ainda, porque tem o prefeito mais religioso de santa Catarina: para cada obra municipal, vai um terço!
Apesar de tantos males, apesar de tantas roubalheiras e assassinatos, apesar de tantas difamações e calúnias – não se pode desanimar! Importa levar a sério a Fé em Deus e a observância dos seus mandamentos!
Porquanto, se com a Fé em Deus, é difícil a convivência nacional harmoniosa... Sem a fé em Deus ela seria impossível.

Que o Brasil seja, mais e mais, um País sério, e por Deus abençoado!



07-09-2008

1)      Para o dia 07 de setembro apresento-lhes um livro intitulado: O Clero e a Independência
2)      Clero, como vocês já sabem, refere-se aos sacerdotes da Igreja Católica. Também conhecidos como Padres. São aqueles que receberam a ordenação sacerdotal para servir o Povo de Deus nas coisas que se referem a Deus: diretamente ou indiretamente.
3)      Trata-se, como vocês estão vendo, da grande colaboração que o Clero Brasileiro, e católico, prestou à Pátria Brasileira no sentido de garantir-lhe a declaração e a defesa da Independência Política.
4)      O livro foi escrito por Dom Duarte Leopoldo e Silva, o 1º Arcebispo de São Paulo.
5)      Uma pergunta: Por qual razão o Arcebispo se decidiu a escrever este livro? Vale lembrar o provérbio: “A males que vem para bem”. E o mal foi este. Por ocasião do 1º centenário de Independência do Brasil, em 1922, “os organizadores da Comemoração pareciam esquecer-se da contribuição da Igreja” (Cardeal Arns). Tanto assim que, “em solene recepção dada pelo então Presidente da República, foi omitido o convite ao Clero de São Paulo”.
6)      Ora, tal omissão feriu a justiça. E Dom Duarte assim o explica: “Em todos os acontecimentos políticos que agitaram a Colônia e o Império, nos seus primeiros surtos de liberdade, sempre temos o Clero formado na primeira linha dos Patriotas”. E a Igreja vê este empenho do Clero “como obra sua”. Embora lamente certos desmandos pelo Clero, mas praticados ao calor do ideal que os apaixonou.
7)      Dom Duarte, com base em documentos históricos vai apontando a participação direta do clero Brasileiro na luta pela Independência Nacional. Mas Dom Duarte descreve em vários capítulos a seqüência dessas lutas de libertação:
8)      A bem da brevidade iremos apenas citar os 6 capítulos:
1º - O Clero na revolta do Maranhão;
2º - Na guerra dos Mascates;
3º - Na guerra dos Emboabas;
4º - Na Inconfidência Mineira;
5º - Na Revolução de Pernambuco;
6º - E, finalmente, Independência em São Paulo.
9)      Aqui, Dom Duarte acrescenta ainda esta observação: “Tanto na capital como no interior, foi o elemento Eclesiástico o mais preponderante nessa feliz reação que levou ao Ipiranga o 1º Imperador do Brasil”.
10)  Finalizando a palestra permitam-me citar Ruy Barbosa: Fui no Governo Provisório [da República] o autor do ato, que separou a Igreja do Estado [...] que, assim, emancipou, em nossa terra, a consciência cristã dos vínculos do poder humano. Mas com esta lei, não se autoriza, na Constituição Brasileira do Estado as expressões “Estado Anti-católico ou Estado-Ateu”. (O Estado e os Cultos). Mais tarde, Tancredo Neves, o candidato eleito para Presidente da República, assim falou: A Religião Católica com a separação da Igreja e do Estado, deixou de ser a Religião oficial do Brasil; mas continua sendo, disse Tancredo: a Religião Nacional.

Que Deus Abençoe a Nossa Pátria!




10-09-2008
FÉ CRISTÃ E ORAÇÃO

Em 1967, tinha eu voltado da Europa, onde, por dois anos, fiz um curso de pastoral e catequese, no Instituto Católico de Paris.
Ainda na França recebi o convite do Instituto Nacional de Pastoral e Catequese no Brasil, para inteirar no seu corpo docente.
Hospedei-me na casa de São Bonifácio, da Comunidade Alemã, no Bairro do Rio Comprido, na Rua do Bispo, próximo ao Seminário Arquidiocesano.
Pe. Otto W. Amann scj, meu distinto confrade da Congregação Dehoniana. Era o Diretor dessa Comunidade de São Bonifácio.
Ao lado da casa central, Pe. Otto mandara construir uma capela, porque, Irmãs da Divina Providência, auxiliavam na direção da Casa. Pela manhã cedinho, já lá estavam reunidas as Reverendas Irmãs, fazendo a oração da manhã, repassada de salmos e mais salmos de louvores à Deus.
Certa manhã, durante esta oração apareceu o senhor Carlos Bischnapel: um homem bem conhecido, bem alinhado e bem falante. A profissão dele? Era agente de viagens de avião para a Europa.
Sendo que na Casa São Bonifácio, sempre podia ter algum cliente. Cumprimentei o senhor Carlos e começamos a conversar. Do lado de fora da Capela ouvia-se a oração das religiosas. O senhor Carlos, apontando para a capela, perguntou-me:
Pe. Eloy para que serve isto?
Eu respondi: Serve para construir pontes de amizade com Deus e com o próximo.
Falei em pontes, porque já conhecia o senhor Carlos: espírito agnóstico, tecnológico, materialista e dinheirista.
Realmente, as criaturas, caro telespectadores, só as humanas, temos condições de falar com o Criador. E temos necessidades de falar com Deus, de amar Deus.
Já Santo Agostinho, um grande doutor da Igreja e Santo dizia: “O meu coração anda irrequieto, até que possa repousar em vós senhor”.
Eu diria que a oração é como o respirar de nossa alma.
Por isso Jesus Cristo dá tanto valor à oração:
·         ensinou-nos a oração do Pai Nosso;
·         a Igreja reza pela mediação de Nossa Senhora na oração de Ave Maria;
·         E Jesus Cristo nos ensina a insistirmos no pedido da Graça de Deus:
Jesus Cristo nos garante: onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, lá estarei eu no meio deles.
·         batei e abrir-se-vos-á:
Buscai e achareis,
Pedi e recebereis.

Mas o próprio Jesus Cristo vem pedir licença para entrar em nossa casa: “Eis que estou à sua porta e bato. Se alguém me ouvir e me abrir a porta eu entrarei em sua casa e cearemos juntos.
Eis o respeito com que o próprio Cristo nos trata.

EXEMPLOS DE ORAÇÃO

* Antigamente, muito mais do que hoje, rezava-se o terço em família, principalmente no mês de outubro.
* Nas minhas viagens de ônibus, encontrei várias vezes, senhoras que, discretamente, iam deslizando pelos dedos as contas do rosário.
* Acabo de ler no Jornal O Município Dia a Dia, que morreu a última sobrinha de Santa Paulina: Ináciana Paulina Visentainer Lawandowsky. Nos seis meses de sua doença, os filhos rezavam todos os dias o terço, para o bem dela.
Vou terminar com umas reflexões do Papa Bento XVI em 23 de agosto deste ano: “O primeiro serviço do Papa é a oração para todos, na celebração diária da santa missa e na recitação do santo rosário”.
Por onde se vê que não basta falar sobre Deus. É importante falar com Deus.
Mas o ser humano pode rezar sem proferir palavras.
Pe Vianey conhecido como, o Santo Cura d’Ars, observava o comportamento de um fiel na Igreja. O Padre fez-lhe a seguinte pergunta: O senhor não trás nem livro, o senhor nem mexe com os lábios. Afinal o senhor reza? O homem devoto respondeu apontando para o sacrário: Eu olho para ele e ele olha para mim!

Eis o grande e real significado da oração.

Oremos uns pelos outros. E Deus seja Louvado!




28-01-2009
RELIGIOSIDADE COMERCIAL


É uma religiosidade marcante nas Religiões Pentecostais, provenientes dos Estados Unidos. Que já existem aos milhares na América do Norte. E brasileiros muitos espertalhões na vida comercial, souberam transplantar a centenas das religiões para o Brasil.
Até porque o Brasil é terra fértil. Já o dizia Pedro Vaz de Caminha: “Nesta terra tudo em se plantando dá...” Quer dizer: basta plantar!
I – Mas porque também a terra da humanidade brasileira é tão fértil? Respondo em síntese: 1) porque é grande a religiosidade popular; 2) Porque é grande a ingenuidade popular; 3) porque é grande a generosidade popular.
Explicando em seus detalhes:
1) O ser humano é naturalmente religioso. Mas o ser brasileiro popular, em sua maioria, é excessivamente e erradamente religioso: porque mistura o certo com o errado, transformando a Fé em crendice, a Fé em supertição. Inclusive nas primitivas crendices africanas.
Mas porque a grande camada popular brasileira é assim? Porque a escola pública não é para todos; e quando é para todos não se ensina religião. E a própria igreja católica tem diminuto espaço para a doutrina católica, para a catequese, quase só preocupada com o problema social. De maneira que a sementeira do reino de Deus é sufocada pelo abundante joio do materialismo, que não se interessa por ser mais humano. Restando apenas o insaciável desejo de ter mais, e sempre mais.
2) Grande parte do ser brasileiro é marcada pela ingenuidade. Porque é um povo simples, sem malícia. Facilmente acredita no que um senhor bem apessoado, engravatado, bem falante e auto-nomeado Bispo, que, por sua vez, nomeia a sua mulher para Bispa e seu filho para Pastor.
3) E tem mais. A grande massa do povo brasileiro também se caracteriza pela generosidade. Sim, o nosso povo simples, de reduzida cultura e de reduzidos bens materiais é generoso, quer dizer, é um povo muito prestativo, gosta de dar, de ajudar o próximo, que gosta de colaborar.
___________________________________________________
Ora, meus amigos telespectadores,
Diante de um povo tão simploriamente religioso, de tanta ingenuidade, e de tanta generosidade:
Basta aparecer um doutor espertalhão, ou um “self-made-bishop” -, e Zé Povinho se prostra diante dele religiosamente, ingenuamente e generosamente.
Na antiga história brasileira, era de especial importância ser dono de fazenda “coronel” e ser padre.
Mas com a imposição da República (1889), começou acentuar-se a importância do título de Doutor. Era uma palavra mágica da glória social. Titulo difícil de ganhar na Europa: com vários cursos e defesas acadêmicas pós-graduação.
Mas o universitário brasileiro, de tão genial, já era doutor, apenas terminado o curso de bacharelado. Notadamente no curso de Direito. Porque para Augusto Comte, o guru intelectual da Elite Brasileira, o estudo universitário era da esfera das Quimeras.
Certos advogados do passado, e de hoje também, não passaram de mestres qualificados “na arte de furtar”. Aliás, o jantar gratuito, imposto pelos formandos da Faculdade do Largo de São Francisco, era um treino inicial muito exitoso.
O senador de uma dessas religiões pentecostais chegou a pleitear junto ao senado, mas sem êxito, o título de teólogo para os seus pregadores populares.
Outro título adquirido por mera veleidade é o de Bispo para estas religiões pentecostais. Com algum estudo e muita determinação, o Brasileiro Pentecostal pode tornar-se um “self-made-bishop”: ou seja, um bispo por auto-eleição.





03-02-2009
LAURO MÜLLER

Chegou o tempo de Lauro freqüentar a escola pública primária, conhecida como escola de “desemburrar”. Muito inteligente, freqüentou duas escolas alemãs: uma em Itajaí, outra em Blumenau. Ele chamava o Rio Itajaí Açu, de Rio Eufrates; e o Itajaí Mirim, de Rio Ganges. Gostava de pescar e caçar passarinhos.
Já quase moço, optou viajar para o Rio de Janeiro, na casa de um parente. Que o colocou numa loja de um Português. Dedicava-se muito a leitura.
O tio Riegel percebeu a tendência do sobrinho para os estudos. Aos 18 anos, e a muito custo, foi rumando para a vida militar. Em 1888, era engenheiro, e foi promovido a 2º tenente.
Foi seu grande mestre Benjamin Constant. E participou da Proclamação da República.
Aos 25 anos de idade, Lauro foi mandado para SC como Governador Estado. Depois foi Deputado Federal, Major, Senador, Ministro da Viação e obras públicas, Ministro das Relações Exteriores, Coronel, General da Brigada. E pertenceu a Academia Brasileira de Letras. (Aliás, dentre os catarinenses, só ele).
III – Lauro Muller foi um grande servidor da pátria, nada de violências, um homem de justiça e paz, sempre pronto para servir, não demitia nem perseguia ninguém.
Quando o Governador de SC (1891), os adversários queriam sua renuncia. Blumenau, chefiada por Hercílio Luz, dirigia-se armada para Florianópolis, em defesa de Lauro, mas Lauro mandou-lhes este telegrama: Voltai para casa, não quero derramamento de sangue. Resolvi renunciar!
Era casado com D. Luiza de Andrade. Tiveram 3 filhos. Faleceu no Rio de Janeiro em 30/07/1926.



10-02-2009
O PROFESSOR TEUTO-BRASILEIRO

Para os bacharéis-doutores do Brasil, o que realmente interessava é que o Zé-Povão celebrasse com ardor patriótico o 7 de setembro e o 15 de novembro.
Justamente, porque o patriotismo sentimental do povo era muito valioso para o patriotismo comercial, de certos bacharéis-doutores. Porque um povo analfabeto, ou semi-analfabeto é fácil enganar, manobrar e explorar. Já o dizia um antigo provérbio português: “Em terra de cegos quem tem um olho é Rei”.
Muita gente esquecia o fundamental do amor-pátrio, que está no amor prestativo, ou seja, o amor a pátria sempre pronto para servir a pátria: pelo bom comportamento, e pelo trabalho. É o que diz o lema nacional: “Ordem e Progresso”.
No passado, a 70 anos atrás, muito se criticava o sotaque do imigrante. Meu primeiro professor do curso primário, em Salto Grande (Ituporanga) chamava-se Antônio de Souza Pereira. Mas a mãe dele era uma Heinzen, era uma teuta-catarinense. E Antônio aprendeu as duas línguas: o português e o alemão. no inicio da década de 20 do século passado, Antônio aprendeu as duas línguas no celebrado e benemérito colégio Santo Antônio de Blumenau, dirigido pelos padres Franciscanos, todos eles teuto-brasileiros. Foi lá que Antônio Pereira fez o curso normal. Por sinal o primeiro de SC, segundo afirmou Dom Paulo Evaristo Arns, Franciscano.
O novo pároco de Salto Grande (Ituporanga), Frei Gabriel Zimmer, que conhecia muito bem o novo professor normalista, empenhou-se pela conquista do jovem professor para a sua paróquia de Santo Estevão.
Ora, falecera a profa. da Escola Pública Dona Júlia de Oliveira Thiesen. De maneiro que João Carlos Thiesen, que fora o primeiro professor público do lugar, conseguiu, junto a secretaria da educação de Florianópolis a transformação da escola paroquial Santo Estevão em Escola Pública e o senhor Pereira se transformasse em professor público.
Aconteceu que “brasileiros autênticos” inseridos naquela colônia germânica formada com elementos da Colônia de São Pedro de Alcântara não gostaram da nomeação do Prof. Antônio Pereira para a nova escola pública.
Elevaram queixa à secretaria da educação em Florianópolis. Alegando que o Prof. Pereira falava alemão. E pouco sabia da língua portuguesa.
A secretaria reagiu. Ordenou o comparecimento do Prof. Pereira em Florianópolis. Naquele tempo (1927), não era nada fácil alguém deslocar-se do Vale do Itajaí do Sul até a capital. As autoridades submeteram o mestre acusado a vários testes. E ficaram positivamente surpresos com a idoneidade magisterial do Prof. Pereira.
Coisas que aconteciam por pura inveja e preconceito. No tempo do Interventor e, mais tarde, Governador Nereu Ramos, não poucos professores, foram depostos devido ao sotaque alemão ou italiano.
Acontecia, porém, que tais professores estrangeirados ensinavam corretamente a gramática.
Corrigindo por exemplo, frases brasileiras como esta: “nois levantemo cedo, tomemo café e fomo”.
Nos anos 60, fui convidado pelo MEC, a integrar a um corpo docente especial, conhecido como CADES (Campanha de Aperfeiçoamento de Ensino Secundário). Cada curso, com duração de um mês, tinha 2 professores para cada disciplina.
Fui convidado para 6 cursos: 3 em Minas Gerais, 1 em João Pessoa, outro Itapetininga, e outro em Santa Maria no RS.
Dei um curso em Três Corações (1964), terra do Pelé, já no segundo dia do curso, um advogado me provocou, e eu lhe dei a resposta na hora:
-          Advogado: um alemão entrou numa venda e pediu: me um fosfórro!
-          Professor: ora isso não é nada senhor! Um caboclo entrou num boteco e pediu: me dá um foifi!
E foi aquela gargalhada!
Por falar em sotaque, nem sempre as pessoas tem uma noção muito exata. Vou contar-lhes um episódio.
A Universidade de São Paulo costuma convidar professores Europeus para ministrar algum curso. Assim, convidaram o Prof. Português M. Rodrigues Lapa para um curso sobre Estilística da Língua Portuguesa. Já na primeira aula, um filhinho de papai, nem sempre muito inteligente, mas bastante atrevido, pediu-lhe o seguinte favor: Que ele falasse um pouco mais devagar, para que ele pudesse fazer anotações e que o sotaque dele dificultava. O professor respondeu:
- não senhori, a língua é minha e o sotaque é seu!



Nenhum comentário:

Postar um comentário