O Canal 24horas está localizado na rua João Bauer, nº 464 3º andar salas 304/305 Centro em Brusque Santa Catarina.
29-06-2008
SÃO PAULO APÓSTOLO E AS OLIMPÍADAS
No dia 29 de junho celebramos a festa de São Pedro e São Paulo.
Hoje, vamos celebrar, de modo especial, o Apóstolo São Paulo. Que nasceu
em Tarso (Ásia Menor), que pertencia ao Império Romano. Portanto, Saulo era
cidadão Romano. Mas a genealogia de Saulo era Judaica. Aliás, neste ano
comemoramos o seu 2º milênio de nascimento.
E teve uma formação superior em Jerusalém. Foi seu mestre o Rabino
Gamaliel: Doutor em Lei Judaica. De maneiro que Saulo também era Doutor em Lei
Judaica, isto é, Rabino.
Saulo tomou a sério a sua religião Judaica, ou seja, o antigo testamento
da bíblia. Tão a sério que se convenceu, como dever seu, combater a ferro e
fogo a religião cristã, que se espalhava sempre mais desde a Antioquia.
Por isso, para lá se dirigiu com o propósito de prender os cristãos, mas
nesta viagem a Damasco, Jesus Cristo numa visão, cortou-lhe o plano, e o
converteu para a Fé Cristã.
Fala-se que nesta visão ele teria caído do cavalo. Mas isto é lenda,
introduzida por Caravaggio (1600) para dar maior dramaticidade ao evento.
Nesta cena da conversão Jesus cristo o transformou em Apóstolo dos
Gentios, isto é, Apóstolo dos que eram pagãos, dos que não eram judeus. Com
a conversão, o nome de Saulo transformou-se em Paulo.
No fim da vida apostólica, olhando para traz, foi lhe possível fazer esta
conclusão: “terminei a minha carreia”
“combati o bom
combate”
“guardei a fé”
“resta-me agora
receber a coroa da justiça, que o senhor, justo juiz, dá a quantos o amam (II,
Tim. 4, 6-8).
São Paulo compara esta coroa da Justiça com a coroa dos jogos
olímpicos, que era uma coroa de ramos de louro.
Nas corridas de um estádio, compara São Paulo, todos correm; mas um só
recebe o prêmio.
Todos os atletas se impõem a si, muitas privações.
E o fazem para alcançar uma coroa corruptível.
Nós o fazemos para uma coroa incorruptível ( I Cor. 9, 24-27).
Verdade é, que hoje, a coroa olímpica foi substituída por medalha de
ouro, que não é corruptível: mas que não dá para levar para o céu. Apesar
disto, o brasileiro César Célio, bem que merece os calorosos aplausos
que prorromperam pelo Brasil e pelo Mundo. E sua medalha ficará entre seus
familiares ou em algum museu nacional. No entanto, para os céus, só vão as
medalhas espirituais das boas obras: da Fé, da Esperança e da Caridade. Esta é
a coroa, ou a medalha do prêmio eterno.
Oxalá, o Brasil possa participar,
e vitoriosamente também, nos Jogos Olímpicos! Até porque, as alegrias
desportivas fazem parte da vida humana. Mas sem esquecer de, a exemplo de São Paulo,
guardar a fé cristã, combater o bom combate da caridade, em ordem a ganhar o
prêmio da vida eterna.
Boa Semana.
TEMA: PADRES E BISPOS AFRO-BRASILEIRO
1) Em Taubaté – SP conheci, em
1946, o Cônego Chico. Negro de verdade! Muito conhecido e estimado.
2) Em João Pessoa (Paraíba)
conhecia, pela imprensa, o Bispo Dom José Maria Pires, apelido Dom Pelé.
Aposentado, bom teólogo e escritor até hoje!
3) Mas quero apresentar-lhes um
negro do século XXI: Dom Antônio Wagner da Silva scj.
·
nasceu em Luz – MG
·
inicialmente, estudou no Seminário Dehoniano de Lavras. Tive a honra de
ser seu professor no Colégio de Nossa Senhora Aparecida, também em Lavras.
·
Mas em Brusque, ele foi o meu superior no Convento Sagrado Coração de
Jesus!
·
Daqui, Pe. Wagner foi transferido para Joinville, e nomeado Pároco do
Santuário SCJ.
·
Creio que o bispo de Joinville, Dom Orlando Brandes, o encaminhou para
o Episcopado.
·
Pe. Wagner foi ordenado bispo aos 18/06/2000, em Guarapuava – PR, onde
é bispo-coadjutor.
·
A meu pedido, ele me enviou farto material histórico e de reflexões
sobre o Clero Afro-Brasileiro.
Sobre a escravidão negra no Brasil, todos nós já temos
muita informação desde as carteiras escolares.
Mas passo a
apresentar alguns dados especiais:
1ª - A
igreja católica não trabalhou muito para evitar a escravidão, e que durou 3
séculos!
Mas eu
pergunto: Era possível remar eficientemente contra uma corrente política e
econômico tão avassaladora.
Finalmente,
a Católica Princesa Regente, Dona Isabel, sancionou e promulgou a Lei da
Abolição, 1888. Mas que resultou no exílio da Família Imperial e a extinção do
Império.
Cabe
observar: na América do Norte, cada escravo liberto, recebeu do governo um lote
de terra, como propriedade sua. No Brasil o liberto não recebia nada. Era um
boi alçado.
Mas, por
qual razão, a Igreja foi tão lenta para arrebanhar mais negros para a vocação
sacerdotal.
No meu
entender não foi só por preconceito racial. Mas muito também a marca do seu
palperismo da escravidão: o trabalho pesado, sem propriedade, sem liberdade,
sem boa escola pública, cujos remendos artificiais são as cotas universitárias.
Mas a começar pela comemoração do centenário da Abolição (1988), trouxe notável
mudança de rumo na igreja católica. Notadamente, pela campanha da Fraternidade,
que deu um grande impulso em favor das afro-vocações religiosas.
E com real
fundamento: quase a metade da população católica é de origem africana, e assim
distribuída:
1) a maior
população negra encontram-se na Bahia, no Amazonas e no Pará: entre 76% e 78%
da população.
2) bem
menor é a população em SC com 11%, no RS com 15% e no Paraná 25%.
Por tudo
isso, o Bispo Negro Dom João Alves dos Santos, responsável pela pastoral
Afro-Brasileira (na CNBB) lamenta haver poucos padres afro-brasileiros: pois
são apenas 1000 em meio a 18000 padres, e são apenas 12 bispos negros entre 420
outros bispos.
Dom João
Alves pleiteia mais igualdade afro-brasileira: em todos os domínios da vida:
pessoal, social, política e católica do país.
Nada mais
que justo! Que os nossos pedidos sejam acolhidos por Nossa Senhora da
Aparecida, padroeira do Brasil e rainha dos apóstolos.
Que o nosso
senhor Jesus Cristo abençoe essa nova caminhada da sua Igreja Católica, em
favor de maior inclusão do Clero e do Cidadão Afro-Brasileiro.
03-09-2008
No dia da Independência, creio oportuno fazer referência à Religião
Nacional. A qual, segundo Tancredo Neves, é a Religião Católica.
Por isso, tomo a liberdade de ler o trecho do Evangelho da liturgia deste
domingo (Mt 18, 15 –20).
Vejam vocês, meus irmãos, o comportamento de bondade, de fraternidade que
se há de ter para com o próximo: que errou, que cometeu uma falta contra você.
À pessoa ofendida, Jesus lhe dá o direito de exigir explicações. Mas
em particular! Isto é: Sem logo mandar tocar todos os sinos da paróquia, e
apontar o dedo, acusador, contra a vítima.
Sem
logo botar a boca no trombone, e berrar acusações contra o faltoso!
Porque erra é humano. E é por isso que na Igreja Católica existe o
confessionário.
Infelizmente, há pessoas que tem o prazer doentio de espalhar a
torto e a direito os erros do próximo!
Pecado esse conhecido como Difamação. Porque o difamador tem um só
propósito: a destruição do bom nome alheio, do prestígio que alguém possa ter
na comunidade.
Essa vontade doentia de destruir o bom nome do próximo pode chegar ao
extremo de INVENTAR pecados e defeitos alheios. E até muito graves!
É, portanto, um pecado contra a verdade. E o nome deste pecado é CALÚNIA!
Sempre achei dignificante, nos filmes norte-americanos o juiz exigir do
delator que, a mão sobre a Bíblia, jurasse dizer a Verdade, e somente a verdade
em relação ao acusado.
No Brasil, o tempo muito favorável, ao plantio de joio político é o das
eleições municipais.
Neste sentido, pode haver discursos políticos com dois tipos de joios
políticos, o joio da difamação e o joio da calúnia.
Discursos esses que, apesar das maldades que contém pode revestir-se, por
vezes, de uma linguagem beirando o pitoresco.
Vou dar um exemplo. No alto vale do Itajaí, um
candidato a Prefeito Municipal teve a seguinte passagem no seu discurso:
Minhas senhoras e meus senhores, o município vizinho pode orgulhar-se,
porque tem o prefeito mais honesto de Santa Catarina. No entanto, o nosso
município pode orgulhar-se mais ainda, porque tem o prefeito mais religioso de
santa Catarina: para cada obra municipal, vai um terço!
Apesar de tantos males, apesar de tantas
roubalheiras e assassinatos, apesar de tantas difamações e calúnias – não se
pode desanimar! Importa levar a sério a Fé em Deus e a observância dos seus
mandamentos!
Porquanto, se com a Fé em Deus, é difícil a
convivência nacional harmoniosa... Sem a fé em Deus ela seria impossível.
Que o Brasil seja, mais e mais, um País sério, e por
Deus abençoado!
07-09-2008
1)
Para o dia 07 de setembro apresento-lhes um livro
intitulado: O Clero e a Independência
2)
Clero, como vocês já sabem, refere-se aos
sacerdotes da Igreja Católica. Também conhecidos como Padres. São aqueles que
receberam a ordenação sacerdotal para servir o Povo de Deus nas coisas
que se referem a Deus: diretamente ou indiretamente.
3)
Trata-se, como vocês estão vendo, da grande colaboração
que o Clero Brasileiro, e católico, prestou à Pátria Brasileira no sentido de
garantir-lhe a declaração e a defesa da Independência Política.
4)
O livro foi escrito por Dom Duarte Leopoldo e Silva, o
1º Arcebispo de São Paulo.
5)
Uma pergunta: Por qual razão o Arcebispo se decidiu a
escrever este livro? Vale lembrar o provérbio: “A males que vem para bem”. E o
mal foi este. Por ocasião do 1º centenário de Independência do Brasil, em 1922,
“os organizadores da Comemoração pareciam esquecer-se da contribuição da
Igreja” (Cardeal Arns). Tanto assim que, “em solene recepção dada pelo então
Presidente da República, foi omitido o convite ao Clero de São Paulo”.
6)
Ora, tal omissão feriu a justiça. E Dom Duarte assim o
explica: “Em todos os acontecimentos políticos que agitaram a Colônia e o
Império, nos seus primeiros surtos de liberdade, sempre temos o Clero formado
na primeira linha dos Patriotas”. E a Igreja vê este empenho do Clero “como
obra sua”. Embora lamente certos desmandos pelo Clero, mas praticados ao calor
do ideal que os apaixonou.
7)
Dom Duarte, com base em documentos históricos vai
apontando a participação direta do clero Brasileiro na luta pela Independência
Nacional. Mas Dom Duarte descreve em vários capítulos a seqüência dessas lutas
de libertação:
8)
A bem da brevidade iremos apenas citar os 6 capítulos:
1º - O Clero na revolta do Maranhão;
2º - Na guerra dos Mascates;
3º - Na guerra dos Emboabas;
4º - Na Inconfidência Mineira;
5º - Na Revolução de Pernambuco;
6º - E, finalmente, Independência em São Paulo.
9)
Aqui, Dom Duarte acrescenta ainda esta observação:
“Tanto na capital como no interior, foi o elemento Eclesiástico o mais
preponderante nessa feliz reação que levou ao Ipiranga o 1º Imperador do
Brasil”.
10) Finalizando
a palestra permitam-me citar Ruy Barbosa: Fui no Governo Provisório
[da República] o autor do ato, que separou a Igreja do Estado [...] que,
assim, emancipou, em nossa terra, a consciência cristã dos vínculos do poder
humano. Mas com esta lei, não se autoriza, na Constituição Brasileira do
Estado as expressões “Estado Anti-católico ou Estado-Ateu”. (O Estado e os
Cultos). Mais tarde, Tancredo Neves, o candidato eleito para Presidente da
República, assim falou: A Religião Católica com a separação da Igreja e do
Estado, deixou de ser a Religião oficial do Brasil; mas continua sendo, disse
Tancredo: a Religião Nacional.
Que
Deus Abençoe a Nossa Pátria!
10-09-2008
FÉ
CRISTÃ E ORAÇÃO
Em 1967, tinha
eu voltado da Europa, onde, por dois anos, fiz um curso de pastoral e
catequese, no Instituto Católico de Paris.
Ainda na
França recebi o convite do Instituto Nacional de Pastoral e Catequese no
Brasil, para inteirar no seu corpo docente.
Hospedei-me na
casa de São Bonifácio, da Comunidade Alemã, no Bairro do Rio Comprido, na Rua
do Bispo, próximo ao Seminário Arquidiocesano.
Pe. Otto W.
Amann scj, meu distinto confrade da Congregação Dehoniana. Era o Diretor dessa
Comunidade de São Bonifácio.
Ao lado da
casa central, Pe. Otto mandara construir uma capela, porque, Irmãs da Divina
Providência, auxiliavam na direção da Casa. Pela manhã cedinho, já lá estavam
reunidas as Reverendas Irmãs, fazendo a oração da manhã, repassada de salmos e
mais salmos de louvores à Deus.
Certa manhã,
durante esta oração apareceu o senhor Carlos Bischnapel: um homem bem
conhecido, bem alinhado e bem falante. A profissão dele? Era agente de viagens
de avião para a Europa.
Sendo que na
Casa São Bonifácio, sempre podia ter algum cliente. Cumprimentei o senhor
Carlos e começamos a conversar. Do lado de fora da Capela ouvia-se a oração das
religiosas. O senhor Carlos, apontando para a capela, perguntou-me:
Pe. Eloy
para que serve isto?
Eu respondi: Serve
para construir pontes de amizade com Deus e com o próximo.
Falei em pontes, porque já conhecia o senhor Carlos:
espírito agnóstico, tecnológico, materialista e dinheirista.
Realmente, as
criaturas, caro telespectadores, só as humanas, temos condições de falar com o
Criador. E temos necessidades de falar com Deus, de amar Deus.
Já Santo
Agostinho, um grande doutor da Igreja e Santo dizia: “O meu coração anda
irrequieto, até que possa repousar em vós senhor”.
Eu diria que a
oração é como o respirar de nossa alma.
Por isso Jesus
Cristo dá tanto valor à oração:
·
ensinou-nos a oração do Pai Nosso;
·
a Igreja reza pela mediação de Nossa Senhora na
oração de Ave Maria;
·
E Jesus Cristo nos ensina a insistirmos no
pedido da Graça de Deus:
Jesus Cristo
nos garante: onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, lá estarei eu no
meio deles.
·
batei e abrir-se-vos-á:
Buscai e
achareis,
Pedi e
recebereis.
Mas o próprio Jesus Cristo vem pedir licença para
entrar em nossa casa: “Eis que estou à sua porta e bato. Se alguém me ouvir e
me abrir a porta eu entrarei em sua casa e cearemos juntos.
Eis o respeito
com que o próprio Cristo nos trata.
EXEMPLOS DE ORAÇÃO
* Antigamente, muito mais do que hoje, rezava-se o
terço em família, principalmente no mês de outubro.
* Nas minhas
viagens de ônibus, encontrei várias vezes, senhoras que, discretamente, iam
deslizando pelos dedos as contas do rosário.
* Acabo de ler
no Jornal O Município Dia a Dia, que morreu a última sobrinha de Santa Paulina:
Ináciana Paulina Visentainer Lawandowsky. Nos seis meses de sua doença, os
filhos rezavam todos os dias o terço, para o bem dela.
Vou terminar
com umas reflexões do Papa Bento XVI em 23 de agosto deste ano: “O primeiro
serviço do Papa é a oração para todos, na celebração diária da santa missa e na
recitação do santo rosário”.
Por onde se vê
que não basta falar sobre Deus. É importante falar com Deus.
Mas o ser
humano pode rezar sem proferir palavras.
Pe Vianey
conhecido como, o Santo Cura d’Ars, observava o comportamento de um fiel na
Igreja. O Padre fez-lhe a seguinte pergunta: O senhor não trás nem livro, o
senhor nem mexe com os lábios. Afinal o senhor reza? O homem devoto respondeu
apontando para o sacrário: Eu olho para ele e ele olha para mim!
Eis o grande e
real significado da oração.
Oremos uns pelos outros. E Deus seja Louvado!
28-01-2009
RELIGIOSIDADE
COMERCIAL
É uma religiosidade marcante nas Religiões
Pentecostais, provenientes dos Estados Unidos. Que já existem aos milhares na
América do Norte. E brasileiros muitos espertalhões na vida comercial, souberam
transplantar a centenas das religiões para o Brasil.
Até porque o Brasil é terra fértil. Já o dizia Pedro
Vaz de Caminha: “Nesta terra tudo em se plantando dá...” Quer dizer: basta
plantar!
I – Mas porque também a terra da humanidade
brasileira é tão fértil? Respondo em síntese: 1) porque é grande a religiosidade
popular; 2) Porque é grande a ingenuidade popular; 3) porque é
grande a generosidade popular.
Explicando em seus detalhes:
1) O ser humano é naturalmente religioso. Mas o ser
brasileiro popular, em sua maioria, é excessivamente e erradamente religioso:
porque mistura o certo com o errado, transformando a Fé em crendice, a
Fé em supertição. Inclusive nas primitivas crendices africanas.
Mas porque a grande camada popular brasileira é
assim? Porque a escola pública não é para todos; e quando é para todos
não se ensina religião. E a própria igreja católica tem diminuto espaço
para a doutrina católica, para a catequese, quase só preocupada com o problema
social. De maneira que a sementeira do reino de Deus é sufocada pelo abundante
joio do materialismo, que não se interessa por ser mais humano. Restando apenas
o insaciável desejo de ter mais, e sempre mais.
2) Grande parte do ser brasileiro é marcada pela ingenuidade.
Porque é um povo simples, sem malícia. Facilmente acredita no que um senhor bem
apessoado, engravatado, bem falante e auto-nomeado Bispo, que, por sua vez,
nomeia a sua mulher para Bispa e seu filho para Pastor.
3) E tem mais. A grande massa do povo brasileiro
também se caracteriza pela generosidade. Sim, o nosso povo simples, de
reduzida cultura e de reduzidos bens materiais é generoso, quer dizer, é
um povo muito prestativo, gosta de dar, de ajudar o próximo, que gosta de
colaborar.
___________________________________________________
Ora, meus amigos telespectadores,
Diante de um povo tão simploriamente religioso, de
tanta ingenuidade, e de tanta generosidade:
Basta aparecer um doutor espertalhão, ou um
“self-made-bishop” -, e Zé Povinho se prostra diante dele religiosamente,
ingenuamente e generosamente.
Na antiga história brasileira, era de especial
importância ser dono de fazenda “coronel” e ser padre.
Mas com a imposição da República (1889),
começou acentuar-se a importância do título de Doutor. Era uma palavra
mágica da glória social. Titulo difícil de ganhar na Europa: com vários cursos
e defesas acadêmicas pós-graduação.
Mas o universitário brasileiro, de tão genial, já
era doutor, apenas terminado o curso de bacharelado. Notadamente no curso de
Direito. Porque para Augusto Comte, o guru intelectual da Elite Brasileira, o
estudo universitário era da esfera das Quimeras.
Certos advogados do passado, e de hoje também, não
passaram de mestres qualificados “na arte de furtar”. Aliás, o jantar gratuito,
imposto pelos formandos da Faculdade do Largo de São Francisco, era um treino
inicial muito exitoso.
O senador de uma dessas religiões pentecostais
chegou a pleitear junto ao senado, mas sem êxito, o título de teólogo para os
seus pregadores populares.
Outro título adquirido por mera veleidade é o de
Bispo para estas religiões pentecostais. Com algum estudo e muita determinação,
o Brasileiro Pentecostal pode tornar-se um “self-made-bishop”: ou seja, um
bispo por auto-eleição.
03-02-2009
LAURO MÜLLER
Chegou o tempo de Lauro
freqüentar a escola pública primária, conhecida como escola de “desemburrar”.
Muito inteligente, freqüentou duas escolas alemãs: uma em Itajaí, outra em
Blumenau. Ele chamava o Rio Itajaí Açu, de Rio Eufrates; e o Itajaí Mirim, de Rio
Ganges. Gostava de pescar e caçar passarinhos.
Já quase moço, optou viajar
para o Rio de Janeiro, na casa de um parente. Que o colocou numa loja de um
Português. Dedicava-se muito a leitura.
O tio Riegel percebeu a
tendência do sobrinho para os estudos. Aos 18 anos, e a muito custo, foi
rumando para a vida militar. Em 1888, era engenheiro, e foi promovido a 2º
tenente.
Foi seu grande mestre
Benjamin Constant. E participou da Proclamação da República.
Aos 25 anos de idade, Lauro
foi mandado para SC como Governador Estado. Depois foi Deputado Federal, Major,
Senador, Ministro da Viação e obras públicas, Ministro das Relações Exteriores,
Coronel, General da Brigada. E pertenceu a Academia Brasileira de Letras.
(Aliás, dentre os catarinenses, só ele).
III – Lauro
Muller foi um grande servidor da pátria, nada de violências, um homem de
justiça e paz, sempre pronto para servir, não demitia nem perseguia ninguém.
Quando o Governador de SC
(1891), os adversários queriam sua renuncia. Blumenau, chefiada por Hercílio
Luz, dirigia-se armada para Florianópolis, em defesa de Lauro, mas Lauro
mandou-lhes este telegrama: Voltai para casa, não quero derramamento de sangue.
Resolvi renunciar!
Era casado com D. Luiza de
Andrade. Tiveram 3 filhos. Faleceu no Rio de Janeiro em 30/07/1926.
10-02-2009
O PROFESSOR TEUTO-BRASILEIRO
Para os
bacharéis-doutores do Brasil, o que realmente interessava é que o Zé-Povão
celebrasse com ardor patriótico o 7 de setembro e o 15 de novembro.
Justamente,
porque o patriotismo sentimental do povo era muito valioso para o patriotismo
comercial, de certos bacharéis-doutores. Porque um povo analfabeto, ou
semi-analfabeto é fácil enganar, manobrar e explorar. Já o dizia um antigo
provérbio português: “Em terra de cegos quem tem um olho é Rei”.
Muita
gente esquecia o fundamental do amor-pátrio, que está no amor prestativo, ou
seja, o amor a pátria sempre pronto para servir a pátria: pelo bom
comportamento, e pelo trabalho. É o que diz o lema nacional: “Ordem e
Progresso”.
No
passado, a 70 anos atrás, muito se criticava o sotaque do imigrante. Meu
primeiro professor do curso primário, em Salto Grande (Ituporanga) chamava-se
Antônio de Souza Pereira. Mas a mãe dele era uma Heinzen, era uma
teuta-catarinense. E Antônio aprendeu as duas línguas: o português e o alemão.
no inicio da década de 20 do século passado, Antônio aprendeu as duas línguas
no celebrado e benemérito colégio Santo Antônio de Blumenau, dirigido pelos
padres Franciscanos, todos eles teuto-brasileiros. Foi lá que Antônio
Pereira fez o curso normal. Por sinal o primeiro de SC, segundo afirmou Dom
Paulo Evaristo Arns, Franciscano.
O novo
pároco de Salto Grande (Ituporanga), Frei Gabriel Zimmer, que conhecia muito
bem o novo professor normalista, empenhou-se pela conquista do jovem professor
para a sua paróquia de Santo Estevão.
Ora,
falecera a profa. da Escola Pública Dona Júlia de Oliveira Thiesen. De maneiro
que João Carlos Thiesen, que fora o primeiro professor público do lugar,
conseguiu, junto a secretaria da educação de Florianópolis a transformação da
escola paroquial Santo Estevão em Escola Pública e o senhor Pereira se
transformasse em professor público.
Aconteceu
que “brasileiros autênticos” inseridos naquela colônia germânica formada com
elementos da Colônia de São Pedro de Alcântara não gostaram da nomeação do
Prof. Antônio Pereira para a nova escola pública.
Elevaram
queixa à secretaria da educação em Florianópolis. Alegando que o Prof. Pereira
falava alemão. E pouco sabia da língua portuguesa.
A
secretaria reagiu. Ordenou o comparecimento do Prof. Pereira em Florianópolis.
Naquele tempo (1927), não era nada fácil alguém deslocar-se do Vale do Itajaí
do Sul até a capital. As autoridades submeteram o mestre acusado a vários
testes. E ficaram positivamente surpresos com a idoneidade magisterial do Prof.
Pereira.
Coisas
que aconteciam por pura inveja e preconceito. No tempo do Interventor e, mais
tarde, Governador Nereu Ramos, não poucos professores, foram depostos devido ao
sotaque alemão ou italiano.
Acontecia,
porém, que tais professores estrangeirados ensinavam corretamente a gramática.
Corrigindo
por exemplo, frases brasileiras como esta: “nois levantemo cedo, tomemo café e
fomo”.
Nos anos
60, fui convidado pelo MEC, a integrar a um corpo docente especial, conhecido
como CADES (Campanha de Aperfeiçoamento de Ensino Secundário). Cada curso, com
duração de um mês, tinha 2 professores para cada disciplina.
Fui
convidado para 6 cursos: 3 em Minas Gerais, 1 em João Pessoa, outro
Itapetininga, e outro em Santa Maria no RS.
Dei um
curso em Três Corações (1964), terra do Pelé, já no segundo dia do curso, um
advogado me provocou, e eu lhe dei a resposta na hora:
-
Advogado: um alemão entrou numa venda e pediu: me um
fosfórro!
-
Professor: ora isso não é nada senhor! Um caboclo
entrou num boteco e pediu: me dá um foifi!
E foi aquela gargalhada!
Por falar em sotaque, nem
sempre as pessoas tem uma noção muito exata. Vou contar-lhes um episódio.
A Universidade de São Paulo
costuma convidar professores Europeus para ministrar algum curso. Assim,
convidaram o Prof. Português M. Rodrigues Lapa para um curso sobre Estilística
da Língua Portuguesa. Já na primeira aula, um filhinho de papai, nem sempre
muito inteligente, mas bastante atrevido, pediu-lhe o seguinte favor: Que ele
falasse um pouco mais devagar, para que ele pudesse fazer anotações e que o
sotaque dele dificultava. O professor respondeu:
- não senhori, a língua é
minha e o sotaque é seu!
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