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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Santo Alberto Magno - Doutor Universal

ENCONTRO da
               FAMÍLIA THIESEN


                                                          Na festa de

                     SANTO ALBERTO MAGNO

Doutor   Universal


           

                                      Ituporanga – SC

                              15/11/2003

                                                
Prezados Irmãos,

Novamente convidado pela família Thiesen, na pessoa de Dona Iracema Alves, aqui estou de volta, prazerosamente, para o terceiro Encontro.
Para a Santa Missa de hoje, tomo a festa do dia, que é a de Santo Alberto Magno, o Doutor Universal. Que nasceu na Alemanha Meridional, de onde também procederam os Thiesen catarinenses.
Porquanto, graças a Deus, e graças a um feliz cochilo do ex-presidente da República, José Sarney, e com o suor de cada família, disseminaram-se, pelo interior catarinense, muitas Fundações Educacionais e uma dezena de Fundações Universitárias. De sorte que a mocidade catarinense, e ituporanguense também, vai-se transformando, em parte, em mocidade universitária, até porque a educação superior é uma necessidade social, e não um privilégio de intelectuais burgueses (F. SHEEN, p. 146).
Ora, Santo Alberto Magno, exímio Doutor e Professor Universitário, e apesar de ter vivido no longínquo século XIII-, deixou-nos a lição bem atual de que é possível a conciliação harmoniosa entre fé religiosa, teologia e ciências experimentais, dizendo e vivendo que elas não conflitam, completam-se.

1 – TRAÇOS BIOGRÁFICOS

Alberto Magno nasceu por volta de 1200, na Suábia (Alemanha), na localidade de Lauingen, no Vale do Rio Danúbio. Era filho da nobre família do condes Bollstädt.
Em 1223, ele se encontrava na Universidade Italiana de Pádua. Após uma ano de estudos, aceitou o convite de entrar na Ordem dos Dominicanos (OP), fundada por Santo Domingos (1215).
De 1228 a 1239, Alberto estudava, e foi professor em várias cidades alemãs. Atividades que lhe valeram o título de Bacharel. Apto, pois, para lecionar Teologia na Universidade de Paris (1242). Para suas preleções tinha por texto-base a obra intitulada Sentenças, cujo autor é Pedro Lombardo.
Após alguns anos de magistério na Universidade, conquistou o título de Mestre, isto é, Doutor em Teologia. Entre seus vários acadêmicos de excepcional talento, distinguia-se o genial Tomás de Aquino. Em pouco tempo, Alberto era aplaudido como o mais conspícuo mestre da Universidade Parinisiense.
Em 1248, passados seis anos nesta Universidade, os Superiores Religiosos da Ordem o enviaram para Colônia (Alemanha), com a incumbência de lá organizar o “Estudo Geral da Ordem Dominicana”.
De 1254 a 1257, foi Superior Provincial da Ordem. Juntamente com Tomás de Aquino, foi escolhido pela Igreja para dirimir polêmicas teológicas na Universidade de Paris, e com pleno êxito.
Contra o desejo do Superior Geral da Ordem, e contra o seu desejo pessoal -, Alberto aceitou a designação papal de ser bispo da Diocese de Ratisbona (Alemanha, 1257 / 59). Assim que faleceu o Papa, Alberto pediu demissão do cargo, com a determinação de prosseguir nos seus estudos.
Nos anos de 1263 e 64, submeteu-se à ordem do novo Papa no sentido de pregar a Cruzada na Alemanha e Boêmia.
Por várias vezes, exerceu o papel de pacificador, como no caso dos litígios entre o arcebispo (que também era um senhor feudal) e a burguesia de Colônia.
Teólogo de primeira grandeza, participou, em 1274, do 2º Concílio de Lião (França).
Aos 15 de novembro de 1280, Mestre Alberto faleceu em Colônia, e foi sepultado na Igreja de Santo André.

2 – OBRAS

As obras literárias de Santo Alberto abrangem quase todos os campos do saber de seu tempo. Podemos dividi-las assim: obras de filosofia e Teologia, e obras de ciências naturais e experimentais.
a) Obras de Teologia e Filosofia
Na tradução do latim para o português, e evitando alguns grifos:
Natureza do Bem, que trata do conceito do Bem e das virtudes Cardeais. Em Paris, escreveu uma série de tratados teológicos sobre os Sacramentos, a Cristologia, a Escatologia, a Criação do Mundo e do Homem. O Grande Comentário aos quatro livros das Sentenças, de Pedro Lombardo. Seus Sermões. O Comentários aos escritos Pseudo-Dionísio, destacando-se a parte intitulada “Dos Nomes Divinos”.
Em Colônia, comentou a Ética a Nicômaco (um tratado de Aristóteles). Seguem-se os Comentários aos Quatro Evangelhos, ao Livro de Jô, aos Profetas Maiores, aos Profetas Menores e às Lamentações.
Nos seus Escritos Eucarísticos, trata da Santa Missa, do Corpo do Senhor. Escreveu ainda: Comentário à Política de Aristóteles, Comentário aos Universais de Porfírio, aos Seis Princípios de Gilberto Porretano, e ao Tratado Da Divisão, de Boécio. E outros trabalhos.

b) Obras Científicas
Ei-las: Da Matemática, Da Astronomia, Da Física, Do Céu e do Mundo, Dos Meteoros, Dos Minerais, Das Plantas, Dos Animais.
S. Alberto tem méritos extraordinários em Botânica e História Natural. A sua obra Dos Animais é uma descrição completa da fauna européia, e cheia de observações pessoais. No seu Tratado Do Céu e do Mundo, cita mais de trinta autores, entre gregos, latinos e árabes. Cujas opiniões ele discutiu e, muitas vezes as substituiu pelas dele.
Tem bons argumentos para demonstrar a esfericidade da terra. E lhe atribui um diâmetro e circunferência de 13.640 km x 42.840 km. O que até pode ter influenciado do descobrimento da América por Cristóvão Colombo.
Numa palavra, o traço essencial na personalidade de S. Alberto está no seu forte apego às ciências naturais. Obviamente, no longínquo século XIII, ele não poderia dispor de uma laboratório de ciências, como em nossos dias: com sofisticados meios de investigação. Mas ele é todo empenho nas ciências naturais, aplicando-lhes observação atenta e acurado estudo. Até porque ele era de uma insaciável curiosidade cientifica.
Santo Alberto é considerado, merecidamente o precursor do extraordinário avanço cientifico moderno, que irrompeu, máxime no século XVII, com notável pujança.




3 – APRECIAÇÃO

Mais que qualquer outro pensador medieval, Santo Alberto dominava todo o material filosófico e de ciências naturais. Notadamente, a nova divulgação do legado cultural aristotélico, árabe e judaico. Chegou a ser quase tudo quanto era possível no seu tempo: teólogo, exegeta, filósofo, professor, matemático, arquiteto, fisiólogo, governante, pregador, pastor, polemista e bispo. Sua obra abrange 50 grandes volumes “in-folio”.
Uma de suas maiores glórias foi a de ter sido o mestre e formador do inigualável discípulo Tomas de Aquino, que seria o fulgurante mestre do Ocidente. Fez por merecer em vida, o título de “Doctor Universalis”. Em 1622, o Papa Gregório XV o beatificou. O Papa Pio XI o canonizou santo, em 1931, e o declarou “Doutor da Igreja”. Em 1941, o Papa Pio XII o elevou a “Padroeiro dos Cientistas Naturais”.

4 – MENSAGENS

a) Santo Alberto e o Conhecimento

No mundo das Ciências, o homem investiga a verdade das realidades experimentáveis, mediante os sentidos, a inteligência e instrumentos.
No mundo da Filosofia, o homem investiga a verdade das realidades inexperimentáveis, a começar pelo uso dos sentidos, mas, essencialmente mediante o uso da razão porque à procura dos fundamentos últimos das coisas.
No mundo da Teologia, o homem indaga sobre o próprio Criador de todas as coisas, sobretudo mediante a luz da razão, baseando-se, porém, na Bíblia Sagrada, ou em algum outro livro sagrado. Além da Teologia, existe a Teodícéia, que também indaga sobre Deus, somente, porém, com a luz da razão, isto é, sem apoiar-se em algum livro sagrado -, tal como já o faziam, por exemplo, os filósofos gregos.
Doutor Alberto não vai problema algum em servir-se, alternadamente, da Ciência das verdades experimentáveis; da Filosofia das verdades inexperimentáveis; e também da Teologia das verdades inexperimentáveis e sobrenaturais.
Com adequado “mudança de marcha”, seu veículo cognoscitivo circulava livremente pela área material, pela área racional e pela área racional - religiosa da Fé.
O Papa Pio XII diria: “Porque atrás de cada porta aberta pela Ciência encontra-se Deus”. Aliás, ante o interminável cortejo de tragédias provocadas pela guerra e pela fome, estaria na hora de entender-nos que “não se pode salvaguardar a fraternidade dos homens, sem Paternidade de Deus” (F. SHEEN). Urge destronar o ídolo do “Cientificismo”, que “nega os objetivos mais altos da vida humana, revelados pela razão e pela Fé” (F. SHEEN).

b) O Dogmático Experimentalismo

Há intelectuais que ainda teimam em dogmatizar que o único saber válido é o que se reduz ao experimentável. Quando professores, tentam persuadir os alunos a virarem as costas para os conhecimentos do mundo inexperimentável.
Até nos fazem lembrar aquele antigo saltiador grego, chamado Procusto. Sua crueldade para com os hóspedes consistia nisto: A cama era de ferro, e seu hóspede nela devia caber bem ajustado. Fosse ele comprido demais, Procusto lhe amputava os pés; se demasiado curto, esticava-lhe os pés com cordas.
Realmente, certos professores impõe aos seus hóspedes, que são os seus alunos, uma cama cognoscitiva à Procusto, afirmando-lhes que as únicas verdades verdadeiras seriam as do mundo experimentável.
Mal comparando, é como afirmar que o único veículo aceitável seria o carro de boi (= ciência experimentável). Nada, pois, de aviões (= Filosofia). Nada de espaçonaves (= Teologia e Fé Religiosa...). Se um prédio é de três andares porque afirmar que só tem um? Para dizer o menos, não será sinal de boa visão científica, alguém concluir que o rabo abana o cachorro.
Outro preconceito da mesma laia, de há muito anacrônico repete que “Idade Média” é sinônimo de “Idade das Trevas”. E sem tomar a iniciativa de espancar, em si mesmo, as trevas da ignorância. Bastaria ler obras medievais. E não somente estórias de fanáticos religiosos, irreligiosos materialistas. Leiam-se, a guisa de introdução, obras como La Grande Clarté du Moyen Age (de Gustave Cohen) e Lumière du Moyen Age (de Régine Pernoud). Obras que concluem pela grande claridade da Idade Média!


ORAÇÃO LITÚRGICA


Ó Deus, quisestes que o bispo Santo Alberto
fosse grande
porque soube conciliar a sabedoria humana
e a verdadeira fé;
dai-nos, na escola de tão grande mestre,
conhecer-vos e amar-vos mais profundamente
na medida em que progredimos nas ciências.
Por nosso Senhor Jesus Cristo,...

 

QUE DEUS ABENÇOE

 TODOS OS DESCENDENTES

 DA FAMÍLIA JOÃO CARLOS THIESEN E CECÍLIA KÖPP



BIBLIOGRAFIA

1 – Die Grossen Deutschen (os alemães eminentes), 5 volumes. Com vários organizadores e muitos colaboradores. Editora Prisma, de Frankfurt (Alemanha), 1978.
2 – História de La Filosofia, de Guilherme Fraile, da “Biblioteca de Autores Cristianos”, 4 volumes, Madri (Espanha), 1965.
3 – Das Jahr der Heiligen (Anuário dos Santos), de Erna Melcher, Editora Südwest, Munique (Alemanha), 1965.

4 – Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Editorial Verbo, Lisboa, 1976.
5 – Lexikon für Theologie und Kirche, Editora Herder, Freiburg, 1957.
6 – História da Educação na Idade Média (p.16), de Ruy Afonso da Costa Nunes, Editora da Universidade de São Paulo, 1979.
7 – Filosofias em luta (Original: Philosophies at War), de F. Sheen, trad. De Cypriano A. Costa, 4ª ed., Livraria Agir Editora, RJ, 1961.

Pe. Dorvalino Eloy Koch, scj

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