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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Catolicismo em Brusque - Recordação do Centenário (Livro/E-Book)

Trazemos aqui o livro Catolicismo em Brusque - Recordação do Centenário, do Padre Eloy Dorvalino Koch SCJ. Trata-se da repubublicação de 2010 (por ocasião do sesquicentenário da fundação de Brusque) do livro publicado em 1956. A única coisa alterada nessa republicação foi a parte ortográfica, que sofreu algumas mudanças desde 1956 e o acréscimo de um Anexo intitulado "A 2ª Igreja Matriz de Brusque", que já havia sido publicado como artigo anteriormente, por ocasião da reforma litúrgica que a matriz sofrera em 2010.
Se por um lado a obra está "desatualizada", por outro lado é uma obra ricamente histórica, pois nos permite um olhar para uma época já há muito passada. Ademais nos traz preciosas fotos e informações colhidas pelo próprio autor numa extensa pesquisa sobre as igrejas da região de Brusque.
Que a obra seja muito bem aproveitada e proveitosa aos pesquisadores e curiosos.
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PE. ELOY DORVALINO KOCH SCJ




C a t o l i c i s m o
e m   B  r  u  s  q  u  e

Recordação do Centenário


A 1ª Igreja-Matriz de Brusque
“O mais Belo Templo”
1877

PELA “SOCIEDADE AMIGOS DE BRUSQUE” - SAB
- 1956 -


APRESENTAÇÃO E NOTAS EXPLICATIVAS


Apresentação
Com grande satisfação apresento o nosso trabalho: “Catolicismo Centenário de Brusque”, i. é, meu e de quantos deram sua valiosa colaboração, cujos nomes, por isso mesmo, se acham declinados, em sua maioria, no presente opúsculo.
Sim! Com grande satisfação! Isto porque, em êle se apresentando, daqui a cinco anos, como uma das páginas a constituírem o livro do centenário de Brusque; e sendo uma das “pedras” transportadas consoante ao lema necessariamente por nós adotado: “enquanto descansas carrega pedras”, e que, depois de talhada e polida pelos mestres, há de figurar no grandioso monumento da civilização catarinense: “Enciclopédia de Santa Catarina”, - perpetuará, de maneira altiloqüente, a glória da fé católica dos fiéis brusquenses e do zeloso apostolado de seus pastores, os sacerdotes, tudo a formar um exemplo de estímulo salutar à geração presente e às futuras! Glória, não por nós colimada, mas que se ergue espontânea desta história, ao menos intencionalmente objetiva.
Por outro lado, algo há com tendência de não justificar a satisfação aludida: as deficiências deste trabalho, devidas, em considerável parte, à escassez de dados seguros e à premência de tempo. Contudo, lembramo-nos, muito a propósito, de que, nos cometimentos de longo alcance, embora relativo, a só boa vontade já oferece o bastante: “I n  m a g n i s      v o l u i s s e,  s a t  e s t...” (Brusque, na Festa da Páscoa de 01/04/1956).

Notas Explicativas
1. Co-fundador, entre muitos, da “Sociedade Amigos de Brusque” (SAB), o autor foi encarregado, pela sua Diretoria, de escrever a HISTÓRIA DO CATOLICISMO CENTENÁRIO DE BRUSQUE.
2. A síntese do livro foi publicada no Álbum do Centenário de Brusque (1960).
3. O livro, escrito há 50 anos, sob novo título, irá incluído na série de publicações previstas para as Comemorações do Sesquicentenário da Fundação de Brusque, sob a presidência do Senhor Paulo Vendelino Kons.
4. Essencialmente, o livro é uma reprodução fiel do original, então datilografado pelo Senhor Euclides Visconti (mais tarde, Advogado).
5. Quanto à Enciclopédia de Santa Catarina, anunciada pelo Almirante Carlos da Silveira Correia, cabe dizer que não passou de um plano arrojado.
6. Anexo: A 2ª Igreja-Matriz de Brusque.

ÍNDICE

INTRODUÇÃO........................................................................................................................................4
I  PARTE (1860-1904): O APÓSTOLO DE BRUSQUE
E SEUS PRIMEIROS SUCESSORES   
CAPÍTULO III - NOVA FASE DE CONSOLIDAÇÃO
Pe. João Stolte scj
CAPÍTULO VII - SEDE PAROQUIAL E CAPELAS DE VIDAL RAMOS 
Vista Geral 
ANEXO - A   M O D E R N A   I G R E J A   M A T R I Z  D E   B R U S Q U E



INTRODUÇÃO


A “Província de Santa Catarina” – Após haver dependido, eclesiasticamente, primeiro, da Diocese do Rio de Janeiro, até 1894; e, a seguir, da Diocese de Curitiba -, foi contemplada, em 19 de março de 1908, por Sua Santidade o Papa Pio X, que, pela Bula Quum Sanctissimus Dominus Noster, a erigiu em Diocese, com sede em Florianópolis, sendo seu primeiro Bispo D. João Becker (1), mais tarde, Arcebispo de Porto Alegre – e, aos 7 de setembro de 1914, seu primeiro sucessor: D. Joaquim Domingues de Oliveira, tendo ainda em S. Exa., a partir de 1927, o primeiro Arcebispo, gloriosamente regente (2).
E Brusque, desde 1908, vem fazendo parte, sucessivamente, da Diocese e Arquidiocese de Florianópolis. Mas a sua história religiosa ainda alcança a época em que a Província Catarinense dependia da Diocese do Rio de Janeiro. Pois a primeira leva de imigrantes aqui se estabeleceu em 4 de agosto de 1860. As famílias alemãs católicas da incipiente “Colônia Itajai” eram provenientes, na maior parte, da Badênia. Estavam habituadas com assistência religiosa constante. Foi-lhes penoso, por conseguinte, passar os primeiros sete anos com assistência religiosa reduzida, muito espaçada. Tal deficiência supriam-na, em parte, por sua religiosidade esclarecida e sólida, bem como pela vida familiar bem zelada e cuja organização era informada pela religião, onde o pai era, de fato, chefe e, de certo modo, sacerdote; a mãe, por sua vez, catequista, professora e educadora dos filhos.



I   PARTE (1860-1904)

O APÓSTOLO DE BRUSQUE
E SEUS PRIMEIROS SUCESSORES

Espaçada embora, houve assistência religiosa, o que é fundamental. E isto, graças ao Apóstolo de Brusque: Pe. Alberto Francisco Gattone, “capelão honorário de S.Exa. Revma. o Sr. Bispo, Conde de Irajá” (3). Nasceu Pe. Gattone em 09 de outubro de 1834, em Schladen, - (Goslar), na Diocese de Hildesheim, Alemanha. Foram seus pais: o notário João Gerard Ignatz Gattone e Dona Ernestina Frederica Gerike. Aos 13 de novembro do mesmo ano, foi batizado com o nome de Francisco Maximiliano Alberto. Aos 13 anos de idade, passou a freqüentar, por 6 anos, o ginásio São José, de Hildesheim. Na mesma cidade cursou, por três anos, Filosofia e Teologia, após os quais foi admitido no Seminário Diocesano, onde passou um ano de preparação mais próxima ao sacerdócio, ordenando-se padre em novembro de 1858. Seu primeiro campo de apostolado foi Hannover.
Em seguida, deparamos um requerimento seu, datado em 20 de agosto de 1860, dirigido ao Exmo. Sr. Vigário Geral, no sentido de obter permissão de se retirar da Diocese, pois tencionava viajar como missionário para o Brasil, na colônia São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina. Carecia, porém, de recursos suficientes para custear a viagem. Mas soube contornar o obstáculo. Alcançou contrair um empréstimo junto à Cúria, a 4%, com o prazo de 3 (três) anos, sendo fiador o Pe. Boegershausen, que, anos após, se tornava, mais e mais, o sustentáculo e impulsionador da vida católica na primitiva “Colônia Dona Francisca” (Joinville), no longo período de 49 anos.
Foi assim que, em 1860, apareceu também Pe. Gattone, não em São Pedro de Alcântara, mas em Joinville, afim de oferecer sua colaboração sacerdotal ao ex-colega e verdadeiro amigo desde muitos anos. Haviam sido colegas nos cursos de Filosofia e Teologia, e até mesmo colegas de ano no curso ginasial (4). Pe. Carlos confiou-lhe, então, a assistência religiosa dos Católicos de Gaspar, Blumenau e Brusque.
Assim, em princípio de 1861, vamos encontrá-lo em Gaspar, onde morava na residência do Sr. Nicolau Deschamps. Gaspar tornou-se Freguesia (i.é., também Paróquia), em 1861. Desta maneira, Pe. Gattone passava a 1º Vigário da nova Paróquia. Aí permaneceu até 1867. Durante esses sete anos, visitava ainda as capelas de Brusque, Blumenau, Pocinho, Garcia, Texto-Salto (5). Ao depois, fixou residência em Brusque, até 1882, ano de sua transferência para o Rio de Janeiro.

Pe. Francisco Maximiliano Alberto Gattone
(Foto que o autor recebeu de Dna. Maria Rosa Bauer Schaefer-Mimi)
Dedicatória:
Ao Senhor João Bauer, o agradecido Pe. Gattone


Foram seus primeiros sucessores: Pe. Arcângelo Ganarini, Pe. João Fritzen e Pe. Antônio Eising.



CAPÍTULO  I

VISITAS PAROQUIAIS: 1860-1867



De 9 a 15 de junho de 1861, realizou-se a primeira visita paroquial de Padre Gattone a Brusque, pois os batizados e casamentos estão registrados nestes dias; e que a visita não ultrapassou esses dias, é atestado por suas próprias palavras: “...porque eu foi na Colônia Brusque só 6 dias” (6). Com efeito, no dia 9, domingo, batizou a inocente Anna Obergefeldt, nascida em/1848/22 de maio de 1861, na “Colônia Brusque”, filha de Pedro Obergefeldt e Magdalena Schwind; a 10 de junho, segunda feira, assistiu ao casamento de José Bohn e Francisca Mahl, ele natural de Neidhardt, na Badênia, filho de João Bohn e Bárbara Kohler, e ela, natural de Wiesenthal, próximo a Phillipsburg, na Badênia, filha de Francisco Mahl e Katharina Haeseler, sendo testemunhas: Pedro Heil e Francisco Weigenand; em 13 de junho, quinta-feira, dia de Santo Antônio, realizaram-se mais 5 casamentos; e no dia 15, sábado, ainda 3 casamentos e 1 batizado. Todos os casamentos se fizeram com apenas um proclama, devido à premência de tempo, tendo o Padre, por outro lado, “o poder de dispensar” (7).
Na segunda visita – julho de 1862 – batizou, nesta Colônia, 37 crianças, e houve 14 casamentos. Por esta mesma ocasião, esteve em visita, pela vez primeira, “...na capela de Nossa Senhora da Boa Ajuda, na Guabiruba, em 17 de julho de 1862” (8), onde também promoveu uma festa de primeira santa comunhão (9). De 1860 a 1864, só faleceram crianças e jovens com menos de 17 anos, ao todo, nove. E aos 21 de julho de 1864, faleceu o primeiro adulto: Simão Moritz, com 52 anos de idade (10).
Até 1867, Padre Gattone visitava Brusque, aproximadamente, duas vezes ao ano.
A esta altura cabe indagar: Onde se celebravam os atos do culto divino? Em capelas pequenas, humildes e paupérrimas. Aos domingos, contudo, grandes corações, ricos de fé e de amor para com Deus, aí se reuniam em prece! Mesmo que não houvesse missa. Não se sabe o que mais admirar: se a pobreza das capelas ou simplesmente sua existência. Pois a vida dos primeiros colonos de Brusque “começou do princípio”, i.é., quando já nada mais tinham: nem plantações, nem casa, nem dinheiro... (11).
Na Guabiruba do Norte Alta – foi construída a capela em 1862, tanto assim que, a 20 de janeiro de 1863, Pe. Gattone aí fez o batizado de José Scharf, observando que se realizara “na capela de Santo Afonso, na colônia de Brusque” (12). Foi demolida, sendo o terreno destinado ao cemitério ainda existente. Era feita de espiques de palmito, talvez barreados (13), coberta de palha, tendo o chão batido por assoalho... (14).
Nas mesmas condições, o povo de Guabiruba do Norte construiu sua igrejinha, mas isto já em fins de 1861. Dedicaram-na a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – “Mariahilfskapelle”. Posteriormente, e no mesmo local, o Sr. João Kormann abriu sua casa de comércio (15), hoje de propriedade do Sr. Teodor Debatin. E a nova Capela foi erigida nas imediações do novo salão de festas da Igreja, ora em construção.
Passemos, enfim, à “Capela Principal”, que ficava “na sede da Colônia Itajaí”, segundo deixou escrito Pe. Gattone (16). A denominação “capela” é imprópria, porquanto era o rancho de imigração que funcionava como capela durante a visita paroquial (17). Aliás, a melhor solução, uma vez que aos colonos lhes faltavam os meios necessários para edificar uma capela que ao menos oferecesse condições iguais às do rancho. Como se vê, a primeira capela da Colônia foi a de Guabiruba do Norte.
Muito caro aos católicos da cidade, é o primeiro sino da “sede da Colônia”, importado da Alemanha, e doado pelos Senhores P. J. Werner e P.L. Heil, em 1866. Traz, em relevo, as armas imperiais do Brasil. De um lado destas, estão gravados os seguintes dizeres:




Ana Susana bin ich genannt
Brusque ist mein vaterland
Da will  ich bleiben
Will alle wetter am himmel vertreiben.


 

Ana Susana, eis o meu nome.
Minha Pátria é Brusque.
Lá quero ficar,
E do nosso céu, as tempestades afugentar.

Do outro lado, a dedicatória: “Gewittmet von P. J. Werner u. P. L. Heil – 1866” (18). Peregrinara por várias capelas para servir de primeiro sino. E após longa ausência, está de volta na Matriz, e se acha na capelinha do cemitério desde 1955.


Um dos seus primeiros cuidados foi a construção da primeira igreja na "sede da Colônia", erguida no mesmo local ocupado, ao presente, pela casa paroquial. Esta fotografia nos foi alcançada pelo Revmo. Frei Estanislau Schaette ofm

A nova Igreja, já com a casa paroquial: "o mais belo templo”, construído de 1874 a 1877.


Viagens – A fim de completar e encerrar o presente capítulo, impende voltar a atenção para outra circunstância, importante naqueles tempos, e de interesse para o nosso conhecimento: em que condições Padre Gattone realizava suas viagens apostólicas? Para se formar uma idéia mais ou menos fiel, cumpre, antes de tudo, ter presente o seguinte: Os pioneiros da Colônia se estabeleceram em plena mata virgem, onde não raro eram surpreendidos por índios; onde só se ouviam as vozes selvagens de pássaros e animais em geral. Os colonos abriram as primeiras clareiras. Abriram, também eles, as primeiras picadas, pois não havia estradas, a não ser duas, que podería­mos denominar de estradas-rolantes: o rio Itajaí-Mirim e o Itajaí-Açu. Nessas “estradas” andava-se, respectivamente, a pé, a cavalo, de canoa. Eis o ambiente. Como também os meios de locomoção utilizados pelo Padre.
Viagens penosas e perigosas. Tinha ele necessidade, pois, de alguém que lhe fosse companheiro de viagem e sacristão. O primeiro foi o gasparense Augusto Leckefelt, assassinado pelo balseiro de Itapocu, em 1864, quando viaja­va a Joinville para levar documentos ao Padre Carlos Boegershausen. Padre Gattone recebeu a infausta notícia por ocasião de sua visita paroquial em Guabiruba. Mas João Kormann, moço de seus 18 anos, anuiu pronta e generosamente ao desejo do Padre, no sentido de ser o novo sacristão. Para o que obteve, sem delongas, o consentimento dos pais. Ei-los a enfrentar os mais variados obstáculos de viagem.
Várias vezes fizeram o trajeto Gaspar-Brusque, via fluvial, de canoa, e que durava dois dias. As visitas eram anunciadas com suficiente antecedência. Em uma mala de ferro levavam o indispensável para o culto: partículas, vinho, cálice, missal, pedra d'ara, paramentos, etc. Em determinada reentrância das margens do rio, abicavam a canoa. Geralmente dois homens vinham recepcioná-los, trazendo dois cavalos encilhados: um, para o Vigário, outro, para o sacristão. Os dois novos auxiliares se encarregavam de transportar a mala sobre dois varejões. Às senhoras, cabia zelar pelo asseio da capela. Tudo se achava preparado. A chegada do Padre era sempre motivo de regosijo para toda a população.
E aqui nos despedimos do Sr. João Kormann, que foi, por dois anos, o fiel sacristão e companheiro de viagem de Padre Gattone. Quando já em idade avançada, rememorava aqueles velhos e "saudosos" tempos, dizendo, entre outras: "Muito embora trabalhoso, não deixava de ser interessante..." Mas, a graça maior da expressão se revela na língua original: "Schwierig und reich an Entbehrungen war unser damaliges Leben, aber schön war es doch..." (19).
O terceiro sacristão foi o Sr. João Boos, também por quase dois anos, a saber, de 1867 a 1868. A bem da visão de conjunto, vamos abordá-lo além de 1868: Durante mais de 40 anos, tem sido professor zeloso e competente em Guabiruba, educando cristãmente a juventude. Foi, aliás, o primeiro professor. Além disto, tratava de ser religiosa e culturalmente útil aos adultos. Por seu in­termédio, desenvolveu-se aqui a "Irmandade da Terra Santa", que oferecia vantagens espirituais aos associados, concedendo-lhes ainda, no ato da inscrição: diploma, medalha, cruz e um terço indulgenciado. Angariava assinaturas e consquistava compradores, punha-se em comunicação com a Alemanha, onde encomendava livros e revistas para o “seu" povo, incumbindo-se ainda de distribuir tudo pessoalmente, de casa em casa, sem disso auferir nenhum lucro material!
Ao se considerar que os colonos, afora este contato e o das visitas paroquiais, viviam quase que isolados da comunidade humana, bem se pode avaliar o alcance de tão sadia alimentação espiritual e cultural. João Boos foi, comprovadamente, um apóstolo da caridade, em especial, no terreno religioso, cultural e educacional. Um homem que se elevou religiosa e moralmente, contribuindo para a elevação dos seus concidadãos, quando não de todos os homens, segundo dizia Elisabeth Leseur: “Alma que se eleva, eleva consigo o mundo" (20).

CAPÍTULO  II

 PADRE GATTONE RESIDENTE EM BRUSQUE: 1867-1882




A população católica da Colônia aumentara consideravelmente. Decorridos apenas três anos, já contava 689 católicos. E três anos mais tarde: 994 (21). O rápido crescimento populacional cató­lico se deve aos 48 novos lares acrescidos aos existentes, bem como às novas famílias imigradas, graças ao que se registraram, até princí­pios de 1867: 173 batizados. E como a presente história não passará apenas ao conhecimento mais exato dos próprios brusquenses, como é na­tural, não reputamos supérfluo acrescentar que todos praticavam a religião: homens e mulheres (22). Urgia, pois, a permanência de um sacerdote junto a tão florescente comunidade.
Quis a Divina Providência que o fosse o próprio Pe. Gattone. Padre Carlos Boegershausen, na qualidade de representante da autoridade eclesiástica (23), foi quem o transferiu para êste novo campo de apostolado. E a santa missa de 21 de maio de 1867, assinalou o término das atividades de Padre Gattone como Vigário de Gaspar. “Dolorosa foi para seus paroquianos, a despedida ao ve­nerando Vigário, os quais lhe devotavam sincera veneração (24). Como havia prometido, para lá voltou em 29 de junho do mesmo ano, festa do padroeiro São Pedro, a fim de benzer a nova igreja (25). Não, porém, na qualidade de Vigário de Gaspar” (26).
1ª Igreja - Brusque tinha agora o "seu" sacerdote. Um dos seus primeiros cuidados foi a construção da primeira igreja na "sede da Colônia". Ergueram-na no mesmo local ocupado, ao presente, pela casa paroquial (27). Era de madeira. Servia muito bem. Con­tudo, certo domingo, durante a santa missa, deu-se um "krach” descomunal, i. é, a igreja sofreu forte abalo, ameaçando desabar. Causou grande pânico. Os fiéis se precipitaram para fora pelas portas e janelas. Não oferecendo mais garantias à vida, resolveram suspen­der, em definitivo, as funções religiosas nesta igreja, exercidas, desde então, na escola, sita onde atualmente se acha localizada a Prefeitura Municipal. Tais vicissitudes deram aso a que surgisse uma arrojada iniciativa...(28).
"O mais belo Templo". Na verdade, era mister por côbro a tal situação precária. Tanto mais que pela Lei nº. 693, de 31 de julho de 1873, a Colônia fôra "elevada a Freguesia" (29) (Paróquia), com a denominação de "São Luis Gonzaga", em homenagem ao dinâmico Diretor, Dr. Luiz Betim Paes Leme (30). Passou a fazer parte da no­va Freguesia a Colônia Príncipe D. Pedro.
Como em outros setores, também no da Religião se fez sentir consideravelmente a atividade benfazeja deste impulsionador do progresso de Brusque, pois à sua iniciativa e apoio devem os católicos a nova Igreja (31), se bem que, em grande parte, custeada pe­lo Governo Imperial (32). As obras, iniciadas "...em 21 de junho de l874" com o lançamento e bênção da pedra fundamental (33), tiveram sua ultimação em 1877, "sendo neste mesmo ano inaugurada" (34) a Casa de Deus.
A bênção, assim da pedra fundamental como da igreja, foi realizada, com autorização especial, pelo Vigário Padre Gatto­ne (33 e 34). De tijolos, coberta de telhas, em estilo gótico, media, sem o presbitério, 20 metros de comprimento por 16 de largura. À entrada, erguia-se uma torre com 25 metros de altura. No alto da mesma, ins­talou-se o relógio doado por D. Pedro II, ainda em ótimas condições. Note-se, de passagem, que a construção do campanário qua­se custou a vida de um trabalhador italiano. Ao cair torre abaixo, teve a ventura de encontrar um monte de areia, do qual saiu ileso.
Como se pode verificar pela fotogra­fia: mais tarde, dois renques de álacres palmeiras ladeavam o caminho conducen­te ao novo templo situado na esplanada da colina. O prédio mais abaixo vem a ser a 2ª casa paroquial. Trata-se, em suma, do seguinte: de uma igreja, para aqueles tempos, espaçosa e até a beirar o artístico, a ponto de haver sido considerada, nos primeiros anos, como "...o mais belo Templo do Estado de Santa Catarina" (35). E co­mo "a obra louva o artífice”, bem merecem registrados os nomes de A. Bruns e Luebke, respectivamente, construtor e mestre de obras (36). E o sr. Diretor da Freguesia faz jus à qualificação de "homem benemérito" (37).
"Homem benemérito!” Palavras, hoje em dia, quase desvalo­rizadas, devido ao seu largo uso e abuso. Mas que ainda se agigan­tam no seu valor, ao se levar em conta haverem caído, há quase um século, da pena germanicamente sóbria e sincera de Pe.Gattone, para qualificar, em documento, o Diretor temporal da Freguesia.
E quem quiser olhar, há de por força reconhecer que as­sim merece qualificado aquele que foi o Diretor Espiritual de Brusque-Colônia, de Brusque-Freguesia, de Brusque-Vila! Abandonara os seus, a pátria, o conforto da civilização, para se embrenhar pelas matas virgens do vale do Rio Itajaí, e abraçar, por 22 longos anos, uma vida cheia de privações, “de árduos trabalhos” e, em breve, tam­bém, “de saúde combalida..." (38), e tudo isto unicamente, para ser­vir o próximo. Principalmente naquilo que lhe é fundamental na vida, a religião: conforto insuperável, alma das almas. Tudo para evitar que tantas ovelhas se desgarrassem do bom caminho, do rebanho do Bom Pastor. Dedicava-se, além disto, ao magistério. Logo que fixou residência em Brusque, foi incumbido da direção da Escola Pública Primaria, seção masculina. E o Presidente da Província, no relatório de 1868, manifesta-se mui satisfeito com a atividade do Padre, quando escreve: “Dedica-se grandemente, assim às coisas da religião como às da educação” (39). Por isso, dentro do critério da benemerência, merece reconhecido que uma das vias urbanas de Brusque mais bem denominadas é a que leva o seu nome: "Rua Padre Gattone" (40).
Em 1882, o virtuoso e benemérito Sacerdote foi trans­ferido para o Rio de Janeiro. Trabalhava como capelão na Santa Casa da Misericórdia, e auxiliava a Monsenhor Molina na Paróquia da Glória. Daí foi residir no convento Santo Antônio. Os últimos dias de sua lon­ga e preciosa vida, passou-os no hospital Gamboa, onde, na idade 67 anos, veio a falecer a 28 de janeiro de 1901, assistido por Frei Cristóvão Kampmann ofm, que dizia:"Padre Gattone foi um sacerdote segundo o Coração de Deus" (41).


CAPÍTULO III

OS VIGÁRIOS PE. ARCÂNGELO GANARINI

E PE. JOÃO FRITZEN (1882-1892)



Pe. Arcângelo Ganarini - Procedente da Itália, veio auxiliar o Padre Gattone em 1876. Foi-lhe fiel Coadjutor. Ao ser transferido Pe. Gattone, em 1882, foi nomeado Vigário. Regeu a Paróquia durante 4 anos. Zeloso da glória de Deus e da salvação das almas, era tido em grande estima pelos fiéis. Em 1892, escreveu Pe. Eising: “Deixou nos corações de todos os moradores de Brusque uma boa lembrança" (42). Confirmado, aliás, por vários depoimentos por nós colhidos de pessoas coetâneas a Padre Ganarini.
Não pregava em alemão. Mas sabia o suficiente para entender-se com os paroquianos (43). E no decorrer dos 6 anos de sua permanência aqui, deve ter aprendido bem, pois em 1886, “tornou-se Vigário de Santo Amaro..."(44), Paróquia com predomínio de linguajar alemão.
Como quer que seja, foi providencial a vinda deste Padre à Freguesia de Brusque. Por ser zeloso, atendia à Freguesia toda, do melhor modo possível; com ser italiano, podia melhor atender aos colonos italianos; e, finalmente, por haver chegado em tempo oportuno, i.é., entre 1874 e 1879, anos em que “...foi intensa a vinda de colonos italianos...” (45). Ora, são precisamente os imigrantes recém-vindos que mais carecem de assistência religiosa em seu próprio idioma.
Pe. João Fritzen - Menos feliz foi o sucessor de Pe. Arcângelo. De gênio um tanto violento, levou alguns paroqui­anos a se dirigirem ao Exmo. Sr. Bispo do Rio de Janeiro, e depor contra ele. O Vigário veio a saber de tudo. Levantaram-se, outrossim, certos rumores contra a sua dignidade sacerdotal (46) -, a melhor campanha anti-religioso que se possa fazer. No caso, prendia-se à grande agitação política de então. Combatiam-se, de modo ferrenho, os partidários da República e os da Monarquia. O Padre não simpatizava com a corrente republicana. Cega pela paixão política, esta chegou ao extremo de retirar o crucifixo da Câmara e da sala do Júri, contra o que reagiram os monarquistas, que fundaram a "Associação S.José", e alcan­çaram a recolocação do crucifixo.
Entanto, eis o clímax dos acontecimentos. O Padre negara-se a aceitar como padrinho um membro do partido republicano, por não se haver êste desobrigado do dever pascal. Isto lhe valeu ser levado, cumpulsoriamente, a Itajaí. Em ali chegando, tratou logo de procurar um advogado, com quem foi ao Sr. Governador. O que resultou numa votação a ser feita em Brusque. Houve 365 a favor do retorno do Padre, contra apenas 62. Voltou. Mas a situação piorava. Na noite de São João, os adversários incumbiram a vá­rios elementos de incendiarem a casa paroquial, e de outras coi­sas mais. Para o momento de porem por obra o sinistro intento, a senha foi o grito de "Viva São Luiz"! Mas foi aqui que o tiro lhes saiu pela culatra. Porquanto, bradando também "viva São Luiz", arrancava-se, de detrás du­ma sebe, um vulto armado de nodoso cacete de tangerineira, a in­vestir contra a "turma" com tal furor, que os pôs a todos em confusa debandada. Era o Sr. Sebastião Belli, nascido em Tirol aos 21 de janeiro de 1856. Valeu-lhe o ato de bravura a nomeação de Delegado...
Padre Fritzen foi chamado ao Rio de Janeiro. Seu últi­mo ato em Brusque foi uma festa de 1ª S. Comunhão. Corria o boa­to de que voltaria. Mas a situação do Padre em Brusque era intei­ramente adversa ao restabelecimento de um clima de paz. Por isso foi desaconselhado pelos próprios senhores Sebastião Belli e fabriqueiros (47).
Tirante a falha de gênio, era, por outro lado, cumpri­dor de seu dever. "Os livros de batizados, casamentos e sepulta­dos comprovam a aplicação e exatidão deste Padre, pela clareza e limpidez dos assentos" (48).




CAPÍTULO IV

Pe. ANTÔNIO EISING (1892-1904)

Sua vinda a Santa Catarina e Brusque



O Exmo. Sr. Bispo de Münster (Alemanha) recebera uma carta procedente de São Ludgero, Santa Catarina. Publicou-a no "Kirchliches Amptsblatt"- órgão da Diocese. O grande coração sacerdotal de Padre Franz Topp comoveu-se, ao inteirar-se da aflição dos colonos alemães de Santa Catarina, devido à deficiência de cle­ro. A carta havia sido escrita por dois homens de São Ludgero, que pediam um sacerdote ao Sr. Bispo.
Padre Topp veio a Santa Catarina. Deu pessoalmente com a grande escassez de clero. Também ele escreveu uma carta ao sr. Bispo. E, mais uma vez, o “Kirchliches Amptsblatt" se transformava em rede de pesca missionária. Novamente com êxito. Pois achou dois grandes padres: “nosso" Padre Antônio Eising e Padre Francisco Auling, que, ao depois, foi a Curitiba.

Vigário Pe. Antônio Eising:
de 1892 a 1904


Padre Eising, nascido em Bocholt (Alemanha), no ano de 1848, chegou em Braço do Norte em fins de fevereiro de 1891. Fi­xou residência em Vargem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a po­pulação de Capivari. Obteve dos Padres Franciscanos de Teresópolis que ainda assumissem Capivari, pois não fica distante. Porque resolvera mudar-se para a Vila de Brusque, a fim de prestar assistência religiosa aos alemães católicos (49). E assim se fez. "Pela provisão de S.Exa.Revma, o Sr. Bispo do Rio de Janeiro, na data de l8 de agosto de 1892, eu, Pe. Antônio Eising, fui nomeado cura das colônias Itajahy e Príncipe D. Pedro” (50). Padre Eising estava agora com 47 anos de idade. Era de uma saúde e vontade de ferro (51). Homem de iniciativas, o novo Vigário!
Nova Capela de Guabiruba — Urge, antes de mais nada, vol­tarmos a atenção à Guabiruba do Norte, já um tanto preterida neste trabalho. Foi na primeira quinzena de janeiro de 1892. Recebia, então, uma visita oficial tão honrosa quão útil - a do Pe. Carlos Boegershausen, representante da autoridade eclesiástica na vasta região de colonização de Joinvile e do Vale do Itajaí.
Resultado imediato da visita foi um requerimento por ele redigi­do e enviado ao Exmo. Sr. Bispo do Rio de Janeiro, em data de 20 de janeiro de 1892. Na exposição de motivos, encontramos que a Ca­pela "...estava tão arruinada que ela não serve mais para o culto divino", e que "...o povo daquela Linha tem grande devoção à Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, a quem fez o voto de uma romaria anual em agradecimento da extinção de uma epide­mia que ali grassava, e por cujo motivo desejava construir uma ca­pela de pedra e cal no lugar da arruinada.." Obteve deferimento aos 3 de junho de 1892 (52). E, segundo informações colhidas, já no próximo ano foi erguido o novo templo no mesmo local da atual igreja, sob a orientação do novo Vigário. E aqui aproveitamos a oportunidade para dizer que a atual igreja foi construída em 1923.
Romaria em Guabiruba. A "romaria de cada ano” realiza-se nas nove terças-feiras que precedem a festa da Ascensão, e se compõe de três pequenas procissões provenientes, uma, de Weimerstrasse (Guabiruba do Norte Alta), outra, de Peterstrasse (rua São Pedro), e a terceira, de Langenstrasse (Guabiruba do Sul). Trata-se de três pequenos povoados. Pelas 7 horas da manhã, as procissões se dirigem à Igreja de Guabiruba, onde os romeiros realizam preces em comum, ou até mesmo assistem à santa missa, como vem acontecendo nos últimos decênios, graças ao Convento Sagrado Co­ração de Jesus, desta cidade. Terminadas as funções religiosas na igreja, retornam para os seus povoados, mas ainda processionalmente. Já pode andar pelos 70 anos, desde que fizeram a referida promessa, religiosamente cumprida até o presente. Fato religioso dos mais significativos, quando avaliado de seu verdadeiro ponto de vista: o sobrenatural (53).
Terreno e Cemitério da Igreja Matriz - Pe. Eising viera a Brusque a fim de trabalhar com seriedade. Mas teria sido erro, fazê-lo cegamente. Para tanto, não devia trabalhar em terreno preca­riamente de propriedade da igreja (54). Persuadiu-se para logo da necessidade da legalização do mesmo. Decidiu comprá-lo, pagando na Coletoria da Vila de Brusque a quantia de sessenta e nove mil cento e trinta e nove réis, por uma área de terreno com 92.956m². Como representante da Comunidade Católica, assinaram o documento, além do Padre Vigário, os senhores Nicolau Gracher e Adriano Schaefer. Assim, em 14 de novembro de 1893, a Igreja de Brusque recebia o título de sua pro­priedade (55). No verso desta mesma folha do Livro do Tombo, acha-se desenhada a planta do terreno comprado, apresentando, outrossim, a localização do novo cemitério, que existe, no mínimo, desde 1893. E o primitivo cemitério encontra­va-se nos fundos da atual cadeia.
Visita Pastoral - Embora inicialmente com certa surpresa para o leitor, reportamo-nos para a Curitiba de 30 de setembro de 1894. Estão em festa. É teatro de imponentes solenidades. É que, havendo em sua terra surgido uma cátedra episcopal em 1892, ano depois confiada a D. José de Camargo Barros, sagrado Bispo em Roma, aos 24 de junho de l894 -, muito regozijo lhe assistia, notadamente com a tomada de posse de S.Exa. E como a novel Diocese abrangia os Estados do Paraná e Santa Catarina, e visto haver o mui zeloso Bispo anunciado, alguns meses após a tomada de posse, sua visita pastoral neste Estado, e considerando que Brus­que iria receber a sua primeira visita pastoral, desde sua existência: bem se pode compreender que os brusquenses tudo fizessem por solenizar o mais possível o singular acontecimento.
E assim o fi­zeram. Está registrado, por extenso, pelo próprio sr. Bispo, "a fim de constar a todo o tempo". No dia 26 de agosto de 1895, uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova Trento. Após uma viagem de 5 horas, viajando também o sr. Bispo a cavalo, aqui chegaram às 3 horas da tarde. Defronte a residência do Sr. João Bauer, houve "uma recepção brilhante e espetaculosa com vá­rios discursos”. “Depois de um pequeno repouso na residência do Sr. João Bauer, ali tomamos os paramentos pontificais e então magnífica procissão estendeu-se, formada de duas alas de homens empunhando bandeirolas, do grande número de virgens empunhando viridentes palmas, de um formoso grupo de meninos do côro, de muitos padres (56) e de excelente banda de música do Colégio dos Padres Franciscanos de Blumenau, e de um povo imenso". A seguir, houve "Te Deum", “sermão, bênção e beijamento do anel".
O sr. Bispo continua com a descrição: "A paróquia se acha ricamente enfeitada com arcos de fo­lhagens, bandeirolas, inscrições. À noite, houve esplêndida e inte­ressante marcha aux flambeaux, com enorme quantidade de lanternas e transparentes de papel e com música dos alunos de Blumenau à fren­te. No fim da passeata pelas ruas do povoado, todo o povo veio postar-se à frente de nossa residência, que foi preparada na própria residência do Vigário, Pe. Antônio Eising, e ali, no intervalo das pe­ças musicais, se fizeram ouvir vários discursos: do Dr. Juiz de Di­reito, do Vigário da Paróquia e do Dr. Blaier, médico protestante.
...A visita pastoral nesta Paróquia foi de dois dias e meio, crismando-se, durante este tempo, 750 pessoas e havendo casamentos. Anteontem houve missa cantada pelo Revmo. Vigário, com assistência pontifical e sermão em alemão pelo Pe. Cyriaco, franciscano, que até aqui veio para auxiliar o Vigário nos trabalhos da visita.
...Agradecendo de novo ao Vigário a bondade com que nos tratou em sua residência e a dedicação que tem pelos interesses da Religião, nesta Paróquia, agradecendo a todas as famílias católicas: as muitas manifestações de alegria e de satisfação que nos deram sempre e em toda parte, a todos, mais uma vez, de todo o nosso co­ração, damos a bênção pastoral em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo Amém” (57).
Aditamento - Não ficava bem interromper a descrição. Por isso, só agora, vamos acrescê-la de alguns detalhes e comentários. No que respeita à banda de musica dos alunos de Blumenau, temos alguns dados interessantes graças a Frei Justino ofm, residente em Curitiba. É que ele mesmo, natural de Rodeio, menino de 12 anos, e com o nome de Silvestre Gerardi, estivera naquela ocasião em Brusque, como pistonista. Recordava-se o venerando Sacerdote de mais alguns componentes da banda. Filhos de Brusque: Augusto Maluche, o farmacêutico Willerding e um Krieger; e de Itajaí: os irmãos Adolfo e Marcos Konder. Chegaram mesmo a tocar algumas peças do alto da torre da igreja..
"Sermão em alemão...” por ordem do sr. Bispo ...e em sua presença... Tal gesto bem traduz a verdadeira compreensão humano-religiosa, porquanto, nada obstante a identidade de crença e li­turgia, no mundo católico, é fato incontestável que o sentimento religioso se une intimamente ao idioma pátrio. "Daí - diz o bispo F. X. Geyer - constituir a cura d’almas em língua estrangeira e por sacerdote estrangeiro um expediente de emergência; sendo, porém, o ideal supremo da cura d’almas junto a imigrantes, que a exerça um sacerdote em seu próprio idioma deles” (58). E se ainda hoje existe em Brusque a denominada “missa alemã”, é pela mesma razão (59). "Em tais condições, escreve com feliz acerto o sr. Dr. Emílio Willems, a língua não passa de mero instrumento destinado à difusão de doutrinas religiosas. Ao aprendizado e uso do alemão não se associam idéias étnicas ou intenções de propaganda cultural ou política” (60). Por parte da Igreja, “existe cristianização e não germanização ou coisa que o valha. Aliás, nem por parte de muitos fieis”. Observe-se, por exemplo, o primeiro sino da Colônia, ostentando as armas, não da Alemanha, mas do Brasil;  e os dizeres nele gravados não traduzem nenhum saudosismo pela Alemanha, mas afirmam categoricamente ser Brusque a sua Pátria (61).
Últimas Atividades do Pe. Eising em Brusque – Pe. Antônio desdobrou também notável atividade em Azambuja, pequena locali­dade próxima á Vila, e onde edificou, em 1895, nova Capela, de­dicada a Nossa Senhora do Caravaggio, bem como um asilo e um hospital. Em 5 de abril de 1895, o mui zeloso Pe. Francisco Topp, regressando de uma viagem à Europa, trouxera de Münster, Alema­nha, as primeiras 4 Revdas. Irmãs da Divina Providência. Duas fixaram residência em Tubarão, sendo que as outras, por in­termédio de Pe. Eising, vieram para Brusque, a fim de se dedicarem, em Azambuja, aos caridosos misteres do Hospital e Asilo; e na Vila, em 1903, à Escola Paroquial (para meninas), igualmente por ele fundada, e que funcionava, a princípio, no alugado prédio da família Peiter, hoje de propriedade dos "Irmãos Krieger”. No segundo andar, resi­diam a Irmã Oda e a Irmã Friedburga. Eis, portanto, a 1ª escola católica em Brusque, que aqui funcionou de 1903 a 1908.

A antiga casa do imigrante alemão Carl Marcus Peiter (ferreiro) em Brusque. Pe. Eising pagava 30$/mês de aluguel. Depois, pertenceu aos Krieger (alfaiataria). Demolida, serve de estacionamento, mas destina-se a novo prédio (Foto do Dr. Nilo Sérgio Krieger, em 09-02-2006).
A partir de 1909, tivemos a grandeCatholische Vereins-Schule” (Escola da Comunidade Católica) seguida do Colégio Santo Antônio. A partir dos anos 60, mudou para o nome de Colégio São Luiz.

Mas o trabalho requer descanso. Assim, devido ao "enorme calor do verão e pelos grandes trabalhos do cargo", Pe. Eising comunica ao Sr. Bispo que "precisa de uma pequena recreação", e pede a ele autorização de abandonar, por 4 ou 6 semanas, sua residência em Brusque, para ir a Blumenau “ajudar como confessor nas santas missões da enorme paróquia...” Isto faz lembrar o "enquanto descansas, carrega pedras..."
Todos quantos ainda o conheceram, são unânimes em ates­tar que um dos mais vigorosos traços de sua personalidade era a sua admirável força de vontade, voltada unicamente para a verdade, para o bem das almas. Zelava, por que todos fizessem a páscoa. Interpelava e admoestava os fiéis faltosos, onde quer que os encontrasse, mesmo na rua. Seu coração sacerdotal sofreu amargamente com certos casamentos mistos não permitidos pela Igreja.
Desejoso de maior perfeição, entrou na Ordem Franciscana, em 1904, fazendo seu noviciado em Blumenau, trabalhando, a seguir, na igreja do Sr. Bom Jesus, em Curitiba, indo findar os dias de sua abençoada velhice em Rodeio. Que Deus o tenha na sua glória (62)!

OS PRIMEIROS VIGÁRIOS SUCESSÔRES DE PE. GATTONE

Vigário Pe. Arcângelo Ganarini:
de 1882 a 1886

Vigário Pe. João Fritzen:
de 1886 a 1892


NOTAS À PRIMEIRA PARTE


l- "Nascido a 24 de fevereiro de 1870, em S. Wendel (Alemanha), veio menino para o Brasil, passando a infância na zona de Caí, Rio Grande do Sul" (De A Arquidiocese de Florianópolis, p. 11).
2- A Arquidiocese de Florianópolis.
3- Na abertura do lº Livro dos Casamentos. Nota: Manoel do Monte Rodrigues de Ara­újo, Bispo do Rio de Janeiro, de 1839 a 1863, recebeu do Imperador o título de "Con­de de Irajá" (Enciclopédia e Dicionário Internacional, vl. I. p. 703).
4- Informações colhidas no arquivo do Seminário de H i l d e s h e i m, por inter­médio do Pe. José Dohmen scj, de Oberkassel, Bonn - Alemanha, e comunicadas por carta de 7/IX/1955.
5- Centenário de Blumenau, p. 273.
6- Livro dos Casamentos, fl. 2. Note-se que estava há pouco tempo no Brasil, e já fazia todas as anotações em português. Admire-se mais este fato que as falhas.
7- Com respeito à primeira visita e aos respectivos batizados e casamentos, há cer­tas imprecisões em publicações anteriores. Aliás explicáveis, porquanto os registros nem sempre obedecem à ordem cronológica.
8- Livro dos Casamentos, fl. 10.
9- Der Wegweiser scj, Brusque, 1930. Por vários números desta revista, estende-se o artigo P. Karl Boegershausen, escrito pelo Pe. Stanislau Schätte ofm.
10- Livro de Óbitos (lº).
11- Baseado em várias informações orais.
12- Dum certificado de batizado, de propriedade do Sr. Carlos Scharf.
13- Luiz Betim Paes Leme o denomina "gissara", que vem a ser "palmeira-jiçara”: designação brasileira da Euterpe Olerácea Mart. Cf. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - Editorial Enciclopédia, Limitada Lisboa -Rio de Janeiro. Aqui, vulgar­mente chamado "p a l -m i t o”.
14- Dna. Anna Erdtal Kohler: 92 anos, Guabiruba.
15- Der Wegweiser scj, citado.
16- Livro dos Casamentos fls. 41 e 44.
17- Festschrift zum 50 Stiftungsfest des Schützen-Vereins Brusque, 1866/1916, p.12 e Fundação de Brusque - Pe. Germano Brand, scj.
18- Tradução: Ana Susana, eis o meu nome.
Minha Pátria é Brusque.
Lá quero ficar,
E do nosso céu, as tempestades afugentar.
19- Relatório do Presidente da Província de Santa Catarina, em 1863?; Der Kompass, de l de julho de 1927 e de 1930, por Frei Stanislau Schaette, ofm; Der Wegweiser, citado; Depoimentos orais.
20- Baseado em várias informações e pesquisas. Eis algumas das revistas ainda encontradas:
-Der Sendbote des Göttlichen Herzens sj (Innsbruck,1894).
-Antonius Boote ofm (Wiedenbruck)
-Maria-Hilf-Heft.
-Stadt Gottes.
-Die Christliche Jungfrau.
-Regensburger-Marien-Kalender (Muenchen).
21- Os Alemães nos Estados do Paraná e Santa Catarina - 1829/1929, p.223.
22- 1° Livro dos Casamentos e 1º Livro dos Batizados. É comum nas colonizações ale­mãs e italianas e polonesas.
23-Tanto assim que em 1892 passa pela "Colônia Itajahy" como "Visitador", conforme documento do arquivo paroquial.
24- Centenário de Blumenau, p. 261.
25- Der Wegweiser, 1930, citado.
26- Caso contrário, não haveria necessidade de prometer a volta.
27- Festschrift zum 50 Stiftungsfest des Schützen-Vereins -Brusque, citado.
28- Dna. Ana Erdtal Kohler, mencionada. A Sra. sua mãe, Dna Florentina Schalik Erdtal também viveu aqueles momentos de angústia.
29- Documento da Pedra Fundamental, por Luiz Betim Paes Leme.
30- 1º Livro do Tombo, fl, l; nota: "descendente do engenheiro alemão Gerhardt Bettink, o qual, em 1600, tinha trabalhado proficuamente na direção de minas no Brasil" (De Os Alemães nos Estados do Paraná e Santa Catarina), 1829/1929, p.222.
31- Documento da Pedra Fundamental, por Padre Gattone.
32- A Arquidiocese de Florianópolis, 1951, p. 38.
33-Documento citado.
34- Fundação de Brusque - 1922- Pe. Germando Brand scj. Arquivo Paroquial. Pe. Eising dá como ano da bênção da igreja o de 1882.
35- Deutschtum und Ausland, 2º vl.: "Auslanddeutschtum und Kirche", p. 192.
36- Festschrlft zum 50 Stiftungsfest..., citado; Der Wegweiser.
37- Documento citado.
38- Observação por ele feita, de próprio punho, em alemão, no lº Livro de Batizados, e espontaneamente confirmado por Dna. Anna Erdtal Kohler, mencionada.
39- Traduzido do texto alemão de Kolonie Zeitung- Joinvile - 2 de maio de 1868.
40- Lei nº 20, assinada pelo Sr. Paulo Bianchini, Prefeito, e o Sr. Lauro Müller, Secretário, em 9 de novembro de 1948.
41- Der Wegweiser scj, citado, e 1º Livro do Tombo, fl. 1.
42- Livro do Tombo, fl. 1.
43- Dna. Catarina Isabel Knihs Kormann.
44- Livro do Tombo, fl. 1.
45- Pequeno Tratado de História de Brusque, p. 14- Oscar Gustavo Krieger.
46- Segundo várias informações.
47- Dum documento, escrito em alemão, anexado ao Livro do Tombo.
48- Livro do Tombo, fl. 1.
49- Deustschtum und Ausland, citado.
50- Livro do Tombo, fl. 3. - A Colônia Príncipe D. Pedro fôra anexada a Brusque, quando esta foi elevada a Freguesia.
51- Informações colhidas.
52- Documento do arquivo paroquial.
53- Documento citado e informações. Note-se que não há mais obrigatoriedade nenhuma quanto à promessa, que só atinge os autores da mesma, já falecidos. Contudo, são as procissões de mui louvável tradição e de muitas e salutares bênçãos para as famílias.      
54- Com isto não pretendemos acusar de incúria os seus antecessores. Pois com a união oficial e econômica, entre Estado e Igreja, até o advento da República, o terreno da igreja estava, cremos nós, sob a direta garantia do Governo.
55- Livro do Tombo, fl.5.
56- Era o vigário, Pe. Antônio Eising, e coadjutor Pe. Tombruck, Pe. Cleto Manardi, de Nova Trento, Frei Cyriaco, de Blumenau, "...além dos padres da nossa comitiva...". Deviam ser, no mínimo, 6 padres. Realmente, "Muitos padres" para aquele tempo.
57- Livro do Tombo, fl. 10.
58- Deutschtum und Ausland, citado, p. 28 e 29.
59- Tal missa se mantém ainda na Guabiruba e, de alguns anos a esta parte, no Con­vento S.C. de Jesus.
60- Assimilação e Populações Marginais no Brasil, p. 247 - Dr. Emílio Willems.
61- Cf. o capítulo Visitas Paroquiais, deste trabalho. Nota: Não se confunda Igreja com certos membros seus que, por vezes, cometem desatinos de todo em todo lastimáveis.
62- 1° Livro do Tombo; várias informações pessoais; Deutschtum und Ausland..., citado; jornal O Rebate, 1953, nº 920.



I I  PARTE

 PADRES DO S. CORACÃO DE JESUS 

EM BRUSQUE DESDE 1904


Servo de Deus Pe. Leão João Dehon, Fundador da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.

A Congregação - É fundador da novel Congregação o Servo de Deus Pe. Leão João Dehon, nascido em La Capelle, da diocese de Soissons, ao norte de França, em 14 de março de 1843. É família de privilegiada posição econômica e social. O pai, Júlio Alexandre Dehon, era católico, mas sem nenhum fervor religioso. Indiferente. Reflexo "de sua educação leiga, recebida em colégios profanos que freqüentara na juventude". Mas ao futuro Sacer­dote não lhe faltou sua mãe, profundamente religiosa: Dna. Estefânia Vandelet. A esmerada educação cristã, bem como o devocionário intitulado “O Li­vro da Devoção ao Sagrado Coração”, recebidos no Colégio de Religiosas, eram tesouros que ela guardara, e agora, através de sua vida edificante e de esclarecidos ensinamentos, transmitia-os ao seu querido filho, principal­mente por ocasião das rezas diárias e visitas à igreja.
Aos 11 anos, fez a 1ª S.Comunhão, referente à qual escreve: “Achei-me sob uma forte impressão da graça” (diário). Aos 16 anos, rece­beu o diploma de bacharel. Sente a vocação sacerdotal. Mas o pai lhe ambi­cionava uma carreira que, aos olhos do mundo, fosse mais brilhante. Matri­culou-o, pois, na Escola Politécnica, em Paris. Por outro lado, o novo cursista não hesitou em tornar-se, desde logo, membro de algumas asso­ciações religiosas. Durante as férias, excursionava por vários países da Europa. Aos 21 anos, conquistou a láurea doutoral em Direito, na Sorbonne. No entanto, não se lhe extinguia a chama da vocação sacerdotal; nem diminuía: crescia! Resul­tado nada satisfatório para o pai, que mui habilmente o encaminhou para uma temporada no Oriente Médio, pondo-o a mais uma prova. Mas foi lá, notadamente na Terra Santa, que se lhe firmou de vez a resolução de se fazer Padre, resolução essa comunicada ao pai por carta, encaminhando-se diretamente a Roma.
Em 1865, iniciou os seus estudos eclesiásticos. Após brilhantes estudos de Filosofia e Teologia, ordenou-se Padre em 19 de dezembro de 1868, em Roma, dia em que teve igualmente a ventura de dar a Santa Comunhão a sua virtuosa mãe, bem como ao seu querido pai, agora convertido à prática da religião. Voltou à sua pátria, quatro vezes laureado, a saber: em Direito Civil, Direito Canônico, Filosofia e Teologia.
Seu primeiro campo de apostolado foi Saint-Quintin (São Quintino), bonita cidade ao Norte da França, com cerca de 60.000 habitantes, onde, a 21 de outubro de 1876, recebeu a nomeação de Cônego Honorário da catedral, e primeiro Coadjutor. O mais importante, contudo, é constatar como o “misereor super turbam” (tenho compaixão do povo) do Divino Mestre era por ele imitado com fidelidade e intensidade crescentes. De fato, ao lado de sua piedosa mãe, "sempre ocupada em obras de beneficência”, sua alma "impregnava-se do sentimento de compaixão para com o sofrimento e a desventura”. Estudante em Paris, como vimos, tornando-se "membro efetivo das Con­ferências de S.Vicente de Paula", o zelo de sua caridade o punha em assíduo contato com a miséria e conseqüentes vícios do poviléu da Cidade-Luz...
E agora, como Sacerdote, trabalha nesta cidade de Saint-Quentin, com seus 30.000 assalariados, "verdadeiras máquinas nas mãos dos patrões. Para eles, existia o código dos deveres; o dos direitos, apenas para os emprega­dores”. De maneira que viu e sentiu de perto a miséria operária. Chegou a penetrar as profundezas da Questão Social. Aos operários dedicava-se de corpo e alma. "Raro equilíbrio e grande paixão apostólica voltada ao povo, no erguimento da miséria material e moral em que jazia" (P.Govaart). Referin­do-se às suas próprias atividades, dizia realizá-las "guiado unicamente pelo mais ardente desejo do Reinado Social de Jesus Cristo”. Em outra parte assevera: “Nós, Sacerdotes, desejamos ardentemente o bem do povo e alegramo-nos com todas as transformações úteis. Nós somos apaixonados pelo progresso. O povo simples e reto vai a quem quer dar-lhe justiça e caridade”. Pe. Dehon figura entre a plêiade dos maiores estudiosos da Questão Social desse século, como sejam: Alberto de Mun, La Tour du Pin, Leão Harmel, Monsenhor Segur, e outros...
Em meio a tudo isso, não perdia de vista o ideal reparador, sua idéia predominante na Vida Religiosa. Para ele, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus não significa um exercício de piedade, mas uma verdadeira renova­ção da Vida Cristã através do Amor do Coração Divino.
Desejava mesmo fundar uma Família Religiosa com este santo objetivo. "E após um ano de noviciado, aos 28 de junho de 1878, Festa do Sagrado Coração de Jesus, em presença do delegado do Sr. Bispo Diocesano, Mons. Matthien, emitiu Pe. João do S.Coração seus primeiros votos simples de Obediência, Castidade e Pobreza, aos quais acrescentou um quarto: o de Vítima do Sagrado Co­ração".
Assim começou a Congregação que tem como fim geral "promover a Glória de Deus e a santificação de seus membros mediante a prática dos três votos simples de Obediência, Castidade e Pobreza, e pela observância das constituições próprias; e cujo fim especial é fazer com que seus membros professem uma devoção particular ao Sagrado Coração de Jesus, esforçando-se por corresponder ao Amor deste Divino Coração, e reparar, com dignas homenagens, as injú­rias com que Ele lamenta ser alvejado”. As práticas religiosas mais caracte­rísticas são: a missa e comunhão reparadora, santificação das primeiras sextas-feiras, a hora-santa em cada quinta-feira, a adoração diária do Sacratíssi­mo Coração de Jesus exposto no SS.Sacramento do Altar.
Padre Dehon faleceu em Bruxelas, aos 12 de agosto de 1925.
Achava-se a caminho da beatificação (l). Mas o Judaísmo embargou-lhe o passo para a beatificação, acusando-o perante a Igreja Católica, e, erroneamente, de anti-semitismo...

A Congregação em Santa Catarina


Assim teve início a Congregação, hoje existente na universa terra. Também no Brasil. É que o Revmo. Pe. Fundador era muito pelas missões. E como Pe. Thoss, 1º Procurador das missões, lhe apresentasse um dia novo plano de atividades missionárias para os padres alemães, logo obteve a mais calorosa aprovação, acrescida da orientação de pôr-se em entendimento com Pe. Lux, que vinha de regressar do Congo Belga por motivos de saúde. Foram expedidas car­tas, neste sentido, ao Bispo de Porto Alegre, a Mons. Topp, de Florianópolis, e ao Pe. Carlos Boegershausen, de Joinvile, que imediatamente responderam, fa­zendo as mais convidativas propostas acompanhadas da insistência de virem quanto antes. Decidiram-se por Santa Catarina, atendendo a M. Topp.
Foi em 15 de junho de 1903. À tarde, após a bênção solene na capela do Seminário de Sittard (Holanda), reúnem-se todos, mestres e alunos, no amplo salão nobre, para homenagear a dois missionários: Pe. Gabriel Lux e Pe. José Foxius. Após vários cânticos e discursos de despedida, também eles fizeram uso da pa­lavra. Pe. Lux descreveu suas atividades missionárias no Equador, donde fôra expulso pelos agentes da maçonaria, descrevendo, a seguir, o país e o povo que formaria seu futuro campo de ação: Brasil Meridional.
Até Paranaguá (Paraná), viajaram a bordo do navio brasileiro "Maceió". De lá, com o navio costeiro "Max", até Florianópolis, onde Pe. Foxius aportou aos 15-07-1903. Como Pe. Lux viesse mais tarde, por haver ido a Curitiba cumprimentar o Sr. Bispo Diocesano, D. José Camargo de Barros, Pe. Foxius foi hospedado por alguns dias na casa paroquial. Ao depois, “...instalaram-se num quarto por cima da sacristia da igreja da Ordem Terceira de S.Francisco, onde a única mobília eram os caixotes em que haviam trazido sua modesta bagagem de além-mar".
A instâncias de Mons.Topp, assumiram a direção da Escola Paroquial, que de 40 alunos passou logo a 120. Mas acontece que alguns sacerdotes, de acordo com o fim especial a que vieram, preferiam trabalhar em paróquias abandonadas, especialmente nas do interior. De outra parte, povo e Governo se empenhavam pela fundação de um ginásio. Por várias e ponderáveis razões, por exemplo: falta de professores, dificuldades iniciais do idioma -, não lhes foi possível, aos mencionados Sacerdotes, aceitar cometimento dessa natureza. Pe. Lux, no entanto, querendo unicamente o bem do povo florianopolitano, resolveu oferecer, não só o futuro ginásio, como ainda a Escola Paroquial, aos Revmos. Padres Jesuítas de Porto Alegre. Foi assim que, nas imediações da referida escola, teve início, em princípios de 1905, o Ginásio Catarinense, hoje, por sem dúvida, uma glória do Nosso Estado!

A Congregação em Brusque


Em meados do ano de 1904, o Pe. Lux percorreu várias regiões do Estado de Santa Catarina, a fim de certificar-se pessoalmente das reais necessidades espirituais das populações do interior. Nesta ocasião, passou também por Brusque. E o Pe. Antônio Eising, que já lhe havia dirigido veementes apelos no sentido de enviar sa­cerdotes que o coadjuvassem na imensa Paróquia, renova então, pessoalmente, o pedido, oferecendo-lhe a Paróquia. Pe. Lux atende. E o primeiro Sacerdote Religioso a trabalhar na cura dalmas em Brusque, foi o Pe. João Stolte scj, como Coadjutor do Pe. Eising. Em sua homenagem, escrevi o opúsculo Pioneiro Dehoniano em Brusque. Em fins de julho de 1904, recebera ele, o Pe. Solte, o honroso convite de fazer o sermão sobre o Senhor Bom Jesus, numa igreja de Florianópolis. Pois apesar de não se haver familiarizado ainda com a língua portuguesa, eram muito apreciados os seus sermões, em parte decorados com rara facilidade, e apresentados com espírito apostólico, naturalidade e arte. Não chegou, porém, a proferi-lo.
Transferido pelo Superior Pe. Gabriel Lux, embarcou no navio costeiro "Max”, e aportou em Itajaí aos 4 de agosto. No dia seguinte, teve como condução um carro-de-mola, que o trouxe a Brusque, onde pernoitou. Indo no dia 6, pela ma­nhã, rezar a missa na então capela de Azambuja. Precisamente no dia em que iria proferir o aludido sermão em Florianópolis. (De uma entrevista com o autor em Jabaquara – SP, 1954).


Padre Gabriel Lux, scj
1º Superior Regional
Vigário de Brusque (1904-1905)
Fabriqueiro-Administrador de Azambuja (1905-1920)
Arquiteto e construtor dos 1º Seminários:
de Azambuja (Arquidiocese) e de Corupá (SCJ)


Em princípios de 1905, chegaram os seguintes Padres do S. Coração de Jesus na recém-assumida Paróquia de Brusque: Gabriel Lux (Superior e Vigário), Meller, Lindgens, Schüler e Wollmeiner. Pe. Lux foi Vigário desde 4 de outubro de 1904 até 2O de agosto de 1905. De 19 a 25 de agosto, efetuou-se a 2ª visita pastoral, feita por D. Duarte Leopoldo e Silva, 2º bispo de Curitiba, ocasião em que Pe. João Stolte, pela provisão de 21 de agosto, fôra nomeado Vigário; sendo que Pe. Lux passava a Fabriqueiro-Administrador de Azambuja. A atividade desses dois padres leva-nos a abrir o primeiro capítulo.

CAPÍTULO I

 Fase de Empreendimentos e consolidação: 1904-1922


A fase de consolidação operava-se na Paróquia propriamente dita; a de empreendimentos, em Azambuja. Por consolidação, entendo o trabalho de manter e firmar as obras existentes, e a mais completa dedicação à cura d’almas. Por empreendimento, a realização de novas iniciativas, de trabalho mais de ordem material, como construções - se bem que destinado ao espiritual. Por conseguinte, não se nega, até certo ponto, a este o que se atribui àquele, e vice-versa. Assim como a conservação do mundo é de importância igual à de sua criação, também manter e consolidar iniciativas é tão importante como concretizá-las. E porque a consolidação não se reveste de tanto brilho, pode até tornar-se mais meritória.

Fase de empreendimentos em Azambuja.


Depois da visita pastoral em Brusque, D. Duarte se dirigiu a Blumenau com a mesma finalidade. De lá baixou um Decreto a lº de setembro, que desmembrava: da Paróquia, o Santuário de Azambuja, elevando-o à dignidade de Santuário Episcopal, a ele anexo o hospital e todo o território, "provendo no cargo de Fabriqueiro-administrador... ao Revmo. Pe. Gabri­el Lux, a quem concedia todas as faculdades para dirigir, reger e ad­ministrar o dito Santuário e Hospital, como Delegado da Autoridade Diocesana...”. A esta provisão seguiu-se imediatamente ou­tra: no mesmo dia, nomeando o sr. José Kohler auxiliar do Pe. Lux (3).
Esse decreto, bem como a Provisão referente a Pe. Lux, consti­tuem um marco importante e decisivo para o desenvolvimento de Azambuja. Em 1907, Pe. Lux construiu o novo hospital para alienados, então, no gênero, o primeiro estabelecimento do Estado, e que serviu até 1942, quando foi transferido para a Colônia S.Ana. Os dois Exmos. Srs. Antístetes de Florianópolis: D.João Becker e D. Joaquim Domingues de Oliveira, não lhe regatearam, ao zeloso e fiel administrador e competente arquiteto e construtor, os mais expressivos elogios, perenizados no Livro do Tombo do Santuário.
Vale anotar que esse grandioso edifício do Pe. Lux, a partir de 1927, e por vários anos, tem sido o Seminário Menor da Arquidiocese. Desde 1960, o antigo Hospital e Seminário se transformou no importante Museu Arquidiocesano Dom Joaquim.
Em 1920, Pe. Lux se retirava para Vargem do Cedro. E substituiram-no, sucessivamente, os seguintes padres scj: Vilibaldo Junkmann, José Borgamnn, Carlos Keilmann e Henrique Lindgens. Em 1927, encerravam-se, em Azambuja, as atividades dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, sucedidos, então, pelos Revmos. Padres da Arquidiocese. Inicialmente, na pessoa do mui benemérito Pe. Jaime de Barros Câmara, DD. Reitor do Incipiente Seminário, e hoje, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro. Por sem dúvida, uma glória da Igreja! (4).

Fase da Consolidação na Paróquia.


Na Paróquia havia realmente muito a consolidar, a firmar, a aprofundar, além de não haver necessidade para novas iniciativas. Na verdade, havia a bela igreja matriz, havia, disseminadas pela Paróquia, 14 capelas, a saber: em Guabiruba, Porto Franco, Poço Fundo, Ponta Russa, Cedro Pequeno, Cedro Grande, Águas Negras, Barracão, Gasparinho, Brilhante, Limeira, Nova Itália, Lageado e Ribeirão do Mafra.
Não faltava trabalho. E muito se trabalhava na cura d’almas. Documento de muita elucidação é a carta que Pe. João Stolte escreveu, quando ainda Coadjutor, aos seus confrades na Europa, e da qual extraímos o seguinte passo: "Se eu lhes escrever que, durante estes 31 dias, visitei 7 colônias; ouvi 1253 confissões (com comunhões), preguei 25 sermões em italiano e 13 em português, percorrendo mais de 100 quilômetros a cavalo, e fiz várias visitas a doentes bastante longe, dei 56 horas de catecismo, sem mencionar outros trabalhos e dificuldades pastorais -, talvez compreenderão que, para escrever-lhes, não sobra nem tempo nem vontade”. Brusque, 10/04/1905 (5).
Em 1906, veio a Provisão de Vigário destinada ao Revmo. Pe. Henrique Meller (6). Nascido em Colônia (Alemanha) aos 10 de janeiro de 1809, fez os seus estudos nos seminários de Clairefontaine e Sittard (Holanda) e cursou Filosofia e Teologia na Faculdade de Luxemburgo, or­denando-se sacerdote a 10 de agosto 1902. O ideal missionário trouxe-o a Santa Catarina. Dedicou-se com grande zêlo à cura d’almas em Brusque, onde foi Vigário por 11 anos. Ocorrência muito séria deu-se com ele nas imediações do cemitério católico, onde um débil mental o agrediu a golpe de faca. Quase perdeu a vida. Foi ainda Vigário de S.Ben­to e Jaraguá do Sul. Faleceu em Tubarão, aos 23 de junho de 1942.
Pe.Meller foi Vigário de Brusque em dois períodos: de 1906 a 1911, e de 1913 a 1920. De 1911 a 1913, foi Vigário o Revmo. Pe. Carlos Henri­que Lindgens. De 1920 a 1922, foram Vigários, sucessivamente: Pe. Carlos Keilmann, Pe. Antônio Wollmeiner e Pe. Francisco Schüler. Este último continuou como Coadjutor até 1926. No domingo de 3 de outubro do mesmo ano, rezou a primeira missa e cantou a última, na qual também pregou. A uma e meia da tarde, um colapso cardíaco punha termo à sua vida terrena. Teve ainda a graça de receber imediatamente a Unção dos Enfermos, ministrada pelo Pe. Inácio Burrichter. Acha-se inumado no cemitério de Brusque, junto à capelinha (7).
De outros fatos religiosos havidos nesses 18 anos, e dos quais temos notícias, passamos a registrar o seguinte:
Temos um bispo - A primeira Cidade Episcopal Catarinense foi a própria Capital, cujo primeiro Bispo, D. João Becker, foi sagrado em Porto Alegre, a 12 de setembro de 1908, e veio tomar posse no dia 12 de outubro do mesmo ano. Acontecimento, então, dos mais raros. E dos mais significativos para a organização e florescimento religioso dum Es­tado. E Pe. Topp, Vigário de Florianópolis, bem mostrava dar-se conta do elevado alcance desse fato religioso, quando movimentava todas as possibilidades em ordem a solenizar a tomada de posse de S.Exa., inclusive no sentido de que, de todas as Paróquias, viessem o Sr. Vigário e, se possível, uma delegação a Florianópolis. E assim se realizou. Não se excetuando as mais remotas Paróquias do interior.
A delegação brusquense, composta de 20 pessoas, e encabeçada pelo Pe. G. Ohlemueller scj, representante do Vigário Pe. Meller, viajaram com 3 carros de mola, cada qual com duas parelhas de cavalos, e mais outra de uma, ocupados, em separado, por homens e se­nhoras. As senhoras se encarregaram da provisão alimentar. Quanto aos homens, havia entre eles uns cinco que assumiram o encargo de dar combate à sede, porque eram perfeitos conhecedores dos botequins existentes ao longo do trajeto. Mas diz o narrador “que apenas, por cinco vezes, se abeiraram dos referidos mananciais... Quem já houver viajado nestas condições, bem pode imaginar o que foi aquela viagem: de dois dias, com estradas mal transitáveis, além de tempo chuvoso”.
Mas deram-se por com­pensados pelos brilhantes festejos da recepção e tomada de posse, a que assistiram na capital catarinense. No dia da recepção, foram apresentadas ao Sr. Bispo as diversas Delegações Paroquiais. Quando chegou a vez dos brusquenses, estes se alegraram sobremodo, tanto mais que S. Exa. com eles palestrava em língua alemã (8).
D. João Becker em Brusque - Uns meses após a tomada de posse, em 1909, D. João Becker vinha em visita pastoral à cidade de Brusque, onde permaneceu de 22 a 27 de maio. Pe. Gabriel Lux fôra-lhe ao encontro em Barracão. "Distante ainda uma hora da Vila, escreve o sr. Bispo, veio ao nosso encontro um luzidio esquadrão de cavaleiros, bem como muitos carros conduzindo famílias" (9), e que o acompanharam até a Vila, onde foi recebido pelo Vigário Pe. Henrique Meller, e saudado pelo Sr. Juiz Dr. Torres. O Sr. Bispo falava na igreja em português e alemão. Afirmou não haver recebido manifestações tão festivas como aqui. Tiveram os brusquenses ocasião de assistir à primeira missa pontifical celebrada nesta Paróquia.
Terminada a santa missa, S.Exa., acompanhado de grande nú­mero de fiéis, dirigiu-se ao local do novo prédio da Escola Católica Paroquial, construído pelo povo sob a orientação de Pe. Meller, e que vem a ser o atual "Grupo Escolar S. Antônio", se bem que restaurado e ampliado, faz dois anos, e dirigido pelas Revdas. Irmãs da Divina Providência. Após a bênção do para então majestoso “Catholische Vereins-Schule”, o Sr. Bispo teve palavras de agradecimentos para quantos haviam cooperado. Discursando, a seguir, sobre o tema: “Haec est domus Dei et porta coeli" (Esta é a casa de Deus e a porta do céu), referindo-o à nova escola (10).
De 20 a 27 de maio de 1911, realizou-se a 2ª e última Visita Pastoral de D. João Becker."Foi o seguinte o movimento religioso em toda a Paróquia, durante a visita: crismas, 976; confissões, 1.274; comunhões, 1.777; casamentos 2. Antes da visita, pregou, a convite do Revmo. Sr. Pe.J.J.Colleoni, uma santa missão em Porto Franco e Barracão, conclui o Sr. Bispo: “Cumpre-nos salientar aqui o mérito dos Revmos. Srs. Vigário Pe.H.Lindgens, Pe. H.Meller (ex-vigário), Pe. Baumhof e Pe. Franken, conquistado pela sua aben­çoada e benéfica ação que têm desenvolvido nesta paróquia. A eles, e principalmente ao zeloso vigário P. H. Lindgens, a expressão sincera do nosso reconhecimento e nossos louvores. Ao Exmo. Sr.Juiz de Direito, à comissão de recepção, às distintas Irmãs da Divina Providência e às demais pessoas que nos dispensaram atenções afáveis, apresentamos nossos cordiais sentimentos de gratidão” (11).
Santa Missão - "Depois de 5 anos desde a última, sentia-se a necessidade de uma missão geral”. Pregaram os Revmos. Padres: Frei Solano Burchardo ofm, e Frei Evaristo ofm, tanto na língua por­tuguesa como na alemã. Isto, em 1912, a saber, de 21 de fevereiro a 1º de março (12).
Dom Joaquim Domingues de Oliveira - Sucessor imediato de D. João Becker. "Nascido aos 4 de dezembro de 1878. Crescido e educado em São Paulo. Primeiros estudos na escola pública, ainda no tempo do Império, depois, no Liceu Sagrado Coração de Jesus, conhecido Educandário, dirigido pelos beneméritos Padres Salesianos, onde se lhe desperta­ram os primeiros germes de Vocação Sacerdotal; por último, no Ginásio Paulista, onde teve como Professor de português e francês o conhecido literato, poeta e educador Dr. Silvio de Almeida. Terminados os preparatórios, exigidos por lei, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mais para atender à vontade paterna do que à própria. Antes de iniciar propriamente o curso, matriculou-se espontaneamente (em 1898) no Seminário Episcopal de São Paulo, no velho casarão que ainda existe. Ordenando-se sacerdote aos 21/12/1901 na velha Catedral paulopolitana, sita na mesma praça, e mais ou menos em frente da atual...
Em 8/10/1905, a conselho de alguns colegas, entre os quais o conhecidíssimo e notável pregador e cientista Pe. dr. João Gualberto do Amaral, dirigiu-se a Roma, para completar os seus estudos de Direito Canônico, na Universidade Gregoriana. Residia na Procura de São Sulpício, Congregação Francesa.
Aproveitando a companhia de Dom Duarte e de Dom Alberto J. Gonçalves, que se dirigiam a Roma, em visita “ad limina”, partiu rumo à Cidade Eterna, onde, aos 31 de maio de 1914, no domingo de Pen­tecostes, na Capela do Pontifício Colégio Pio Latino Americano, que, ao mesmo tempo, servia de Colégio Brasileiro, recebeu, das mãos do Exmo. Cardeal Basílio Pompili, Vigário Geral do Santo Padre Pio X, assistido pelos já mencionados D. Duarte e D. Alberto, como consagrantes, a plenitude do Sacerdócio. Depois de curta demora, em Roma e na famosa Abadia de Monte Cassino, regressou a São Paulo. Aos 3 de setembro daquele ano, precisamente no dia em que foi eleito ao Sumo Pontificado o Papa Bento XV, embarcava no "Orion" para assumir o governo da sua Diocese, o que se verificou quatro dias depois, precisamente, a 7 de Setembro, dia da Independência. A recepção esteve deveras solene. Autoridades, Clero, Associações e fiéis prestaram as suas mais carinhosas homenagens ao 2º Bispo Dioce­sano de Florianópolis" (13).
Brusque teve a 1ª visita pastoral do eminente Antístete entre os dias 20 e 28 de novembro de 1915 (14). A “Gazeta Brusquense” teve expressivos termos de boas vindas. Ei-los: "Chegará em Brus­que, no dia 20 de novembro, cumprindo o seu múnus pastoral, Sua Exa. o Revmo. Sr. Bispo Diocesano. A Gazeta Brusquense, interpretando os senti­mentos de apreço e de elevada consideração do povo pela pessoa e virtudes assinaladas do ilustre Antístete da Igreja, aproveita esta ocasião para apresentar a sua Exa. os seus preitos de homenagem e de alta estima. Que a entrada de Sua Exa. se torne uma festa verdadeiramente popular, e que o ilustre Homenageado, durante sua permanência, receba as mais francas demonstrações de carinho pela insigne honra com que distingue este nosso modesto torrão. Bem-vindo seja o que vem em nome do Senhor" (15).



CAPÍTULO II

Fase de Empreendimentos:1922-1938

PE. GERMANO BRAND - SCJ

Vida - Nasceu Pe. Germano aos 14 de julho de 1888, em Hohengadern, Alemanha. Aos 14 anos, ingressou na Escola Apostólica (seminário menor) de Sittard, na Holanda. Na faculdade de Luxemburgo, absolveu os cursos de Filosofia e Teologia. Ordenou-se Sacerdote em outubro de 1913, pelo Bispo de Luxemburgo: Dom José Koppes. Homem animado de elevado ideal, empreendedor, e munido do espírito de sacrifício, tratou, desde cedo, de associar-se aos seus confrades no Brasil, onde exerceu o ministério sacerdotal: primeiro, como Coadjutor em Paraty (Araquari), ao depois, em Jaraguá do Sul; de coadjutor, foi promovido a Vigário de São Bento; segue-se então o período áureo de sua vida, qual foi o de Vigário de Brusque: de 1922 a 1938, para, em seguida, assumir a fundação de nova e grande Paróquia no bairro da Penha, na Capital Federal. Ultimamente, era Vigário de Vargem do Cedro, onde faleceu inesperadamente a 4 de janeiro de 1953. Não se sabe se acidentado ou de colapso cardíaco (16).



da Tipografia Pe. Dehon,
da Revista Der Wegweiser e da
Escola de Agricultura e Comércio


Vigário de Brusque – “Ata da posse do Revmo. Vigário Pe. Germano Brand. Aos 19 de março de 1922, pelas 9 horas da manhã, nesta Matriz de Brusque, depois de ter feito sua profissão de fé e juramento de estilo nas mãos do Revmo. Pe. Henrique Meller, o Pe. Germano Brand, nomeado por provisão de S. Exa. Revma, de 10 de março de 1922, Vigário desta Freguesia de Brusque, tomou posse deste cargo, lendo a provisão e observando o cerimonial prescrito...” (17).
Obras – A verdadeira nobreza não reside, nem no sangue nem no dinheiro, mas nas qualidades pessoais. A razão é muito simples: o homem se engrandece, não pelo que tem, mas pelo que é. Neste sentido, Pe. Germano era uma pessoa nobre. Por isso mesmo, era bem sucedido nas relações sociais em geral e, de forma especial, nas funções sagradas, no confessionário, no púlpito, nas associações. Sabia cativar os corações para a boa causa. Tudo isso associado ao seu espírito empreendedor, e de sacrifício, explicam as muitas realizações de vulto a bem da Comunidade Católica de Brusque, das quais mencionamos as seguintes:
No campanário da igreja, instalou 4 grandes e sonoros sinos de bronze, encomendados à firma “Petit & Gebr. Edelbrock”, na Westfália, Alemanha, em 1930. Em escala ascendente, apresentamos a altura e peso dos sinos: o menor: 0,76m e 258 kg; o segundo, 0,86m e 367 kg; o terceiro: 0,98 m e 556 kg; o maior: 1,19 m e 982 kg. Juntamente com a alfândega, importaram em 44:800$700 rs (Cr$ 44.800,70).
Em 20 de junho de 1930, Padre Germano recebia a “provisão de faculdades para benzer os 4 sinos novos para a matriz de Brusque...” Nem tão pouco deixou de dotar a igreja dum mavioso órgão, construído pela fábrica da firma Kleis, em Bonn, Alemanha. Incluindo as despesas de transporte, atingiu a soma de 23:885$300 (Cr$ 23.885,30) (18). Já vai para mais de 25 anos, que um Vigário moderno emudeceu o “mavioso órgão”, porque seria um “instrumento burguês”...
Construiu ainda o salão paroquial, denominado “Casa São José”. Para aqueles anos, uma empresa arrojada. Em estilo sóbrio, mas bastante apresentável. Tanto assim que, hoje, após 25 anos, não destoa frente aos novos prédios que surgem. É mais que um grande salão paroquial. É provida, a Casa S. José, de dependências destinadas a salas de aula. O Padre logo tratou de preencher esta finalidade com a fundação da Escola de Agricultura e Comércio, “único estabelecimento de ensino profissional referente à Agricultura no Estado de Santa Catarina”. Possuía “todas as características de um grande e moderno estabelecimento agrícola, campos de cultura, edificações rurais, animais, pastagens, etc.” (5). Infelizmente não foi de longa duração. Não deixou, tadovia, de constituir boa semente!
Contudo, a visão de Pe. Germano era mais larga ainda. Lembrava-se, por sem dúvida, da brevidade da vida humana. Da necessi­dade de formar novos padres. Surgiu, assim, no Brasil Meridional, o lº Seminário Menor dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, por ele planejado e construído em 1924, graças, como sempre, à compreensão e conseqüente colaboração generosa da população brusquense. Durante 8 anos, ocupou, simultaneamente, os cargos de Vigário da Paróquia e de professor do pequeno Seminário, pedra angular da ereção da Província Meridional Brasileira. Em breve seria ainda fundador da revista Der Wegweiser (Indicador de Rumo).
Sim. Quem quer o fim quer os meios. Ora, o fim do Semi­nário era dar a 1ª formação a meninos que quisessem abraçar a vida sacerdotal. Para conseguí-los, importava tornar conhecido o Seminário e a Congregação. Para tanto, nada melhor que a boa revista acima citada. Revista mensal que levou o nome da Congregação pelos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Fundada em 1929, teve a sua existência regularmente mantida até 1938, ano em que foi cancelada pela lei geral que proibia toda e qualquer publicação em língua estrangeira. Contava a revista com tipografia própria. Observe-se, de passagem, que se trata da mesma tipografia reconstruída, em 1943: a "Tipografia Leão Dehon - Doação Côn­sul Carlos Renaux" (19).
Visitas pastorais - Após oitos anos, i.é., em 1923, registrou-se nos anais da Paróquia a 2ª visita pastoral do 2º bispo da Diocese Catarinense, ou seja, a de D. Joaquim Domingues de Oliveira. Como sempre, os brusquenses tudo fizeram por abrilhantar tão raro acontecimento. Em 20 de abril de 1931, novamente após 8 anos, realizou-se a 3ª visita pastoral de S.Exa. Verdadeiramente serviçal foi o Revmo. Pe. Pedro Storms, Superior Regional da Congregação. No ano de 1935, Mons. Jayme de Barros Câmara, Bispo eleito de Mossoró, foi delegado por S. Exa. Revma. D. Joaquim Domingues de Oliveira, para fazer várias visitas pastorais, também a de Brusque. Foi saudado pe­lo senhor Otto Schaefer.
Coadjutores - É justo ao menos declinar os nomes dos sacerdotes que foram coadjutores da Paróquia, por algum tempo, durante a fase ora em apreço. Foram eles: Pe. José Borgmann, Pe. José Bollinger, Pe. Francisco Schueler, Pe. Inácio Burrichter, Pe. Lourenço Foxius, Pe. Guilherme Kremer, Pe. Dr. Roberto Bramsiepe, Pe. Othmar Baumeister, Pe. Sebastião Rademaker, Pe. José Poggel, Pe. Paulo Kremer, e Pe. Jorge Brand.
É muito natural e justo por em destaque o Vigário de uma Paróquia. Mas seria imperdoável preterir o auxílio inestimável dos seus auxiliares. Em abono do que podemos citar as seguintes pa­lavras de Monsenhor Jayme, tomadas do termo de sua visita pastoral aci­ma referida: “É de toda justiça juntar aos agradecimentos que aqui mani­festamos aos RR. Padres da Paróquia, os mais calorosos aplausos pela ótima orientação pastoral, salientando as qualidades de zelo, prudência e descortino do Pe. Germano Brand, muito digno Vigário”.
Lembrete - Terminando êste capítulo, queremos repor­tar-nos ainda ao dia 25 de julho de 1938, quando Pe. Germano celebrava suas bodas de prata sacerdotais, ocasião em que se encontrava em Brusque, já como Vigário da Penha, no Rio. À hora do banquete, teve ele palavras de agradecimentos, acrescidas do desejo de ser sepultado em Brusque. Faleceu Pe. Germano aos 4 de julho de 1953, em Vargem do Cedro. Pe. Luiz Gonzaga Steiner, o sr. Henrique Moritz  e Pe. Eloy Dorvalino Koch para lá se dirigiram a fim de dar cumprimento ao desejo expresso do Padre. Mas ao lá chegarem, o féretro já dava entrada no cemitério. Era, pois, impossível. Nada obstante, será possível mais tarde.


A 1ª IGREJA- MATRIZ DE BRUSQUE
1877

A IGREJA- MATRIZ  COM FRONTARIA RENOVADA
pelo Pe. Vicente Schmitz, scj.



CAPÍTULO III
 Nova fase de consolidação

Longe de nós, diminuir a atividade benfazeja do Pe. Germano. Nem a admiração e estima que lhe devotava o povo brusquense. Mas ocorreu uma falha de administração, em razão da qual se deu a sua transferência; e também se explica a nomeação do novo Vigário: Pe. Vicente Schmitz scj, que foi chamado a preencher referida lacuna. Realmente, Pe. Vicente não decepcionou as esperanças nele depositadas. Após seis anos, ou seja, em junho de 1944, pode escrever, com justa satisfação: "Com a festa de São Luiz acabamos, afinal, com as dí­vidas da Matriz" (20).

Pe. Vicente Schmitz scj
Vigário de 1938 a 1948
Administrador, Arquiteto e Organista

Pe. Vicente entendia também de construção de igre­ja. Projetou várias capelas, como sejam: a de Santa Teresinha (Limeira), a do Óleo Grande, a do Cedro Baixo (Dom Joaquim), a da Batêia, a de Planí­cie Alta, etc. Todas aprovadas com simpatia pelo Exmo. Sr. Arcebis­po Metropolitano. Após o trabalho negativo de liquidar as dívidas, esme­rou-se na reforma da frontaria da igreja-matriz, fazendo ainda vários aterros na escadaria. No concernente ao custeamento, escreveu textualmente: "Obras que se fazem com a doação do Sr. Cônsul Carlos Renaux" –Cr$100,00000 (21).
Em 10 de abril de 1938, Pe. Vicente recebera as faculdades de Coadjutor da Paróquia de Brusque, por trinta dias. Já aos 10 de maio do mesmo ano, recebia a Provisão de Vigário. Em fins de 1948, fôra viajar à Europa, em visita aos seus parentes, na Alemanha. Ao voltar, recebia ordem de transferência para a Paróquia de onde viera a Brusque, ou seja, Corupá, do Município de Jaraguá do Sul. Havia cumprido sua Missão especial, por sem dúvida ingrata. De volta à sua antiga Paróquia, logo tratou de executar notável projeto de nova igreja, de sua autoria. Músico, Pe. Vicente guarda certa saudade referente ao órgão da Matriz de Brusque, ao qual, vezes sem conta, tomara assento para acompanhar cânticos de igreja ou executar peças selecionadas.
Foram seus auxiliares, dos quais alguns apenas por certo tempo, e outros até extra-oficialmente, os seguintes padres:
Pe. Afonso Maria de Miranda.
Pe. João Stolte.
Pe. Lourenço Foxius.
Pe. Dr. Roberto Bramsiepe.
Pe. Agostinho Beckhauser.
Pe. João Stüpp.
Pe. Frederico Blöch.
Pe. Valdemar Gödert.
Pe. Silvestre Clasen.
Pe. Inácio Burrichter.
E, no último ano, o Revmo Pe. Luiz Gonzaga Steiner, que havia de suceder o Pe. Vicente em 1949.

CAPÍTULO IV

Nova fase de empreendimentos


Aos 13 de março de 1949, tomou posse da Paróquia, dentro do cerimonial prescrito, perante o Revmo. Pe. Silvestre Clasen scj, e na presença de várias testemunhas, o Revmo Pe. L u i z  G o n z a g a  S t e i n e r scj, nascido aos l4 de janeiro de 1911, em São João do Capivari, no Município de Tubarão. Em sua pessoa tem Brusque o primeiro Vigário de nacionalidade brasileira, como o são, atualmente, todos os demais.

Pe. Luiz Gonzaga Steiner scj
Vigário: de 1949-1956

É uma fase de notável surto de progresso para a Paróquia, notadamente no âmbito religioso, no de assistência social e no educacional.
Âmbito religioso. Não há negar que o movimento religioso, i. é, na sua esfera nitidamente espiritual, tem aumentado. Por outro lado, desenvolveram-se as festas de São Luiz, com um rendimento muito superior e sempre crescente, mesmo levando em conta a queda do valor da moeda. Assim, a 1ª festa, de Cr$ 54.300,00, passou a... Cr$ 79.678,00; daí, a Cr$ 106.l82,90.
As primeiras festas de São Luiz eram anunciadas como aquisição de novos fundos para a ampliação da igreja-matriz, de acordo com um projeto do Pe. Vicente Schmitz scj. Tal idéia, no entanto, foi aos poucos abandonada, para ceder lugar a outra, e esta mais arrojada: a de uma igreja inteiramente nova.
Em 1952, a convite do Pe. Vigário, veio de Blumenau a Brusque o engenheiro – arquiteto Dr. Simão Gramlich, afim de tratar da nova planta. Decorridos uns meses, o Pe. Vigário recebia o novo projeto. Foi exposto à apreciação do público. Era do estilo das demais projetadas pelo referido arquiteto, como, por exemplo, a de Azambuja, a de Gaspar, etc., com a diferença de que teria uma cripta, onde se realizariam as missas nos dias comuns.
Entanto, por esse mesmo tempo, foi organizada uma comissão construtora, ratificada pelo Exmo. Sr. Arcebispo Metropolitano. O Revmo. Pe. Vigário nomeou o Sr. Dr. Guilherme Renaux presidente da comissão, o qual, na primeira reunião, pôs em discussão a planta da igreja. Em resumo, foi resolvido recorrer-se a outros engenheiros, afim de êstes apreciarem a planta em questão, ou mesmo de elaborarem outra. Tais medidas se justificariam diante de uma obra de tal monta. Uns dias após, Blumenau nos comunica a vinda de outro arquiteto alemão: Dr. Böhm, filho do mundialmente conhecido arquiteto Dr. D o m i n i k u s B ö h m, que viera afim de estudar a situação da futura igreja blumenauense. Após entendimento prévio, veio também a Brusque com o mesmo objetivo...
Em 23 de abril de 1953, sábado, foi transladada a imagem de São Luiz da Igreja - matriz à Casa São José, ampliada e adaptada, a ponto de prestar-se admiravelmente como "igreja-matriz provisória”. Essa última função religiosa na velha igreja foi emocionante. O Revmo Pe. Vigário proferiu umas palavras alusivas ao ato. Foi cantado o canto sacro: "Deus Eterno a Vós louvor” (22). Ao órgão, Pe. Eloy Dorvalino Koch. Ao sair a procissão da igreja, foi entoado um hino a São Luiz. Houve mesmo os que não conseguiram reprimir as lágrimas.
Nesse mesmo ano de 1953, foi demolida a igreja. E após os trabalhos de terraplenagem, em 24 de abril de 1955, realizou-se a bênção da pedra fundamental, presidida pelo Exmo. Sr. Arcebispo. Pronunciou vibrante discurso alusivo ao ato, o sr. Dr. Raul Schaefer. Encontra-se o moderno templo em plena construção. Mestre de obras: Evaldo Dorow. Voltam-se as vistas para o Centenário de Brusque, com o justificado desejo de ver então terminada a grandiosa obra. Mas eis que já anda próximo o ano de 1960...

P O S T O    D E    P U E R I C U L T U R A,
Integrado na “Ação Social Paroquial”.

Âmbito de Assistência Social.  “A Ação Social Paroquial, fundada nesta cidade de Brusque, aos 4 de agosto de 1949, é uma Associação de Caridade Cristã, no seu sentido mais amplo, dentro dos princípios da Doutrina Social da Igreja Católica, agindo sob a direção do Revmo. Pe. Vigário, tendo por base a orientação da Ação Católica Brasileira" (23). Teve como ponto de partida o fato de o Sr. Vereador, Dr. Carlos Moritz, haver propugnado na Câmara Municipal a fundação de uma instituição caritativa, sob orientação paroquial, onde, sobre se prestar assistência mais ampla, melhor seriam aplicadas as verbas municipais destinadas a esse fim. O conhecimento desse fato induziu o Pe. Vigário a procurar o Sr. Vereador para lhe dizer que, considerando o número sempre crescente de indigentes a mendigarem pelas ruas; e considerando constituir a assistência social uma das atividades prediletas previstas pela Constituição da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus -, estaria pronto a dar o mais decidido apoio a tão nobre iniciativa.
A primeira Diretoria foi assim constituída - Diretor: Pe. Luiz Gonzaga Steiner; Presidente: Dr. Carlos Moritz; Vice-Presidente: Tenente Reinaldo E. Kosowsky; 1º Secretário: Oscar Gustavo Krieger; 2º Secretário: Érico Contesini; 1º Tesoureiro: Tasso Rodrigues da Cruz; e 2º Tesoureiro: Lauro Müller.
Os fundos são mantidos por contribuições de ordem particular e pública. A título de exemplificação do movimento anual, basta dizer que, em 1952, a despesa foi de Cr$ l68.764,00; em 1953, de Cr$l75.217,00; e em 1954, de Cr$ 484.747,00. Nessas somas vão incluídas as despesas anuais feitas em benefício do Natal dos Pobres. E quanto à última cifra, cumpre notar que duzentos mil cruzeiros, provenientes do Departamento Nacional da Criança, foram aplicados na compra do prédio destinado ao Posto de Puericultura, integrado na Ação Social Paroquial.

Pe. João da Curz Stüpp scj
Fundador e Diretor das escolas:
SENAC, CTC, Ginásio e Escola Normal São Luiz

Âmbito Educacional - Pe. Germano Brand, como temos visto em outra parte, construíra a Casa São José com dependências apropriadas para salas de aula. Após haverem servido à Escola de Agricultura e Comércio, por alguns anos, ficaram abandonadas por mais de um decênio, até que, em 1951, voltaram a ser utilizadas pelo curso do "SENAC” - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, ao qual se seguiu, decorrido meio ano, o Curso Técnico de Contabilidade - CTC, que já formou duas turmas.
Ambos os cursos foram fundados pelo Revmo Pe. João da Cruz Stüpp, sob a orientação dos Srs. Professores Flávio Ferrari e João Batista Luft, respectivamente, Diretor e Técnico do Departamento Regional do SENAC em Santa Catarina. Tudo isto contou com a imprescindível aprovação do Pe. Vigário, que, no inicio de 1954, além de aprovar, colaborou diretamente na fundação da Escola Normal e Ginásio São Luiz, por ora de propriedade paroquial, em funcionamento no tradicional "Colégio Santo Antônio", fundado e apoiado pela Paróquia, i. é, no sentido de ministrar a formação católica à juventude, e que sempre esteve sob a direção suave e firme das dedicadas Irmãs da Divina Providência, no que se distinguiu a Revda. Irmã Ludgéria, que aqui trabalhou na formação de algumas gerações. Ocioso acentuar a elevada benemerência de que as Revdas. Irmãs se fizeram merecedoras. Seu exitoso apostolado junto ao povo brusquense, quer mediante obras de misericórdia corporais, no Hospital, asilo e hospício; quer mediante obras de misericórdia espirituais, no Colégio. Não vemos nem ouvimos o crescimento das plantas. No entanto, quanta vitalidade! Também a atividade semi-oculta e silenciosa das Revdas. Irmãs vai toda ela plena de vida benfazeja!

RELAÇÃO (incompleta) DAS VOCAÇÕES
SACERDOTAIS E RELIOSAS DO MUNICÍPIO

1-Da Congregação dos PP. do SCJ.

Pe. Francisco José Kunitz
Pe. Carlos Fuzon
Pe. Tito Zirke
Pe. Flávio Morelli
Pe. Cosme Maestri
Pe. Mário José Stolfi
Fr. Antônio José Thamazia
Fr. Lino Maria Schlindwein
Fr. Osnildo Klann
Ir.Germano Gartner
Ir. Luiz Godofredo Gartner
Ir. Evaristo José Corrêa
Ir. José de Modesti
Ir. Afonso Pedrini

2) Clero Arquidiocesano

Mons. Harry Bauer
Pe. Augusto Zucco
Pe. José Vailatti
Pe. Alberto Pretti
Pe. Francisco de Sales Bianchini
Pe. Osni Rosenbrock
Pe. Gilberto Gonzaga
Pe. Oscar Müller
Clgo. João Cardoso
Clgo. Thabecyl Tavares

3)- Outras Congregações e Dioceses

Pe. Antônio Boos (ex-scj), Diocese de Lages)
Pe. Wolfgang Richter (Alemanha, ex-scj)
Frei Pascoal Dalbosco (Irmão Paulino)
Frei José Wippel, ofm.
Frei Antônio Boos, ofm.
Ir. Expedito Montibeller (Marista)
Ir. Dalségio (Marista)

4) Irmãs da Divina Providência
(mais do Distrito de Brusque)

Ir. Agostinha (Ema) Schaefer
Ir. Eliana (Elisa) Kormann
Ir. Honorina (Apolonia) Lang
Ir. Rosa Boos
Ir. Belmira Kohler
Ir. Dulcema (Mercedes) Schaefer
Ir. Erica (Irmã) Moritz
Ir. Salete (Zita) Moritz
Ir. Verediana (Olga) Habitsreuter
Ir. Joana Schlindwein

5-Irmãs da Im.Conceição
(Do Distrito de Botuverá)

Ir. Pia Tachini
Ir.Santina Pezzini
Ir.Carlota Gianesini
Ir.Leonilda Colombi
Ir.Afonsina Tomio
Ir.Angelina Demarchi
Ir.Maria Pedrini
Ir.Augusta Pedrini
Ir.Leonarda Colombi

Notas à 2ª Parte


1- Álbum Jubilar - Pe Raulino Hilário Bussarello scj; "Padre Dehon" - Pe. Aurélio Boschini, scj; P.Leo Dehon -Johannes Haas scj.
2- Álbum Jubilar e Reich des Herzens Jesu scj.
3- 2º Livro do Tombo, fls. 51 e 52; "Álbum Jubilar”.
4- Nota: Sobre Azambuja aparecerá um trabalho especial, razão pela qual nos restringimos ao que até aqui escrevemos.
5- Revista das Reich des Herzens Jesu scj, feveiro de 1905.
6- 2° Livro do Tombo, fl.53.
7- Álbum Jubilar.
8- Das Reich des Herzens Jesu scj (revista), 1909, p. 41 e 89 por Pe. G. Ohlemüller scj.
9- 2º Livro do Tombo, fl. 56.
10- Das Reich des Herzens Jesu scj, citada, p. 422, artigo do Pe Lindgens scj.
11- Do Termo de Visita de S. Exa.
12- 2º Livro do Tombo, fl.63.
13- A Arquidiocese de Florianópolis, p.11.
14- 2º Livro do Tombo.
15- Gazeta Brusquense, 1915, nº 47, p.l.
16- Der Wegweiser, SCJ, 1938, p. 228; REB., v.XIII. fasc. 2-p.
17- Livro do Tombo.
18- Do Livro-Caixa e Recibos - do Arquivo Paroquial.
19- Der Wegweiser, id.ib. e Álbum Jubilar.
20- Livro do Tombo, fl.41.
21- Livro do Tombo, fl 45.
22- Da melodia alemã: Grosser Gott wir loben Dich.
23- Estatutos da Ação Social Paroquial (ASP).



CAPÍTULO V

CAPELAS DA PARÓQUIA DE BRUSQUE




 SANTA TERESINHA


É um bairro operário, já bem populoso, ao qual a Padroeira vem emprestando o nome.
O terreno para a capela foi gentilmente cedido pelo Revmo. Sr. Cônego Bernardo Peters, com autorização da Cúria Metropolitana. Em 8 de janeiro de 1940, veio a Provisão para a comissão de obras da capela. No dia 9 de junho do mesmo ano, houve o lançamento e bênção da pedra fundamental. O projeto é de autoria do então vigário Pe. Vicente Schmitz scj. O 1º capelão foi o acima referido Sr. Cônego.
Depois de vários outros sacerdotes, lá trabalha, desde 1950, o Revmo. Pe João da Cruz Stüpp scj, professor de Filosofia no Convento SCJ, e que desenvolveu as seguintes atividades: em 1951, aumento da igreja (fotografia), que de 280m2 passou a 548m²; em 1952, o pavilhão para festas e o campo esportivo; em 1953 e 54, fundação do Grupo Escolar Municipal "Santa Teresinha", que vem a ser propriedade da Igreja, com funcionamento mantido pela Prefeitura e pela Paróquia; e em 1956, início da conclusão do aumento da igreja, para um total de 667m². Autor da nova planta é o Construtor João M. Backes.




 NOSSA SENHORA DA NATIVIDADE

É de imigração italiana, havida entre 1876 e 1878. Eram os Bevenutti, os Vechi, os Cavichiolli, os Dalago, etc. Limeira já tem sido mais povoada. É que sempre mais cresce o número dos que vão em busca da cidade, à procura de trabalho nas fábricas.
A 1ª igrejinha, de madeira, construíram-na no local agora ocupado pelo cemitério. Isto por volta de 1880. A atual igreja (foto) é de 1898, aproximadamente.


B A T E I A


SÃO JOÃO BATISTA

Batêia é o antigo “Schleswig”, denominação dada pelos primeiros moradores, todos evangélicos, em recordação de seu torrão natal, na Alemanha. Aqui entraram em 1870. Entre 1876 e 1880, aí se domiciliaram famílias italianas, tais como: os Bonamoni, Ronselli, Rosetti, etc. Mais tarde, vieram ainda famílias luso-brasileiras. Trabalham principalmente na Fábrica “Seção Alba”, fundada pelo Sr. Edgar von Büttner, em 1920. Há 42 operários. Uma parte reduzida trabalha na lavoura.
Muito se empenhou, pela construção da capela, o Sr. João Vicente Kormann, que obteve do Sr. Pedro Fantoni a doação do terreno. Mais tarde, sua senhora, Dna. Alvina Truppel Kormann, já viúva, encaminhou o pedido de construção ao Vigário Pe. Vicente Schmitz. Os trabalhos tiveram a orientação do Revmo. Pe. Inácio Burrichter scj. Em 1946, teve lugar a inauguração.



B A R R A C Ã O


NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO


Em 1876, aqui chegaram, vindos da Itália, Antônio e Antônia Melato. O agora octogenário Sr. José Melato, imigrou para cá em 1878, e foi sacristão de 1922 a 1948. Entre os primeiros moradores contam-se ainda os Senhores José Alberici, Constantino Barbi, Célio Mattioli, Paulo Fornazari, Augusto Bendini, Pedro Assini, Francisco Vailatti, Francisco Pedroni, José Dalzáchio, Ângelo Beduschi, João Zuchi, Feliz Lana, Antônio Roncaglio, Antônio Benassi, Domingos Pedrini, Arquelau Roncaglio, etc.
Logo foi construída uma capela de ripas e coberta de palha, no lugar depois ocupado pelo 1º cemitério. Em 1880, ergueram nova capela, maior, mas ainda feita de ripas e barro e coberta de palha, e que, em 1889, teve como emenda o presbitério, de material; e em 1892, em substituição, uma igreja toda de alvenaria. Por que tem duas torres? Porque tendo a igreja sido aumentada para frente, em 1932, ali se ergueu nova torre, tendo o Sr. Bispo Diocesano optado pela permanência da primeira. À iniciativa e orientação do Pe. Inácio Burrichter scj, então professor no Convento SCJ, na cidade de Brusque, deve-se o salão S.José (1939), a gruta de Nossa Senhora de Lourdes e a via sacra (1941).



Ó L E O   G R A N D E


SANTA CATARINA


O nome é proveniente duma grande árvore que havia no lugar, pertencente à espécie da qual se extrai o “óleo cupaíba”. As 1as famílias foram: Ângelo Barbieri, Victório e Garibaldi Quintino. A população é ítalo-luso-brasileira.
Pela construção da capela, muito se tem empenhado o Sr. Antônio Barbieri, sob a orientação do Revmo. Pe. Inácio Burrichter scj.




NOSSA SENHORA DA SAÚDE

Um vale bastante estreito. Os primeiros morado­res foram só alemães, como sejam: Wendelino Bodemüller, Francisco Wanca, Diedrich, etc. Mas aí não permaneceram. Entre os anos de 1876 e 1880, aí se fixaram famílias italianas, tais como: Bortolo, Zucco, Bortolo Paza, Josué Moreton, João Lira, Modesto de Modesti.
A primeira capela, de barro, foi construída por volta de 1885. Em 1905, foi substituída pela atual, de tijolos. O sino foi bento pelo Pe. Eising. A 1ª missa foi rezada na residência do Sr. Bartolomeu Paza, pelo Revmo Pe. Roque sj. O atual cemitério data de 1900.





SÃO FRANCISCO DE ASSIS


Estreito vale. "Ponto Rosso” é denominação italiana, que significa ponte vermelha, e tem sua origem, ao que se conta, no fato de sua ponte amanhecer, um belo dia, manchada de vermelho.
Conta com aproximadamente 41 famílias, todas de origem italiana, e que, em parte, trabalham em fábricas.
E muito pouco na lavoura, para o que o terreno pouco se presta: porque muito acidentado e esgotado.
A 1ª igreja não se sabe de quando é. A que aqui vemos data de 1929.





SANTA LUZIA


A população, em parte, é de origem polonesa e, em parte, de origem italiana. O 1º morador foi o Sr. Inácio lmianowsky. Veio da Polônia. Chegou na Baía aos 18 de março de 1870, onde ficou por 2 anos na colônia Muniz, para, em seguida, morar em S. Luzia, desde 1872. Era casado com Ana Felsky. Foi agrimensor por mais de 40 anos. Sua idade passou da casa dos 90.
Uns anos mais tarde, vieram novos imigrantes. Poloneses: Inácio Lepeck, Cerino Felsky, Swomsky, Teodoro Dubiella, Podiazky, Francisco Kowalsky; Francisco Gelensky, etc. De italianos: os Tarter, Gaspari, Guarnieri, Vichini, Bonamente, Noldin, Fuzon, etc. É com a máxima satisfação que registramos ser Santa Luzia o torrão natal do Revmo. Pe. Carlos Fuzon scj, filho do Sr. Luiz Fuzon e de Dna. Maria Mofardini Fuzon.
A 1ª igreja achava-se a 2 km acima da atual sede. Muito por ela se empenharam os Srs. Luiz Garnieri e Hildebrando Tarter. Teve como 1ª imagem, ainda conservada, a do Menino Jesus, de madeira, e um tanto grotesca. Em 1921, o movimento religioso foi transferido para o lugar atual, onde se erguera nova igreja, em 1942. O Revmo. Pe. Inácio Burrichter construiu a canônica. E 10 anos após, foi demolida a igreja, seguida por esta, no mesmo local, com proporções maiores. Merecem mencionados os componentes da comissão construtora: os senhores Vicente Podiatzky, João da Silva, Paulo Minella, Henrique Vichini, José Torrezani e, ultimamente, também o Sr. Luiz Vichini. Foi seu construtor o Sr. João M. Backes.
A capela possui uma estátua de Santa Luzia, talhada em madeira, por autor desconhecido.  Não é lá uma obra de arte.  Mas é de valor histórico.  Um símbolo da tradição religiosa! É grande a veneração que o povo tem por sua padroeira. Muito significativa é a denominação dada à fábrica de tecidos, construída em 1946: “Tecelagem Santa Luzia”.



C E D R I N H O

SÃO SEBASTIÃO

A maior parte dos moradores são de origem Italiana, sendo a outra de descendência lusa. São, ao todo, umas 40 famílias, quase todas operárias, e que trabalham também na lavoura.
A primeira igrejinha foi construída pelo Sr. Sebastião José Cardeal. A que aqui vemos, já vem a ser a 3ª, e foi ultimada em 1953.



C E D R O   B A I X O

SANTA CATARINA

A população é de 187 famílias católicas e 19 evangélicas. 68% são teuto-brasileiras; 27% ítalo-brasileiras; e 5% luso-brasileiras. A princi­pal produção é o aipim, para a indústria do qual existem 3 fecularias. Dá também muito milho. Mas a produção mais rentável é a do fumo.
Nos últimos 15 anos, o lugar muito se tem desenvolvido. Urgia a constru­ção duma igreja. Pe Vicente Schmitz, Vigário, ofereceu ao povo a última oportunidade, com a alternativa de construir em outra parte... O Sr. Ludovico Merico fez a doação dum terreno, e adiantou todo o dinheiro, sem juros. Em 26 de novembro de 1944, foi celebrada a 1ª missa, e no ano seguinte, já houve a 1ª visita pastoral, feita pelo Exmo. Sr. Arcebispo Dom Joaquim Domingues de Oliveira.
A 1a comissão da capela foi constituída pelos senhores Luiz Morelli, João Knihs, Henrique Becker e Luiz Merizio. Em 1950, foi aumentada a igreja, que presentemente se acha povoada de 19 imagens de santos, e provida de todos os paramentos e alfaias necessárias para o culto. 
Em 1953, foi construído um grande prédio destinado à futura residência de uma Comunidade de Irmãs, que aí se formou em 1954, com a vinda de 5 Revdas. Irmãs Franciscanas de S. José, de Angelina, e que se dedicam à formação da juventude e ao zelo da casa de Deus. Não longe da capela, acha-se um cemitério, também recente. Ultimamente foi construído um grande salão para festas de igreja.
Em 1947, o Sr. Alexandre Merico desistira dos estudos eclesiásticos. Ao voltar à sua terra, logo foi nomeado sacristão. Seus cursos ginasial e colegial, ele os concluíra no Seminário SCJ de Corupá. Após os quais, prosseguiu nos estudos filosóficos, mas como seminarista arquidiocesano. Pode afirmar-se, sem receio de errar, que o notável surto de progresso da igreja, da religião e educação aí havidos nesses últimos 10 anos, é devido, em grande parte, ao incansável espírito empreendedor do Sr. Sacristão...



C E D R O   P E Q U E N O


NOSSA SENHORA DO CARMO


Povoado que se vem formando desde as 1as imigrações italianas, por volta de 1876. Logo construíram sua capela, no sítio hoje denominado "Serrinha". Em 1927, aparece, aí mesmo, nova igrejinha, ainda existente, mas cujas estátuas e quadros de santos foram destinados à nova igreja (foto), construída mais abaixo, em 1953.




SÃO JOÃO BATISTA


Onde hoje existe a encruzilhada das estradas de Ribeirão do Mafra e de Cedro Grande, fixou residência, faz uns 80 anos, o Sr. João Mafra e que veio emprestar o nome a esta localidade.
A lª capelinha era de madeira. A presente, de tijolos, data de 1921, como se pode observar. A maioria dos moradores é de origem italiana.



C E D R O   G R A N D E

SÃO PEDRO

Povoação ítalo-brasileira, originária de 1880, aproximadamente. A fotografia nos mostra a igreja construída em 1890, e renovada e ampliada em 1936. Antes desta, porém, havia, l km acima, a 1ª capela, de madeira.
Uns quilômetros mais adiante, e estamos na capela de Bela Vista, cujo Padroeiro é S.Antão. É mais antiga que a de S. Pedro.




SÃO JORGE

Ainda é correntia a denominação alemã: “Peterstrasse”, Rua S. Pedro. Os moradores desta Rua iam à missa na igreja da Guabiruba. Mas obtiveram autorização de construir a sua igreja. Foi ultimada em 1953.
Autor da planta foi o construtor João M. Backes. A estátua de São Jorge foi uma doação do Sr. Otto Niebuhr.




NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO


Guabiruba fazia parte, diretamente, da Colônia Itajahy, e foi desde logo habitada. Sua 1ª igrejinha data de l86l. Era feita de espiques de palmito, coberta de palha, tendo o chão batido por assoalho. Posteriormente, no mesmo local, o Sr. João Kormann abriu uma venda, hoje de propriedade do Sr. Theodor Debatin. E a nova capela foi erigida nas imediações do novo salão de festas da igreja, ora em construção.
Mas em 1893, e no mesmo local ocupado pela atual igreja, ergueu-se “uma capela de pedra e cal..." O templo que aqui vemos data de 1923, havendo passado por alguns melhoramentos, notadamente a canônica e a torre.      
Já por vários lustros está a cuidado dos Padres do Convento SCJ, em sinal de reconhecimento pela valiosa colaboração desse povo, quando da reconstrução do referido Convento. Atualmente, é capelão o Revmo. Pe. Matias Engel scj, a cuja iniciativa se deve a construção do salão Cristo-Rei.




SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Os primeiros colonos que aqui se domiciliaram, foram: Jorge Dierschnabel, Batista Rudolf, João Hodecker e João Graf, por volta de 1870.
Como em muitos outros sítios, também aqui a es­cola serviu, a princípio, para as funções religiosas. A 1ª igreja é de 1904, de tijolos. Em 1952, inauguraram esta bonita capela, ini­ciada em 1949, estando presente o vigário Pe. Vicente Schmitz scj, autor da planta.





SÃO VENDELINO

Esta vem a ser a 1ª igreja. Foi inaugurada em 1944. Autor da planta é o Revmo Pe.Vicente Schmitz, Vigário.



L A G E A D O   A L T O


NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Aqui moram famílias de origem tirolesa. As primeiras aqui chegaram em 1875. Logo se empenharam por uma igrejinha. A 2ª, erguerem-na em 1888, feita de pedras. Em 1951, inaugurou-se a atual igreja, planejada pelo Vigário Pe. Vicente Schmitz.




CAPÍTULO  VI

SEDE PAROQUIAL E CAPELAS DE BOTUVERÁ

Pe. João Stolte scj

VISTA GERAL

As primeiras famílias que aqui se domiciliaram eram ori­undas da Itália, notadamente de Bérgamo e Bolonha. Também do Tirol. Aqui, o primordial trabalho que se impunha, era o de desbravar as matas, as quais, por outro lado, têm sido de muita valia aos colonizadores, possibilitando-lhes vantajosa indústria de madeira. O dorso do Itajaí-Mirim serviu, por muitos anos, como meio de transporte da madeira.
Após o ciclo da madeira, o ciclo do ouro. De fato, no leito e nas margens do rio achava-se subjacente não desprezível quantidade do precioso metal. Com isso, a lavoura sofreu. Porto Franco (este seu primeiro nome) não progredia. Regredia. Mas surge o ciclo do fumo. E o distrito de Botuverá se recupera. E até se transforma. As estufas do fumo, por sinal bem construídas, emprestam uma nota inconfun­dível às suas paisagens.
No entanto, sendo, por um lado, insignificante a extensão de terreno cultivável e, por outro, numerosas as famílias, só tinha de dar-se o inevitável: o movimento migratório. E vemos famílias em busca da cidade, ou em demanda de novas terras em outros municípios, e até no sul ou norte do Estado Paranaense, onde cultivam o café. Ao que se sabe, vão bem. Encontram-se lá verdadeiras colônias catarinen­ses. O que concorre para que se mantenham na tradição moral-religiosa herdada de seus maiores.


Pe. João Stolte scj
1º Vigário de Botuverá
"Botuverá foi desmembrada de Brusque e erigido em paróquia pelo decreto diocesano de 31-7-1912. Foi seu 1º Vigário o Pe. João Stolte scj, que aí permaneceu até agosto de 1920. Nos anos se­guintes, não houve mais vigário residente, ficando a paróquia aos cui­dados dos Padres de Brusque. Aos 7 de dezembro de 1929, Botuverá teve novamente um vigário residente na pessoa do Pe. Jorge Brand scj, que paroquiou até janeiro de 1934. Sucederam-no o Pe. Pedro Storms scj, de 1934 a 1945;  Pe. Bernardo Köwner scj, de 1945 a 1950; Pe. Carlos Enderlin scj, atual Vigário, que desde 1947 exercia o cargo de coadjutor da paróquia”. (Dados fornecidos pelo atual vigário e redigidos em “A Arquidiocese de Florianópolis”, p.37).
A paróquia abrange atualmente as seguintes capelas: a de Águas Negras, a de Lageado, a de Ribeirão do Ouro, a de Barra de Areias e a de Vargem Grande.


B O T U V E R Á: SEDE PAROQUIAL

SÃO JOSÉ

Os zelosos imigrantes italianos trataram, desde logo, de construir sua igreja, em 1874, no local agora ocupado pelo cemitério. Era de madeira. Já em 1885, um pouco para lá da ponte, à esquerda, surgiu nova igreja, desta vez de material. Em 1898, Pe. Eising conseguiu licença de edificar a linda igreja que aí está. Foi projetada por um construtor de Nova Trento.
O atual Vigário, Revmo. Pe. Carlos Enderlin scj, realizou várias obras, como sejam: o "Salão Paroquial Dom Joaquim", o galpão de festas e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes. A igreja está recebendo nova e esmerada pintura.



Á G U A S   N E G R A S

NOSSA SENHORA DAS DORES

Era 1898, o Vigário Pe Eising requer provisão para construir uma nova capela. Em 1902, já estava terminada. Passou por duas etapas: na 1ª, trabalhou um pedreiro de Guabiruba; na 2ª, um pedreiro de Nova Trento. Nela celebrou a 1ª missa o acima mencionado Vigário. É de notar-se que a primeira igrejinha já existia em 1880.



R I B E I R Ã O   D O   O U R O

SÃO JOÃO BATISTA

O belo templo que aqui se nos depara foi iniciado em 1924, e bento a 10 de maio de 1931. Foi seu construtor o Sr. José Fachini. Em fins de 1953, renovaram-lhe a cobertura e deram-lhe no­va decoração, executada com esmêro pelo pintor alemão: Francisco Faitener, residente em Nova Trento. Mas a lª capela foi construída no 1º decênio deste século, por iniciativa dos Srs. Tedoro Werner e Andrea Colsani. Merece destacado que o Sr. Francisco Augusto Werner foi fabriqueiro de 1918 até 1942. Atualmente, o é seu filho Agostinho Werner.
Quanto aos primeiros moradores, informaram-nos haverem sido os Bambinetti, Berrassa, Colombo, etc.
A atividade econômica ramifica-se, principalmente, no cultivo do tabaco e na indústria da cal, sendo aquele bem recente e esta bem mais anterior, ou seja, desde 1900, mas atualmente mui­to impulsionada pela "Companhia Catarinense de Cimento Portland", que aí construiu a grande fábrica de “Cal Hidratada Rio do Ouro”, em volta da qual já existe notável número de residências operárias, e em boas condições.



CAPÍTULO VII
SEDE PAROQUIAL E CAPELAS DE VIDAL RAMOS

VISTA GERAL

O mui abnegado e dinâmico Pe. Augusto Schwirling não perdia de vista o bem-estar dos colonos alemães ou teuto-brasileiros a ele confiados. Principalmente, em S. Bonifácio e Teresópolis, onde era Vigário. Prevendo a rápida divisão das terras, proveniente da numerosidade das famílias, fazia-se acompanhar de alguns homens, embrenhava-se nas matas à procura de novas terras para o seu povo. Foi assim que surgiram, p.ex., Ituporanga e Vargedo.
Foi assim também que teve inicio a colonização de Vidal Ramos. E na sua 1ª incursão à procura das cabeceiras do Itajaí-Mirim, alcançaram, por engano, as cabeceiras do Rio Alto-Braço, do Município de Nova Trento. Só alguns anos mais tarde, é que o encontraram, por volta de 1920. Os primeiros colonizadores foram: Henrique Blömer, Pedro Weber, Nicolau Petri, Francisco J. Weber, João Back, João Boeing, vindos de São Bonifácio e de Vargem do Cedro (Capivari). No decorrer dos anos, vieram novas levas de colonos de Angelina, de São Pedro de Alcântara, de Vargedo, etc. Anualmente, Pe. Augusto vinha de S. Bonifácio, a cavalo, afim de prestar assistência religiosa aos novos colonizadores. As viagens eram feitas a pé ou a cavalo, atravessando serras e rios perigosos, por matas bravias, onde ainda imperavam o índio e as feras. Pe. Augusto encontra-se no asilo de Azambuja (Brusque).
Vidal Ramos, desde cedo, teve sua escola, onde também se faziam as rezas, dirigidas pela Sra. Celestina Goedert Kreuch. E como o nome do marido fosse Sebastião, nada admira o fato de S. Sebastião haver sido escolhido como padroeiro do lugar.
Em 1934, foi construída a atual igreja, sendo orientadores das obras os Srs. Francisco Goedert e João Boeing, e construtor um Sr. de Nova Trento. Logo providenciaram de também terem um prédio residencial para os padres visitantes, vindos de Porto Franco. Mas em 1951, passou à categoria de casa paroquial, pois Vidal Ramos, pelo Decreto episcopal de janeiro de 1951, foi erigido em sede paroquial, sendo assim desmembrado de Botuverá.

Pe. Bernardo Köwner scj
1º Vigário de Vidal Ramos

Foi seu lº Vigário, o Pe Bernardo Köwner scj, e seu primeiro sucessor, o Pe. Otto Strobel scj, desde 1954 até o presente.
As capelas são: Na. Sa. das Dores, de Molungú, 1949; S.Paulo, de Invernada, 1949; S. José, de Campestre, 1947; Sr. Bom Jesus, de Rio das Pacas, 1945; Sagrado Coração de Jesus, de Salseiro, 1938; Santo Antônio, de Blink, 1935; S. José, de Boa Esperança, 1932; S. Joa­quim, de Itaquá, 1933; Santo Antônio, de Cinema, 1932; S. Pedro, de Teimann, 1947; N. Sra. Aparecida, de Garrafão , 1949.





VIDAL RAMOS (1934) - IGREJA MATRIZ
SÃO SEBASTIÃO

Salão paroquial “Nossa Senhora de Fátima”, de Vidal Ramos.
No alto, o grupo escolar.



S A L S E I R O

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


A própria escola do lugar fazia as vezes de capela, a partir de 1925. Mas desde 1936, existe a igreja que aqui vemos, feita por um construtor de Nova Trento, tendo seus trabalhos orientados pelos senhores Henrique e Bernardo Boeing.



B O A   E S P E R A N Ç A

SÃO JOSÉ

Boa Esperança, inicialmente Gaspar, ao depois, Naufrágio - teve seu começo de povoamento em 22 de julho de 1930, com a vinda dos Srs. Antônio Jönk e Carlos Ce­leste. Imediatamente após, chegaram novas famílias, como: Geraldo Back, Nicolau Gorges, Matias Rech, Moisés José Burrich, Henrique Enning, etc.
Já na quaresma de 1931, Pe. Pedro Storms scj rezava a 1ª missa na residência do Sr. Antônio Jönk, na qual se realizou o culto religioso por espaço de 6 anos. A seguir, ou seja, em 1937, construíram a 1ª e pequena capela de madeira, que também servia de escola – e onde, em 1944, o neo-sacerdote Pe. Mauro Jungklaus scj cantou sua 1ª missa solene, pregando ao evangelho o Revmo. Pe. Henrique Baumeister scj. Estiveram presentes os fratres Adelino Effting e Eloy Dorvalino Koch.
Mas o povo dessa promissora localidade, coordenando todas as suas forças sob orientação do Pe. Bernardo Köwner scj e do Sr. Monoel Coelho, ergueram esta digna casa de Deus, inaugurada em 1952.




SÃO JOAQUIM


“Vila d’Alva”, eis o primeiro nome desta localidade. Depois passou a “Nilo Peçanha”. Atualmente, denomina-se “Itaquá”, sede distrital desde o dia 17 de agosto de 1935. Os primeiros moradores, a partir de 1931, foram: João Ribeiro de Lima, Eduardo Hülse, Estanislau Makowsky.
A 1ª missa foi rezada pelo Pe. Henrique Baumeister scj, na residência do Sr. Edelberto de Oliveira, em 13 de novembro de 1935. Em agosto do ano seguinte, realizou-se uma festa em honra a S. Vicente, então na cogitação do povo como padroeiro. Mas acabaram optando por S. Joaquim. Em 1937, terminava a construção da lª capela, de madeira.
A atual Igreja, iniciada em 1949, foi benta aos 16 de agosto de 1952.



R I B E I R Ã O   D O   C I N E M A

SANTO ANTÔNIO

Primeiros moradores: Carlos Füster e Berto Füster (de pais alemães); Ângelo Barni e Francisco Stolfi (de pais italianos).
A 1ª capela, construída em 1930, foi obra de um multirão de quatro pequenas comunidades: Chapadão do Tigre, Fartura, Cinema e Areia Alta.
As mesmas comunidades também construíram a capela da foto.
(dados colhidos pela Sra. Maria da Glória Ogliari)



PÁGINA DE GRATIDÃO



É ela imprescindível. Muito tenho perguntado e pedido. E sempre fui gentilmente atendido. Por conseguinte, não posso menos de consignar, também de modo oficial, o mais sincero agradecimento a quantos prestaram alguma colaboração. O que faço pela "S A B" e por mim mesmo.
Quero, além disso, agradecer, de maneira especial, ao Revmo. Pe. Luiz Gonzaga Steiner scj, por me haver posto à disposição o arquivo paroquial; à Sra. Dna. Cristina Deeke Barreto, pela gentileza com que nos atendeu no Ar­quivo Municipal de Blumenau; ao "Fotógrafo do Centenário", Sr. Waldemar Scharf, pe­la inestimável contribuição prestada no referente ao documentário fotográfico; aos Srs. Oscar Maluche, Zeno Belli e Ervino Belli, que, em conduções de sua propriedade, nos levaram, ao fotógrafo e a mim, pelo interior brusquense, em busca de fotografias e dados das capelas; ao Pe. José Dohmen scj, da Província Alemã, pelos pre­ciosos dados acerca de Pe. Gattone; ao Pe. Evaldo Feldhaus scj, pelas fotografias de Vidal Ramos; aos srs. Alexandre Merico, Fortunato Melato, pelas informações his­tóricas das capelas do Cedro Baixo e Barracão; à Sra. Dna. Maria (Mimi) Schaefer, pela doação da fotografia de Pe. Gattone, a única existente; ao Sr. Luiz Schwarz e à Srta. Beatriz Kormann, pelos números do Jornal "Der Kompass"; à Sra. Dna. Catarina Isabel Kormann, pelas fotografias dos Padres Ganarini, Fritzen e Eising; ao Sr. Euclides Visconti, a quem coube, em grande parte, o trabalho dactilográfico; ao Sr.Antônio (Neco) Heil, pela "A Gazeta Brusquense" e "Festschrift zum 50 Stiftungsfest des Schützen-Vereins”; à Dna. Anna Erdthal Kohler, pelas informações a respeito de Pe Gattone; ao Sr. Carlos Scharf, pelo certificado de batizado escrito pelo Pe. Gattone.
A todos, mencionados ou não, meus agradecimentos.



Brusque, 1 -  4 - 1956                                       Pe. Eloy Dorvalino Koch scj.









ANEXO

A   2ª  I G R E J A - M A T R I Z  D E   B R U S Q U E


A primeira igreja-matriz de Brusque, de alvenaria, com uma torre, e em estilo gótico-, foi inaugurada em 1877, com a bênção litúrgica do seu primeiro pároco: o Pe. Alberto Gattone. Igreja que, na época, era considerada “o mais belo templo de Santa Catarina” (Álbum do Centenário”, p. 263).


1- Projetos da Nova Igreja

Pe. Luiz Gonzaga Steiner scj foi nomeado pároco aos 13/03/1949. Pe. Vicente Schmitz, seu antecessor, já dera um início de ampliação ao templo, de cada lado da torre. Mas Pe. Luiz acabou preferindo a construção de uma igreja nova, até porque já se respirava uma atmosfera de 1º centenário de Brusque.
O prestígio do arquiteto alemão, Simão Gramlich, estava em alta com suas igrejas em estilo gótico: em Azambuja, Gaspar, Itajaí, Rio do Sul, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e em outras cidades; e do agrado da respectiva comunidade. O pároco, todo empolgação, logo encomendou, ao referido arquiteto, um projeto para a “sua” igreja; que seria de duas torres. E teria dois pisos: o inferior, seria uma cripta, destinada ás missas cotidianas; o piso superior ficaria reservado para as missas dominicais e festividades maiores.
Assim que o Pároco recebeu o projeto, colocou-o, cheio de otimismo, em exposição na secretaria paroquial. Mas os Superiores de sua Congregação não confiavam na sua capacidade administrativa, alertando, pois, o Sr. Arcebispo no sentido de lhe exigir uma Comissão Construtora.
Obediente, o Pároco nomeou uma Comissão, assim constituída: Dr. Guilherme Renaux (Presidente), Sr. Otto Schaefer (Vice Presidente), Sr. Érico Contesini (Tesoureiro), Dr. Ivan Walendowski (Engenheiro), Dr. Carlos Moritz, Aderbal Schaefer e Oscar Gustavo Krieger (Secretário). Comissão que foi aprovada pelo Sr. Arcebispo.
A 1ª reunião (1952) teve lugar no tradicional Salão São José, e com alguma afluência de paroquianos. No palco, tomaram seus lugares os membros da Comissão, e também o Pároco. Ao lado, destacava-se o referido Projeto - Gramlich.
Em poucas palavras, embora educada e diplomaticamente, Dr. Guilherme derrubou o Projeto – Gramlich, e levou a Comissão a optar por um novo projeto, desta vez a cargo do alemão Gottfried Böhm, o arquiteto da nova igreja de Blumenau.
Ao Pe. Luiz G. Steiner, apenas restou-lhe dizer “sim”, e empalidecer de frustração e humilhação.

2 – A falta de Acabamento

Houve grande empenho da parte dos párocos, e generosos sacrifícios da população brusquense, para erguer tão colossal monumento de Fé. Mas falta-lhe ainda, ao templo, a concreção de alguns elementos previstos no projeto original:
a) As estátuas de madeira dos quatro evangelistas, em tamanho natural, e que podem ser pintadas com as cores vigorosas (não berrantes) do “bordô” e do “azul”, e cujos suportes já se acham embutidos nas paredes laterais;
b) As 14 estações da via-sacra, a serem esculpidas em madeira, e instaladas em nichos, abertos aos pares em ambos os paredões do campanário.

3 – Problemas Artístico – Pastorais

O problema está em pintar ou não pintar o interior do templo. Do material empregado na construção da igreja, destaco a pedra e o concreto armado.
A pedra, arrancada de natural pedreira, é material nobre. A merecer, pois, respeitada em sua original pureza. Já com o concreto armado não se dá o mesmo. Pois é um compacto bruto e artificial de construção. Não tendo nada que ver com material nobre.
Ora, a mesma realidade ocorreu, anteriormente, na construção da igreja de Blumenau. Seu pároco, o arrojado e inteligente Frei Braz Reuter, não teve dúvidas: tudo quanto fosse de concreto armado (colunas, arcadas e detalhes), ele o mandou pintar com tinta clara (não branca); só deixando ao natural as pedras, que compõem as paredes. De sorte que o próprio arquiteto acabou aprovando a iniciativa do Sr. Pároco.
Com o apoio de Frei Braz e do exímio arquiteto Böhm, creio estarmos autorizados a aplicar as mesmas medidas ao acabamento da igreja – matriz de Brusque. E com mais fortes razões, dado que as pedras da nossa igreja são cinzentas, e nada artisticamente trabalhadas. Sua cor é inexpressiva, sem calor para um ambiente de funções religiosas.
Quando o Sr. Arquiteto esteve em Brusque (1953) para examinar a localização da nova igreja, ousei fazer-lhe a pergunta sobre se o projeto estaria de acordo com os requisitos da Liturgia Católica. A resposta veio direta e precisa: “Ich zeichne nur was ich glaube” (Só projeto o que eu creio).
Mais adiante, fiz-lhe a sugestão de importar pedras rosáceas de Blumenau para a construção de nossa igreja. Não aceitou a proposta. Guiado por senso litúrgico, dava preferência ao nosso material, para melhor traduzir, disse ele, uma oferta da comunidade a Deus, mediante “dons naturais” da própria região.
E assim ficamos com as nossas inexpressivas pedras cinzentas. Por outro lado, o arquiteto mostrou-se de pleno acordo com a feliz idéia das pinturas acima indicadas. E até sugeriu algumas pinturas a mais. Segundo ele, e apesar das pedras cinzentas, também poderia pintar-se a parede do presbitério; bem como, na largura de um metro, a parte inferior das paredes centrais. Sendo que esta faixa poderia ser ilustrada com o simbolismo da videira e do trigo -, trabalho esse que seria efetuado com o auxílio de “sprey”, sob a orientação de um técnico da Alemanha, gratuitamente por ele posto à disposição da Comunidade.
Quer-me parecer, no entanto, que esta última sugestão do arquiteto esteja beirando o exagero, por desrespeito ao natural das pedras.

Conclusões


De pouco ou nada nos servem avaliações de curiosos turistas. Mais interessados no exótico da arte, e sem perceberem os entraves psicológico-pastorais. Mais voltados para a distribuição de gentilezas e agrados à população.
Com longa e larga experiência de vida brusquense, sabe-se que bom número de fiéis preferem freqüentar o santuário de Azambuja. A dizer-nos, por sua preferência, que o templo deve primar pelo acolhimento, a começar pelos atrativos de suas condições ambientais. A dizer-nos, outrossim, que teria sido preferível o Projeto- Gramlich da igreja-matriz.
Até porque a cultura catarinense, já meio tropicalizada, pende mais para o tom aprazível das cores alegres do que para o das cores austeras das regiões nórdicas. Ao que tudo indica, também o Sr. Arquiteto vinha de aprender essa lição tropical. Permita-me um gracejo: ele até apreciou uma feijoada que lhe ofereci no Baln. de Comboriú...
Sem nada dramatizar com o proverbial “leite derramado”, creio valer a pena aplicar estratégias adequadas de melhorar, psicológica e pastoralmente, também o ambiente físico do nosso espaço eclesial.
No mês de maio de 1988, a Paróquia teve a última visita do arquiteto Böhm, que vinha de Blumenau. Esteve conosco por vários dias. O pároco, Pe. Nelson Tachini, deu-lhe todas as atenções. Do novo diálogo sobre o acabamento e os melhoramentos do templo, foram incumbidos os padres Valberto Dirksen e Dorvalino Eloy Koch. Acompanhou-os o engenheiro Orlando Schaefer, do Conselho Pastoral. Tudo foi relatado ao Pároco Tachini.
De lá para cá tudo continua no imexível. Ignora-se o paradeiro do projeto Böhm da igreja.

Da esquerda para a direita: Schaefer, Dirksen, Böhm e Koch.
Nota – Para fontes auxiliares, tive os meus artigos sobre a Igreja-Matriz publicados no jornal
O Município, de Brusque: em 07/05/1985, 09/05/1986 e 10/08/1987. Esta publicação não é feita em oposição à atual reforma da Igreja - Matriz. Mas tão somente por ocasião dela, dando ao povo a justa oportunidade de ver o problema em seu conjunto.

Gottfried Böhm - Arquiteto






Digitadora: Karina Santos Vieira
 Gráfica Mercúrio – Brusque – SC
Arquivo Provincial Padre Lux  -  APPAL  
Versão para a Internet: Ricardo Becker Maçaneiro




A 2ª Igreja-Matriz de Brusque
1960

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