Trazemos aqui o livro Catolicismo em Brusque - Recordação do Centenário, do Padre Eloy Dorvalino Koch SCJ. Trata-se da repubublicação de 2010 (por ocasião do sesquicentenário da fundação de Brusque) do livro publicado em 1956. A única coisa alterada nessa republicação foi a parte ortográfica, que sofreu algumas mudanças desde 1956 e o acréscimo de um Anexo intitulado "A 2ª Igreja Matriz de Brusque", que já havia sido publicado como artigo anteriormente, por ocasião da reforma litúrgica que a matriz sofrera em 2010.
Se por um lado a obra está "desatualizada", por outro lado é uma obra ricamente histórica, pois nos permite um olhar para uma época já há muito passada. Ademais nos traz preciosas fotos e informações colhidas pelo próprio autor numa extensa pesquisa sobre as igrejas da região de Brusque.
Que a obra seja muito bem aproveitada e proveitosa aos pesquisadores e curiosos.
_________________________________________________________________________________
PE.
ELOY DORVALINO KOCH SCJ
C a t o l i c i s m o
e m
B r u
s q u e
Recordação do Centenário
A 1ª Igreja-Matriz de
Brusque
“O mais Belo Templo”
1877
PELA
“SOCIEDADE AMIGOS DE BRUSQUE” - SAB
- 1956 -
APRESENTAÇÃO E NOTAS EXPLICATIVAS
Apresentação
Com grande satisfação apresento o nosso trabalho:
“Catolicismo Centenário de Brusque”, i. é, meu e de quantos deram sua valiosa
colaboração, cujos nomes, por isso mesmo, se acham declinados, em sua maioria,
no presente opúsculo.
Sim! Com grande satisfação! Isto porque, em êle se apresentando, daqui a
cinco anos, como uma das páginas a constituírem o livro do centenário de
Brusque; e sendo uma das “pedras” transportadas consoante ao lema necessariamente
por nós adotado: “enquanto descansas carrega pedras”, e que, depois de talhada
e polida pelos mestres, há de figurar no grandioso monumento da civilização
catarinense: “Enciclopédia de Santa Catarina”, - perpetuará, de maneira
altiloqüente, a glória da fé católica dos fiéis brusquenses e do zeloso
apostolado de seus pastores, os sacerdotes, tudo a formar um exemplo de
estímulo salutar à geração presente e às futuras! Glória, não por nós colimada,
mas que se ergue espontânea desta história, ao menos intencionalmente objetiva.
Por outro lado, algo há com tendência de não justificar a satisfação
aludida: as deficiências deste trabalho, devidas, em considerável parte, à
escassez de dados seguros e à premência de tempo. Contudo, lembramo-nos, muito
a propósito, de que, nos cometimentos de longo alcance, embora relativo, a só
boa vontade já oferece o bastante: “I n
m a g n i s v o l u i s s
e, s a t
e s t...” (Brusque, na Festa da Páscoa de 01/04/1956).
Notas Explicativas
1. Co-fundador, entre muitos, da “Sociedade Amigos de Brusque” (SAB), o
autor foi encarregado, pela sua Diretoria, de escrever a HISTÓRIA DO
CATOLICISMO CENTENÁRIO DE BRUSQUE.
2. A síntese do livro foi publicada no Álbum do Centenário de
Brusque (1960).
3. O livro, escrito há 50 anos, sob novo título, irá incluído na
série de publicações previstas para as Comemorações do Sesquicentenário da
Fundação de Brusque, sob a presidência do Senhor Paulo Vendelino Kons.
4. Essencialmente, o livro é uma reprodução fiel do original, então
datilografado pelo Senhor Euclides Visconti (mais tarde, Advogado).
5. Quanto à Enciclopédia de Santa Catarina, anunciada pelo
Almirante Carlos da Silveira Correia, cabe dizer que não passou de um plano
arrojado.
6. Anexo: A 2ª Igreja-Matriz de Brusque.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................4
I PARTE (1860-1904): O APÓSTOLO DE BRUSQUE
E
SEUS PRIMEIROS SUCESSORES
CAPÍTULO III -
NOVA FASE DE
CONSOLIDAÇÃO
Pe. João Stolte scj
CAPÍTULO VII - SEDE PAROQUIAL
E CAPELAS DE VIDAL RAMOS
Vista Geral
ANEXO - A M O D E R N A I G R E J A
M A T R I Z D E B R U S Q U
E
INTRODUÇÃO
A “Província de Santa Catarina” – Após haver dependido,
eclesiasticamente, primeiro, da Diocese do Rio de Janeiro, até 1894; e, a
seguir, da Diocese de Curitiba -, foi contemplada, em 19 de março de 1908, por
Sua Santidade o Papa Pio X, que, pela Bula Quum Sanctissimus Dominus Noster,
a erigiu em Diocese, com sede em Florianópolis, sendo seu primeiro Bispo D.
João Becker (1), mais tarde, Arcebispo de Porto Alegre – e, aos 7 de
setembro de 1914, seu primeiro sucessor: D. Joaquim Domingues de Oliveira,
tendo ainda em S. Exa., a partir de 1927, o primeiro Arcebispo, gloriosamente
regente (2).
E Brusque, desde 1908, vem fazendo parte, sucessivamente, da Diocese e
Arquidiocese de Florianópolis. Mas a sua história religiosa ainda alcança a
época em que a Província Catarinense dependia da Diocese do Rio de Janeiro.
Pois a primeira leva de imigrantes aqui se estabeleceu em 4 de agosto de 1860.
As famílias alemãs católicas da incipiente “Colônia Itajai” eram provenientes,
na maior parte, da Badênia. Estavam habituadas com assistência religiosa
constante. Foi-lhes penoso, por conseguinte, passar os primeiros sete anos com
assistência religiosa reduzida, muito espaçada. Tal deficiência supriam-na, em
parte, por sua religiosidade esclarecida e sólida, bem como pela vida familiar
bem zelada e cuja organização era informada pela religião, onde o pai era, de
fato, chefe e, de certo modo, sacerdote; a mãe, por sua vez, catequista,
professora e educadora dos filhos.
I PARTE (1860-1904)
O APÓSTOLO DE BRUSQUE
E SEUS PRIMEIROS SUCESSORES
Espaçada embora, houve
assistência religiosa, o que é fundamental. E isto, graças ao Apóstolo de
Brusque: Pe. Alberto Francisco Gattone, “capelão honorário de S.Exa.
Revma. o Sr. Bispo, Conde de Irajá” (3). Nasceu Pe. Gattone em 09 de outubro de
1834, em Schladen, - (Goslar), na Diocese de Hildesheim, Alemanha. Foram seus
pais: o notário João Gerard Ignatz Gattone e Dona Ernestina Frederica Gerike.
Aos 13 de novembro do mesmo ano, foi batizado com o nome de Francisco
Maximiliano Alberto. Aos 13 anos de idade, passou a freqüentar, por 6 anos, o
ginásio São José, de Hildesheim. Na mesma cidade cursou, por três anos,
Filosofia e Teologia, após os quais foi admitido no Seminário Diocesano, onde
passou um ano de preparação mais próxima ao sacerdócio, ordenando-se padre em
novembro de 1858. Seu primeiro campo de apostolado foi Hannover.
Em seguida, deparamos um
requerimento seu, datado em 20 de agosto de 1860, dirigido ao Exmo. Sr. Vigário
Geral, no sentido de obter permissão de se retirar da Diocese, pois tencionava
viajar como missionário para o Brasil, na colônia São Pedro de Alcântara, em Santa
Catarina. Carecia, porém, de recursos suficientes para custear a viagem. Mas
soube contornar o obstáculo. Alcançou contrair um empréstimo junto à Cúria, a
4%, com o prazo de 3 (três) anos, sendo fiador o Pe. Boegershausen, que, anos
após, se tornava, mais e mais, o sustentáculo e impulsionador da vida católica
na primitiva “Colônia Dona Francisca” (Joinville), no longo período de 49 anos.
Foi assim que, em 1860,
apareceu também Pe. Gattone, não em São Pedro de Alcântara, mas em Joinville,
afim de oferecer sua colaboração sacerdotal ao ex-colega e verdadeiro amigo
desde muitos anos. Haviam sido colegas nos cursos de Filosofia e Teologia, e
até mesmo colegas de ano no curso ginasial (4). Pe. Carlos confiou-lhe, então,
a assistência religiosa dos Católicos de Gaspar, Blumenau e Brusque.
Assim, em princípio de
1861, vamos encontrá-lo em Gaspar, onde morava na residência do Sr. Nicolau
Deschamps. Gaspar tornou-se Freguesia (i.é., também Paróquia), em 1861. Desta
maneira, Pe. Gattone passava a 1º Vigário da nova Paróquia. Aí permaneceu até
1867. Durante esses sete anos, visitava ainda as capelas de Brusque, Blumenau,
Pocinho, Garcia, Texto-Salto (5). Ao depois, fixou residência em Brusque, até
1882, ano de sua transferência para o Rio de Janeiro.
Pe. Francisco Maximiliano Alberto Gattone
(Foto que o autor recebeu de Dna. Maria Rosa Bauer Schaefer-Mimi)
Dedicatória:
Ao Senhor João Bauer, o agradecido Pe. Gattone
Foram seus primeiros sucessores: Pe. Arcângelo
Ganarini, Pe. João Fritzen e Pe. Antônio Eising.
CAPÍTULO I
VISITAS PAROQUIAIS: 1860-1867
De 9 a 15 de junho de
1861, realizou-se a primeira visita paroquial de Padre Gattone a Brusque, pois
os batizados e casamentos estão registrados nestes dias; e que a visita não
ultrapassou esses dias, é atestado por suas próprias palavras: “...porque eu
foi na Colônia Brusque só 6 dias” (6). Com efeito, no dia 9, domingo, batizou a
inocente Anna Obergefeldt, nascida em/1848/22 de maio de 1861, na “Colônia
Brusque”, filha de Pedro Obergefeldt e Magdalena Schwind; a 10 de junho,
segunda feira, assistiu ao casamento de José Bohn e Francisca Mahl, ele natural
de Neidhardt, na Badênia, filho de João Bohn e Bárbara Kohler, e ela, natural
de Wiesenthal, próximo a Phillipsburg, na Badênia, filha de Francisco Mahl e
Katharina Haeseler, sendo testemunhas: Pedro Heil e Francisco Weigenand; em 13
de junho, quinta-feira, dia de Santo Antônio, realizaram-se mais 5 casamentos;
e no dia 15, sábado, ainda 3 casamentos e 1 batizado. Todos os casamentos se fizeram
com apenas um proclama, devido à premência de tempo, tendo o Padre, por outro
lado, “o poder de dispensar” (7).
Na segunda visita –
julho de 1862 – batizou, nesta Colônia, 37 crianças, e houve 14 casamentos. Por
esta mesma ocasião, esteve em visita, pela vez primeira, “...na capela de Nossa
Senhora da Boa Ajuda, na Guabiruba, em 17 de julho de 1862” (8), onde também
promoveu uma festa de primeira santa comunhão (9). De 1860 a 1864, só faleceram
crianças e jovens com menos de 17 anos, ao todo, nove. E aos 21 de julho de
1864, faleceu o primeiro adulto: Simão Moritz, com 52 anos de idade (10).
Até 1867, Padre Gattone
visitava Brusque, aproximadamente, duas vezes ao ano.
A esta altura cabe
indagar: Onde se celebravam os atos do culto divino? Em capelas pequenas,
humildes e paupérrimas. Aos domingos, contudo, grandes corações, ricos de fé e
de amor para com Deus, aí se reuniam em prece! Mesmo que não houvesse missa.
Não se sabe o que mais admirar: se a pobreza das capelas ou simplesmente sua
existência. Pois a vida dos primeiros colonos de Brusque “começou do
princípio”, i.é., quando já nada mais tinham: nem plantações, nem casa, nem
dinheiro... (11).
Na Guabiruba do Norte
Alta – foi construída a capela em 1862, tanto assim que, a 20 de janeiro de
1863, Pe. Gattone aí fez o batizado de José Scharf, observando que se realizara
“na capela de Santo Afonso, na colônia de Brusque” (12). Foi demolida, sendo o
terreno destinado ao cemitério ainda existente. Era feita de espiques de
palmito, talvez barreados (13), coberta de palha, tendo o chão batido por
assoalho... (14).
Nas mesmas condições, o
povo de Guabiruba do Norte construiu sua igrejinha, mas isto já em fins
de 1861. Dedicaram-na a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro –
“Mariahilfskapelle”. Posteriormente, e no mesmo local, o Sr. João Kormann abriu
sua casa de comércio (15), hoje de propriedade do Sr. Teodor Debatin. E a nova
Capela foi erigida nas imediações do novo salão de festas da Igreja, ora em
construção.
Passemos, enfim, à
“Capela Principal”, que ficava “na sede da Colônia Itajaí”, segundo
deixou escrito Pe. Gattone (16). A denominação “capela” é imprópria, porquanto
era o rancho de imigração que funcionava como capela durante a visita paroquial
(17). Aliás, a melhor solução, uma vez que aos colonos lhes faltavam os meios
necessários para edificar uma capela que ao menos oferecesse condições iguais
às do rancho. Como se vê, a primeira capela da Colônia foi a de Guabiruba do
Norte.
Muito caro aos católicos
da cidade, é o primeiro sino da “sede da Colônia”, importado da Alemanha, e
doado pelos Senhores P. J. Werner e P.L. Heil, em 1866. Traz, em relevo, as
armas imperiais do Brasil. De um lado destas, estão gravados os seguintes
dizeres:
Ana Susana bin ich genannt
Brusque ist mein vaterland
Da will ich bleiben
Will alle wetter am himmel vertreiben.
|
Ana Susana, eis o meu nome.
Minha Pátria é
Brusque.
Lá quero ficar,
E do
nosso céu, as tempestades afugentar.
Do outro lado, a dedicatória: “Gewittmet
von P. J. Werner u. P. L. Heil – 1866” (18). Peregrinara por várias
capelas para servir de primeiro sino. E após longa ausência, está de volta na
Matriz, e se acha na capelinha do cemitério desde 1955.
Um dos seus primeiros cuidados foi a construção
da primeira igreja na "sede da Colônia", erguida no mesmo local
ocupado, ao presente, pela casa paroquial. Esta fotografia nos foi alcançada pelo
Revmo. Frei Estanislau Schaette ofm
A nova Igreja, já com a casa paroquial: "o mais belo templo”,
construído de 1874 a 1877.
Viagens – A fim
de completar e encerrar o presente capítulo, impende voltar a atenção para
outra circunstância, importante naqueles tempos, e de interesse para o nosso
conhecimento: em que condições Padre Gattone realizava suas viagens
apostólicas? Para se formar uma idéia mais ou menos fiel, cumpre, antes de
tudo, ter presente o seguinte: Os pioneiros da Colônia se estabeleceram em
plena mata virgem, onde não raro eram surpreendidos por índios; onde só se
ouviam as vozes selvagens de pássaros e animais em geral. Os colonos abriram as
primeiras clareiras. Abriram, também eles, as primeiras picadas, pois não havia estradas, a não ser duas,
que poderíamos denominar de estradas-rolantes: o rio Itajaí-Mirim e o
Itajaí-Açu. Nessas “estradas” andava-se, respectivamente, a pé, a cavalo, de
canoa. Eis o ambiente. Como também os meios de locomoção utilizados pelo Padre.
Viagens penosas e perigosas. Tinha ele
necessidade, pois, de alguém que lhe fosse companheiro de viagem e sacristão. O
primeiro foi o gasparense Augusto Leckefelt, assassinado pelo balseiro de
Itapocu, em 1864, quando viajava a Joinville para levar documentos ao Padre
Carlos Boegershausen. Padre Gattone recebeu a infausta notícia por ocasião de
sua visita paroquial em Guabiruba. Mas João Kormann, moço de seus 18
anos, anuiu pronta e generosamente ao desejo do Padre, no sentido de ser o novo
sacristão. Para o que obteve, sem delongas, o consentimento
dos pais. Ei-los a enfrentar os mais variados obstáculos de viagem.
Várias
vezes fizeram o trajeto Gaspar-Brusque, via fluvial, de canoa, e que durava
dois dias. As visitas eram anunciadas com suficiente antecedência.
Em uma mala de ferro levavam o indispensável para o culto: partículas, vinho,
cálice, missal, pedra d'ara, paramentos, etc. Em determinada reentrância das
margens do rio, abicavam a canoa. Geralmente dois homens vinham recepcioná-los,
trazendo dois cavalos encilhados: um, para o Vigário, outro, para o sacristão.
Os dois novos auxiliares se encarregavam de transportar a mala sobre dois
varejões. Às senhoras, cabia zelar pelo asseio da capela. Tudo se achava
preparado. A chegada do Padre era sempre motivo de regosijo para toda a
população.
E aqui nos despedimos do Sr. João Kormann, que foi, por dois
anos, o fiel sacristão e companheiro de viagem de Padre Gattone. Quando já em
idade avançada, rememorava aqueles velhos e "saudosos" tempos,
dizendo, entre outras: "Muito embora trabalhoso, não deixava de ser
interessante..." Mas, a graça maior da expressão se revela na língua
original: "Schwierig und reich an Entbehrungen war unser damaliges Leben,
aber schön war es doch..." (19).
O terceiro sacristão foi o Sr. João Boos, também por
quase dois anos, a saber, de 1867 a 1868. A bem da visão de conjunto, vamos
abordá-lo além de 1868: Durante mais de 40 anos, tem sido professor zeloso e
competente em Guabiruba, educando cristãmente a juventude. Foi, aliás, o
primeiro professor. Além disto, tratava de ser religiosa e culturalmente útil
aos adultos. Por seu intermédio, desenvolveu-se aqui a "Irmandade da
Terra Santa", que oferecia vantagens espirituais aos associados,
concedendo-lhes ainda, no ato da inscrição: diploma, medalha, cruz e um terço
indulgenciado. Angariava assinaturas e consquistava compradores, punha-se em
comunicação com a Alemanha, onde encomendava livros e revistas para
o “seu" povo, incumbindo-se ainda de distribuir tudo pessoalmente, de casa
em casa, sem disso auferir nenhum lucro material!
Ao se considerar que os colonos, afora este contato e o das
visitas paroquiais, viviam quase que isolados da comunidade humana, bem se pode
avaliar o alcance de tão sadia alimentação espiritual e cultural. João Boos
foi, comprovadamente, um apóstolo da caridade, em especial, no terreno
religioso, cultural e educacional. Um homem que se elevou religiosa e
moralmente, contribuindo para a elevação dos seus concidadãos, quando não de
todos os homens, segundo dizia Elisabeth Leseur: “Alma que se eleva, eleva
consigo o mundo" (20).
CAPÍTULO II
PADRE GATTONE
RESIDENTE EM BRUSQUE: 1867-1882
A população
católica da Colônia aumentara consideravelmente. Decorridos apenas três anos,
já contava 689 católicos. E três anos mais tarde: 994 (21). O rápido
crescimento populacional católico se deve aos 48 novos lares acrescidos aos
existentes, bem como às novas famílias imigradas, graças ao que se registraram,
até princípios de 1867: 173 batizados. E como a presente história não passará
apenas ao conhecimento mais exato dos próprios brusquenses, como é natural,
não reputamos supérfluo acrescentar que todos praticavam a religião: homens e
mulheres (22). Urgia, pois, a permanência de um sacerdote junto a tão
florescente comunidade.
Quis a Divina Providência que o
fosse o próprio Pe. Gattone. Padre Carlos Boegershausen, na qualidade de
representante da autoridade eclesiástica (23), foi quem o transferiu para êste
novo campo de apostolado. E a santa missa de 21 de maio de 1867, assinalou o
término das atividades de Padre Gattone como Vigário de Gaspar. “Dolorosa foi
para seus paroquianos, a despedida ao venerando Vigário, os quais lhe
devotavam sincera veneração (24). Como havia prometido, para lá voltou em 29 de
junho do mesmo ano, festa do padroeiro São Pedro, a fim de benzer a nova igreja
(25). Não, porém, na qualidade de Vigário de Gaspar” (26).
1ª Igreja - Brusque tinha agora o
"seu" sacerdote. Um dos seus primeiros cuidados foi a construção da
primeira igreja na "sede da Colônia". Ergueram-na no mesmo local
ocupado, ao presente, pela casa paroquial (27). Era de madeira. Servia muito
bem. Contudo, certo domingo, durante a santa missa, deu-se um "krach”
descomunal, i. é, a igreja sofreu forte abalo, ameaçando desabar. Causou grande
pânico. Os fiéis se precipitaram para fora pelas portas e janelas. Não
oferecendo mais garantias à vida, resolveram suspender, em definitivo, as
funções religiosas nesta igreja, exercidas, desde então, na escola, sita onde
atualmente se acha localizada a Prefeitura Municipal. Tais vicissitudes deram
aso a que surgisse uma arrojada iniciativa...(28).
"O mais belo Templo". Na verdade, era mister por
côbro a tal situação precária. Tanto mais que pela Lei nº. 693, de 31 de julho
de 1873, a Colônia fôra "elevada a Freguesia" (29) (Paróquia), com a
denominação de "São Luis Gonzaga", em homenagem ao dinâmico Diretor,
Dr. Luiz Betim Paes Leme (30). Passou a fazer parte da nova Freguesia a
Colônia Príncipe D. Pedro.
Como em outros setores, também
no da Religião se fez sentir consideravelmente a atividade benfazeja deste
impulsionador do progresso de Brusque, pois à sua iniciativa e apoio devem os
católicos a nova Igreja (31), se bem que, em grande parte, custeada pelo
Governo Imperial (32). As obras, iniciadas "...em 21 de junho de
l874" com o lançamento e bênção da pedra fundamental (33), tiveram sua
ultimação em 1877, "sendo neste mesmo ano inaugurada" (34) a Casa de
Deus.
A bênção, assim da pedra
fundamental como da igreja, foi realizada, com autorização especial, pelo
Vigário Padre Gattone (33 e 34). De tijolos, coberta de telhas, em estilo
gótico, media, sem o presbitério, 20 metros de comprimento por 16 de largura. À
entrada, erguia-se uma torre com 25 metros de altura. No alto da mesma, instalou-se
o relógio doado por D. Pedro II, ainda em ótimas condições. Note-se, de
passagem, que a construção do campanário quase custou a vida de um trabalhador
italiano. Ao cair torre abaixo, teve a ventura de encontrar um monte de areia,
do qual saiu ileso.
Como se pode verificar pela
fotografia: mais tarde, dois renques de álacres palmeiras ladeavam o caminho
conducente ao novo templo situado na esplanada da colina. O prédio mais abaixo
vem a ser a 2ª casa paroquial. Trata-se, em suma, do seguinte: de uma igreja,
para aqueles tempos, espaçosa e até a beirar o artístico, a ponto de haver sido
considerada, nos primeiros anos, como "...o mais belo Templo do Estado de
Santa Catarina" (35). E como "a obra louva o artífice”, bem merecem
registrados os nomes de A. Bruns e Luebke, respectivamente, construtor e mestre
de obras (36). E o sr. Diretor da Freguesia faz jus à qualificação de
"homem benemérito" (37).
"Homem benemérito!”
Palavras, hoje em dia, quase desvalorizadas, devido ao seu largo uso e abuso.
Mas que ainda se agigantam no seu valor, ao se levar em conta haverem caído,
há quase um século, da pena germanicamente sóbria e sincera de Pe.Gattone, para
qualificar, em documento, o Diretor temporal da Freguesia.
E quem quiser olhar, há de por força reconhecer
que assim merece qualificado aquele que foi o Diretor Espiritual de
Brusque-Colônia, de Brusque-Freguesia, de Brusque-Vila! Abandonara os seus, a
pátria, o conforto da civilização, para se embrenhar pelas matas virgens do
vale do Rio Itajaí, e abraçar, por 22 longos anos, uma vida cheia de privações,
“de árduos trabalhos” e, em breve, também, “de saúde combalida..." (38),
e tudo isto unicamente, para servir o próximo. Principalmente naquilo que lhe
é fundamental na vida, a religião: conforto insuperável, alma das almas. Tudo
para evitar que tantas ovelhas se desgarrassem do bom caminho, do rebanho do
Bom Pastor. Dedicava-se, além disto, ao magistério. Logo que fixou residência
em Brusque, foi incumbido da direção da Escola Pública Primaria, seção
masculina. E o Presidente da Província, no relatório de 1868, manifesta-se mui
satisfeito com a atividade do Padre, quando escreve: “Dedica-se grandemente,
assim às coisas da religião como às da educação” (39). Por isso, dentro do critério
da benemerência, merece reconhecido que uma das vias urbanas de Brusque mais
bem denominadas é a que leva o seu nome: "Rua Padre Gattone" (40).
Em 1882, o virtuoso e benemérito Sacerdote foi
transferido para o Rio de Janeiro. Trabalhava como capelão na Santa Casa da
Misericórdia, e auxiliava a Monsenhor Molina na Paróquia da Glória. Daí foi
residir no convento Santo Antônio. Os últimos dias de sua longa e preciosa
vida, passou-os no hospital Gamboa, onde, na idade 67 anos, veio a falecer a 28
de janeiro de 1901, assistido por Frei Cristóvão Kampmann ofm, que
dizia:"Padre Gattone foi um sacerdote segundo o Coração de Deus"
(41).
CAPÍTULO
III
OS
VIGÁRIOS PE. ARCÂNGELO GANARINI
E PE.
JOÃO FRITZEN (1882-1892)
Pe. Arcângelo Ganarini - Procedente da Itália, veio
auxiliar o Padre Gattone em 1876. Foi-lhe fiel Coadjutor. Ao ser transferido
Pe. Gattone, em 1882, foi nomeado Vigário. Regeu a Paróquia durante 4 anos.
Zeloso da glória de Deus e da salvação das almas, era tido em grande estima
pelos fiéis. Em 1892, escreveu Pe. Eising: “Deixou nos corações de todos os
moradores de Brusque uma boa lembrança" (42). Confirmado, aliás, por
vários depoimentos por nós colhidos de pessoas coetâneas a Padre Ganarini.
Não pregava em alemão. Mas
sabia o suficiente para entender-se com os paroquianos (43). E no decorrer dos
6 anos de sua permanência aqui, deve ter aprendido bem, pois em 1886,
“tornou-se Vigário de Santo Amaro..."(44), Paróquia com predomínio de
linguajar alemão.
Como quer que seja, foi providencial
a vinda deste Padre à Freguesia de Brusque. Por ser zeloso, atendia à Freguesia
toda, do melhor modo possível; com ser italiano, podia melhor atender aos
colonos italianos; e, finalmente, por haver chegado em tempo oportuno, i.é.,
entre 1874 e 1879, anos em que “...foi intensa a vinda de colonos italianos...”
(45). Ora, são precisamente os imigrantes recém-vindos que mais carecem de
assistência religiosa em seu próprio idioma.
Pe. João Fritzen - Menos feliz foi o sucessor
de Pe. Arcângelo. De gênio um tanto violento, levou alguns paroquianos a se
dirigirem ao Exmo. Sr. Bispo do Rio de Janeiro, e depor contra ele. O Vigário
veio a saber de tudo. Levantaram-se, outrossim, certos rumores contra a sua
dignidade sacerdotal (46) -, a melhor campanha anti-religioso que se possa
fazer. No caso, prendia-se à grande agitação política de então. Combatiam-se,
de modo ferrenho, os partidários da República e os da Monarquia. O Padre não
simpatizava com a corrente republicana. Cega pela paixão política, esta chegou
ao extremo de retirar o crucifixo da Câmara e da sala do Júri, contra o que
reagiram os monarquistas, que fundaram a "Associação S.José", e alcançaram
a recolocação do crucifixo.
Entanto, eis o clímax dos acontecimentos.
O Padre negara-se a aceitar como padrinho um membro do partido republicano, por
não se haver êste desobrigado do dever pascal. Isto lhe valeu ser levado,
cumpulsoriamente, a Itajaí. Em ali chegando, tratou logo de procurar um
advogado, com quem foi ao Sr. Governador. O que resultou numa votação a ser feita em Brusque.
Houve 365 a favor do retorno do Padre, contra apenas 62. Voltou. Mas a situação
piorava. Na noite de São João, os adversários incumbiram a vários elementos de
incendiarem a casa paroquial, e de outras coisas mais. Para o momento de porem
por obra o sinistro intento, a senha foi o grito de "Viva São Luiz"!
Mas foi aqui que o tiro lhes saiu pela culatra. Porquanto, bradando também
"viva São Luiz", arrancava-se, de detrás duma sebe, um vulto armado
de nodoso cacete de tangerineira, a investir contra a "turma" com
tal furor, que os pôs a todos em confusa debandada. Era o Sr. Sebastião Belli,
nascido em Tirol aos 21 de janeiro de 1856. Valeu-lhe o ato de bravura a
nomeação de Delegado...
Padre Fritzen foi chamado ao
Rio de Janeiro. Seu último ato em Brusque foi uma festa de 1ª S. Comunhão.
Corria o boato de que voltaria. Mas a situação do Padre em Brusque era inteiramente
adversa ao restabelecimento de um clima de paz. Por isso foi desaconselhado
pelos próprios senhores Sebastião Belli e fabriqueiros (47).
Tirante a falha de gênio, era,
por outro lado, cumpridor de seu dever. "Os livros de batizados,
casamentos e sepultados comprovam a aplicação e exatidão deste Padre, pela
clareza e limpidez dos assentos" (48).
CAPÍTULO IV
Pe. ANTÔNIO EISING (1892-1904)
Sua vinda a Santa Catarina e Brusque
O Exmo. Sr. Bispo de Münster
(Alemanha) recebera uma carta procedente de São Ludgero, Santa Catarina.
Publicou-a no "Kirchliches Amptsblatt"- órgão da Diocese. O grande
coração sacerdotal de Padre Franz Topp comoveu-se, ao inteirar-se da aflição
dos colonos alemães de Santa Catarina, devido à deficiência de clero. A carta
havia sido escrita por dois homens de São Ludgero, que pediam um sacerdote ao
Sr. Bispo.
Padre Topp veio a Santa
Catarina. Deu pessoalmente com a grande escassez de clero. Também ele escreveu
uma carta ao sr. Bispo. E, mais uma vez, o “Kirchliches Amptsblatt" se
transformava em rede de pesca missionária. Novamente com êxito. Pois achou dois
grandes padres: “nosso" Padre Antônio Eising e Padre Francisco Auling,
que, ao depois, foi a Curitiba.
Vigário Pe. Antônio
Eising:
de 1892 a 1904
Padre Eising, nascido em Bocholt
(Alemanha), no ano de 1848, chegou em Braço do Norte em fins de fevereiro de
1891. Fixou residência em Vargem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a população
de Capivari. Obteve dos Padres Franciscanos de Teresópolis que ainda assumissem
Capivari, pois não fica distante. Porque resolvera mudar-se para a Vila de
Brusque, a fim de prestar assistência religiosa aos alemães católicos (49).
E assim se fez. "Pela provisão de S.Exa.Revma, o Sr. Bispo do Rio de
Janeiro, na data de l8 de agosto de 1892, eu, Pe. Antônio Eising, fui nomeado
cura das colônias Itajahy e Príncipe D. Pedro” (50). Padre Eising estava agora
com 47 anos de idade. Era de uma saúde e vontade de ferro (51). Homem de
iniciativas, o novo Vigário!
Nova Capela de Guabiruba — Urge, antes de mais nada, voltarmos
a atenção à Guabiruba do Norte, já um tanto preterida neste trabalho. Foi na
primeira quinzena de janeiro de 1892. Recebia, então, uma visita oficial tão
honrosa quão útil - a do Pe. Carlos Boegershausen, representante da autoridade
eclesiástica na vasta região de colonização de Joinvile e do Vale do Itajaí.
Resultado imediato da visita
foi um requerimento por ele redigido e enviado ao Exmo. Sr. Bispo do Rio de
Janeiro, em data de 20 de janeiro de 1892. Na exposição de motivos, encontramos
que a Capela "...estava tão arruinada que ela não serve mais para o culto
divino", e que "...o povo daquela Linha tem grande devoção à Nossa
Senhora Auxiliadora dos Cristãos, a quem fez o voto de uma romaria anual em
agradecimento da extinção de uma epidemia que ali grassava, e por cujo motivo
desejava construir uma capela de pedra e cal no lugar da arruinada.."
Obteve deferimento aos 3 de junho de 1892 (52). E, segundo informações
colhidas, já no próximo ano foi erguido o novo templo no mesmo local da atual
igreja, sob a orientação do novo Vigário. E aqui aproveitamos a oportunidade
para dizer que a atual igreja foi construída em 1923.
Romaria em Guabiruba. A "romaria de cada ano”
realiza-se nas nove terças-feiras que precedem a festa da Ascensão, e se compõe
de três pequenas procissões provenientes, uma, de Weimerstrasse (Guabiruba do
Norte Alta), outra, de Peterstrasse (rua São Pedro), e a terceira, de
Langenstrasse (Guabiruba do Sul). Trata-se de três pequenos povoados. Pelas 7
horas da manhã, as procissões se dirigem à Igreja de Guabiruba, onde os
romeiros realizam preces em comum, ou até mesmo assistem à santa missa, como
vem acontecendo nos últimos decênios, graças ao Convento Sagrado Coração de
Jesus, desta cidade. Terminadas as funções religiosas na igreja, retornam para
os seus povoados, mas ainda processionalmente. Já pode andar pelos 70 anos,
desde que fizeram a referida promessa, religiosamente cumprida até o presente.
Fato religioso dos mais significativos, quando avaliado de seu verdadeiro ponto
de vista: o sobrenatural (53).
Terreno e Cemitério da Igreja
Matriz - Pe.
Eising viera a Brusque a fim de trabalhar com seriedade. Mas teria sido erro,
fazê-lo cegamente. Para tanto, não devia trabalhar em terreno precariamente de
propriedade da igreja (54). Persuadiu-se para logo da necessidade da
legalização do mesmo. Decidiu comprá-lo, pagando na Coletoria da Vila de
Brusque a quantia de sessenta e nove mil cento e trinta e nove réis, por uma
área de terreno com 92.956m². Como representante da Comunidade Católica,
assinaram o documento, além do Padre Vigário, os senhores Nicolau Gracher e
Adriano Schaefer. Assim, em 14 de novembro de 1893, a Igreja de Brusque recebia
o título de sua propriedade (55). No verso desta mesma folha do Livro do
Tombo, acha-se desenhada a planta do terreno comprado, apresentando, outrossim,
a localização do novo cemitério, que existe, no mínimo, desde 1893. E o
primitivo cemitério encontrava-se nos fundos da atual cadeia.
1ª Visita Pastoral - Embora inicialmente com certa surpresa para o
leitor, reportamo-nos para a Curitiba de 30 de setembro de 1894. Estão
em festa. É teatro de imponentes solenidades. É que, havendo em sua terra
surgido uma cátedra episcopal em 1892, ano depois confiada a D. José de Camargo
Barros, sagrado Bispo em Roma, aos 24 de junho de l894 -, muito regozijo lhe
assistia, notadamente com a tomada de posse de S.Exa. E como a novel Diocese
abrangia os Estados do Paraná e Santa Catarina, e visto haver o mui zeloso
Bispo anunciado, alguns meses após a tomada de posse, sua visita pastoral neste
Estado, e considerando que Brusque iria receber a sua primeira visita pastoral,
desde sua existência: bem se pode compreender que os brusquenses tudo fizessem
por solenizar o mais possível o singular acontecimento.
E assim o fizeram. Está registrado, por
extenso, pelo próprio sr. Bispo, "a fim de constar a todo o tempo". No
dia 26 de agosto de 1895, uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova
Trento. Após uma viagem de 5 horas, viajando também o sr. Bispo a cavalo, aqui chegaram às 3 horas da
tarde. Defronte a residência do Sr. João Bauer, houve "uma recepção brilhante
e espetaculosa com vários discursos”. “Depois de um pequeno repouso na
residência do Sr. João Bauer, ali tomamos os paramentos pontificais e então
magnífica procissão estendeu-se, formada de duas alas de homens empunhando
bandeirolas, do grande número de virgens empunhando viridentes palmas, de um
formoso grupo de meninos do côro, de muitos padres (56) e de excelente banda de
música do Colégio dos Padres Franciscanos de Blumenau, e de um povo
imenso". A seguir, houve "Te Deum", “sermão, bênção e beijamento
do anel".
O sr. Bispo continua com a
descrição: "A paróquia se acha ricamente enfeitada com arcos de folhagens,
bandeirolas, inscrições. À noite, houve esplêndida e interessante marcha aux
flambeaux, com enorme quantidade de lanternas e transparentes de papel e com
música dos alunos de Blumenau à frente. No fim da passeata pelas ruas do
povoado, todo o povo veio postar-se à frente de nossa residência, que foi
preparada na própria residência do Vigário, Pe. Antônio Eising, e ali, no
intervalo das peças musicais, se fizeram ouvir vários discursos: do Dr. Juiz
de Direito, do Vigário da Paróquia e do Dr. Blaier, médico protestante.
...A visita pastoral nesta
Paróquia foi de dois dias e meio, crismando-se, durante este tempo, 750 pessoas
e havendo casamentos. Anteontem houve missa cantada pelo Revmo. Vigário, com
assistência pontifical e sermão em alemão pelo Pe. Cyriaco, franciscano, que
até aqui veio para auxiliar o Vigário nos trabalhos da visita.
...Agradecendo de novo ao
Vigário a bondade com que nos tratou em sua residência e a dedicação que tem
pelos interesses da Religião, nesta Paróquia, agradecendo a todas as famílias
católicas: as muitas manifestações de alegria e de satisfação que nos deram
sempre e em toda parte, a todos, mais uma vez, de todo o nosso coração, damos
a bênção pastoral em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo Amém” (57).
Aditamento - Não ficava bem interromper a
descrição. Por isso, só agora, vamos acrescê-la de alguns detalhes e
comentários. No que respeita à banda de musica dos alunos de Blumenau, temos
alguns dados interessantes graças a Frei Justino ofm, residente em Curitiba. É
que ele mesmo, natural de Rodeio, menino de 12 anos, e com o nome de Silvestre
Gerardi, estivera naquela ocasião em Brusque, como pistonista. Recordava-se o
venerando Sacerdote de mais alguns componentes da banda. Filhos de Brusque:
Augusto Maluche, o farmacêutico Willerding e um Krieger; e de Itajaí: os irmãos
Adolfo e Marcos Konder. Chegaram mesmo a
tocar algumas peças do alto da torre da igreja..
"Sermão em alemão...” por
ordem do sr. Bispo ...e em sua presença... Tal gesto bem traduz a verdadeira
compreensão humano-religiosa, porquanto, nada obstante a identidade de crença e
liturgia, no mundo católico, é fato incontestável que o sentimento religioso
se une intimamente ao idioma pátrio. "Daí - diz o bispo F. X. Geyer -
constituir a cura d’almas em língua estrangeira e por sacerdote estrangeiro um
expediente de emergência; sendo, porém, o ideal supremo da cura
d’almas junto a imigrantes, que a exerça um sacerdote em seu próprio idioma
deles” (58). E se ainda hoje existe em Brusque a denominada “missa alemã”, é
pela mesma razão (59). "Em tais condições, escreve com feliz acerto o sr.
Dr. Emílio Willems, a língua não passa de mero instrumento destinado à difusão
de doutrinas religiosas. Ao aprendizado e uso do alemão não se associam idéias
étnicas ou intenções de propaganda cultural ou política” (60). Por parte
da Igreja, “existe cristianização e não germanização ou coisa que o valha.
Aliás, nem por parte de muitos fieis”. Observe-se, por exemplo, o primeiro sino
da Colônia, ostentando as armas, não da Alemanha, mas do Brasil; e os dizeres nele gravados não traduzem
nenhum saudosismo pela Alemanha, mas afirmam categoricamente ser Brusque a sua
Pátria (61).
Últimas Atividades do Pe. Eising em Brusque – Pe. Antônio desdobrou também notável atividade em Azambuja,
pequena localidade próxima á Vila, e onde edificou, em 1895, nova Capela, dedicada
a Nossa Senhora do Caravaggio, bem como um asilo e um hospital. Em 5 de
abril de 1895, o mui zeloso Pe. Francisco Topp, regressando de uma viagem à
Europa, trouxera de Münster, Alemanha, as primeiras 4 Revdas. Irmãs da Divina
Providência. Duas fixaram residência em Tubarão, sendo que as outras, por intermédio
de Pe. Eising, vieram para Brusque, a fim de se dedicarem, em Azambuja, aos
caridosos misteres do Hospital e Asilo; e na Vila, em 1903, à Escola Paroquial
(para meninas), igualmente por ele fundada, e que funcionava, a princípio, no alugado prédio da família Peiter, hoje
de propriedade dos "Irmãos Krieger”. No segundo andar, residiam a Irmã
Oda e a Irmã Friedburga. Eis, portanto, a 1ª escola católica em Brusque, que
aqui funcionou de 1903 a 1908.
A antiga casa do imigrante alemão Carl Marcus
Peiter (ferreiro) em Brusque. Pe. Eising pagava 30$/mês de aluguel. Depois,
pertenceu aos Krieger (alfaiataria). Demolida, serve de estacionamento, mas
destina-se a novo prédio (Foto do Dr. Nilo Sérgio Krieger, em 09-02-2006).
A partir de 1909, tivemos a grande “Catholische Vereins-Schule”
(Escola da Comunidade Católica) seguida do Colégio Santo Antônio. A partir dos anos 60, mudou para o nome de Colégio São Luiz.
Mas o
trabalho requer descanso. Assim, devido ao "enorme calor do verão e pelos
grandes trabalhos do cargo", Pe. Eising comunica ao Sr. Bispo que
"precisa de uma pequena recreação", e pede a ele autorização de
abandonar, por 4 ou 6 semanas, sua residência em Brusque, para ir a Blumenau
“ajudar como confessor nas santas missões da enorme paróquia...” Isto faz
lembrar o "enquanto descansas, carrega pedras..."
Todos
quantos ainda o conheceram, são unânimes em atestar que um dos mais vigorosos
traços de sua personalidade era a sua admirável força de vontade, voltada
unicamente para a verdade, para o bem das almas. Zelava, por que todos fizessem
a páscoa. Interpelava e admoestava os fiéis faltosos, onde quer que os
encontrasse, mesmo na rua. Seu coração sacerdotal sofreu amargamente com certos
casamentos mistos não permitidos pela Igreja.
Desejoso de maior perfeição, entrou na Ordem Franciscana,
em 1904, fazendo seu noviciado em Blumenau, trabalhando, a seguir, na igreja do
Sr. Bom Jesus, em Curitiba, indo findar os dias de sua abençoada velhice em
Rodeio. Que Deus o tenha na sua glória (62)!
OS PRIMEIROS
VIGÁRIOS SUCESSÔRES DE PE. GATTONE
Vigário Pe. Arcângelo
Ganarini:
de 1882 a 1886
Vigário Pe. João
Fritzen:
de 1886 a 1892
NOTAS À
PRIMEIRA PARTE
l- "Nascido a 24
de fevereiro de 1870, em S. Wendel (Alemanha), veio menino para o Brasil,
passando a infância na zona de Caí, Rio Grande do Sul" (De A
Arquidiocese de Florianópolis, p. 11).
2- A Arquidiocese
de Florianópolis.
3- Na abertura do lº
Livro dos Casamentos. Nota: Manoel do Monte Rodrigues de Araújo, Bispo do Rio
de Janeiro, de 1839 a 1863, recebeu do Imperador o título de "Conde de
Irajá" (Enciclopédia e Dicionário Internacional, vl. I. p. 703).
4- Informações
colhidas no arquivo do Seminário de H i l d e s h e i m, por intermédio
do Pe. José Dohmen scj, de Oberkassel, Bonn - Alemanha, e comunicadas por carta
de 7/IX/1955.
5- Centenário de
Blumenau, p. 273.
6- Livro dos
Casamentos, fl. 2. Note-se que estava há pouco tempo no Brasil, e já fazia
todas as anotações em português. Admire-se mais este fato que as falhas.
7- Com respeito à
primeira visita e aos respectivos batizados e casamentos, há certas imprecisões
em publicações anteriores. Aliás explicáveis, porquanto os registros nem sempre
obedecem à ordem cronológica.
8- Livro dos
Casamentos, fl. 10.
9- Der Wegweiser
scj, Brusque, 1930. Por vários números desta revista, estende-se o artigo P.
Karl Boegershausen, escrito pelo Pe. Stanislau Schätte ofm.
10- Livro de
Óbitos (lº).
11- Baseado em várias informações
orais.
12- Dum certificado
de batizado, de propriedade do Sr. Carlos Scharf.
13- Luiz Betim Paes Leme o denomina
"gissara", que vem a ser "palmeira-jiçara”: designação
brasileira da Euterpe Olerácea Mart. Cf. Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira - Editorial Enciclopédia, Limitada Lisboa -Rio de Janeiro. Aqui,
vulgarmente chamado "p a l -m i t o”.
14- Dna. Anna Erdtal
Kohler: 92 anos, Guabiruba.
15- Der Wegweiser
scj, citado.
16- Livro dos
Casamentos fls. 41 e 44.
17- Festschrift zum 50
Stiftungsfest des Schützen-Vereins Brusque, 1866/1916, p.12 e Fundação
de Brusque - Pe. Germano Brand, scj.
18- Tradução: Ana
Susana, eis o meu nome.
Minha Pátria é Brusque.
Lá quero ficar,
E do nosso céu, as tempestades afugentar.
19- Relatório do
Presidente da Província de Santa Catarina, em 1863?; Der Kompass, de
l de julho de 1927 e de 1930, por Frei Stanislau Schaette, ofm; Der
Wegweiser, citado; Depoimentos orais.
20- Baseado em várias
informações e pesquisas. Eis algumas das revistas ainda encontradas:
-Der Sendbote des Göttlichen Herzens
sj (Innsbruck,1894).
-Antonius Boote ofm (Wiedenbruck)
-Maria-Hilf-Heft.
-Stadt Gottes.
-Die Christliche Jungfrau.
-Regensburger-Marien-Kalender (Muenchen).
21- Os Alemães nos
Estados do Paraná e Santa Catarina - 1829/1929, p.223.
22- 1° Livro dos
Casamentos e 1º Livro dos Batizados. É comum nas colonizações alemãs e
italianas e polonesas.
23-Tanto assim que em
1892 passa pela "Colônia Itajahy" como "Visitador",
conforme documento do arquivo paroquial.
24- Centenário de
Blumenau, p. 261.
25- Der Wegweiser,
1930, citado.
26- Caso contrário,
não haveria necessidade de prometer a volta.
27- Festschrift zum 50 Stiftungsfest des Schützen-Vereins
-Brusque, citado.
28- Dna. Ana Erdtal Kohler,
mencionada. A Sra. sua mãe, Dna Florentina Schalik Erdtal também viveu aqueles
momentos de angústia.
29- Documento da Pedra Fundamental, por Luiz Betim Paes
Leme.
30- 1º Livro do Tombo, fl, l; nota:
"descendente do engenheiro alemão Gerhardt Bettink, o qual, em 1600, tinha
trabalhado proficuamente na direção de minas no Brasil" (De Os Alemães
nos Estados do Paraná e Santa Catarina), 1829/1929, p.222.
31- Documento da
Pedra Fundamental, por Padre Gattone.
32- A Arquidiocese
de Florianópolis, 1951, p. 38.
33-Documento citado.
34- Fundação de
Brusque - 1922- Pe. Germando Brand scj. Arquivo Paroquial. Pe. Eising dá
como ano da bênção da igreja o de 1882.
35-
Deutschtum und Ausland, 2º vl.: "Auslanddeutschtum und
Kirche", p. 192.
36- Festschrlft zum 50 Stiftungsfest..., citado; Der Wegweiser.
37- Documento citado.
38- Observação por
ele feita, de próprio punho, em alemão, no lº Livro de Batizados, e
espontaneamente confirmado por Dna. Anna Erdtal Kohler, mencionada.
39- Traduzido do
texto alemão de Kolonie Zeitung- Joinvile - 2 de maio de 1868.
40- Lei nº 20, assinada pelo Sr.
Paulo Bianchini, Prefeito, e o Sr. Lauro Müller, Secretário, em 9 de novembro
de 1948.
41- Der Wegweiser
scj, citado, e 1º Livro do Tombo, fl. 1.
42- Livro do Tombo,
fl. 1.
43- Dna. Catarina
Isabel Knihs Kormann.
44- Livro do Tombo,
fl. 1.
45- Pequeno Tratado de História
de Brusque, p. 14- Oscar Gustavo Krieger.
46- Segundo várias
informações.
47- Dum documento, escrito em
alemão, anexado ao Livro do Tombo.
48- Livro do Tombo,
fl. 1.
49- Deustschtum und Ausland, citado.
50- Livro do Tombo, fl. 3. -
A Colônia Príncipe D. Pedro fôra anexada a Brusque, quando esta foi elevada a
Freguesia.
51- Informações
colhidas.
52- Documento do arquivo paroquial.
53- Documento citado e informações.
Note-se que não há mais obrigatoriedade nenhuma quanto à promessa, que só
atinge os autores da mesma, já falecidos. Contudo, são as procissões de mui
louvável tradição e de muitas e salutares bênçãos para as famílias.
54- Com isto não pretendemos acusar
de incúria os seus antecessores. Pois com a união oficial e econômica, entre
Estado e Igreja, até o advento da República, o terreno da igreja estava, cremos
nós, sob a direta garantia do Governo.
55-
Livro do Tombo, fl.5.
56-
Era o vigário, Pe. Antônio Eising, e coadjutor Pe. Tombruck, Pe. Cleto Manardi,
de Nova Trento, Frei Cyriaco, de Blumenau, "...além dos padres da nossa
comitiva...". Deviam ser, no mínimo, 6 padres. Realmente, "Muitos
padres" para aquele tempo.
57- Livro do Tombo,
fl. 10.
58- Deutschtum und
Ausland, citado, p. 28 e 29.
59- Tal missa se mantém ainda na
Guabiruba e, de alguns anos a esta parte, no Convento S.C. de Jesus.
60- Assimilação e
Populações Marginais no Brasil, p. 247 - Dr. Emílio Willems.
61- Cf. o capítulo Visitas
Paroquiais, deste trabalho. Nota: Não se confunda Igreja com certos
membros seus que, por vezes, cometem desatinos de todo em todo lastimáveis.
62- 1° Livro do Tombo;
várias informações pessoais; Deutschtum und Ausland..., citado; jornal O
Rebate, 1953, nº 920.
I I PARTE
PADRES DO S. CORACÃO DE JESUS
EM BRUSQUE DESDE 1904
Servo de Deus Pe. Leão João Dehon, Fundador da Congregação dos
Padres do Sagrado Coração de Jesus.
A Congregação - É fundador da
novel Congregação o Servo de Deus Pe. Leão João Dehon, nascido em La Capelle,
da diocese de Soissons, ao norte de França, em 14 de março de 1843. É família de privilegiada posição
econômica e social. O pai, Júlio Alexandre Dehon, era católico, mas sem nenhum
fervor religioso. Indiferente. Reflexo "de sua educação leiga, recebida em
colégios profanos que freqüentara na juventude". Mas ao futuro Sacerdote
não lhe faltou sua mãe, profundamente religiosa: Dna. Estefânia Vandelet. A
esmerada educação cristã, bem como o devocionário intitulado “O Livro da
Devoção ao Sagrado Coração”, recebidos no Colégio de Religiosas, eram tesouros
que ela guardara, e agora, através de sua vida edificante e de esclarecidos
ensinamentos, transmitia-os ao seu querido filho, principalmente por ocasião
das rezas diárias e visitas à igreja.
Aos 11 anos, fez a 1ª S.Comunhão, referente à qual
escreve: “Achei-me sob uma forte impressão da graça” (diário). Aos 16 anos,
recebeu o diploma de bacharel. Sente a vocação sacerdotal. Mas o pai lhe ambicionava
uma carreira que, aos olhos do mundo, fosse mais brilhante. Matriculou-o,
pois, na Escola Politécnica, em Paris. Por outro lado, o novo cursista não
hesitou em tornar-se, desde logo, membro de algumas associações religiosas.
Durante as férias, excursionava por vários países da Europa. Aos 21 anos, conquistou
a láurea doutoral em Direito, na Sorbonne. No entanto, não se lhe extinguia a
chama da vocação sacerdotal; nem diminuía: crescia! Resultado nada
satisfatório para o pai, que mui habilmente o encaminhou para uma temporada no
Oriente Médio, pondo-o a mais uma prova. Mas foi lá, notadamente na Terra
Santa, que se lhe firmou de vez a resolução de se fazer Padre, resolução essa
comunicada ao pai por carta, encaminhando-se diretamente a Roma.
Em 1865, iniciou os seus estudos
eclesiásticos. Após brilhantes estudos de Filosofia e Teologia, ordenou-se
Padre em 19 de dezembro de 1868, em Roma, dia em que teve igualmente a ventura
de dar a Santa Comunhão a sua virtuosa mãe, bem como ao seu querido pai, agora
convertido à prática da religião. Voltou à sua pátria, quatro vezes laureado, a
saber: em Direito Civil, Direito Canônico, Filosofia e Teologia.
Seu primeiro campo de apostolado foi
Saint-Quintin (São Quintino), bonita cidade ao Norte da França, com cerca de
60.000 habitantes, onde, a 21 de outubro de 1876, recebeu a nomeação de Cônego
Honorário da catedral, e primeiro Coadjutor. O mais importante, contudo, é
constatar como o “misereor super turbam” (tenho compaixão do povo) do Divino
Mestre era por ele imitado com fidelidade e intensidade crescentes. De fato, ao
lado de sua piedosa mãe, "sempre ocupada em obras de beneficência”, sua
alma "impregnava-se do sentimento de compaixão para com o sofrimento e a
desventura”. Estudante em Paris, como vimos, tornando-se "membro
efetivo das Conferências de S.Vicente de Paula", o zelo de sua caridade o
punha em assíduo contato com a miséria e conseqüentes vícios do poviléu da
Cidade-Luz...
E agora, como Sacerdote, trabalha nesta
cidade de Saint-Quentin, com seus 30.000 assalariados, "verdadeiras
máquinas nas mãos dos patrões. Para eles, existia o código dos deveres; o dos
direitos, apenas para os empregadores”. De maneira que viu e sentiu de perto a
miséria operária. Chegou a penetrar as profundezas da Questão Social. Aos
operários dedicava-se de corpo e alma. "Raro equilíbrio
e grande paixão apostólica voltada ao povo, no erguimento da miséria material e
moral em que jazia" (P.Govaart). Referindo-se às suas próprias
atividades, dizia realizá-las "guiado unicamente pelo mais ardente desejo
do Reinado Social de Jesus Cristo”. Em outra parte assevera: “Nós, Sacerdotes,
desejamos ardentemente o bem do povo e alegramo-nos com todas as transformações
úteis. Nós somos apaixonados pelo progresso. O povo simples e reto vai a quem
quer dar-lhe justiça e caridade”. Pe. Dehon figura entre a plêiade dos maiores
estudiosos da Questão Social desse século, como sejam: Alberto de Mun, La Tour
du Pin, Leão Harmel, Monsenhor Segur, e outros...
Em meio a tudo isso, não perdia de vista o ideal
reparador, sua idéia predominante na Vida Religiosa. Para ele, a devoção ao
Sagrado Coração de Jesus não significa um exercício de piedade, mas uma
verdadeira renovação da Vida Cristã através do Amor do Coração Divino.
Desejava mesmo fundar uma Família Religiosa com este
santo objetivo. "E após um ano de noviciado, aos 28 de junho de 1878,
Festa do Sagrado Coração de Jesus, em presença do delegado do Sr. Bispo
Diocesano, Mons. Matthien, emitiu Pe. João do S.Coração seus
primeiros votos simples de Obediência, Castidade e Pobreza, aos quais
acrescentou um quarto: o de Vítima do Sagrado Coração".
Assim começou a Congregação que tem como fim geral
"promover a Glória de Deus e a santificação de seus membros mediante a
prática dos três votos simples de Obediência, Castidade e Pobreza, e pela
observância das constituições próprias; e cujo fim especial é fazer com
que seus membros professem uma devoção particular ao Sagrado Coração de Jesus,
esforçando-se por corresponder ao Amor deste Divino Coração, e reparar, com
dignas homenagens, as injúrias com que Ele lamenta ser alvejado”. As práticas
religiosas mais características são: a missa e comunhão reparadora,
santificação das primeiras sextas-feiras, a hora-santa em cada quinta-feira, a
adoração diária do Sacratíssimo Coração de Jesus exposto no SS.Sacramento do
Altar.
Padre Dehon faleceu em Bruxelas, aos 12 de agosto de
1925.
Achava-se a caminho da beatificação (l). Mas o Judaísmo
embargou-lhe o passo para a beatificação, acusando-o perante a Igreja Católica,
e, erroneamente, de anti-semitismo...
A Congregação em Santa Catarina
Assim teve início a Congregação, hoje existente na
universa terra. Também no Brasil. É que o Revmo. Pe. Fundador era muito pelas
missões. E como Pe. Thoss, 1º Procurador das missões, lhe apresentasse um dia
novo plano de atividades missionárias para os padres alemães, logo obteve a
mais calorosa aprovação, acrescida da orientação de pôr-se em entendimento com
Pe. Lux, que vinha de regressar do Congo Belga por motivos de saúde. Foram
expedidas cartas, neste sentido, ao Bispo de Porto Alegre, a Mons. Topp, de
Florianópolis, e ao Pe. Carlos Boegershausen, de Joinvile, que imediatamente
responderam, fazendo as mais convidativas propostas acompanhadas da
insistência de virem quanto antes. Decidiram-se por Santa Catarina, atendendo a
M. Topp.
Foi em 15 de junho de 1903. À tarde, após a bênção solene
na capela do Seminário de Sittard (Holanda), reúnem-se todos, mestres e alunos,
no amplo salão nobre, para homenagear a dois missionários: Pe. Gabriel Lux e
Pe. José Foxius. Após vários cânticos e discursos de despedida, também eles
fizeram uso da palavra. Pe. Lux descreveu suas atividades missionárias no
Equador, donde fôra expulso pelos agentes da maçonaria, descrevendo, a seguir,
o país e o povo que formaria seu futuro campo de ação: Brasil Meridional.
Até Paranaguá (Paraná), viajaram a bordo do navio
brasileiro "Maceió". De lá, com o navio costeiro "Max", até
Florianópolis, onde Pe. Foxius aportou aos 15-07-1903. Como Pe. Lux viesse mais
tarde, por haver ido a Curitiba cumprimentar o Sr. Bispo Diocesano, D. José
Camargo de Barros, Pe. Foxius foi hospedado por alguns dias na casa paroquial.
Ao depois, “...instalaram-se num quarto por cima da sacristia da igreja da
Ordem Terceira de S.Francisco, onde a única mobília eram os caixotes em que haviam
trazido sua modesta bagagem de além-mar".
A instâncias de Mons.Topp, assumiram a direção da Escola
Paroquial, que de 40 alunos passou logo a 120. Mas acontece que alguns
sacerdotes, de acordo com o fim especial a que vieram, preferiam trabalhar em
paróquias abandonadas, especialmente nas do interior. De outra parte, povo e
Governo se empenhavam pela fundação de um ginásio. Por várias e ponderáveis
razões, por exemplo: falta de professores, dificuldades iniciais do idioma -,
não lhes foi possível, aos mencionados Sacerdotes, aceitar cometimento dessa
natureza. Pe. Lux, no entanto, querendo unicamente o bem do povo
florianopolitano, resolveu oferecer, não só o futuro ginásio, como ainda a
Escola Paroquial, aos Revmos. Padres Jesuítas de Porto Alegre. Foi assim que,
nas imediações da referida escola, teve início, em princípios de 1905, o
Ginásio Catarinense, hoje, por sem dúvida, uma glória do Nosso Estado!
A Congregação em Brusque
Em meados do ano de 1904, o Pe. Lux percorreu várias
regiões do Estado de Santa Catarina, a fim de certificar-se pessoalmente das
reais necessidades espirituais das populações do interior. Nesta ocasião,
passou também por Brusque. E o Pe. Antônio Eising, que já lhe havia dirigido
veementes apelos no sentido de enviar sacerdotes que o coadjuvassem na imensa
Paróquia, renova então, pessoalmente, o pedido, oferecendo-lhe a Paróquia. Pe.
Lux atende. E o primeiro Sacerdote Religioso a trabalhar na cura d’almas
em Brusque, foi o Pe. João Stolte scj, como Coadjutor do Pe. Eising. Em
sua homenagem, escrevi o opúsculo Pioneiro Dehoniano em Brusque. Em fins
de julho de 1904, recebera ele, o Pe. Solte, o honroso convite de fazer o
sermão sobre o Senhor Bom Jesus, numa igreja de Florianópolis. Pois apesar de
não se haver familiarizado ainda com a língua portuguesa, eram muito apreciados
os seus sermões, em parte decorados com rara facilidade, e apresentados com
espírito apostólico, naturalidade e arte. Não chegou, porém, a proferi-lo.
Transferido pelo Superior Pe. Gabriel Lux, embarcou no
navio costeiro "Max”, e aportou em Itajaí aos 4 de agosto. No dia
seguinte, teve como condução um carro-de-mola, que o trouxe a Brusque, onde
pernoitou. Indo no dia 6, pela manhã, rezar a missa na então capela de
Azambuja. Precisamente no dia em que iria proferir o aludido sermão em
Florianópolis. (De uma entrevista com o autor em Jabaquara – SP, 1954).
Padre Gabriel Lux, scj
1º Superior
Regional
Vigário de
Brusque (1904-1905)
Fabriqueiro-Administrador
de Azambuja (1905-1920)
Arquiteto e
construtor dos 1º Seminários:
de Azambuja
(Arquidiocese) e de Corupá (SCJ)
Em princípios de 1905, chegaram os seguintes Padres do S.
Coração de Jesus na recém-assumida Paróquia de Brusque: Gabriel Lux (Superior e
Vigário), Meller, Lindgens, Schüler e Wollmeiner. Pe. Lux foi Vigário desde 4
de outubro de 1904 até 2O de agosto de 1905. De 19 a 25 de agosto, efetuou-se a
2ª visita pastoral, feita por D. Duarte Leopoldo e Silva, 2º bispo de Curitiba,
ocasião em que Pe. João Stolte, pela provisão de 21 de agosto, fôra
nomeado Vigário; sendo que Pe. Lux passava a Fabriqueiro-Administrador
de Azambuja. A atividade desses dois padres leva-nos a abrir o primeiro
capítulo.
CAPÍTULO I
Fase de Empreendimentos e consolidação: 1904-1922
A fase de consolidação operava-se na Paróquia
propriamente dita; a de empreendimentos, em Azambuja. Por consolidação,
entendo o trabalho de manter e firmar as obras existentes, e a mais completa
dedicação à cura d’almas. Por empreendimento, a realização de novas
iniciativas, de trabalho mais de ordem material, como construções - se bem que
destinado ao espiritual. Por conseguinte, não se nega, até certo ponto, a este
o que se atribui àquele, e vice-versa. Assim como a conservação do mundo é de
importância igual à de sua criação, também manter e consolidar iniciativas é
tão importante como concretizá-las. E porque a consolidação não se
reveste de tanto brilho, pode até tornar-se mais meritória.
Fase de empreendimentos em Azambuja.
Depois da visita pastoral em Brusque, D. Duarte se
dirigiu a Blumenau com a mesma finalidade. De lá baixou um Decreto a lº de
setembro, que desmembrava: da Paróquia, o Santuário de Azambuja, elevando-o à
dignidade de Santuário Episcopal, a ele anexo o hospital e todo o território,
"provendo no cargo de Fabriqueiro-administrador... ao Revmo. Pe.
Gabriel Lux, a quem concedia todas as faculdades para dirigir, reger e administrar
o dito Santuário e Hospital, como Delegado da Autoridade Diocesana...”. A esta
provisão seguiu-se imediatamente outra: no mesmo dia, nomeando o sr. José
Kohler auxiliar do Pe. Lux (3).
Esse decreto, bem como a Provisão referente a Pe. Lux,
constituem um marco importante e decisivo para o desenvolvimento de Azambuja.
Em 1907, Pe. Lux construiu o novo hospital para alienados, então, no gênero, o
primeiro estabelecimento do Estado, e que serviu até 1942, quando foi
transferido para a Colônia S.Ana. Os dois Exmos. Srs. Antístetes de
Florianópolis: D.João Becker e D. Joaquim Domingues de Oliveira, não lhe
regatearam, ao zeloso e fiel administrador e competente arquiteto e construtor,
os mais expressivos elogios, perenizados no Livro do Tombo do Santuário.
Vale
anotar que esse grandioso edifício do Pe. Lux, a partir de 1927, e por vários
anos, tem sido o Seminário Menor da Arquidiocese. Desde 1960, o antigo Hospital
e Seminário se transformou no importante Museu Arquidiocesano Dom Joaquim.
Em 1920, Pe. Lux se retirava para Vargem do Cedro. E
substituiram-no, sucessivamente, os seguintes padres scj: Vilibaldo Junkmann,
José Borgamnn, Carlos Keilmann e Henrique Lindgens. Em 1927, encerravam-se, em
Azambuja, as atividades dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, sucedidos,
então, pelos Revmos. Padres da Arquidiocese. Inicialmente, na pessoa do mui
benemérito Pe. Jaime de Barros Câmara, DD. Reitor do Incipiente Seminário, e
hoje, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro. Por sem dúvida, uma glória da
Igreja! (4).
Fase da Consolidação na Paróquia.
Na Paróquia havia realmente muito a consolidar, a firmar,
a aprofundar, além de não haver necessidade para novas iniciativas. Na
verdade, havia a bela igreja matriz, havia, disseminadas pela
Paróquia, 14 capelas, a saber: em Guabiruba, Porto Franco, Poço Fundo, Ponta
Russa, Cedro Pequeno, Cedro Grande, Águas Negras, Barracão, Gasparinho,
Brilhante, Limeira, Nova Itália, Lageado e Ribeirão do Mafra.
Não faltava trabalho. E muito se trabalhava na cura
d’almas. Documento de muita elucidação é a
carta que Pe. João Stolte escreveu, quando ainda Coadjutor, aos seus
confrades na Europa, e da qual extraímos o seguinte passo: "Se eu lhes
escrever que, durante estes 31 dias, visitei 7 colônias; ouvi 1253 confissões
(com comunhões), preguei 25 sermões em italiano e 13 em português, percorrendo
mais de 100 quilômetros a cavalo, e fiz várias visitas a doentes bastante
longe, dei 56 horas de catecismo, sem mencionar outros trabalhos e dificuldades
pastorais -, talvez compreenderão que, para escrever-lhes, não sobra nem tempo
nem vontade”. Brusque, 10/04/1905 (5).
Em 1906, veio a Provisão de Vigário destinada ao Revmo. Pe.
Henrique Meller (6). Nascido em Colônia (Alemanha) aos 10 de janeiro de
1809, fez os seus estudos nos seminários de Clairefontaine e Sittard (Holanda)
e cursou Filosofia e Teologia na Faculdade de Luxemburgo, ordenando-se
sacerdote a 10 de agosto 1902. O ideal missionário trouxe-o a Santa Catarina.
Dedicou-se com grande zêlo à cura d’almas em Brusque, onde foi Vigário por 11
anos. Ocorrência muito séria deu-se com ele nas imediações do cemitério
católico, onde um débil mental o agrediu a golpe de faca. Quase perdeu a vida.
Foi ainda Vigário de S.Bento e Jaraguá do Sul. Faleceu em Tubarão, aos 23 de
junho de 1942.
Pe.Meller foi Vigário de Brusque em dois períodos: de
1906 a 1911, e de 1913 a 1920. De 1911 a 1913, foi Vigário o Revmo. Pe.
Carlos Henrique Lindgens. De 1920 a 1922, foram Vigários, sucessivamente: Pe.
Carlos Keilmann, Pe. Antônio Wollmeiner e Pe. Francisco Schüler. Este último continuou como Coadjutor
até 1926. No domingo de 3 de outubro do mesmo ano, rezou a primeira missa e
cantou a última, na qual também pregou. A uma e meia da tarde, um colapso
cardíaco punha termo à sua vida terrena. Teve ainda a graça de receber
imediatamente a Unção dos Enfermos, ministrada pelo Pe. Inácio Burrichter.
Acha-se inumado no cemitério de Brusque, junto à capelinha (7).
De outros fatos religiosos havidos nesses 18 anos, e dos quais temos
notícias, passamos a registrar o seguinte:
Temos um bispo - A primeira Cidade Episcopal
Catarinense foi a própria Capital, cujo primeiro Bispo, D. João Becker,
foi sagrado em Porto Alegre, a 12 de setembro de 1908, e veio tomar posse no
dia 12 de outubro do mesmo ano. Acontecimento, então, dos mais raros. E dos
mais significativos para a organização e florescimento religioso dum Estado. E
Pe. Topp, Vigário de Florianópolis, bem mostrava dar-se conta do elevado
alcance desse fato religioso, quando movimentava todas as possibilidades em
ordem a solenizar a tomada de posse de S.Exa., inclusive no sentido de que, de
todas as Paróquias, viessem o Sr. Vigário e, se possível, uma delegação a
Florianópolis. E assim se realizou. Não se excetuando as mais remotas Paróquias
do interior.
A delegação brusquense, composta de 20 pessoas, e encabeçada pelo Pe. G.
Ohlemueller scj, representante do Vigário Pe. Meller, viajaram com 3 carros de
mola, cada qual com duas parelhas de cavalos, e mais outra de uma, ocupados, em
separado, por homens e senhoras. As senhoras se encarregaram da provisão
alimentar. Quanto aos homens, havia entre eles uns cinco que assumiram o
encargo de dar combate à sede, porque eram perfeitos conhecedores dos botequins
existentes ao longo do trajeto. Mas diz o narrador “que apenas, por cinco
vezes, se abeiraram dos referidos mananciais... Quem já houver viajado nestas
condições, bem pode imaginar o que foi aquela viagem: de dois dias, com
estradas mal transitáveis, além de tempo chuvoso”.
Mas deram-se por compensados pelos brilhantes festejos da recepção e
tomada de posse, a que assistiram na capital catarinense. No dia da recepção,
foram apresentadas ao Sr. Bispo as diversas Delegações Paroquiais. Quando
chegou a vez dos brusquenses, estes se alegraram sobremodo, tanto mais que S.
Exa. com eles palestrava em língua alemã (8).
D. João Becker em Brusque - Uns meses após a tomada de
posse, em 1909, D. João Becker vinha em visita pastoral à cidade de Brusque,
onde permaneceu de 22 a 27 de maio. Pe. Gabriel Lux fôra-lhe ao encontro em
Barracão. "Distante ainda uma hora da Vila, escreve o sr. Bispo, veio ao
nosso encontro um luzidio esquadrão de cavaleiros, bem como muitos carros
conduzindo famílias" (9), e que o acompanharam até a Vila, onde foi
recebido pelo Vigário Pe. Henrique Meller, e saudado pelo Sr. Juiz Dr. Torres.
O Sr. Bispo falava na igreja em português e alemão. Afirmou não haver recebido
manifestações tão festivas como aqui. Tiveram os brusquenses ocasião de
assistir à primeira missa pontifical celebrada nesta Paróquia.
Terminada a santa missa, S.Exa., acompanhado de grande número de fiéis,
dirigiu-se ao local do novo prédio da Escola Católica Paroquial,
construído pelo povo sob a orientação de Pe. Meller, e que vem a ser o atual
"Grupo Escolar S. Antônio", se bem que restaurado e ampliado, faz
dois anos, e dirigido pelas Revdas. Irmãs da Divina Providência. Após a bênção
do para então majestoso “Catholische Vereins-Schule”, o Sr. Bispo teve palavras
de agradecimentos para quantos haviam cooperado. Discursando, a seguir, sobre o
tema: “Haec est domus Dei et porta coeli" (Esta é a casa de Deus e a porta
do céu), referindo-o à nova escola (10).
De 20 a 27 de maio de 1911, realizou-se a 2ª e última Visita
Pastoral de D. João Becker."Foi o seguinte o movimento religioso em toda a
Paróquia, durante a visita: crismas, 976; confissões, 1.274; comunhões, 1.777;
casamentos 2. Antes da visita, pregou, a convite do Revmo. Sr. Pe.J.J.Colleoni,
uma santa missão em Porto Franco e Barracão, conclui o Sr. Bispo: “Cumpre-nos
salientar aqui o mérito dos Revmos. Srs. Vigário Pe.H.Lindgens, Pe. H.Meller
(ex-vigário), Pe. Baumhof e Pe. Franken, conquistado pela sua abençoada e
benéfica ação que têm desenvolvido nesta paróquia. A eles, e principalmente ao zeloso vigário P. H. Lindgens, a
expressão sincera do nosso reconhecimento e nossos louvores. Ao
Exmo. Sr.Juiz de Direito, à comissão de recepção, às distintas Irmãs da Divina
Providência e às demais pessoas que nos dispensaram atenções afáveis, apresentamos
nossos cordiais sentimentos de gratidão” (11).
Santa Missão - "Depois de 5
anos desde a última, sentia-se a necessidade de uma missão geral”. Pregaram os
Revmos. Padres: Frei Solano Burchardo ofm, e Frei Evaristo ofm, tanto na língua
portuguesa como na alemã. Isto, em 1912, a saber, de 21 de fevereiro a 1º de
março (12).
Dom Joaquim Domingues de Oliveira - Sucessor imediato de D. João Becker. "Nascido aos
4 de dezembro de 1878. Crescido e educado em São Paulo. Primeiros estudos na
escola pública, ainda no tempo do Império, depois, no Liceu Sagrado
Coração de Jesus, conhecido Educandário, dirigido pelos beneméritos Padres
Salesianos, onde se lhe despertaram os primeiros germes de Vocação Sacerdotal;
por último, no Ginásio Paulista, onde teve como Professor de português e
francês o conhecido literato, poeta e educador Dr. Silvio de Almeida.
Terminados os preparatórios, exigidos por lei, matriculou-se na Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, mais para atender à vontade paterna do que à própria.
Antes de iniciar propriamente o curso, matriculou-se espontaneamente (em 1898)
no Seminário Episcopal de São Paulo, no velho casarão que ainda existe.
Ordenando-se sacerdote aos 21/12/1901 na velha Catedral paulopolitana, sita na
mesma praça, e mais ou menos em frente da atual...
Em 8/10/1905, a conselho de alguns colegas, entre os
quais o conhecidíssimo e notável pregador e cientista Pe. dr. João Gualberto do
Amaral, dirigiu-se a Roma, para completar os seus estudos de Direito Canônico,
na Universidade Gregoriana. Residia na Procura de São Sulpício, Congregação
Francesa.
Aproveitando a companhia de Dom Duarte e de Dom Alberto
J. Gonçalves, que se dirigiam a Roma, em visita “ad limina”, partiu rumo à
Cidade Eterna, onde, aos 31 de maio de 1914, no domingo de Pentecostes, na
Capela do Pontifício Colégio Pio Latino Americano, que, ao mesmo tempo, servia
de Colégio Brasileiro, recebeu, das mãos do Exmo. Cardeal Basílio Pompili,
Vigário Geral do Santo Padre Pio X, assistido pelos já mencionados D. Duarte e
D. Alberto, como consagrantes, a plenitude do Sacerdócio. Depois de curta
demora, em Roma e na famosa Abadia de Monte Cassino, regressou a São Paulo. Aos
3 de setembro daquele ano, precisamente no dia em que foi eleito ao Sumo
Pontificado o Papa Bento XV, embarcava no "Orion" para assumir o
governo da sua Diocese, o que se verificou quatro dias depois, precisamente, a
7 de Setembro, dia da Independência. A recepção esteve deveras solene.
Autoridades, Clero, Associações e fiéis prestaram as suas mais carinhosas
homenagens ao 2º Bispo Diocesano de Florianópolis" (13).
Brusque teve a 1ª visita pastoral do eminente Antístete
entre os dias 20 e 28 de novembro de 1915 (14). A “Gazeta
Brusquense” teve expressivos termos de boas vindas. Ei-los: "Chegará em
Brusque, no dia 20 de novembro, cumprindo o seu múnus pastoral, Sua Exa. o
Revmo. Sr. Bispo Diocesano. A Gazeta Brusquense, interpretando os sentimentos
de apreço e de elevada consideração do povo pela pessoa e virtudes assinaladas
do ilustre Antístete da Igreja, aproveita esta ocasião para apresentar a sua
Exa. os seus preitos de homenagem e de alta estima. Que a entrada de Sua Exa.
se torne uma festa verdadeiramente popular, e que o ilustre Homenageado,
durante sua permanência, receba as mais francas demonstrações de carinho pela
insigne honra com que distingue este nosso modesto torrão. Bem-vindo seja o que
vem em nome do Senhor" (15).
CAPÍTULO II
Fase de
Empreendimentos:1922-1938
PE. GERMANO BRAND - SCJ
Vida - Nasceu Pe. Germano
aos 14 de julho de 1888, em Hohengadern, Alemanha. Aos 14 anos,
ingressou na Escola Apostólica (seminário menor) de Sittard, na Holanda. Na
faculdade de Luxemburgo, absolveu os cursos de Filosofia e Teologia.
Ordenou-se Sacerdote em outubro de 1913, pelo Bispo de Luxemburgo: Dom José
Koppes. Homem animado de elevado ideal, empreendedor, e munido do espírito de
sacrifício, tratou, desde cedo, de associar-se aos seus confrades no Brasil,
onde exerceu o ministério sacerdotal: primeiro, como Coadjutor em Paraty
(Araquari), ao depois, em Jaraguá do Sul; de coadjutor, foi promovido a Vigário
de São Bento; segue-se então o período áureo de sua vida, qual foi o de
Vigário de Brusque: de 1922 a 1938, para, em seguida, assumir a fundação de
nova e grande Paróquia no bairro da Penha, na Capital Federal. Ultimamente, era
Vigário de Vargem do Cedro, onde faleceu inesperadamente a 4 de janeiro de
1953. Não se sabe se acidentado ou de colapso cardíaco (16).
da Tipografia
Pe. Dehon,
da Revista
Der Wegweiser e da
Escola de
Agricultura e Comércio
Vigário de Brusque – “Ata da posse do Revmo. Vigário Pe. Germano Brand. Aos 19 de março de
1922, pelas 9 horas da manhã, nesta Matriz de Brusque, depois de ter feito sua
profissão de fé e juramento de estilo nas mãos do Revmo. Pe. Henrique Meller, o
Pe. Germano Brand, nomeado por provisão de S. Exa. Revma, de 10 de março de
1922, Vigário desta Freguesia de Brusque, tomou posse deste cargo, lendo a
provisão e observando o cerimonial prescrito...” (17).
Obras – A verdadeira
nobreza não reside, nem no sangue nem no dinheiro, mas nas qualidades pessoais.
A razão é muito simples: o homem se engrandece, não pelo que tem, mas pelo que
é. Neste sentido, Pe. Germano era uma pessoa nobre. Por isso mesmo, era bem
sucedido nas relações sociais em geral e, de forma especial, nas funções
sagradas, no confessionário, no púlpito, nas associações. Sabia cativar os
corações para a boa causa. Tudo isso associado ao seu espírito empreendedor, e
de sacrifício, explicam as muitas realizações de vulto a bem da Comunidade
Católica de Brusque, das quais mencionamos as seguintes:
No campanário da igreja, instalou 4 grandes e sonoros
sinos de bronze, encomendados à firma “Petit & Gebr. Edelbrock”, na Westfália,
Alemanha, em 1930. Em escala ascendente, apresentamos a altura e peso dos
sinos: o menor: 0,76m e 258 kg; o segundo, 0,86m e 367 kg; o terceiro: 0,98 m e
556 kg; o maior: 1,19 m e 982 kg. Juntamente com a alfândega, importaram em
44:800$700 rs (Cr$ 44.800,70).
Em 20 de junho de 1930, Padre Germano recebia a “provisão
de faculdades para benzer os 4 sinos novos para a matriz de Brusque...” Nem tão
pouco deixou de dotar a igreja dum mavioso órgão, construído pela fábrica da
firma Kleis, em Bonn, Alemanha. Incluindo as despesas de transporte, atingiu a
soma de 23:885$300 (Cr$ 23.885,30) (18). Já vai para mais de 25 anos, que um
Vigário moderno emudeceu o “mavioso órgão”, porque seria um “instrumento
burguês”...
Construiu ainda o salão paroquial, denominado “Casa São
José”. Para aqueles anos, uma empresa arrojada. Em estilo sóbrio, mas bastante
apresentável. Tanto assim que, hoje, após 25 anos, não destoa frente aos novos
prédios que surgem. É mais que um grande salão paroquial. É provida, a Casa S.
José, de dependências destinadas a salas de aula. O Padre logo tratou de
preencher esta finalidade com a fundação da Escola de Agricultura e Comércio,
“único estabelecimento de ensino profissional referente à Agricultura no Estado
de Santa Catarina”. Possuía “todas as características de um grande e moderno
estabelecimento agrícola, campos de cultura, edificações rurais, animais,
pastagens, etc.” (5). Infelizmente não foi de longa duração. Não deixou,
tadovia, de constituir boa semente!
Contudo, a visão de Pe. Germano era mais larga ainda.
Lembrava-se, por sem dúvida, da brevidade da vida humana. Da necessidade de
formar novos padres. Surgiu, assim, no Brasil Meridional, o lº
Seminário Menor dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, por ele planejado e
construído em 1924, graças, como sempre, à compreensão e conseqüente
colaboração generosa da população brusquense. Durante 8 anos, ocupou,
simultaneamente, os cargos de Vigário da Paróquia e de professor do pequeno
Seminário, pedra angular da ereção da Província Meridional Brasileira. Em breve
seria ainda fundador da revista Der Wegweiser (Indicador de Rumo).
Sim. Quem quer o fim quer os meios. Ora, o fim do Seminário
era dar a 1ª formação a meninos que quisessem abraçar a vida sacerdotal. Para
conseguí-los, importava tornar conhecido o Seminário e a Congregação. Para
tanto, nada melhor que a boa revista acima citada. Revista mensal que levou o
nome da Congregação pelos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Fundada em 1929, teve a sua existência regularmente mantida até 1938, ano
em que foi cancelada pela lei geral que proibia toda e qualquer publicação em
língua estrangeira. Contava a revista com tipografia própria. Observe-se, de
passagem, que se trata da mesma tipografia reconstruída, em 1943: a "Tipografia
Leão Dehon - Doação Cônsul Carlos Renaux" (19).
Visitas pastorais - Após oitos anos, i.é., em 1923, registrou-se nos anais da Paróquia a 2ª
visita pastoral do 2º bispo da Diocese Catarinense, ou seja, a de D. Joaquim
Domingues de Oliveira. Como sempre, os brusquenses tudo fizeram por
abrilhantar tão raro acontecimento. Em 20 de abril de 1931, novamente após 8
anos, realizou-se a 3ª visita pastoral de S.Exa. Verdadeiramente serviçal foi o
Revmo. Pe. Pedro Storms, Superior Regional da Congregação. No ano de 1935,
Mons. Jayme de Barros Câmara, Bispo eleito de Mossoró, foi delegado por S. Exa.
Revma. D. Joaquim Domingues de Oliveira, para fazer várias visitas pastorais,
também a de Brusque. Foi saudado pelo senhor Otto Schaefer.
Coadjutores - É justo ao menos declinar
os nomes dos sacerdotes que foram coadjutores da Paróquia, por algum tempo,
durante a fase ora em apreço. Foram eles: Pe. José Borgmann, Pe. José Bollinger, Pe. Francisco Schueler, Pe. Inácio Burrichter, Pe. Lourenço Foxius, Pe.
Guilherme Kremer, Pe. Dr. Roberto Bramsiepe, Pe. Othmar Baumeister, Pe.
Sebastião Rademaker, Pe. José Poggel, Pe. Paulo Kremer, e Pe. Jorge Brand.
É muito natural e justo por em destaque o Vigário de uma
Paróquia. Mas seria imperdoável preterir o auxílio inestimável dos seus
auxiliares. Em abono do que podemos citar as seguintes palavras de Monsenhor
Jayme, tomadas do termo de sua visita pastoral acima referida: “É de toda
justiça juntar aos agradecimentos que aqui manifestamos aos RR. Padres da
Paróquia, os mais calorosos aplausos pela ótima orientação pastoral,
salientando as qualidades de zelo, prudência e descortino do Pe. Germano Brand,
muito digno Vigário”.
Lembrete - Terminando êste
capítulo, queremos reportar-nos ainda ao dia 25 de julho de 1938, quando Pe.
Germano celebrava suas bodas de prata sacerdotais, ocasião em que se encontrava
em Brusque, já como Vigário da Penha, no Rio. À hora do banquete, teve ele
palavras de agradecimentos, acrescidas do desejo de ser sepultado em Brusque.
Faleceu Pe. Germano aos 4 de julho de 1953, em Vargem do Cedro. Pe. Luiz
Gonzaga Steiner, o sr. Henrique Moritz e
Pe. Eloy Dorvalino Koch para lá se dirigiram a fim de dar cumprimento ao desejo
expresso do Padre. Mas ao lá chegarem, o féretro já dava entrada no cemitério.
Era, pois, impossível. Nada obstante, será possível mais tarde.
A 1ª IGREJA- MATRIZ DE BRUSQUE
1877
A IGREJA- MATRIZ
COM FRONTARIA RENOVADA
pelo Pe. Vicente Schmitz, scj.
CAPÍTULO III
Nova fase de consolidação
Longe de nós, diminuir a atividade benfazeja do Pe.
Germano. Nem a admiração e estima que lhe devotava o povo brusquense. Mas
ocorreu uma falha de administração, em razão da qual se deu a sua
transferência; e também se explica a nomeação do novo Vigário: Pe. Vicente
Schmitz scj, que foi chamado a preencher referida lacuna. Realmente, Pe.
Vicente não decepcionou as esperanças nele depositadas. Após seis anos, ou
seja, em junho de 1944, pode escrever, com justa satisfação: "Com a festa
de São Luiz acabamos, afinal, com as dívidas da Matriz" (20).
Pe. Vicente Schmitz scj
Vigário de 1938 a 1948
Administrador, Arquiteto e Organista
Pe. Vicente entendia também de construção de igreja.
Projetou várias capelas, como sejam: a de Santa Teresinha (Limeira), a do Óleo
Grande, a do Cedro Baixo (Dom Joaquim), a da Batêia, a de Planície Alta, etc.
Todas aprovadas com simpatia pelo Exmo. Sr. Arcebispo Metropolitano. Após o
trabalho negativo de liquidar as dívidas, esmerou-se na reforma da frontaria
da igreja-matriz, fazendo ainda vários aterros na escadaria. No concernente ao
custeamento, escreveu textualmente: "Obras que se fazem com a doação do
Sr. Cônsul Carlos Renaux" –Cr$100,00000 (21).
Em 10 de abril de 1938, Pe. Vicente recebera as
faculdades de Coadjutor da Paróquia de Brusque, por trinta dias. Já aos 10 de
maio do mesmo ano, recebia a Provisão de Vigário. Em fins de 1948, fôra viajar
à Europa, em visita aos seus parentes, na Alemanha. Ao voltar, recebia ordem de
transferência para a Paróquia de onde viera a Brusque, ou seja, Corupá, do
Município de Jaraguá do Sul. Havia cumprido sua Missão especial, por sem dúvida
ingrata. De volta à sua antiga Paróquia, logo tratou de executar notável
projeto de nova igreja, de sua autoria. Músico, Pe. Vicente guarda certa
saudade referente ao órgão da Matriz de Brusque, ao qual, vezes sem conta,
tomara assento para acompanhar cânticos de igreja ou executar peças
selecionadas.
Foram seus auxiliares, dos quais alguns apenas por certo
tempo, e outros até extra-oficialmente, os seguintes padres:
Pe. Afonso Maria de Miranda.
Pe. João Stolte.
Pe. Lourenço Foxius.
Pe. Dr. Roberto Bramsiepe.
Pe. Agostinho Beckhauser.
Pe. João Stüpp.
Pe. Frederico Blöch.
Pe. Valdemar Gödert.
Pe. Silvestre Clasen.
Pe. Inácio Burrichter.
E, no último ano, o Revmo Pe. Luiz Gonzaga
Steiner, que havia de suceder o Pe. Vicente em 1949.
CAPÍTULO IV
Nova fase de empreendimentos
Aos 13 de março de 1949, tomou posse da Paróquia, dentro
do cerimonial prescrito, perante o Revmo. Pe. Silvestre Clasen scj, e na
presença de várias testemunhas, o Revmo Pe. L u i z G o n z a g a
S t e i n e r scj, nascido aos l4 de janeiro de 1911, em São João do
Capivari, no Município de Tubarão. Em sua pessoa tem Brusque o primeiro Vigário
de nacionalidade brasileira, como o são, atualmente, todos os demais.
Pe. Luiz Gonzaga Steiner scj
Vigário: de 1949-1956
É uma fase de notável surto de progresso para a Paróquia,
notadamente no âmbito religioso, no de assistência social e no educacional.
Âmbito religioso. Não há negar que o movimento religioso, i. é, na sua esfera
nitidamente espiritual, tem aumentado. Por outro lado, desenvolveram-se as
festas de São Luiz, com um rendimento muito superior e sempre crescente, mesmo
levando em conta a queda do valor da moeda. Assim, a 1ª festa, de Cr$
54.300,00, passou a... Cr$ 79.678,00; daí, a Cr$ 106.l82,90.
As primeiras festas de São Luiz eram anunciadas como
aquisição de novos fundos para a ampliação da igreja-matriz, de acordo com um
projeto do Pe. Vicente Schmitz scj. Tal idéia, no entanto, foi aos poucos abandonada, para
ceder lugar a outra, e esta mais arrojada: a de uma igreja inteiramente nova.
Em 1952, a convite do Pe. Vigário, veio de Blumenau a
Brusque o engenheiro – arquiteto Dr. Simão Gramlich, afim de tratar da nova
planta. Decorridos uns meses, o Pe. Vigário recebia o novo projeto. Foi exposto
à apreciação do público. Era do estilo das demais projetadas pelo referido
arquiteto, como, por exemplo, a de Azambuja, a de Gaspar, etc., com a diferença
de que teria uma cripta, onde se realizariam as missas nos dias comuns.
Entanto, por esse mesmo tempo, foi organizada uma
comissão construtora, ratificada pelo Exmo. Sr. Arcebispo Metropolitano. O
Revmo. Pe. Vigário nomeou o Sr. Dr. Guilherme Renaux presidente da comissão, o
qual, na primeira reunião, pôs em discussão a planta da igreja. Em resumo, foi
resolvido recorrer-se a outros engenheiros, afim de êstes apreciarem a planta
em questão, ou mesmo de elaborarem outra. Tais medidas se justificariam diante
de uma obra de tal monta. Uns dias após, Blumenau nos comunica a vinda de outro
arquiteto alemão: Dr. Böhm, filho do mundialmente conhecido arquiteto Dr. D o m
i n i k u s B ö h m, que viera afim de estudar a situação da futura igreja
blumenauense. Após entendimento prévio, veio também a Brusque com o mesmo
objetivo...
Em 23 de abril de 1953, sábado, foi
transladada a imagem de São Luiz da Igreja - matriz à Casa São José, ampliada e adaptada, a ponto de prestar-se admiravelmente
como "igreja-matriz provisória”. Essa última função religiosa na velha
igreja foi emocionante. O Revmo Pe. Vigário proferiu umas palavras alusivas ao
ato. Foi cantado o canto sacro: "Deus Eterno a Vós louvor” (22). Ao
órgão, Pe. Eloy Dorvalino Koch. Ao sair a procissão da igreja, foi entoado um
hino a São Luiz. Houve mesmo os que não conseguiram reprimir as lágrimas.
Nesse mesmo ano de 1953, foi demolida a igreja. E após os
trabalhos de terraplenagem, em 24 de abril de 1955, realizou-se a bênção da
pedra fundamental, presidida pelo Exmo. Sr. Arcebispo. Pronunciou vibrante
discurso alusivo ao ato, o sr. Dr. Raul Schaefer.
Encontra-se o moderno templo em plena
construção. Mestre de obras: Evaldo Dorow. Voltam-se as vistas para o
Centenário de Brusque, com o justificado desejo de ver então terminada a
grandiosa obra. Mas eis que já anda próximo o ano de 1960...
P O S T O
D E P U E R I C U L T U R A,
Integrado na “Ação Social Paroquial”.
Âmbito de Assistência Social. “A Ação Social Paroquial, fundada
nesta cidade de Brusque, aos 4 de agosto de 1949, é uma Associação de Caridade
Cristã, no seu sentido mais amplo, dentro dos princípios da Doutrina Social da
Igreja Católica, agindo sob a direção do Revmo. Pe. Vigário, tendo por base a orientação
da Ação Católica Brasileira" (23). Teve como ponto de partida o fato de o
Sr. Vereador, Dr. Carlos Moritz, haver propugnado na Câmara Municipal a
fundação de uma instituição caritativa, sob orientação paroquial, onde, sobre
se prestar assistência mais ampla, melhor seriam aplicadas as verbas municipais
destinadas a esse fim. O conhecimento desse fato induziu o Pe. Vigário a
procurar o Sr. Vereador para lhe dizer que, considerando o número sempre
crescente de indigentes a mendigarem pelas ruas; e considerando constituir a
assistência social uma das atividades prediletas previstas pela Constituição da
Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus -, estaria pronto a dar o
mais decidido apoio a tão nobre iniciativa.
A primeira Diretoria foi assim constituída - Diretor: Pe.
Luiz Gonzaga Steiner; Presidente: Dr. Carlos Moritz; Vice-Presidente: Tenente
Reinaldo E. Kosowsky; 1º Secretário: Oscar Gustavo Krieger; 2º Secretário:
Érico Contesini; 1º Tesoureiro: Tasso Rodrigues da Cruz; e 2º Tesoureiro: Lauro
Müller.
Os fundos são mantidos por contribuições de ordem
particular e pública. A título de exemplificação do movimento anual, basta
dizer que, em 1952, a despesa foi de Cr$ l68.764,00; em 1953, de Cr$l75.217,00;
e em 1954, de Cr$ 484.747,00. Nessas somas vão incluídas as despesas anuais
feitas em benefício do Natal dos Pobres. E quanto à última cifra, cumpre notar
que duzentos mil cruzeiros, provenientes do Departamento Nacional da Criança,
foram aplicados na compra do prédio destinado ao Posto de Puericultura,
integrado na Ação Social Paroquial.
Pe. João da Curz Stüpp scj
Fundador e Diretor das escolas:
SENAC, CTC, Ginásio e Escola Normal São Luiz
Âmbito Educacional - Pe. Germano Brand, como temos visto em outra parte, construíra a Casa São
José com dependências apropriadas para salas de aula. Após haverem servido à Escola
de Agricultura e Comércio, por alguns anos, ficaram abandonadas por mais de
um decênio, até que, em 1951, voltaram a ser utilizadas pelo curso do
"SENAC” - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, ao qual se
seguiu, decorrido meio ano, o Curso
Técnico de Contabilidade - CTC, que já formou duas turmas.
Ambos os cursos foram fundados pelo Revmo Pe. João da
Cruz Stüpp, sob a orientação dos Srs. Professores Flávio Ferrari e João Batista
Luft, respectivamente, Diretor e Técnico do Departamento Regional do SENAC em
Santa Catarina. Tudo isto contou com a imprescindível aprovação do Pe. Vigário,
que, no inicio de 1954, além de aprovar, colaborou diretamente na fundação da Escola
Normal e Ginásio São Luiz, por ora de propriedade paroquial, em
funcionamento no tradicional "Colégio Santo Antônio", fundado e
apoiado pela Paróquia, i. é, no sentido de ministrar a formação católica à
juventude, e que sempre esteve sob a direção suave e firme das dedicadas Irmãs
da Divina Providência, no que se distinguiu a Revda. Irmã Ludgéria, que
aqui trabalhou na formação de algumas gerações. Ocioso acentuar a elevada
benemerência de que as Revdas. Irmãs se fizeram merecedoras. Seu exitoso apostolado
junto ao povo brusquense, quer mediante obras de misericórdia corporais, no
Hospital, asilo e hospício; quer mediante obras de misericórdia espirituais, no
Colégio. Não vemos nem ouvimos o crescimento das plantas. No entanto, quanta
vitalidade! Também a atividade semi-oculta e silenciosa das Revdas. Irmãs vai
toda ela plena de vida benfazeja!
RELAÇÃO (incompleta) DAS VOCAÇÕES
SACERDOTAIS E RELIOSAS DO MUNICÍPIO
1-Da Congregação dos PP. do SCJ.
Pe. Francisco José Kunitz
Pe. Carlos Fuzon
Pe. Tito Zirke
Pe.
Flávio Morelli
Pe.
Cosme Maestri
Pe. Mário José Stolfi
Fr. Antônio José Thamazia
Fr. Lino Maria Schlindwein
Fr. Osnildo Klann
Ir.Germano Gartner
Ir. Luiz Godofredo Gartner
Ir. Evaristo José Corrêa
Ir. José de Modesti
Ir. Afonso Pedrini
2) Clero Arquidiocesano
Mons. Harry Bauer
Pe. Augusto Zucco
Pe. José Vailatti
Pe. Alberto Pretti
Pe. Francisco de Sales Bianchini
Pe. Osni Rosenbrock
Pe. Gilberto Gonzaga
Pe. Oscar Müller
Clgo. João Cardoso
Clgo. Thabecyl Tavares
3)- Outras Congregações e Dioceses
Pe. Antônio Boos (ex-scj), Diocese de Lages)
Pe. Wolfgang Richter (Alemanha, ex-scj)
Frei Pascoal Dalbosco (Irmão Paulino)
Frei José Wippel, ofm.
Frei Antônio Boos, ofm.
Ir. Expedito Montibeller (Marista)
Ir. Dalségio (Marista)
4) Irmãs da Divina Providência
(mais do Distrito de Brusque)
Ir. Agostinha (Ema) Schaefer
Ir. Eliana (Elisa) Kormann
Ir. Honorina (Apolonia) Lang
Ir. Rosa Boos
Ir. Belmira Kohler
Ir. Dulcema (Mercedes) Schaefer
Ir. Erica (Irmã) Moritz
Ir. Salete (Zita) Moritz
Ir. Verediana (Olga) Habitsreuter
Ir. Joana Schlindwein
5-Irmãs da Im.Conceição
(Do Distrito de Botuverá)
Ir. Pia Tachini
Ir.Santina Pezzini
Ir.Carlota Gianesini
Ir.Leonilda Colombi
Ir.Afonsina Tomio
Ir.Angelina Demarchi
Ir.Maria Pedrini
Ir.Augusta Pedrini
Ir.Leonarda Colombi
Notas à 2ª Parte
1- Álbum Jubilar - Pe
Raulino Hilário Bussarello scj; "Padre Dehon" - Pe. Aurélio Boschini,
scj; P.Leo Dehon -Johannes Haas scj.
2- Álbum Jubilar e Reich
des Herzens Jesu scj.
3- 2º Livro do Tombo, fls.
51 e 52; "Álbum Jubilar”.
4- Nota: Sobre
Azambuja aparecerá um trabalho especial, razão pela qual nos restringimos ao
que até aqui escrevemos.
5- Revista das Reich des
Herzens Jesu scj, feveiro de 1905.
6- 2° Livro do Tombo,
fl.53.
7- Álbum Jubilar.
8- Das Reich des Herzens
Jesu scj (revista), 1909, p. 41 e 89 por Pe. G. Ohlemüller scj.
9- 2º Livro do Tombo,
fl. 56.
10- Das Reich des Herzens
Jesu scj, citada, p. 422, artigo do Pe Lindgens scj.
11- Do Termo de Visita de
S. Exa.
12- 2º Livro do Tombo,
fl.63.
13- A Arquidiocese de
Florianópolis, p.11.
14- 2º Livro do Tombo.
15- Gazeta Brusquense,
1915, nº 47, p.l.
16- Der Wegweiser,
SCJ, 1938, p. 228; REB., v.XIII. fasc. 2-p.
17- Livro do Tombo.
18- Do Livro-Caixa e
Recibos - do Arquivo Paroquial.
19- Der Wegweiser,
id.ib. e Álbum Jubilar.
20- Livro do Tombo,
fl.41.
21- Livro do Tombo,
fl 45.
22- Da melodia alemã: Grosser
Gott wir loben Dich.
23- Estatutos da Ação
Social Paroquial (ASP).
CAPÍTULO
V
CAPELAS
DA PARÓQUIA DE BRUSQUE
SANTA TERESINHA
É um bairro operário, já bem populoso, ao
qual a Padroeira vem emprestando o nome.
O terreno para a capela foi gentilmente cedido pelo Revmo. Sr. Cônego
Bernardo Peters, com autorização da Cúria Metropolitana. Em 8 de janeiro de
1940, veio a Provisão para a comissão de obras da capela. No dia 9
de junho do mesmo ano, houve o lançamento e bênção da pedra fundamental. O
projeto é de autoria do então vigário Pe. Vicente Schmitz scj. O 1º capelão foi o acima referido Sr.
Cônego.
Depois de vários outros sacerdotes, lá trabalha, desde
1950, o Revmo. Pe João da Cruz Stüpp scj, professor de Filosofia no Convento
SCJ, e que desenvolveu as seguintes atividades: em 1951, aumento da igreja
(fotografia), que de 280m2 passou a 548m²; em 1952, o pavilhão para
festas e o campo esportivo; em 1953 e 54, fundação do Grupo Escolar Municipal
"Santa Teresinha", que vem a ser propriedade da Igreja, com
funcionamento mantido pela Prefeitura e pela Paróquia; e em 1956, início da
conclusão do aumento da igreja, para um total de 667m². Autor da nova planta é
o Construtor João M. Backes.
NOSSA SENHORA
DA NATIVIDADE
É de imigração italiana, havida entre 1876 e 1878. Eram
os Bevenutti, os Vechi, os Cavichiolli, os Dalago, etc. Limeira já tem sido
mais povoada. É que sempre mais cresce o número dos que vão em busca da cidade,
à procura de trabalho nas fábricas.
A 1ª igrejinha, de madeira, construíram-na no local agora
ocupado pelo cemitério. Isto por volta de 1880. A atual igreja (foto) é de
1898, aproximadamente.
B A T E I A
SÃO JOÃO BATISTA
Batêia é o antigo “Schleswig”, denominação dada pelos primeiros moradores,
todos evangélicos, em recordação de seu torrão natal, na Alemanha. Aqui
entraram em 1870. Entre 1876 e 1880, aí se domiciliaram famílias italianas,
tais como: os Bonamoni, Ronselli, Rosetti, etc. Mais tarde, vieram ainda
famílias luso-brasileiras. Trabalham principalmente na Fábrica “Seção Alba”,
fundada pelo Sr. Edgar von Büttner, em 1920. Há 42 operários. Uma parte
reduzida trabalha na lavoura.
Muito se empenhou, pela construção da capela, o Sr. João Vicente Kormann,
que obteve do Sr. Pedro Fantoni a doação do terreno. Mais tarde, sua senhora,
Dna. Alvina Truppel Kormann, já viúva, encaminhou o pedido de construção ao
Vigário Pe. Vicente Schmitz. Os trabalhos tiveram a orientação do Revmo. Pe.
Inácio Burrichter scj. Em 1946, teve lugar a inauguração.
B A R R A C Ã O
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Em 1876, aqui chegaram, vindos da Itália, Antônio e Antônia Melato. O agora
octogenário Sr. José Melato, imigrou para cá em 1878, e foi sacristão de 1922 a
1948. Entre os primeiros moradores contam-se ainda os Senhores José Alberici,
Constantino Barbi, Célio Mattioli, Paulo Fornazari, Augusto Bendini, Pedro
Assini, Francisco Vailatti, Francisco Pedroni, José Dalzáchio, Ângelo Beduschi,
João Zuchi, Feliz Lana, Antônio Roncaglio, Antônio Benassi, Domingos Pedrini,
Arquelau Roncaglio, etc.
Logo foi construída uma capela de ripas
e coberta de palha, no lugar depois ocupado pelo 1º cemitério. Em 1880,
ergueram nova capela, maior, mas ainda feita de ripas e barro e coberta de
palha, e que, em 1889, teve como emenda o presbitério, de material; e em 1892,
em substituição, uma igreja toda de alvenaria. Por que tem duas torres? Porque
tendo a igreja sido aumentada para frente, em 1932, ali se ergueu nova torre,
tendo o Sr. Bispo Diocesano optado pela permanência da primeira. À iniciativa e
orientação do Pe. Inácio Burrichter scj, então professor no Convento SCJ, na
cidade de Brusque, deve-se o salão S.José (1939), a gruta de Nossa Senhora de
Lourdes e a via sacra (1941).
Ó L E O G R A N D E
SANTA CATARINA
O nome é proveniente duma grande árvore que havia no lugar, pertencente à
espécie da qual se extrai o “óleo cupaíba”. As 1as famílias foram:
Ângelo Barbieri, Victório e Garibaldi Quintino. A população é
ítalo-luso-brasileira.
Pela
construção da capela, muito se tem empenhado o Sr. Antônio Barbieri, sob a
orientação do Revmo. Pe. Inácio Burrichter scj.
NOSSA SENHORA DA SAÚDE
Um vale bastante estreito. Os primeiros moradores foram
só alemães, como sejam: Wendelino Bodemüller, Francisco Wanca, Diedrich, etc.
Mas aí não permaneceram. Entre os anos de 1876 e 1880, aí se fixaram famílias
italianas, tais como: Bortolo, Zucco, Bortolo Paza, Josué Moreton, João Lira,
Modesto de Modesti.
A primeira capela, de barro, foi construída por volta de
1885. Em 1905, foi substituída
pela atual, de tijolos. O sino foi bento pelo Pe. Eising. A 1ª missa foi rezada
na residência do Sr. Bartolomeu Paza, pelo Revmo Pe. Roque sj. O atual
cemitério data de 1900.
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Estreito vale. "Ponto Rosso” é denominação italiana,
que significa ponte vermelha, e tem sua origem, ao que se conta, no fato de sua
ponte amanhecer, um belo dia, manchada de vermelho.
Conta com aproximadamente
41 famílias, todas de origem italiana, e que, em parte, trabalham em fábricas.
E muito pouco na
lavoura, para o que o terreno pouco se presta: porque muito acidentado e
esgotado.
A 1ª igreja não se sabe de quando é. A que aqui vemos
data de 1929.
SANTA LUZIA
A população, em parte, é de origem polonesa e, em parte,
de origem italiana. O 1º morador foi o Sr. Inácio lmianowsky. Veio da Polônia.
Chegou na Baía aos 18 de março de 1870, onde ficou por 2 anos na colônia Muniz,
para, em seguida, morar em S. Luzia, desde 1872. Era casado com Ana Felsky. Foi
agrimensor por mais de 40 anos. Sua idade passou da casa dos 90.
Uns anos mais tarde, vieram novos imigrantes. Poloneses:
Inácio Lepeck, Cerino Felsky, Swomsky, Teodoro Dubiella, Podiazky, Francisco
Kowalsky; Francisco Gelensky, etc. De italianos: os Tarter, Gaspari, Guarnieri,
Vichini, Bonamente, Noldin, Fuzon, etc. É com a máxima satisfação que
registramos ser Santa Luzia o torrão natal do Revmo. Pe. Carlos Fuzon scj,
filho do Sr. Luiz Fuzon e de Dna. Maria Mofardini Fuzon.
A 1ª igreja achava-se a 2 km acima da atual sede. Muito
por ela se empenharam os Srs. Luiz Garnieri e Hildebrando Tarter. Teve como 1ª
imagem, ainda conservada, a do Menino Jesus, de madeira, e um tanto grotesca.
Em 1921, o movimento religioso foi transferido para o lugar atual, onde se
erguera nova igreja, em 1942. O Revmo. Pe. Inácio Burrichter construiu a
canônica. E 10 anos após, foi demolida a igreja, seguida por esta, no
mesmo local, com proporções maiores. Merecem mencionados os componentes
da comissão construtora: os senhores Vicente Podiatzky, João da Silva, Paulo
Minella, Henrique Vichini, José Torrezani e, ultimamente, também o Sr. Luiz
Vichini. Foi seu construtor o Sr. João M. Backes.
A capela possui uma estátua de Santa Luzia, talhada em
madeira, por autor desconhecido. Não é
lá uma obra de arte. Mas é de valor
histórico. Um símbolo da tradição
religiosa! É grande a veneração que o povo tem por sua padroeira. Muito significativa
é a denominação dada à fábrica de tecidos, construída em 1946: “Tecelagem Santa
Luzia”.
C E D R I N
H O
SÃO SEBASTIÃO
A maior parte dos moradores são de origem Italiana, sendo
a outra de descendência lusa. São, ao todo, umas 40 famílias, quase todas
operárias, e que trabalham também na lavoura.
A primeira igrejinha foi construída pelo Sr. Sebastião
José Cardeal. A que aqui vemos, já vem a ser a 3ª, e foi ultimada em 1953.
C E D R O B A I X
O
SANTA CATARINA
A população é de 187 famílias católicas e 19 evangélicas. 68% são
teuto-brasileiras; 27% ítalo-brasileiras; e 5% luso-brasileiras. A principal
produção é o aipim, para a indústria do qual existem 3 fecularias. Dá
também muito milho. Mas a produção mais rentável é a do fumo.
Nos últimos 15 anos, o lugar muito se tem desenvolvido. Urgia a construção
duma igreja. Pe Vicente Schmitz, Vigário, ofereceu ao povo a última
oportunidade, com a alternativa de construir em outra parte... O Sr. Ludovico
Merico fez a doação dum terreno, e adiantou todo o dinheiro, sem juros. Em 26
de novembro de 1944, foi celebrada a 1ª missa, e no ano seguinte, já houve a 1ª
visita pastoral, feita pelo Exmo. Sr. Arcebispo Dom Joaquim Domingues de
Oliveira.
A 1a comissão da capela foi constituída pelos senhores Luiz
Morelli, João Knihs, Henrique Becker e Luiz Merizio. Em 1950, foi aumentada a
igreja, que presentemente se acha povoada de 19 imagens de santos, e provida de
todos os paramentos e alfaias necessárias para o culto.
Em 1953, foi construído um grande prédio destinado à futura residência de
uma Comunidade de Irmãs, que aí se formou em 1954, com a vinda de 5 Revdas.
Irmãs Franciscanas de S. José, de Angelina, e que se dedicam à formação da
juventude e ao zelo da casa de Deus. Não longe da capela, acha-se um cemitério,
também recente. Ultimamente foi construído um grande salão para festas de
igreja.
Em 1947, o Sr. Alexandre
Merico desistira dos estudos eclesiásticos. Ao voltar à sua terra, logo foi
nomeado sacristão. Seus cursos ginasial e colegial, ele os concluíra no
Seminário SCJ de Corupá. Após os quais, prosseguiu nos estudos filosóficos, mas
como seminarista arquidiocesano. Pode afirmar-se, sem receio de errar, que o
notável surto de progresso da igreja, da religião e educação aí havidos nesses
últimos 10 anos, é devido, em grande parte, ao incansável espírito empreendedor
do Sr. Sacristão...
C E D R O P E Q U E N O
NOSSA SENHORA DO CARMO
Povoado que se vem formando desde as 1as
imigrações italianas, por volta de 1876. Logo construíram sua capela, no sítio
hoje denominado "Serrinha". Em
1927, aparece, aí mesmo, nova igrejinha, ainda existente, mas cujas estátuas e quadros de santos
foram destinados à nova igreja (foto), construída mais abaixo, em 1953.
SÃO JOÃO BATISTA
Onde hoje existe a encruzilhada das estradas de Ribeirão
do Mafra e de Cedro Grande, fixou residência, faz uns 80 anos, o Sr. João Mafra
e que veio emprestar o nome a esta localidade.
A lª capelinha era de madeira. A presente, de tijolos,
data de 1921, como se pode observar. A maioria dos moradores é de origem
italiana.
C E D R O G R A N
D E
SÃO PEDRO
Povoação ítalo-brasileira, originária de 1880, aproximadamente. A
fotografia nos mostra a igreja construída em 1890, e renovada e ampliada em
1936. Antes desta, porém, havia, l km acima, a 1ª capela, de madeira.
Uns quilômetros mais
adiante, e estamos na capela de Bela Vista, cujo Padroeiro é S.Antão. É
mais antiga que a de S. Pedro.
SÃO
JORGE
Ainda é correntia a denominação alemã: “Peterstrasse”, Rua S. Pedro. Os
moradores desta Rua iam à missa na igreja da Guabiruba. Mas obtiveram
autorização de construir a sua igreja. Foi ultimada em 1953.
Autor da planta foi o
construtor João M. Backes. A estátua
de São Jorge foi uma doação do Sr. Otto Niebuhr.
NOSSA
SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO
Guabiruba fazia parte, diretamente, da Colônia Itajahy, e foi desde logo
habitada. Sua 1ª igrejinha data de l86l. Era feita de espiques de palmito,
coberta de palha, tendo o chão batido por assoalho. Posteriormente, no mesmo
local, o Sr. João Kormann abriu uma venda, hoje de propriedade do Sr. Theodor
Debatin. E a nova capela foi erigida nas imediações do novo salão de festas da
igreja, ora em construção.
Mas em 1893, e no mesmo local ocupado pela atual igreja, ergueu-se “uma
capela de pedra e cal..." O templo que aqui vemos data de 1923, havendo
passado por alguns melhoramentos, notadamente a canônica e a torre.
Já por vários lustros está a cuidado dos Padres do Convento SCJ, em sinal
de reconhecimento pela valiosa colaboração desse povo, quando da reconstrução
do referido Convento. Atualmente, é capelão o Revmo. Pe. Matias Engel scj, a
cuja iniciativa se deve a construção do salão Cristo-Rei.
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Os primeiros colonos que aqui se domiciliaram, foram: Jorge Dierschnabel,
Batista Rudolf, João Hodecker e João Graf, por volta de 1870.
Como em muitos outros sítios, também aqui a escola serviu, a princípio,
para as funções religiosas. A 1ª igreja é de 1904, de tijolos. Em 1952,
inauguraram esta bonita capela, iniciada em 1949, estando presente o vigário
Pe. Vicente Schmitz scj, autor da planta.
SÃO VENDELINO
Esta vem a ser a 1ª igreja. Foi inaugurada em 1944. Autor da planta é o
Revmo Pe.Vicente Schmitz, Vigário.
L A G E A D O A L T O
NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Aqui moram famílias de
origem tirolesa. As primeiras aqui chegaram em 1875. Logo se empenharam por uma
igrejinha. A 2ª, erguerem-na em 1888, feita de pedras. Em 1951, inaugurou-se a
atual igreja, planejada pelo Vigário Pe. Vicente Schmitz.
CAPÍTULO VI
SEDE PAROQUIAL E CAPELAS DE BOTUVERÁ
Pe.
João Stolte scj
VISTA GERAL
As primeiras famílias que aqui se domiciliaram eram oriundas da Itália,
notadamente de Bérgamo e Bolonha. Também do Tirol. Aqui, o primordial trabalho
que se impunha, era o de desbravar as matas, as quais, por outro lado, têm sido
de muita valia aos colonizadores, possibilitando-lhes vantajosa indústria de
madeira. O dorso do Itajaí-Mirim serviu, por muitos anos, como meio de
transporte da madeira.
Após o ciclo da madeira, o ciclo do ouro. De fato, no leito e nas margens
do rio achava-se subjacente não desprezível quantidade do precioso metal. Com
isso, a lavoura sofreu. Porto Franco (este seu primeiro nome) não progredia.
Regredia. Mas surge o ciclo do fumo. E o distrito de Botuverá se recupera. E
até se transforma. As estufas do fumo, por sinal bem construídas, emprestam uma
nota inconfundível às suas paisagens.
No entanto, sendo, por um lado, insignificante a extensão de terreno
cultivável e, por outro, numerosas as famílias, só tinha de dar-se o
inevitável: o movimento migratório. E vemos famílias em busca da cidade, ou em
demanda de novas terras em outros municípios, e até no sul ou norte do Estado
Paranaense, onde cultivam o café. Ao que se sabe, vão bem. Encontram-se lá
verdadeiras colônias catarinenses. O que concorre para que se mantenham na
tradição moral-religiosa herdada de seus maiores.
Pe. João Stolte scj
1º Vigário de Botuverá
"Botuverá foi desmembrada de Brusque e erigido em paróquia pelo
decreto diocesano de 31-7-1912. Foi seu 1º Vigário o Pe. João Stolte scj,
que aí permaneceu até agosto de 1920. Nos anos seguintes, não houve mais
vigário residente, ficando a paróquia aos cuidados dos Padres de Brusque. Aos
7 de dezembro de 1929, Botuverá teve novamente um vigário residente na pessoa
do Pe. Jorge Brand scj, que paroquiou até janeiro de 1934. Sucederam-no o Pe.
Pedro Storms scj, de 1934 a 1945;
Pe. Bernardo Köwner scj, de 1945 a 1950; Pe. Carlos Enderlin scj, atual
Vigário, que desde 1947 exercia o cargo de coadjutor da paróquia”. (Dados
fornecidos pelo atual vigário e redigidos em “A Arquidiocese de Florianópolis”,
p.37).
A paróquia abrange
atualmente as seguintes capelas: a de Águas Negras, a de Lageado, a de Ribeirão
do Ouro, a de Barra de Areias e a de Vargem Grande.
B O T U V E R Á: SEDE PAROQUIAL
SÃO JOSÉ
Os zelosos imigrantes italianos trataram, desde logo, de
construir sua igreja, em 1874, no local agora ocupado pelo cemitério. Era de
madeira. Já em 1885, um pouco para lá da ponte, à esquerda, surgiu nova igreja,
desta vez de material. Em 1898, Pe. Eising conseguiu licença de edificar a
linda igreja que aí está. Foi projetada por um construtor de Nova Trento.
O atual Vigário, Revmo. Pe. Carlos Enderlin scj, realizou
várias obras, como sejam: o "Salão Paroquial Dom Joaquim", o galpão
de festas e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes. A igreja está recebendo nova e
esmerada pintura.
Á G U A S N E G R
A S
NOSSA SENHORA DAS DORES
Era 1898, o Vigário Pe Eising requer provisão para
construir uma nova capela. Em 1902, já estava terminada. Passou por duas
etapas: na 1ª, trabalhou um pedreiro de Guabiruba; na 2ª, um pedreiro de Nova
Trento. Nela celebrou a 1ª missa o acima mencionado Vigário. É de notar-se que
a primeira igrejinha já existia em 1880.
R I B E I R Ã O D O O U R O
SÃO JOÃO
BATISTA
O belo templo que aqui se nos depara foi iniciado em 1924, e bento a
10 de maio de 1931. Foi seu construtor o Sr. José Fachini. Em fins de 1953,
renovaram-lhe a cobertura e deram-lhe nova decoração, executada com esmêro
pelo pintor alemão: Francisco Faitener, residente em Nova Trento. Mas a lª
capela foi construída no 1º decênio deste século, por iniciativa dos Srs.
Tedoro Werner e Andrea Colsani. Merece destacado que o Sr. Francisco Augusto
Werner foi fabriqueiro de 1918 até 1942. Atualmente, o é seu filho Agostinho
Werner.
Quanto aos primeiros moradores, informaram-nos haverem sido os Bambinetti,
Berrassa, Colombo, etc.
A atividade econômica ramifica-se, principalmente, no cultivo do tabaco e
na indústria da cal, sendo aquele bem recente e esta bem mais anterior, ou
seja, desde 1900, mas atualmente muito impulsionada pela "Companhia
Catarinense de Cimento Portland", que aí construiu a grande fábrica de
“Cal Hidratada Rio do Ouro”, em volta da qual já existe notável número de
residências operárias, e em boas condições.
CAPÍTULO VII
SEDE PAROQUIAL E CAPELAS DE VIDAL RAMOS
VISTA GERAL
O mui abnegado e dinâmico Pe. Augusto Schwirling não perdia de vista o
bem-estar dos colonos alemães ou teuto-brasileiros a ele confiados.
Principalmente, em S. Bonifácio e Teresópolis, onde era Vigário. Prevendo a
rápida divisão das terras, proveniente da numerosidade das famílias, fazia-se
acompanhar de alguns homens, embrenhava-se nas matas à procura de novas terras
para o seu povo. Foi assim que surgiram, p.ex., Ituporanga e Vargedo.
Foi assim também que teve inicio a colonização de Vidal Ramos. E na sua 1ª
incursão à procura das cabeceiras do Itajaí-Mirim, alcançaram, por engano, as
cabeceiras do Rio Alto-Braço, do Município de Nova Trento. Só alguns
anos mais tarde, é que o encontraram, por volta de 1920. Os primeiros
colonizadores foram: Henrique Blömer, Pedro Weber, Nicolau Petri, Francisco J.
Weber, João Back, João Boeing, vindos de São Bonifácio e de Vargem do Cedro (Capivari).
No decorrer dos anos, vieram novas levas de colonos de Angelina, de São Pedro
de Alcântara, de Vargedo, etc. Anualmente, Pe. Augusto vinha de S. Bonifácio, a
cavalo, afim de prestar assistência religiosa aos novos colonizadores. As
viagens eram feitas a pé ou a cavalo, atravessando serras e rios perigosos, por
matas bravias, onde ainda imperavam o índio e as feras. Pe. Augusto encontra-se
no asilo de Azambuja (Brusque).
Vidal Ramos, desde cedo, teve sua escola, onde também se faziam as
rezas, dirigidas pela Sra. Celestina Goedert Kreuch. E como o nome do marido
fosse Sebastião, nada admira o fato de S. Sebastião haver sido escolhido como
padroeiro do lugar.
Em 1934, foi construída a atual igreja, sendo orientadores das obras
os Srs. Francisco Goedert e João Boeing, e construtor um Sr. de Nova Trento.
Logo providenciaram de também terem um prédio residencial para os padres
visitantes, vindos de Porto Franco. Mas em 1951, passou à categoria de casa
paroquial, pois Vidal Ramos, pelo Decreto episcopal de janeiro de 1951, foi
erigido em sede paroquial, sendo assim desmembrado de Botuverá.
Pe. Bernardo Köwner scj
1º Vigário de Vidal Ramos
Foi seu lº Vigário, o Pe Bernardo Köwner scj, e seu primeiro sucessor, o
Pe. Otto Strobel scj, desde 1954 até o presente.
As capelas são: Na. Sa.
das Dores, de Molungú, 1949; S.Paulo, de Invernada, 1949; S. José, de
Campestre, 1947; Sr. Bom Jesus, de Rio das Pacas, 1945; Sagrado Coração de
Jesus, de Salseiro, 1938; Santo Antônio, de Blink, 1935; S. José, de Boa
Esperança, 1932; S. Joaquim, de Itaquá, 1933; Santo Antônio, de Cinema, 1932;
S. Pedro, de Teimann, 1947; N. Sra. Aparecida, de Garrafão , 1949.
VIDAL RAMOS (1934) - IGREJA MATRIZ
SÃO SEBASTIÃO
Salão paroquial “Nossa Senhora de Fátima”, de Vidal
Ramos.
No alto, o grupo
escolar.
S A L S E I R O
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
A própria escola do
lugar fazia as vezes de capela, a partir de 1925. Mas desde 1936, existe a
igreja que aqui vemos, feita por um construtor de Nova Trento, tendo seus
trabalhos orientados pelos senhores Henrique e Bernardo Boeing.
B O A E S P E R A N Ç A
SÃO JOSÉ
Boa Esperança, inicialmente Gaspar, ao depois, Naufrágio - teve seu começo
de povoamento em 22 de julho de 1930, com a vinda dos Srs. Antônio Jönk e
Carlos Celeste. Imediatamente após, chegaram novas famílias, como: Geraldo
Back, Nicolau Gorges, Matias Rech, Moisés José Burrich, Henrique Enning, etc.
Já na quaresma de 1931, Pe. Pedro Storms scj rezava a 1ª missa na
residência do Sr. Antônio Jönk, na qual se realizou o culto religioso por
espaço de 6 anos. A seguir, ou seja, em 1937, construíram a 1ª e pequena capela
de madeira, que também servia de escola – e onde, em 1944, o neo-sacerdote Pe.
Mauro Jungklaus scj cantou sua 1ª missa solene, pregando ao evangelho o Revmo.
Pe. Henrique Baumeister scj. Estiveram presentes os fratres Adelino Effting e
Eloy Dorvalino Koch.
Mas o povo dessa
promissora localidade, coordenando todas as suas forças sob orientação do Pe.
Bernardo Köwner scj e do Sr. Monoel Coelho, ergueram esta digna casa de Deus,
inaugurada em 1952.
SÃO
JOAQUIM
“Vila d’Alva”, eis o primeiro nome desta localidade. Depois passou a “Nilo
Peçanha”. Atualmente, denomina-se “Itaquá”, sede distrital desde o dia 17 de
agosto de 1935. Os primeiros moradores, a partir de 1931, foram: João Ribeiro
de Lima, Eduardo Hülse, Estanislau Makowsky.
A 1ª missa foi rezada pelo Pe. Henrique Baumeister scj, na residência do
Sr. Edelberto de Oliveira, em 13 de novembro de 1935. Em agosto do ano
seguinte, realizou-se uma festa em honra a S. Vicente, então na cogitação do
povo como padroeiro. Mas acabaram optando por S. Joaquim. Em 1937, terminava a
construção da lª capela, de madeira.
A atual Igreja, iniciada em 1949, foi benta aos 16 de agosto de 1952.
R I B E I R Ã O D O
C I N E M A
SANTO ANTÔNIO
Primeiros
moradores: Carlos Füster e Berto Füster (de pais alemães); Ângelo Barni e
Francisco Stolfi (de pais italianos).
A 1ª
capela, construída em 1930, foi obra de um multirão de quatro pequenas
comunidades: Chapadão do Tigre, Fartura, Cinema e Areia Alta.
As mesmas
comunidades também construíram a capela da foto.
(dados
colhidos pela Sra. Maria da Glória Ogliari)
PÁGINA
DE GRATIDÃO
É ela imprescindível. Muito
tenho perguntado e pedido. E sempre fui gentilmente atendido. Por conseguinte,
não posso menos de consignar, também de modo oficial, o mais sincero
agradecimento a quantos prestaram alguma colaboração. O que faço pela "S A
B" e por mim mesmo.
Quero, além disso, agradecer,
de maneira especial, ao Revmo. Pe. Luiz Gonzaga Steiner scj, por me haver posto
à disposição o arquivo paroquial; à Sra. Dna. Cristina Deeke Barreto, pela
gentileza com que nos atendeu no Arquivo Municipal de Blumenau; ao
"Fotógrafo do Centenário", Sr. Waldemar Scharf, pela inestimável
contribuição prestada no referente ao documentário fotográfico; aos Srs. Oscar
Maluche, Zeno Belli e Ervino Belli, que, em conduções de sua propriedade, nos
levaram, ao fotógrafo e a mim, pelo interior brusquense, em busca de
fotografias e dados das capelas; ao Pe. José Dohmen scj, da Província Alemã,
pelos preciosos dados acerca de Pe. Gattone; ao Pe. Evaldo Feldhaus scj, pelas
fotografias de Vidal Ramos; aos srs. Alexandre Merico, Fortunato Melato, pelas
informações históricas das capelas do Cedro Baixo e Barracão; à Sra. Dna.
Maria (Mimi) Schaefer, pela doação da fotografia de Pe. Gattone, a única
existente; ao Sr. Luiz Schwarz e à Srta. Beatriz Kormann, pelos números do
Jornal "Der Kompass"; à Sra. Dna. Catarina Isabel Kormann, pelas
fotografias dos Padres Ganarini, Fritzen e Eising; ao Sr. Euclides Visconti, a quem
coube, em grande parte, o trabalho dactilográfico; ao Sr.Antônio (Neco) Heil,
pela "A Gazeta Brusquense" e "Festschrift zum 50 Stiftungsfest
des Schützen-Vereins”; à Dna. Anna Erdthal Kohler, pelas informações a respeito
de Pe Gattone; ao Sr. Carlos Scharf, pelo certificado de batizado escrito pelo
Pe. Gattone.
A todos, mencionados ou não,
meus agradecimentos.
Brusque, 1 - 4 - 1956 Pe. Eloy
Dorvalino Koch scj.
ANEXO
A 2ª I
G R E J A - M A T R I Z D E B R U S Q U E
A
primeira igreja-matriz de Brusque, de alvenaria, com uma torre, e em estilo
gótico-, foi inaugurada em 1877, com a bênção litúrgica do seu primeiro pároco:
o Pe. Alberto Gattone. Igreja que, na época, era considerada “o mais belo
templo de Santa Catarina” (Álbum do Centenário”, p. 263).
1- Projetos
da Nova Igreja
Pe. Luiz Gonzaga Steiner scj foi nomeado pároco aos 13/03/1949. Pe.
Vicente Schmitz, seu antecessor, já dera um início de ampliação ao templo, de
cada lado da torre. Mas Pe. Luiz acabou preferindo a construção de uma igreja
nova, até porque já se respirava uma atmosfera de 1º centenário de Brusque.
O prestígio do arquiteto alemão, Simão Gramlich,
estava em alta com suas igrejas em estilo gótico: em Azambuja, Gaspar, Itajaí,
Rio do Sul, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e em outras cidades; e do agrado
da respectiva comunidade. O pároco, todo empolgação, logo encomendou, ao
referido arquiteto, um projeto para a “sua” igreja; que seria de duas torres. E
teria dois pisos: o inferior, seria uma cripta, destinada ás missas cotidianas;
o piso superior ficaria reservado para as missas dominicais e festividades
maiores.
Assim que o Pároco recebeu o projeto, colocou-o, cheio de otimismo, em
exposição na secretaria paroquial. Mas os Superiores de sua Congregação não
confiavam na sua capacidade administrativa, alertando, pois, o Sr. Arcebispo no
sentido de lhe exigir uma Comissão Construtora.
Obediente, o Pároco nomeou uma Comissão, assim constituída: Dr. Guilherme
Renaux (Presidente), Sr. Otto Schaefer (Vice Presidente), Sr. Érico Contesini
(Tesoureiro), Dr. Ivan Walendowski (Engenheiro), Dr. Carlos Moritz, Aderbal
Schaefer e Oscar Gustavo Krieger (Secretário). Comissão que foi aprovada pelo
Sr. Arcebispo.
A 1ª reunião (1952) teve lugar no tradicional Salão São José, e com
alguma afluência de paroquianos. No palco, tomaram seus lugares os membros da
Comissão, e também o Pároco. Ao lado, destacava-se o referido Projeto -
Gramlich.
Em poucas palavras, embora educada e diplomaticamente, Dr. Guilherme
derrubou o Projeto – Gramlich, e levou a Comissão a optar por um novo projeto,
desta vez a cargo do alemão Gottfried Böhm, o arquiteto da nova igreja de
Blumenau.
Ao Pe. Luiz G. Steiner, apenas restou-lhe dizer “sim”, e empalidecer de
frustração e humilhação.
2 – A falta
de Acabamento
Houve grande empenho da parte dos párocos, e
generosos sacrifícios da população brusquense, para erguer tão colossal
monumento de Fé. Mas falta-lhe ainda, ao templo, a concreção de alguns
elementos previstos no projeto original:
a) As estátuas de madeira dos quatro evangelistas, em tamanho
natural, e que podem ser pintadas com as cores vigorosas (não berrantes) do
“bordô” e do “azul”, e cujos suportes já se acham embutidos nas paredes
laterais;
b) As 14 estações da via-sacra, a serem esculpidas em madeira, e instaladas
em nichos, abertos aos pares em ambos os paredões do campanário.
3 – Problemas
Artístico – Pastorais
O problema está em pintar ou não pintar o interior do templo. Do material
empregado na construção da igreja, destaco a pedra e o concreto armado.
A pedra, arrancada de natural pedreira, é material nobre. A
merecer, pois, respeitada em sua original pureza. Já com o concreto armado
não se dá o mesmo. Pois é um compacto bruto e artificial de construção. Não
tendo nada que ver com material nobre.
Ora, a mesma realidade ocorreu, anteriormente, na construção da igreja de
Blumenau. Seu pároco, o arrojado e inteligente Frei Braz Reuter, não teve
dúvidas: tudo quanto fosse de concreto armado (colunas, arcadas e detalhes),
ele o mandou pintar com tinta clara (não branca); só deixando ao natural as
pedras, que compõem as paredes. De sorte que o próprio arquiteto acabou
aprovando a iniciativa do Sr. Pároco.
Com o apoio de Frei Braz e do exímio arquiteto Böhm, creio estarmos
autorizados a aplicar as mesmas medidas ao acabamento da igreja – matriz de
Brusque. E com mais fortes razões, dado que as pedras da nossa igreja são
cinzentas, e nada artisticamente trabalhadas. Sua cor é inexpressiva, sem calor
para um ambiente de funções religiosas.
Quando o Sr. Arquiteto esteve em Brusque (1953) para examinar a
localização da nova igreja, ousei fazer-lhe a pergunta sobre se o projeto
estaria de acordo com os requisitos da Liturgia Católica. A resposta veio
direta e precisa: “Ich zeichne nur was ich glaube” (Só projeto o que eu creio).
Mais adiante, fiz-lhe a sugestão de importar pedras rosáceas de Blumenau
para a construção de nossa igreja. Não aceitou a proposta. Guiado por senso
litúrgico, dava preferência ao nosso material, para melhor traduzir, disse ele,
uma oferta da comunidade a Deus, mediante “dons naturais” da própria região.
E assim ficamos com as nossas inexpressivas pedras cinzentas. Por outro
lado, o arquiteto mostrou-se de pleno acordo com a feliz idéia das pinturas
acima indicadas. E até sugeriu algumas pinturas a mais. Segundo ele, e apesar
das pedras cinzentas, também poderia pintar-se a parede do presbitério; bem
como, na largura de um metro, a parte inferior das paredes centrais. Sendo que
esta faixa poderia ser ilustrada com o simbolismo da videira e do trigo -,
trabalho esse que seria efetuado com o auxílio de “sprey”, sob a orientação de
um técnico da Alemanha, gratuitamente por ele posto à disposição da Comunidade.
Quer-me parecer, no entanto, que esta última sugestão do arquiteto esteja
beirando o exagero, por desrespeito ao natural das pedras.
Conclusões
De pouco ou nada nos servem avaliações de curiosos turistas. Mais
interessados no exótico da arte, e sem perceberem os entraves
psicológico-pastorais. Mais voltados para a distribuição de gentilezas e
agrados à população.
Com longa e larga experiência de vida brusquense, sabe-se que bom número
de fiéis preferem freqüentar o santuário de Azambuja. A dizer-nos, por sua
preferência, que o templo deve primar pelo acolhimento, a começar pelos
atrativos de suas condições ambientais. A dizer-nos, outrossim, que teria sido
preferível o Projeto- Gramlich da igreja-matriz.
Até porque a cultura catarinense, já meio tropicalizada, pende mais para
o tom aprazível das cores alegres do que para o das cores austeras das regiões
nórdicas. Ao que tudo indica, também o Sr. Arquiteto vinha de aprender essa
lição tropical. Permita-me um gracejo: ele até apreciou uma feijoada que lhe
ofereci no Baln. de Comboriú...
Sem nada dramatizar com o proverbial “leite derramado”, creio valer a
pena aplicar estratégias adequadas de melhorar, psicológica e pastoralmente,
também o ambiente físico do nosso espaço eclesial.
No mês de maio de 1988, a Paróquia teve a última visita do arquiteto
Böhm, que vinha de Blumenau. Esteve conosco por vários dias. O pároco, Pe.
Nelson Tachini, deu-lhe todas as atenções. Do novo diálogo sobre o acabamento e
os melhoramentos do templo, foram incumbidos os padres Valberto Dirksen e
Dorvalino Eloy Koch. Acompanhou-os o engenheiro Orlando Schaefer, do Conselho
Pastoral. Tudo foi relatado ao Pároco Tachini.
De lá para cá tudo continua no imexível. Ignora-se o paradeiro do projeto
Böhm da igreja.
Da esquerda para a direita: Schaefer, Dirksen, Böhm
e Koch.
Nota –
Para fontes auxiliares, tive os meus artigos sobre a Igreja-Matriz publicados
no jornal
O Município,
de Brusque: em 07/05/1985, 09/05/1986 e 10/08/1987. Esta publicação não é feita
em oposição à atual reforma da Igreja - Matriz. Mas tão somente por ocasião
dela, dando ao povo a justa oportunidade de ver o problema em seu conjunto.
Gottfried
Böhm - Arquiteto
Digitadora: Karina Santos
Vieira
Gráfica Mercúrio – Brusque – SC
Arquivo
Provincial Padre Lux - APPAL
Versão para a Internet: Ricardo Becker Maçaneiro
A 2ª
Igreja-Matriz de Brusque
1960
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