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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Sermão da Missa de Fromatura da 1ª turma em História (Unifebe)

Brusque, 05/12/2003



Prezados Irmãos e Irmãs,
Muito prezados Formandos:


Constitui, para mim, por sem dúvida, uma grande honra,
ter sido convidado pela 1ª turma de História da Unifebe,
para celebrar esta missa em ação de graças pela feliz conclusão do curso universitário.



1-  N o ç õ e s   G e r a i s

Prezados Formandos. Aqui não me encontro para ensinar-lhes historiografia. Contudo, a bem da fundamentação da minha pregação, necessito de recordar-lhes que ao historiador de verdade cabe apurar a verdade dos acontecimentos do passado.
Cuja apuração objetiva e absoluta não é possível (Hans Georq Gadamer), porque o mundo histórico é estranho ao mundo atual do historiador. De sorte que as suas análises, conquanto inconscientemente, implicam conceitos e valores que podem embaçar a visão objetiva.
De muita sensatez me parece o historiador Johanes Hirschberger. Pois também ele concluí pela impossibilidade da objetividade absoluta em História. Mas nos garante que vale a pena uma vontade firmemente assestada no rumo do ideal da objetividade máxima. Já os antigos diziam: in magnis voluisse sat est (= nas grandes causas, basta o querer). Creio que se possa expressar esse pensamento como objetividade possível.
Condenável, porém, seria o historiador, ante a impossível objetividade absoluta, optar por uma absoluta subjetividade, bandeanda-se para o arbitrário de vãs ideologias e / ou para popularescas vinganças.


2 – U m   P e d i d o   G e r a l

Neste feliz momento de Ação de Graças a Deus, dirijo-me a vocês no sentido de um pedido geral. Em história, procurem sempre a referida objetividade possível. Também ao tratar-se da História Religiosa em Santa Catarina e no Brasil.
Vlademir Putin, o atual presidente da Rússia, mas procedente da extinta Polícia Soviética (KGB) -, é todo empenho na aproximação das Igrejas Católica e Ortodoxa, em preparação a possível visita do Papa João Paulo II a seu País. Alegando que o Cristianismo está na Base da Cultura e da Identidade Européia (Estado, 06/11/03).
Ora, o mesmo se constata nas Américas. Ainda seminarista menor (1937), cheguei a ler um livro especialmente interessante. Mas dele só trago na lembrança o nome do autor (Osvaldo Paranhos) e uma frase, mais ou menos assim formulada: Não se pode escrever uma página da história do Brasil, sem deparar-se com a presença da Religião Católica.
É por isso que concordo com o filósofo francês Jacques Maritain, que chegou a urgir, junto ao historiador ocidental, a aquisição de bons conhecimentos de teologia cristã, para melhor entender e interpretar o nosso passado.
Realmente, não basta fazer da História mera acumulação de fatos, embora bem documentados e ordenados. Porque a História é qual corrente: cujos elos se vão alternando por elos - idéias e por elos - fatos. Aqueles produzindo estes; e estes provocando aqueles. Os fatos sem a interpretação semelham corpos sem alma...

3 – O  P e d i d o   E x p l i c i t a d o

No seu mister de historiadores, procurem fazer uso justificado da objetividade possível, também quando escreverem, por exemplo, sobre a História da Igreja em Santa Catarina. Digamos, a partir de 1829, ano da 1ª imigração européia para o nosso Estado.
Também nessa história dos imigrantes europeus, o historiador não pode limitar-se a lhes apontar, ou até exagerar-lhes as falhas e erros e conflitos étnicos. Há que registrar, com igual justiça, os feitos gloriosos e decisivos de progresso por eles aqui realizados. Assim pelo clero religioso e diocesano e pelas religiosas, bem como pelos pastores luteranos.
a) Em primeiro lugar, reconhecendo neles um esforço missionário abnegado no sentido de uma pastoral de evangelização renovada em benefício do nosso povo católico, luterano, e lusitano também.
Insistir, por exemplo, em “Catolicismo ultra-montano, europeizado e romanizado” (Serpa, p.12), é servir-se de termos de conotação pejorativa.
Ocorre, inclusive, uma imprecisão histórica: porque a tal da “romanização” não começou em 1889, mas em 1500... Aliás, assim como a “civilização” catarinense não poderia permanecer no “carro de boi”, também a religião cristã não poderia limitar-se a crendices, promessas e benzeduras.
b) Em segundo lugar, que os novos historiadores procurem, em suas obras, abordar as mais de 600 escolas particulares de 1º grau, fundados pelos referidos missionários; a seguir, vieram as de 2º grau; e, finalmente, cursos de 3º grau, conhecidos como “Fundações Educacionais”. Dentre estas, uma dezena culminou em “Fundação Universitária”. Um bom tema para dissertação acadêmica seria este: “O Colégio Catarinense e o Colégio Sagrado Coração de Jesus na cultura de Florianópolis”.

C o n c l u s ã o


Numa palavra, temos aí a corajosa iniciativa e colaboração levadas a efeito pelos valorosos missionários europeus em termos de renovação pastoral cristã e de renovação cultural – escolar em prol da “Ordem e Progresso” na Santa e Bela Catarina.



Digitadora: Karina Santos Vieira


Pe. Dorvalino Eloy Koch, scj



Formandos: 1ª fila: Edinéia Pereira da Silva, Vanessa Celis Ruberti, Carina Gottardi, Geisa Carla Gripa, Heloisa Edinéia Trainotti, Maria Aparecida D. Resner, Tatiana Ventura, 2ª fila: Jerusa Alice Xavier, Carina A. Benvenutti, Meire Anne Hoeppers Ruiz, Regiane Pedrini, Adriana Rosa, Marina da Silva, Renata L. Montagnoli, 3ª fila: Raulino Paulo Reitz, Paulinho José Betinelli, Simoni Terezinha Back, Mônica Comandolli, Rainilda Lunardelli Zucco, Karina Santos Vieira, Micheli Sardo, Luiz Wilmar Kmetzki, 4ª fila: Otimar Marchi, Rafael Aparecido Viana, Fabiano Decker, Orlando da Silva, Thiago Alessandro Spiess,Vilmar Becker, Pe. DorvalinoEloy Koch, scj, pregador.

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