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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Padre João Stolte: Pioneiro Dehoniano em Brusque (Livro/E-Book)

PIONEIRO DEHONIANO


EM BRUSQUE



P  E.   J   O   à O    S  T  O  L  T  E

 
C e n t e n á r i o



05 - 08 - 1904


Igreja Antiga de Brusque. Foto de 1904
Autor: Dorvalino Eloy Koch, scj

Digitadora: Karina Santos Vieira
Apoio: Sr. Érico Contesini
            Pe. Sérgio Marcos Henkemeier, scj
            Profº. Valberto Dirksen 


PREFÁCIO
Li com muito interesse e atenção a biografia do P. João Stolte,scj, escrita pelo P. Eloy Dorvalino Koch.
Em primeiro lugar, agradeço a  feliz iniciativa de nosso confrade  de fazer memória de um dos grandes pioneiros alemães, no Sul do Brasil:P. João Stolte. O primeiro dehoniano a trabalhar em nossa paróquia  São Luiz Gonzaga, de Brusque, em 1904.
Escrevi na apresentação do livro do RP. Francisco José Schmitt,scj, Dehonianos no Sul do Brasil – 100 anos de presença e missão, que é obrigação nossa  preservar e resgatar a memória daqueles que nos precederam e construíram, em seu tempo, a nossa história. Pois, sem passado, não se vive o presente nem se tem perspectiva para o futuro.
Esse esforço de lançar luzes na galeria de nossos confrades falecidos e trazer a lume o valor de suas presenças em nossa história não é saudosismo doentio e inútil, mas trabalho benéfico e estimulante para as presentes gerações.
João Paulo II lembra-nos a grande importância de se fazer memória de religiosos e religiosas, sacerdotes e leigos (as) que se destacaram pela fidelidade ao Evangelho e no seguimento de Cristo. São modelos de vida cristã e religiosa. Proclamam que o Evangelho pode ser vivido, em qualquer estado de vida. Essa é uma das razões pelas quais, ao longo de seu pontificado beatificou e canonizou tantos homens e mulheres das mais diferentes classes sociais e estados de vida. 
A Conferência dos Religiosos do Brasil celebrou, neste ano, seu jubileu de ouro de fundação (1954-2004). Entre as iniciativas tomadas pela CRB Regional de Curitiba para celebrar esse evento foi a de escrever breve biografia de religiosos e religiosas que, nas mais diversas regiões do Estado paranaense, se distinguiram pelo seu amor ao povo, pela dedicação aos pobres e sofredores, pela sua fidelidade evangélica. As congregações religiosas, femininas e masculinas, se apressaram em realizar essa pesquisa e daí nasceu um belo buquê de biografias de consagrados (as). No dia 9 de julho p.p., esse volume foi solenemente levado ao altar da Basílica Mariana de Aparecida do Norte, na  missa conclusiva das celebrações jubilares. Foi um gesto muito significativo e mostra que, no momento presente, está havendo, de fato, um esforço, ao menos entre os (as) religiosos (as), de revisitar o passado e colher ali as lições de que precisamos no momento presente, em vista do futuro de nossas instituições.
Espero que não fiquemos só na lembrança do P.Stolte. Há outros nomes que deverão ser resgatados e lembrados para a presente geração. Lembro: P. Guilherme Thoneick,  P. Pedro Storms, P. Mauro Jungklaus, P. Conrado Rech, Ir.Luiz Cronenbroeck, P. Adelino Effting, P. Arno Afonso Maria de Miranda, P. Francisco Schlosser, P. Tomás Gasser  e tantos outros...
Que o trabalho de P. Eloy D. Koch seja continuado por ele ou mesmo por outros historiadores de nossa província! Aprofundando e ampliando o que P. José Francisco Schmitt escreveu em sua obra, acima lembrada.

  Curitiba, 15 de julho de 2004.

P. Osnildo Carlos Klann, scj
                                       Superior Provincial.



APRESENTAÇÃO

O primeiro Vigário SCJ de Brusque foi Pe. Gabriel Lux, nomeado pelo Bispo de Curitiba, aos 04/10/1904.
Mas anterior ao Pe. Lux, Pe. João Stolte fora Coadjutor do Vigário Pe. Antônio Eising, desde 05/08/1904. Também Vigário, aos 21/08/1905. E mais. Apoiado pelo Pe. Henrique Meller, seu companheiro de viagem para o Brasil, foi o Pe. Stolte quem liderou o movimento pela mudança de rumo pastoral em direção às colônias européias, alegando ter sido êste o objetivo primeiro da missão.
De sorte que, se Pe. Gabriel Lux foi o primeiro Vigário SCJ e o egrégio dinamizador do abençoado complexo pastoral de Azambuja -, seus confrades, a começar pelo Pe. Stolte, foram os heróicos pioneiros da Pastoral: assim na cidade como nos longes vales do Itajaí – Mirim, visitando 14 capelas.
Assim sendo, e sem desmerecer a ingente obra do Pe. Lux, impõe-se reconhecer o pioneirismo e zelo e lutas e méritos pastorais do Pe. João Stolte em Brusque. Ademais, quer-me parecer que o histórico, também neste caso, sobreleva o jurídico.
Observação: Empregarei sempre o termo VIGÁRIO, em lugar de Pároco; e o termo COADJUTOR, em lugar de Vigário Paroquial.



TRAJETÓRIA DE VIDA

Na Europa.
Pe. João Stolte nasceu aos 27 de dezembro de 1876, na Alemanha, em Minden, da Diocese de Osnabrück. Seus pais: Heinrich Stolte e Theresia Ertner.
Em Abril de 1889, ingressou no Seminário Menor de Clairefontaine (Luxemburgo). O Noviciado e a 1ª Profissão Religiosa, ele os fez no Seminário de Sittard (Holanda). Emitiu os Votos Perpétuos aos 28/03/1902, na Casa Dehoniana de Roma. Cursou Filosofia em Luxemburgo, e Teologia, em Lille (França). 
Foi ordenado Subdiácono na Igreja Lateranense de Roma, em 1902. As Ordens Diaconal (abril 1903) e Sacerdotal (01/08/1903) foram-lhe conferidas por Dom José Kopper, em Luxemburgo.

Em Viagem
Aos 27 anos de idade, apenas ordenado, o neo-sacerdote já tinha viagem marcada para o fim de novembro, rumo ao Brasil. Acompanharam-no dois confrades: Pe. Henrique Meller e Irmão Küpper (Reich, 1903, p.384).
Ao descrever a viagem marítima com o “Paranaguá”, teve, escreveu ele, a decepção... de uma viagem “demasiado tranqüila: sem uma tempestade sequer”...
Pela manhã, bem cedo, rezavam a santa missa, quase diária, no refeitório. Mas sem nenhuma assistência. Na altura das Ilhas Canárias, ocorreu o dia do Natal, “o mais triste de minha vida”. Havia, sim, um pinheirinho bem enfeitado. Mas sem música e sem nenhuma saudação natalina.
Durante os 16 dias seguintes, tudo eram céu e água. Restava a distração do cruzar de algum navio e o monótono espetáculo de andorinhas, de golfinhos e de peixes voadores. Sem esquecer, no entanto, “o ridículo e grotesco Batismo do Equador” - a que eles apenas assistiram. Em alemão: “lächerlich-rohes Treiben”. (Reich, 1903, p.156).
Às 17 horas do dia 09 de janeiro: Paranaguá à vista! Assim que aportaram, o Capitão do navio, embora protestante, acedeu ao pedido dos dehonianos de eles e três Irmãos Jesuítas, e acompanhados do 1º maquinista do navio, fazerem uma excursão de barco a uma ilha. Após meia hora, lá chegaram. E “rapidinho, tiraram sapatos e meias, e arrastaram o barco à terra”. Vale notar o entusiasmo que sentiram ao 1º contato com a terra missionária: De pés descalços, pisávamos, pela primeira vez, o solo brasileiro! (Reich, 1904, p.156).  À volta, trouxeram conchas e flores.
No dia 11 de janeiro, viajaram até São Francisco, onde chegaram às 15 horas. Aguardava-os Pe. Gabriel Lux, o Superior da Missão (Reich, 1904, p.154-156).

Em Florianópolis
Somente no dia 20 de janeiro, puderam prosseguir viagem até Desterro (Reich, 1904, p.154-156). Pe. Lux e Pe. Foxius deram-lhes as melhores boas-vindas, e ficaram muito felizes com a comunidade acrescida pelos três religiosos. De inicio, ajudavam todos na Escola Paroquial do Pe. Francisco Topp.


Pe. Meller, Profº. Leigo, Pe. Lux, Pe. Stolte (no alto), Pe. Foxius, Ir. Küvver
Escola Paroquial de Florianópolis. Foto de 1904


Além da Igreja Paroquial e da Igreja de São Francisco, havia, na Ilha, 5 distantes capelas. Pe. João logo se empenhou no aprendizado da língua portuguesa, e visitava capelas. Na sua 1ª viagem à Capela na Lagoa da Conceição, ele caiu da mula. É que, chegado ao alto da ladeira, fez uma parada para melhor apreciar a pitoresca paisagem. Mas a mula teimou e arrancou, acabando por tropeçar num buraco. Por sorte, o cavaleiro não se machucou (Reich, 1904, p.188).

Em Brusque
Numa longa entrevista de 1953, na Casa Paroquial de São Judas Tadeu (Jabaquara – SP), Pe. Stolte relatou-me a divergência havida em Florianópolis com seu Superior, Pe. G. Lux, quanto à missão dehoniana no Brasil Meridional. Não tinham vindo, argumentava, “para atividades pastorais e escolares na Capital. Mas para dar assistência religiosa e cultural aos abandonados e pobres colonos europeus do interior, tais como alemães, italianos e poloneses”. Além do mais, concluiu, “não temos condições: nem humanas e nem materiais para desenvolver e manter uma escola ginasial”.
Foi assim que se deu a mudança de rumo. E Brusque foi o 1º alvo escolhido. Era seu pároco, o Pe. Antônio Eising, do clero diocesano.
A viagem do Pe. Stolte a Brusque transcorreu assim. Já tinha sido convidado para a pregação na Festa do “Senhor Bom Jesus”, na Igreja de São Francisco, em Florianópolis. Mas antes da Festa, Pe. Gabriel Lux o transferira para Brusque. E a 1º de agosto de 1904, já informava o Superior Provincial da Alemanha com estas breves palavras: Pe. Stolte acaba de embarcar para a grande Colônia Brusque, onde será Coadjutor do Pe. Antônio Eising (Reich, 1904, p.310).
Pe. Stolte deu-me ainda uns detalhes dessa viagem pioneira. Com o navio costeiro “Max”, embarcou para Itajaí. No dia 05, à tarde, viajou para Brusque, de trole, e pernoitou na Casa Paroquial. Pela manhã do dia 06 de agosto, justo na referida Festa do Senhor Bom Jesus, o trole o levou à capela de Azambuja, onde celebrou a sua 1ª santa missa de Coadjutor Brusquense.

Pe. Stolte. Coadjutor. Foto de 1904

Durante os primeiros dois meses, auxiliou o Pároco Atônio Eising. A partir de 4 de outubro de 1904, foi nomeado Pároco o Pe. Gabriel Lux, e Pe. Stolte continuava Coadjutor. Nessa altura, Pe. Antônio Eising já deixara a Paróquia para ingressar na Ordem Franciscana, em Blumenau (OFM). Aos 21/08/1905, Pe. Stolte foi nomeado Vigário, recebendo a respectiva Provisão a 01/09/1905. Era seu Coadjutor o Pe. Henrique Meller scj.
Aos 12/10/1906, Pe. Lux, Superior da Missão, recepcionou, no Rio de Janeiro, ao Pe. Léon Dehon, Fundador e Superior Geral da Congregação SCJ. Além disso, Pe. Lux acompanhou o mui Ilustre Visitante numa longa e variada viagem para o Sul. De trem, do Rio de Janeiro até o Porto de Santos; daqui até o Porto de São Francisco – SC, de navio; a Paraty e Joinville, de canoa; a São Bento do Sul e a Blumenau, de trole; a Itajaí, de barco; e, às quatro horas da madrugada do dia 10/11/1906, de trole, até a Casa Paroquial de Brusque, pelo Padre Dehon batizada de “Notre Maison” (nossa Casa), e na qual, já no dia 13/11, convocou “uma grande reunião” dos padres dehonianos. Compareceram sete sacerdotes.
No dia seguinte à reunião (14/11/1906), alguns fizeram, a cavalo, uma peregrinação a Nossa Senhora do Caravaggio, em Azambuja:
Peregrinação Brusque – Azambuja, 1906.Da esquerda para a direita
os padres:Lux, Stolte, Lindgens, Dehon. 



Em São Bento do Sul

Aos 12/02/1905, Pe. Gabriel Lux foi nomeado para “Administrador da Paróquia, mas com todos os direitos de Vigário” (Tombo, fl.14). Na mesma data, Pe. Henrique Meller scj foi nomeado para Coadjutor. Na verdade, porém, incumbia-lhe todo o trabalho paroquial. Mas aos 02/01/1906, foi promovido a Vigário.

Antiga Igreja – Matriz e Casa Paroquial de São Bento do Sul

Sucessor do Pe. H. Meller, Pe. João Stolte teve a sua Provisão de Vigário aos 24/12/1906. Dirigiu a Paróquia até 09/02/1909. E com muito sucesso. Foi seu sucessor, o Pe. Antônio Wollmeiner, scj.



Em Porto Franco

Após São Bento do Sul, Pe. Stolte voltou a Brusque com o cargo de “Coadjutor”, mas com residência em Porto Franco, que, numa canetada, virou “Botuverá”.
A Paróquia de São José do Porto Franco foi criada por Decreto de Dom João Becker, 1º Bispo de Florianópolis. Trata-se de uma nova Paróquia, oficialmente desmembrada de Brusque, aos 26/12/1912, e confiada ao seu 1º Vigário: Pe. João Stolte scj, que permaneceu firme no posto até 26/12/1919.

Vigário Pe. Stolte. Foto de 1913

Antiga  Igreja - Matriz de Botuverá

Depois da saída do Pe. Stolte, a Paróquia foi reduzida a “Curato”, pastoralmente visitada pelos padres de Brusque.
O povo aguardou “por quase longos nove anos um Vigário residencial” -, escreveu o Bispo no Livro de Tombo de Porto Franco, aos 04/10/1939. Aos dez de dezembro do mesmo ano, veio, finalmente, a nomeação de um novo Vigário, na pessoa do Pe. Jorge Brand, scj. (Livro de Tombo).



Em Tubarão

Para a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, Pe. Stolte foi nomeado Coadjutor aos 11/12/1922. Também teve a Provisão de “confessor ordinário” das Irmãs da Divina Providência. E tinha as faculdades “A” e as de missionário. Muito se dedicou às confissões e à pregação. Foi Coadjutor nessa Paróquia até 31/01/1926 (Livro de Tombo de Tubarão).


Na pessoa do Pe. Stolte (1923), os SCJ de Tubarão estenderam, a pedido, seu atendimento pastoral à Teuto-Comunidade de Forquilhinha (Sul do Estado), que inaugurara, em março de 1921, a sua Capela do S. Coração de Jesus. É que os fiéis preferiam, no altar e no confessionário, um padre de língua alemã.
Para tanto, obtiveram a autorização do Bispo e o beneplácito do Pároco de Nova Veneza: Côn. Miguel Giacca. O qual, anos mais tarde, negaria o seu “beneplácito” aos SCJ, desejosos de transferir para Forquilhinha, e em condições favoráveis, o seu Seminário Menor de Brusque (Arns, Frei Crisóstomo ofm, Mãe Helena – a Oma, p.359; e Koch, Dorvalino, Convento SCJ, p.79).



Em Jaraguá do Sul

Aos 28/02/1926, Pe. Stolte recebeu a Provisão de Vigário, e com faculdades de vigário missionário. Dois anos após, foi autorizado a construir a nova capela de Bananal (Guará-Mirim).


A Seguir, foi nomeado confessor ordinário das Irmãs da Divina Providência, que lecionavam no Colégio São Luiz. E, em 1930, Dom Pio de Freitas, 1º Bispo de Joinville, o escolheu para “Consultor Diocesano”.
Após uma vida de muito trabalho, os últimos sete anos em Jaraguá acabaram por minar-lhe a saúde. A ponto de pedir autorização de “ausentar-se da Paróquia pelo prazo de 5 a 6 meses”. No que foi atendido, a partir de 07/02/1933.
Dentro do prazo estipulado, voltou a Jaraguá do Sul na condição de “Coadjutor”, confessor extraordinário das Irmãs do Colégio São Luiz, e com faculdades “A”, até 1938.



Em Hansa Humboldt

Bastou um giro de caneta, e nasceu o belo nome indígena “Corupá”. Pe. J. Stolte, ao que tudo indica, quase acompanhou a transferência do Seminário Menor SCJ de Brusque para Hansa Huboldt, final de 1933. Mas continuava com a Provisão de “Coadjutor” de Jaraguá do Sul.
Pe. Geraldo Spettmann scj foi o 1º Diretor do referido Seminário: de 1932 a 35. Sucedeu-o o Pe. João Stolte, de 1935 a 38.

Seminário Menor de Corupá

Mesmo com a presença do novo Diretor (Pe. Honorato Piazera), Pe. Stolte permaneceu no Seminário como professor. Em 1940 foi nomeado Vigário de Hansa Humboldt (Corupá).



Em Brusque

Antigo Convento Sagrado Coração de Jesus


Em 1941, deu-se a sua nova transferência para Brusque. Mas desta vez para o Convento SCJ, como Confessor e Diretor Espiritual dos Noviços e dos Fratres, estes já estudantes da Faculdade de Filosofia SCJ. (Circular SCJ, 1941, p.4).



Em Jabaquara – São Paulo

De Brusque, Pe. Stolte foi transferido para a Paróquia de São Judas Tadeu. Lá se dedicou ao povo como confessor e pregador.



Em Joinville

Em 1954, e por motivo de saúde, Pe. Stolte preferiu voltar para Santa Catarina. Recolheu-se como Capelão no Hospital São José de Joinville. Na tarde de 8 de junho de 1956, Pe. João Stolte veio a falecer no seu leito, quando lia a revista clareteana “Ave Maria”, justo na Festa do Sagrado Coração de Jesus.




ENFOQUES PESSOAIS


1 – Personalidade

Opto por uma explicação bem simples, quase popular, desse termo. Dizendo que seria o caráter, ou o sinal distintivo e estável no sentir, no julgar e no agir de uma pessoa.
Assim, pode afirmar-se que Pe. João Stolte era possuído de forte espírito missionário, traduzido este por constantes e duros trabalhos pastorais, e animados por sua bondade e caridade; bem como, se necessário se fizesse, por atitudes de firmeza.
Segundo opiniões colhidas em Botuverá, o seu “comportamento enérgico e persistente inspirava respeito e medo”. Impressão que poderá ressentir-se de algum exagero, atribuível, em parte, a diferenças de psicologia étnica. Ademais, naquela época, a jovialidade sacerdotal não era bem aceita: nem pela Igreja, nem pelo povo católico. Até os pais eram diferentes para com os filhos: eram seus amigos, mas não seus amiguinhos.
Ao leitor talvez também possa interessar a presença física do Pe. Stolte: com altura e peso normais (1.79 x 78), barba crescida, de fisionomia e porte de certa nobreza.
Seria muito curioso observar nele gestos bruscos e passadas longas e apressadas. Ou sermões de agitados arroubos de oratória latina. Ou nele explodir exuberante gargalhada de carioca. Mas não lhe escasseavam sorrisos de amizade sincera. Tudo era comedido, em consonância com o seu temperamento e a sua vida marcada por interioridade.
No que respeita ao trato com as pessoas, Pe. Stolte insistia na Bondade. Quando Frei Silvestre Düsterhaus ofm terminou a sua longa Visita Diocesana em Tubarão (19/06/1925), agradeceu ele aos dois Padres da Paróquia “pelo ótimo acolhimento”. Mas referiu-se ao Pe. João Stolte como “o digno Coadjutor”, que o acompanhara pelas capelas (Livro de Tombo).
Em homilia dominical, proferida na capela do Seminário de Corupá, em 1937, Pe. Stolte contou-nos uma historieta para ilustrar o poder superior da Bondade. Em síntese, e aproximadamente, assim: O Sol e o Vento fizeram uma aposta de quem exerceria a maior influência dominadora sobre determinado viandante.
O Vento, sempre mais forte e gélido, obrigou o pobre homem a se agasalhar e se encolher a mais não poder, a ponto de mostrar-se extremamente infeliz.
Mas o Sol, com seus raios luminosos e suaves e aquecedores, foi desabotoando e afastando os agasalhos do sofrido caminheiro, acabando por devolver-lhe a alegria de viver...
Na mesma época, meu pai me visitou no Seminário de Corupá, e chegou a encontrar-se com o Pe. Stolte e outros Padres. Em 1941, os pais visitaram o filho, já no Noviciado em Brusque. Foi só eu anunciar ao Pe. Stolte a visita de meus pais, e ele fez questão de descer as longas escadarias para cumprimentá-los. E deu-se um diálogo bem animado e prazeroso entre o homem culto e o homem da colônia. Quando o Padre se havia retirado, meu pai me confidenciou: “Eu gosto dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, porque eles são amigos da gente simples, como nós”.
Em recente visita ao Arquivo SCJ (appal), Pe. Tadeu D. Teixeira scj apontou para a fotografia do Pe. João Stolte, agora na capa desta publicação, e disparou: Este era um gentelman! Certo. Mas o cavalheiro autêntico, além de gentil e bondoso, também prima pela firmeza. Vejamos, pois, alguns episódios que revelam, em Pe. Stolte, essas qualidades.
• Quanto à tradição protocolar, a Visita Pastoral de Dom João Becker, o 1º Bispo de Florianópolis, a São Bento do Sul, deixou a desejar. De modo que o Vigário Stolte se mostrou contrariado. E o Termo de Visita do Prelado, lançado no Livro de Tombo, foi extremamente lacônico: Vim, vi e parti. (6,7,8,9/2/1909).
• Numas anotações da “Escola Básica Pe. João Stolte”, de Botuverá, há pouco citadas-, consta que o comportamento do Padre era “enérgico e persistente”. E foi assim que ele se revelou, por exemplo, na aquisição de novos bancos para a igreja.
Há mais tempo vinha ele batendo nessa tecla. E nada. Apelou então para um estratagema especial. Na seguinte missa dominical, subiu ao púlpito e proclamou o evangelho. No final, o tradicional e calmo convite aos fiéis de tomarem assento, dizendo “sedetevi” – sentai-vos. Aconteceu, porém, que, na véspera, o Padre deixara a igreja sem os bancos. E foi assim que não tardou muito a vinda dos novos.
• Pe. J. Stolte, o novo Diretor do Seminário de Corupá, publicou e comentou, em alemão, os resultados finais do ano letivo de 1935. Tudo era solene. Nem faltou a Banda de Música do Seminário. Um aluno do 2º ano, João Schoffen, obtivera nota 10 em todas as disciplinas. E Pe. Stolte, todo sorridente, ordenou, em alemão, que a banda tocasse: “Da könnt Ihr Einen blasen”.
Mas quando chegou a vez do 1º ano, ao qual pertencia este autor, fechou o tempo. O Diretor comentou com seriedade: é a classe mais preguiçosa do Seminário – “die faulste Klasse”.
• Só mais um caso. Nos anos 40, Pe. José Poggel era o novo Superior Provincial. Um homem de profunda vida religiosa. Mas, ao que tudo indica, a sua condição de soldado alemão na 1ª Guerra Mundial imprimiu nele inextinguíveis marcas de disciplina militar. Embora se reunisse com o seu Conselho Provincial, o quase autocrata fazia prevalecer os seus planos: nem sempre sensatos ou de urgência prioritária. Pe. Roberto Bramsiepe até chegou a desistir de sua função de Conselheiro.
E Pe. Stolte daria ao Superior uma lição. Na sua visita oficial ao Convento de Brusque, Pe. Poggel também se dirigiu ao Pe. Stolte. Este abriu a porta do seu quarto, e gentilmente lhe ofereceu uma cadeira. Pe. Poggel começou a falar, a interrogar, e nada. Pe. Stolte o deixou falar sozinho... O jeito foi levantar-se e ir embora.
A lição me pareceu adequada para quem não sabia ouvir. E talvez um exemplo de “obediência responsável” -, como dizia Dom Antônio do Couto scj.


2 – Humildade Missionária

A noção de humildade nô-la oferece, por exemplo, R. Schnackenburg nesta conceituação: “É o reconhecimento de total dependência em face de Deus e a prontidão para o serviço não interesseiro diante de Deus e em favor dos homens” (Teol. Bíblica).
Numa palavra, talvez possa dizer-se que “humildade” é a realidade humana enquanto aceita pelo homem.
Ninguém melhor que São Paulo para nos dar a noção de humildade missionária. Esse divinal Missionário das Gentes assim viveu e assim falou: Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos (1 Cor 9,22).
“Fazer-se tudo para todos” foi o lema dos missionários de todos os tempos do Cristianismo. Também para os dehonianos no Brasil Meridional, onde estamos pondo em evidência Pe. João Stolte, que desembarcou neste País aos 21-01-1904.
Em cartas enviadas à Província Alemã, algumas em parceria com seu confrade e coadjutor, Pe. Henrique Meller -, foram registradas as suas primeiras impressões e atividades em Brusque.
A primeira carta do Pe. João Stolte, nesta Paróquia, foi escrita pelo dia 25 de agosto de 1904, e publicada, em parte, na revista Das Reich des Herzens Jesu, em fevereiro de 1905, às páginas 57 e 58. Dado o seu real significado histórico, resolvi traduzi-la para o português:
De há muito – escreveu padre Stolte – venho com a intenção de lhes escrever algumas linhas. Realmente, porém, não me foi possível. Se lhes disser que, nesses últimos dez dias, fiz onze pregações: 4 em alemão e 7 em brasileiro; atendi a mais de 350 confissões; dei doze aulas de catequese; e que andei uns 120 quilômetros a cavalo -, bem poderão compreender que, para escrever carta, não havia nem tempo nem vontade. No entanto, quanto mais vou adiando, tanto mais me acusa a consciência. Em razão disso, tomo agora a heróica decisão de escrever-lhes.
Brusque, meu atual campo de trabalho, é a melhor Paróquia de uma vasta região. Já faz 12 anos que nela atuam dois santos e enérgicos sacerdotes: o Pe. Eising, de Münster, e o Pe. Sundrup. Neste interior do Brasil, eles souberam desenvolver uma Paróquia como não seria fácil encontrar na Alemanha. [É interessante anotar os adjetivos “santo e enérgico”; bem como a humildade com que o autor enaltece o trabalho missionário dos seus antecessores].
A distância Brusque – Desterro é de dois dias a cavalo. Embora pobre [em termos europeus], Brusque é um lugar muito bonito. A cidade, como tal, é de maioria protestante. Mas as colônias são totalmente católicas.
São em número de 14, e geralmente muito distantes, as capelas pertencentes à Paróquia. Visitas a enfermos a 2 ou 3 horas de distância, não é nada de extraordinário. Nessas viagens a doentes, sempre a cavalo, o Padre usa sobrepeliz e estola. O guarda-chuva lhe serve de baldaquino. Adiante do Padre cavalga o acompanhante com lanterna e sineta.
A população é muito variada: são alemães, muitos italianos, poloneses, brasileiros, e até franceses e um velho inglês. Anteontem cheguei a falar cinco idiomas. Mas me dei conta de que meu francês vai muito mal. Porque cada segunda palavra era, certamente, ou brasileira ou italiana. Há muitas pessoas por aqui que, propriamente, não falam língua nenhuma. Usam apenas um linguajar dialetal: Bolapück.
No confessionário, é de todo necessário saber brasileiro, alemão e italiano. No púlpito, bastam o alemão e o brasileiro. Na igreja-matriz, a pregação dominical se faz, primeiro, em brasileiro; a seguir, ela é repetida em alemão. O que, para principiantes, sempre traz dificuldades.
Já visitei a maior parte das colônias, sendo que, em algumas, permaneci mais dias. Nessas visitas mais demoradas, a maioria das pessoas procura os santos sacramentos. É quando, na missa e na reza da noite, se faz pregação. Também se dá catequese, e duas vezes ao dia. Em suma, tem-se mais trabalho que tempo disponível. E quando ocorre um tempo de folga, vem algum chamado para enfermo...
Eis, portanto, a vida que vou levando desde meados de agosto. Aliás, tal como o havia imaginado. Sinto-me muitíssimo feliz, e o Bom Deus também me conserva a saúde.
Num pós-escrito à carta do Pe. Henrique Meller scj - em final de janeiro de 1905 – Pe. João Stolte, ainda Coadjutor, escreveu: 
Limito-me a acrescentar umas poucas palavras, porque foram penosas as últimas semanas que precedem a Festa Jubilar [25 anos da Congregação]. Assim, acabo de pregar pequenas missões em 8 capelas desta extensa colônia. Foi, até agora, o tempo mais maravilhoso da minha vida sacerdotal. A minha tarefa de visitador das capelas coloniais tornou-se perfeita. E cabe-me visitar mensalmente, todas as capelas: uma tarefa gratificante. Vou bem de saúde; tenho uma rigidez de couro. Também possuo o cavalo mais bonito e manso de toda a região, o qual, aos poucos, vai adquirindo boas maneiras clericais.
Tudo de bom para vocês. E queiram lembrar-se, em suas orações, de todos os meus protegidos, e de mim também. O amigo Pe. Stolte.(Das Reich, 1905, p.156).
Sua humildade missionária também se revela no fato de ter feito, uma única vez, e por motivo de saúde, uso do seu direito de, periodicamente, rever sua Pátria. (07/02/1933).


3 – Na Construção de Igrejas

Em meio a essas atividades, merecem lembradas, de modo especial, a participação do Pe. Stolte na construção de igrejas.


Igrejas Materiais

O seu zelo pela Casa de Deus já se revela em Porto Franco (Botuverá), ao alcançar, por seu engenho e arte, a substituição dos antigos bancos da Igreja – Matriz.
Em 1928, e a pedido seu, foi autorizado pelo Senhor Bispo para a construção de nova capela na localidade de Bananal, hoje, Guará-Mirim.
Vigário de Jaraguá do Sul, a sua atuação também se fez sentir “nos grandes empreendimentos da Paróquia, inclusive na ampliação da nossa Igreja-Matriz”. (Jornal Correio do Povo, 17/06/1956).
Mas a sua maior proeza em construção de igreja material evidenciou-se na Paróquia de São Bento do Sul. Ao tempo do Pe. José Ernser, Vigário do Rio Negro (PR), foi lançada a pedra fundamental em 1901. Mas ficou nisso, porque o Vigário fora transferido. Em março de 1905, Pe. Henrique Meller scj reativou a construção.
Mas foi a partir de 24/12/1906, que o novo Vigário, Pe. João Stolte, prosseguiu as obras com grande dinamismo e competência. Em 1908, a igreja estava concluída, embora sem a torre. Aos 12 de janeiro do referido ano, houve missa solene com assistência, isto é, com três padres no altar: o Celebrante, o Diácono e o Subdiácono; e um terceiro, como autoridade maior, que assistiu à missa. As pregações foram feitas em alemão, português e polonês.
Após a missa: houve diversões populares, roda da fortuna, e arrematações em benefício da igreja, cujo lucro foi de 1:440 Conto de Réis.
A igreja teve uma despesa de 16 Contos de Réis, mas a despesa real foi além de 60. É que o povo contribuiu generosamente: com trabalhos, tijolos, areia, cal, madeira, cimento, e muito material trazido de longe, de até 97 km. Pe. Stolte, pessoalmente, percorreu toda a Paróquia, de janeiro de 1907 a fevereiro de 1908, recolhendo 9 Contos. Mas dentro de um ano, ainda deveria pagar mais 5 Contos.
Além dessa grande colaboração dos paroquianos, quer em termos de trabalho, quer em termos de doações, também veio apreciável auxílio da Alemanha. Em cada missa dominical, o Vigário convidava os fiéis a rezarem pelos benfeitores conterrâneos, e a lhes renovarem pedidos de ajuda (Reich, 1908, p.278-282).
Foi também o Vigário Stolte que “promoveu a construção da [grande e confortável] Casa Paroquial, hoje pertencente à “Cruz Vermelha Brasileira”, filial de São Bento do Sul” (Pfeifer,p.43).


Igreja Espiritual

A palavra igreja tem sua origem na palavra grega “ekklésia”, e significa reunião convocada, digamos, para o culto divino. O qual, como todo mundo sabe, costuma realizar-se no interior de um edifício, que também se denomina “igreja”.
Por Igreja Espiritual, entende-se o edifício sagrado construído com pedras vivas (= os cristãos), e cuja Pedra-Angular é o próprio Senhor Jesus Cristo. Porque “foi Ele quem a adquiriu, com o seu Sangue, encheu-a de Seu Espírito e dotou-a de meios aptos de união visível e social. Deus convocou e constituiu essa Igreja – Comunidade Congregada daqueles que, crendo, voltam seu olhar a Jesus, autor da salvação e princípio da unidade e da paz – a fim de que ela seja para todos e para cada um o Sacramento Visível desta salutífera unidade” (Lumen Gentium, nº 9).
No entanto, a igreja material é um edifício quase indispensável a serviço da Igreja Espiritual de Jesus Cristo, pois é nessa igreja material que a Comunidade Local se reúne para rezar, cantar, receber os sacramentos, assistir à santa Missa e ouvir a palavra de Deus.
Santo Agostinho nos relata que, no seu tempo (século 4º), havia nas igrejas dois tabernáculos: um para a Eucaristia e outro para a Bíblia. Sendo que este, de certo modo, excedia em valor àquele, porque a Bíblia nos revela a presença divina e humana que se contem no tabernáculo da Eucaristia.
Toda atividade apostólica visa, mais ou menos diretamente, a Construção da Igreja Espiritual. Pe. Stolte se consagrou a várias dessas atividades. Mas vale ressaltar estas duas: a do Confessionário e a do Púlpito.


Quanto ao Confessionário

Posso reforçar o testemunho do Pe. Afonso Maria de Miranda scj: “Em Jabaquara, no famoso Santuário de São Judas Tadeu, por vários anos, foi confessor estável, procuradíssimo pelos milhares de devotos do “Santo das Causas Desesperadas”. Intérminas filas se postavam ante seu confessionário. Almas contritas buscavam absolvição sacerdotal e orientação para uma vida de piedade mais intensa” (Necrológio, na rev. Reparação, de 1956, nº6, p.188).
É bom lembrar que já nos primeiros dez dias de atividade missionário em Brusque, o Coadjutor atendeu a mais de 350 confissões. No confessionário, dizia, é melhor exceder-se na misericórdia do que no rigor.
Em todas as Paróquias por onde batalhou, era confessor de Religiosas. Foi diretor espiritual e confessor estável de Noviços e Fratres de Brusque, entre os quais o autor deste livreto. O qual, a exemplo de muitos outros, fora caridosamente admitido ao Seminário de Corupá pelo então Diretor (1935).


Quanto ao Púlpito

 Pe. Stolte, por sem dúvida, ouviu, entendeu e aceitou a ordem do Divino Mestre: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15).
Assídua e seriamente se dedicou à pregação cristã em forma de homilias, catequeses, conferências, retiros e missões populares. 
No Arquivo Provincial Padre Lux (appal), encontram-se pregações suas, proferidas entre 1924 e 1934, assim discriminadas: 2 missões populares, 1 sermão do Senhor Morto, 19 retiros, 51 homilias e 73 conferências. Tudo manuscrito em letra miúda, mas legível, em alemão (grafia gótica ou latina), mas a maior parte em português. Perfazendo 60 pequenos cadernos de 17 x 12 cm, e que o APPAL mandou encadernar em 9 volumes.
A seguir, a cópia fiel de dois programas de retiros pregados pelo Pe. João Stolte. Mas vale observar que após o Concílio do Vaticano II (1965), a mensagem cristã é bem mais positiva, e muito menos “infernal”...
1º - RETIRO Pregado no Seminário de Azambuja,
Dezembro de 1944
Introdução.                                                                       
Fim do homem.                                                                 Belem – espírito de sacrifício.
Peccado.                                                                            Fragelação – sta. pureza.
Sacerdócio – Vocação.                                                      Ss. Sacramento.
Morte.                                                                                N. Snra. Maria Ss.

Infermo 
Misericórdia. 
Confissão.
Imitação de J.                                                                     Fim Alegria espiritual.




2º - RETIRO das Filhas de Maria e dos Congregados marianos [Jabaquara – SP]
aos 16 – 17 – 18 de Fevereiro de 1947.

SALVE MARIA

Sábado
              às 7:00 – Abertura e depois Bênção do SS. Sacramento. 
Domingo
 às 6:30 – Missa. 
 8:00 – Ia, Meditação. 
 10:00 IIa. Meditação.
 2:00 – Conferencia para as Filhas de Maria só. 
 4:00 – Conferencia para os Congregados Marianos só.
Segunda feira 
às 6:30 – Missa.
8:00 – Ia. Meditação. 
10:00 - IIa. Meditação. 
2:00 – Conferencia para todos.
3:30 até a noite – Confissões.
Terça feira
                às 6:30 – Missa com Comunhão Geral (Após a Missa Café).
                8:30 – Ia. Meditação. 
                10:30 – IIa. Meditação. 
                2:00 – Conferencia. Encerramento do Retiro com a Benção Papal. 
                3:00 – 4:00 – Adoração para as Filhas de Maria.
                5:00 – 6:00 – Adoração para os Congregados Marianos.

N.B. O tempo entre as Meditações pode empregar-se: ou lendo um livro religioso, ou rezando quer o terço quer a Via Sacra, ou fazendo uma visita a Jesus Sacramentado ou a Nossa Senhora. Todas as Meditações far-se-ão na Escola Paroquial. A Capela do ORFANATO durante os dias do retiro estará aberta para as filhas de Maria. – Observação: Os originais destes retiros estão em anexo no vol. 9 das Pregações do Pe. Stolte.
SALVE MARIA



TESTEMUNHOS E HOMENAGENS

De Botuverá

“Em nossa Comunidade, o Pe. João Stolte fez um trabalho catequético, e lecionava para crianças e adolescentes desta terra. Era uma pessoa enérgica e persistente, tanto na religiosidade como na missão de educador”.
Por sua influência, foi construída uma escola “no pátio da igreja, para que ela pudesse funcionar melhor”. Padre Stolte lecionava nessa “Escola Professor Carlos Mafezolli”, a qual, posteriormente, passou a “Escolas Reunidas”.
Mas aos 21/01/1956, as “Escolas Reunidas” foram promovidas a Grupo Escolar Padre João Stolte, em homenagem ao primeiro Vigário da Paróquia de Botuverá.

Escola Básica Padre João Stolte 

A inauguração contou com a presença do Exmo. Sr. Irineu Bornhausen, Governador do Estado, de altas personalidades e de grande afluência popular.
Aos 12/11/1952, foi inaugurado o prédio da atual Escola Básica Padre João Stolte. Uma realização do Governador Jorge Konder Bornhausen. Contou com a presença da Profª. Maria Teresinha Ramos Krieger Merico, Diretora da 16ª UCRE, bem como com as autoridades do Município, professores e grande comparecimento do povo.
Dom Honorato Piazera, Superior Provincial, assim se expressou com essa homenagem: “Dois Grupos Escolares: Botuverá e Guabiruba, Município de Brusque, trazem o nome: Pe. João Stolte e Pe. Germano Brand, respectivamente. É com prazer que registramos esse fato e nos associamos à justa e merecida homenagem aos dois beneméritos ex-Vigários, em reconhecimento do que conseguiram no setor educacional para o bem das respectivas paróquias” (Circular SCJ, agosto de 1955). 


De Jaraguá do Sul

- Jornal Correio do Povo, de 10/06/1956: “O Padre João Stolte, falecido anteontem em Joinville, reformou a primitiva construção da igreja, ampliando-a e também foi quem esboçou a belíssima pintura interna, feita pelo artista do pincel Morkwardt, então residente nesta cidade” (Ass. Artur Muller).
- Câmara de Vereadores, de 12/06/1956: “Uma proposição dos Vereadores Srs.: Fidelis Wolff, João J. Bertoli, Maria Nicolini e Augusto D. Prodehl, para que seja enviado um voto de pezar à Congregação do Sagrado Coração de Jesus, e inserido em ata, pelo falecimento do Revdo. Padre João Stolte. Com a Palavra, Sr. Raimundo Emendoerfer frizou que a Bancada do P.S.D. se solidarizava com a indicação assinada pelos Vereadores. Posto em votação, foi aprovado por unanimidade” (Ata da Reunião Ordinária do dia 12 de junho de 1956 – Câmara dos Vereadores Municipais de Jaraguá do Sul). 
- Jornal Correio do Povo, de 17/06/1956: “De 1932 a 1939, Pe. J. Stolte foi Vigário de Jaraguá, onde sua atenção se fez sentir no sentido de grandes iniciativas na Paróquia, inclusive na ampliação da nossa Matriz. O falecido foi um grande conferencista, pregador de retiro e professor de português”.
Obs.: O Texto acima foi traduzido para o alemão no Deutscher Beilage (Suplemento Alemão) do “Correio do Povo”. Esses documentos foram enviados pelo Pe. Renato José Rohr scj, Pároco de Jaraguá III, a pedido do APPAL.


Da Rev. Reparação SCJ

Pe. João Stolte “comprovou-se mestre na pregação, quer pelos idiomas que usava fluentemente – português, alemão e italiano – quer pela clareza de suas prédicas, prendado do dom de cativar a atenção do auditório, de tal forma que os ouvintes, as próprias crianças, citavam as passagens principais ou reatavam o “fio” dos sermões (Pe. Arno Afonso Maria de Miranda scj, redator da revista)


Do Provincialado SCJ

 Pe. João Stolte, “esse grande apóstolo do Sagrado Coração de Jesus, consagrou toda a sua vida à expansão do Reino do Coração de Jesus. O desejo de salvar as almas, o trouxe ao Brasil em 1904. Aqui exerceu com todo o ardor de seu coração um magnífico apostolado. Como Reitor de Seminário, encorajou muitos jovens ao sacerdócio. Como vigário, guiou, com firmeza e bondade o rebanho que Cristo lhe confiou. Confessor solícito, permanecia horas seguidas no confessionário, acolhendo paternalmente a todos quantos dele se achegavam”. (In Memoriam – documento enviado pelo Pe. Emílio Mallmann).


Da Palavra Final

Para seguir uma vocação profissional bem sucedida, hão de concorrer, no candidato, pelo menos três condições: pendor, capacidade e circunstâncias favoráveis.
No candidato ao sacerdócio, sobrepõe-se uma quarta condição: a do chamado de Deus, que se insinua misteriosamente nas profundezas da consciência do eleito, e que, geralmente, pode despertar graças a um ambiente cristão, mais que tudo, familiar. Até me lembra o habitual dizer do falecido Pe. Valdemar Goedert scj: “Nem toda mãe santa tem uma filho padre; mas todo padre tem uma mãe santa”.
Pe João Stolte era um vocacionado sacerdotal e, em especial, de vocação missionária. Pois esta lhe exige um desprendimento maior. Porquanto, além da capacidade, implica a humildade de não se prender, com exclusividade, a um que outro setor do pastoreio. Terá de ser um sacerdote disponível a quaisquer atividades, segundo o exijam as circunstâncias.
Por outra: Pe. Stolte foi um padre missionário polivalente, e humilde o bastante, para prestar-se a qualquer frente de trabalho. Em linguagem popular: ele era “pau para toda obra”.
Exerceu as suas atividades sacerdotais e missionárias em seis Municípios. O dinamismo e o ardor de missionário nele sempre estiveram presentes e atuantes: No Coadjutor da Paróquia e da Escola Paroquial de Florianópolis; No Coadjutor e no Vigário de Brusque; No Coadjutor e Vigário de São Bento do Sul; No 1º Vigário de Porto Franco (Botuverá); No Coadjutor de Tubarão; No Diretor e Professor do Seminário de Hansa Humboldt (Corupá); No Diretor Espiritual de Noviços e Fratres de Brusque; No Coadjutor da Paróquia de São Judas Tadeu, Jabaquara – SP; e no Capelão do Hospital de Joinville.
Em suma: Pe. João Stolte foi Professor, Diretor, Coadjutor, Vigário, Confessor, Pregador, Catequista, Pregador de Missões Populares, “Construtor de Igrejas”, Mestre Espiritual e Capelão Hospitalar.
Que Deus o tenha em sua glória o grande Sacerdote e Missionário do Sagrado Coração de Jesus, que foi o Pe. João Stolte, scj.
E que a todos nós: padres, religiosos (as) e leigos (as) possa ele servir de inspiração na Ação Pastoral pelo Reino do Sagrado Coração de Jesus!

V I V A T   C O R   J E S U !          
             
              P E R   C O R   M A R I A E !



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros
ARNS, Frei J. Crisóstomo, ofm. Mãe Helena – a OMA. Curitiba, s/d.
BUSSARELLO, Pe. Raulino scj. Álbum Jubilar. Rio de Janeiro: Empresa Gráfica Ouvidor S.A., 1953.

KOCH, Pe. Dorvalino Eloy scj. Catolicismo Centenário de Brusque (inédito). Promovido pela “Sociedade Amigos de Brusque”, 01/04/1956.

___Convento SCJ, São Paulo: Editora Santuário, 1992.

PFEIFFER, Alexandre. História da Igreja Católica de São Bento. São Bento do Sul: Gráfica JL Ltda, 1999.

SCHMITT, Pe. Roque José scj. Cem Anos da Presença dos Dehonianos em Brusque – SC. Brusque: Gráfica Mercúrio, 2003.

Revistas

Das Reich des Herzens Jesu (O Reino do Coração de Jesus). Rev. Mensal SCJ da Província Alemã, a partir de 1901. Abreviado: “Reich”.

Der Wegweiser (Placa de Rumo). Rev. Mensal Dehoniana, impressa em Brusque, desde 1929. Em 1938, proibida pelo Governo.

Circular SCJ. Do Governo da Província Dehoniana Brasileira, desde 1941, Rio de Janeiro e São Paulo.

Reparação. Rev. da Província SCJ do Brasil Meridional, de 1946 a 1967. Redator: Pe. Arno Afonso Maria de Miranda scj, Rio de Janeiro.

Outros Documentos


Necrologium (Necrológio, ou Livro das Pessoas Falecidas) da Congregação SCJ, de 1878 a 1978. Grafiche Dehoniane Bologna – Itália.

Personalia (dados pessoais). No caso, do Pe. João Stolte. Documento enviado pelo Pe. Emílio Mallmann scj.

Fotografias, do Acervo APPAL.
Escola Básica Pe. João Stolte, de Botuverá. Documentos cedidos pela Direção da Escola.

Ata da Reunião da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, de 12/06/1956. Cópia enviada pelo Pe. Renato José Rohr scj.

Correio do Povo (Jornal), de 17/06/1956, de Jaraguá do Sul (Appal).

Livros de Tombo. Cópias das seguintes Paróquias: de Brusque, de Botuverá, de Tubarão, de Jaraguá do Sul e de São Bento do Sul. Agradeço aos respectivos Párocos pelas cópias autorizadas. Em especial, ao Pe. Sérgio Marcos Hemkemaier scj, pela de Tubarão.

Nota A maior parte dessa bibliografia pertence ao Acervo SCJ do Arquivo Provincial Padre Lux (APPAL), fundado em 1984 pelo Superior Provincial Pe. Murilo Ramos Krieger scj.
O APPAL está instalado no Convento SCJ, Av. das Comunidades, 111, Brusque – SC, Cep: 88350-970, Caixa Postal: 20.  Telefone: 47-3511499. 




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ADENDO

1904?

São Bento do Sul, 1923



Lançamento do livro "Pioneiro Dehoniano em Brusque: Pe. João Stolte"





























Escola Básica Padre João Stolte de Botuverá em 2004




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