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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Memorial do Convento Sagrado Coração de Jesus de Brusque Parte 1: 1924-2011

Pequeno Histórico do Convento Sagrado Coração de Jesus de Brusque 

Os primeiros missionários dehonianos, vindos da Alemanha (Padres Gabriel Lux e Josef Foxius) chegaram no Brasil em 15/7/1903, trabalhando inicialmente em Florianópolis. Vieram para Brusque em 1904. Em 1905, após a chegada de outros missionários, pensava-se em construir uma Casa Central para a missão dehoniana meridional em Brusque, chamada célula mater dessa missão e juntamente um pequeno seminário.
Padre Dehon, ao visitar Brusque em 1906 aprova a ideia do seminário, que, por falta de recursos, não foi adiante. O terreno destinado a essa obra foi usado depois para sediar o Colégio Santo Antônio, atual Colégio São Luiz.
Em 1923, após a diminuição de imigração de missionários alemães decidiu-se fundar em Brusque um Seminário Menor, com vistas para depois se ir criando casas de formação para cada etapa (já nessa época havia fratres que estudavam teologia no Seminário Diocesano de Taubaté residindo no Conventinho e também aí se começaria o Noviciado brasileiro).
Então, em 12 de setembro de 1923, Padre Germano Brand, pároco de Brusque lança a pedra fundamental do Seminário Menor dentro do terreno da Paróquia São Luiz Gonzaga, bem aos fundos (onde hoje está a placa alusiva a essa data, perto da Biblioteca)
Estando o seminário ainda no início da construção, chegaram em 15/5/1924 os sete primeiros alunos do denominado Colégio Sagrado Coração de Jesus, sendo alojados no Convento Santo Antônio, das Irmãs da Divina Providência, anexo ao Colégio. Em julho veio de Taubaté, transferido o Orientador de estudos do Seminário: Padre Inácio Burrichter e até setembro iniciou-se as aulas.
Em 1925, com a abertura do ano letivo se inaugurou o prédio do Seminário, nos seus três pavimentos. Desse início foram seminaristas alguns religiosos ilustres: Padre Arno de Miranda, Padre Aloísio Boeing, Dom Honorato Piazera, Padre João da Cruz Stuep.
O seminário Menor de Brusque teve três diretores: Padre Lourenço Foxius (1924-25), Padre Guilherme Thoneick (1926-28), Padre Germano Brand (1929-31).
Ficando o prédio crescente para o número crescente de alunos, resolveu-se construir um novo prédio para o Seminário Menor em Hansa Humboldt, isto é, Corupá. Para o novo prédio o Seminário Menor foi transferido já em 1932. Nessa época sendo o Superior regional da missão o Padre Pedro Storms decidiu-se que em Taubaté se firmaria o estudo teológico dos seminaristas e em Brusque se faria o noviciado e os estudos filosóficos.
Estando vago o Seminário de Brusque já em 1932 os primeiros noviços aí realizaram o noviciado e em 20/02/1933 às 8h30, após a profissão religiosa dos fratres (17/02/1933) teve início o Curso de Filosofia, sob direção do Padre Roberto Bramsiepe. O primeiro mestre de noviços de Brusque e reitor do agora Convento Sagrado Coração de Jesus foi o Padre Lourenço Foxius, eleito pelo Governo Geral da Congregação, em Roma.
No dia 25 de abril de 1934, a jovem Região Missionária Alemã do Brasil foi elevada à categoria de Província Brasileira Meridional, congregando a área centro-sul do Brasil.
Em 1935 fala-se na construção de um novo prédio para o Convento, que então ocupava o prédio do antigo Seminário Menor, inaugurado em 1925. Em 30/05/1940 é benta a pedra fundamental deste novo prédio pelo superior provincial, Padre Pedro Storms. O Prédio é inaugurado em 28/06/1942, tendo sido erguido com auxílio financeiro de muitos, inclusive do benemérito Cônsul Carlos Renaux (luterano). O projeto se deveu ao construtor Johan Martin Backes e a direção da construção se deveu ao Padre Roberto Bramsiepe.
De 1944 a 1945 o Mestre de Noviços/Reitor foi o Padre Arno Afonso de Miranda, itajaiense, o primeiro brasileiro a ocupar um cargo elevado dentro da Congregação. Foi sucedido pelo Padre Fernando Baumhoff (1945-46). Ainda em 1945 o Noviciado foi transferido para Castro (PR), numa tentativa de separação da Filosofia que fracassou. Retornou para Brusque em 1950 sendo o Mestre o Padre Guilherme Rauchholz. Foi sucedido pelo Padre Aloisio Boeing em 1952 que permaneceu 24 anos no cargo e transferiu o Noviciado para sua sede definitiva: Jaraguá do Sul.
Sobre os cargos do Convento: Diretor Espiritual, Confessores e Ecônomo eram definidos pelo Governo Provincial. Também o Reitor era definido pelo Governo Provincial, mas, passando pela mesa decisória do Governo Geral.
Nessa época um grande mal que havia em Brusque era a malária a tal ponto que no Convento se dizia que sofrer da malária fazia parte do Noviciado...
Caso é que a situação esteve fora do controle a ponto da Santa Sé ser informada pelo Visitador Apostólico, Monsenhor Manoel da Cunha Cintra. A Santa Sé pediu que Seminário Arquidiocesano fosse transferido de Azambuja, o que não aconteceu, e também o Convento sofreu esse risco que só não se tornou real graças ao Serviço Nacional da Malária que com um grande desmatamento acabou com a malária. Graças a descoberta do cientista benemérito Padre Raulino Reitz, professor em Azambuja, de que o mosquito transmissor Anopheles se ocupava das bromélias e tinha capacidade curta de vôo. Desmatando certa área acabaria-se com a malária, pois o anophles no sobreviveria a grandes vôos. E foi isso que aconteceu e livrou Brusque da Malária.
Depois do Padre Fernando Baumhof foram reitores: Padre Pedro Storms (1947-48) e Padre Luiz Gonzaga Steiner. Nessa época o prédio do Convento foi ampliado. Durante um ano a Filosofia este em Taubaté por isso (1949), retornando com o novo reitor, Padre Frederico Winkelmann (1950), que governou até 1953.
Em 1954 o Arcebispo de Florianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira, , procedeu a doação grande do terreno onde o convento se encontrava para a Congregação (até então o terreno pertencia à Paróquia São Luis Gonzaga, e, portanto, à Mitra). A doação foi uma forma de ressarcimento pela retomada de Azambuja em 1927. A doação foi escriturada em Brusque em 23/6/1955. Isso foi possível somente porque no Brasil a Congregação tinha já uma província, registrada como Sociedade Civil, sem fins lucrativos.
De 1954 a 1960 o Reitor foi o Padre Inocêncio Warmling. Foi neste período (1958) que se adquiriu a Fazenda do Brilhante, depois do Governo provincial ter tido várias outras propriedades para ajudar na manutenção do Convento.
De 1960 a 1965 foi reitor o Padre Emílio Mallmann. As novas orientações do Concílio Vaticano II foram despertando e formando uma nova mentalidade, notadamente no sentido de maior participação no processo formativo, a partir de revisões de vida: Uma vez por mês os fratres se reuniam para analisar a vida religiosa.
De 1966 a 1971 foi reitor o Padre José Stolfi. A partir de 1969 passou a ser construído o chamado “Convento 3”, em substituição ao belíssimo, mas ameaçado Convento 2. O Convento 2 tinha sérios problemas estruturais causados pela falta de manutenção, causada em parte pela instabilidade que havia sobre o futuro das casas de formação à época: durante muito tempo se cogitou inúmeras possibilidades de transferência da Filosofia que nunca se concretizaram. Ademais, o interior do Convento 2 era considerado muito austero para os “novos tempos” com suas celas... De qualquer forma a demolição da Capela, que imitava as catacumbas romanas causou grande comoção.
Fato é que o Convento 3 foi construído em duas etapas: o prédio 1 (40mX12m) até 1972 e o prédio 2 (30mX12) até 1974. O prédio 2 ocupou o espaço do Campinho de Futebol Estrada Larga, o que deu ideia aos fratres de demolirem a colina da parte de trás do Convento. Aí, a muito custo, se construiu o Campo do Time de Futebol do convento, o Águia Negra, muito famoso e que chegou a disputar partidas com clubes profissionais. Por essa época era comum os fratres participarem de diversos eventos esportivos, muitas vezes sagrando-se campeões (entre os incentivadores destes feitos destacam-se os padres João da Cruz Stuep e Nestor Eckert). O Campo Águia Negra foi inaugurado em 1975.
De 1972 a 1978 foi reitor o Padre Nelson Westrupp.
Em 1973, por iniciativa dos professores do Curso de filosofia, tendo como principal idealizador o Pe. Prof. Dr. Orlando Maria Murphy, scj, foi criada a Fundação Educacional de Brusque (FEBE) (Lei Municipal Nº 527, de 15 de janeiro de 1973) e a Escola Superior de Estudos Sociais (ESES) que habilitava professores para o ensino de Educação Moral e Cívica através do Curso de Estudos Sociais. Tal curso, de duração de três anos, além das disciplinas próprias de sua área, mantinha em sua grade curricular todas as disciplinas filosóficas. Atendia tanto à necessidade de preparação de professores para a rede de ensino municipal e estadual na região, como também aos estudantes da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus que passaram a frequentá-lo. Logo, o curso atraiu para Brusque estudantes provindos de várias dioceses de Santa Catarina.
Padre Alberto Piazera tomou posse como Reitor em janeiro de 1978, mas este foi eleito Superior Provincial em março e então Padre Nelson permaneceu no reitorado interinamente. Foi sucedido pelo Padre Pedro Canísio Rauber no período 1979-81. De 1982 a 1984 foi reitor o Padre Adilson José Colombi, sendo sucedido pelo Padre Claudio Webber, que permaneceu no cargo até 1988. Nesta época ocorreram conflitos formativos por conta de uma certa rebeldia por parte dos fratres que não mais suportavam a hierarquia. Queriam que todos fossem iguais, pois religiosamente falando, todos ali eram religiosos professos, não levando em conta a hierarquia sacerdotal. Com a redemocratização do Brasil pensavam que as hierarquias viriam abaixo, o que não aconteceu. Este tipo de coisa durou certo tempo. Com a posse do novo reitor, Padre Antônio Wagner da Silva, a poeira se assentaria. Compreendeu-se que a formação participativa tem limites e que as estruturas são fundamentais para a vida religiosa.
Depois foram reitores os padres: Luiz Antônio de Faria (1994-1996), Geraldo Kohler (1997-2003) Sérgio Luiz da Costa (2004-2006), Adolfo Hülse (2007-2012), Luciano Toller...
No início do terceiro milênio algumas mudanças: a antiga Província SCJ Brasil Meridional foi dividida em duas: Brasil Central (atual Brasil São Paulo) e Brasil Meridional (então com sede em Curitiba, depois transferida para Corupá). É dessa nova Província Brasil Meridional que o Convento faz parte.
Houve uma mudança formativa: o Convento não mais recebeu “fratres”, isto é, religiosos professos, mas seminaristas. Isto porque foi alterada a ordem das etapas formativas: agora se faz primeiro a etapa da Filosofia, para depois se realizar o Postulantado, o Noviciado e só então professar os votos religiosos.
Foi também criada a Faculdade São Luiz, onde o já antigo curso filosófico passou a ser oferecido.
A partir de 2013 o Convento não mais recebeu novos seminaristas da província paulista. Os últimos seminaristas da província paulista formaram-se em 2014.

Referências:
PROVÍNCIA BRASIL MERIDIONAL: Elenco. Sine nomine: São Paulo, 1991-2002.
PROVÍNCIA BRASIL CENTRAL; PROVÍNCIA BRASIL MERIDIONAL: Elenco. Sine nomine: São Paulo, 2003-2009.
PROVÍNCIA BRASIL MERIDIONAL; PROVÍNCIA BRASIL SÃO PAULO. Elenco. Sine nomine: São Paulo, 2010-2014.
KOCH, Dorvalino. Convento SCJ: Contribuição à história da Província e de Brusque (SC). Sine nomine: Brusque, 1993.
SCHIMITT, José Francisco. Dehonianos no Sul do Brasil: 100 anos de presença e missão 1903-2003. São Paulo: Centro Dehoniano de Comunicação, 2003.

Pesquisa realizada por:

RICARDO BECKER MAÇANEIRO no Arquivo Provincial Padre Lux (APPAL)






Padre Dehon em Azambuja-Brusque, 1906


Brusque





Padre Germano Brand

Padre Lourenço Foxius

O Seminário/Convento 1


















O Arcebispo de Florianópolis Dom Joaquim Domingues de Oliveira




A Chácara da Volta Grande

 Os Noviços Filósofos



A Construção do Convento 2


Padre Roberto Bramsiepe




O Convento 2








A Capela lembrava as Catacumbas de Roma








As antigas celas dos fraters: teto baixo, espaço apertado e muitos cupins




Atrás do Convento ficava a Tipografia Leão Dehon

Assim era a vista para a parte trseira do Convento desde a colina onde hoje está o Campo Águia Negra. É possível se ver à esquerda a Igreja Luterana e à direita a Antiga Igreja São Luis Gonzaga



 Notar o Cemitério Católico, que ficava onde atualmente é o Centro Pastoral São Luis e o Estacionamento Paroquial


O Convento 1 permanceu sendo usado enquanto esteve de pé o Convento 2



Tipografia Leão Dehon



 Sala de estar e Biblioteca






Sala de estar dios padres/Padre Roberto Bramsiepe





O antigo costume de rezar o Rosário caminhando pelo terreno conventual em filas permanece!





 Padre Arno Afonso de Miranda

Padre Fernando Baumhof

 Padre Pedro Storms

Padre Luiz Gonzaga Steiner

Padre Frederico Winkelmann

A Exposição Fotográfica dos 75 anos da Congregação Dehoniana e dos 50 da presença dehoniana no sul do Brasil (1953). Com a presença do Arcebispo Dom Joaquim ficou assegurada a doação do terreno do Convento à Congregação por Dom Joaquim










 Ao centro na primeira fila o Mestre de Noviços Padre Aloisio Boeing




Padre Inocêncio Warmling

A visita dos Bispos Dom Honorato Piazera SCJ e Dom Gregório Warmeling


Padre João da Cruz Stuep: incentivador dos esportes, comandou a construção do Campinho Estrada Larga em 1959.

 Padre Zezinho quando frater e seus colegas

 Brusque: década de 1960



Padre Emílio Mallmann

Padre José Stolfi

O Convento 3






Inauguração do Campo Águia Negra em 1973




 

Padre Alberto Piazera

Padre Pedro Canísio Rauber 
















Padre Adilson Colombi


Inauguração do APPAL (Arquivo Provincial Padre Lux) 1984
Missa presidida por Dom Afonso Niehues - Arcebispo de Florianópolis



Padre Claudio Webber

Padre Antônio Wagner da Silva


Visita do Superior Geral Padre Virginio Bressaneçli







Padre João da Cruz Stuepp(Stüpp), o "Insígne Mestre do Convento"





Padre Luiz Antonio de Faria

Padre Geraldo Kohler

Aniversário do Padre Wilson Tadeu Jönck












Padre Tadeu David Anastácio Teixeira

Inauguração da 2ª Sede do APPAL, 2003

Troféus dos Esportistas do Convento


Padre Sérgio Luiz da Costa

Padre Adolfo Hülse

 2007



2009












2011








































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