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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Irmão Luiz Gartner (Livro/E-Book)

Aqui temos a versão integral do Livro "Irmão Luiz Gartner - Perfil Biográfico em ocntexto Brusquense e Dehoniano" do Padre Eloy Dorvalino Koch.
Após o apêndice do livro temos outras fotos e informações para acrescentar a rica biografia do saudoso Irmão Luiz





IRMÃO LUIZ GARTNER scj
                           PERFIL BIOGRÁFICO

EM CONTEXTO BRUSQUENSE E DEHONIANO






Eloy Dorvalino Koch scj




Brasão do Município de Brusque

Brasão da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus



KOCH, Eloy Dorvalino. Irmão Luiz Gartner scj: Perfil Biográfico em Contexto Brusquense e Dehoniano. Brusque: Editora, 2010.



Secretária do Appal: Karina Santos Vieira
Revisoras: Úrsula Rombach
                  Karina Santos Vieira





PREFÁCIO



Numa feliz iniciativa do escritor e Padre Eloy Dorvalino Koch scj, surge e há de permanecer entre nós, uma obra literária para homenagear e eternizar a pessoa e o religioso Irmão Luiz Gartner scj.
Falar a respeito de alguém é uma missão nobre. Normalmente não é tão fácil assim Mas em se tratando de Godofredo Gartner e que, como religioso, adotou o nome de Luiz e passou a chamar-se Luiz Godofredo Gartner, isto é fácil e realizador.
Homem de origem humilde torna-se sábio no humano-científico, sincero e humilde no falar, alegre e fraterno no conviver, dedicado e competente no trabalhar, profundo e piedoso no rezar.
Na vida familiar, aprendeu os fundamentos humano-cristãos. Na vida escolar, aprendeu as teorias que orientam a vida, para e na profissão. Após o ingresso no Seminário, aperfeiçoou-se no conhecimento de Deus e na Ciência Humana. A vida religiosa, que abraçou na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, são a prova disto. Amou a Cristo nos irmãos e os irmãos no amor de Cristo.
Se é verdade que as obras identificam e qualificam o seu autor, então lendo esta obra inédita, saberemos quem é e quem foi o Irmão Luiz Godofredo Gartner scj.



Pe. Geraldo Kohler scj


APRESENTAÇÃO


Para historiador autêntico, História é o conhecimento do passado humano cientificamente elaborado.É "conhecimento", porque seu objeto é a realidade: a excluir o irreal, o falso, o lendário; do "passado humano", a incluir idéias, valores e espírito; "cientificamente elaborado”, em oposição ao conhecimento vulgar da experiência cotidiana.
História não é ciência exata. Ainda quando positivisticamente restringi­da a "fatos''. Aliás, historiador algum tem o direito de interpretar os fatos de modo arbitrário. Na correta visão de História, também pode incluir-se a Biografia, por ser ela capaz de implicar acontecimentos significativos de uma época (H.J.Marrou, p.27).
Pe. Marilton Nuss scj, ex-Diretor do Seminário de Corupá - SC, estava todo empenho na reorganização do Museu Irmão Luiz, justo no Centenário de Nasci­mento desse notável dehoniano brusquense da Rua São Pedro.
Neste sentido, consultado pelo Pe. Marilton, e incumbido pelo Pe. Osnildo Carlos Klann scj, ex-Superior da Província Dehoniana do Brasil Meridional (BM) -, dava-se início a esta biografia, já vai para 4 anos. E com especial motivação, por tratar-se de um Irmão Religioso. E agora, por coincidir com a Comemoração do Sesquicentenário de Brusque.
Cheguei a conhecer o Irmão Luiz e a sua obra ainda nas suas origens (1935/41). Através de renovados contatos, foi-me possível acompanhar o seu progresso. Tendo, pois, conhecimentos pessoais e condições razoáveis para devidamente avaliar os dados e depoimentos colhidos a respeito do biografado.
Por especial deferência do Sr. Prefeito Municipal, Dr. Paulo Roberto Eccel, a presente publicação será incluída no Programa Oficial da Comemoração do Sesquicentenário de Brusque. Nossos profundos agradecimentos.



Pe. Eloy Dorvalino Koch scj


PADRES E IRMÃOS


Tenho em mãos a edição latina (1924) das Constituições dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Porque vigentes na época, delas me sirvo para oferecer aos prezados leitores algumas noções sobre essa Congregação de Pa­dres Religiosos, e sobre o lugar nela designado aos Irmãos Coadjutores, que são religiosos não-padres. Hoje, prefere-se o tratamento Irmãos Religiosos -, como bem observou, em carta, Pe. Osnildo Carlos Klann scj.


Irmãos Religiosos. Anos 50.

1- Germano Gartner, Luiz Kronenbrock, Pe. Geraldo Claassen (Sup. Provincial), Anton Büchler e João Koiteck. 2 – Vendelino Tomas Martins, Afonso Pedrini, Francisco Franeck, Vicente Rosário. 3 – (?), Honorato Corcetti, Cláudio Mallmann, José Evaristo Corrêa e José de Modesti. Em 1950, havia 16 irmãos.

 


1-      A Congregação

Todas as Ordens e Congregações Religiosas se propõem o mesmo fim geral: a promoção da Glória de Deus, e a santificação dos seus membros mediante a prática dos três votos: de obediência, de castidade e de pobreza, e pela observância das respectivas Constituições.
Mas a Vida Espiritual Cristã e Apostólica é de riqueza e variedade ta­manhas, que impõem-se opções preferenciais explicitadas, para vivenciá-las em maior profundidade.

Pe. Leon Dehon
Aos 28 de junho de 1878, no seu Colégio Diocesano de Saint-Quentin (França), o Cônego francês Leon Dehon fundou a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ) -, também conhecidos como Dehonianos.

Peregrinação a Azambuja
Aos 14 de novembro de 1906. Peregrinação a cavalo a Nossa Senhora de Caravaggio, em Azambuja. Pe. Dehon viajou num cavalo branco. Os italianos trouxeram esta devoção à Senhora de Caravaggio, muito popular em Milão! Os demais padres: Pe. Gabriel Lux, Pe. João Stolte, Pe. Henrique Lindgens. Pe. Leão Dehon é o Fundador da Congregação SCJ, e estava em visita de Superior Geral.


Padre León Dehon, francês, e Fundador da referida Congregação (1878): optou pela Devoção Especial ao Sagrado Coração de Jesus, e caracterizada pelo espírito de Amor e Reparação, face aos pecados do mundo. Devoção que exige dos seus membros disponibilidade, isto é, aquela atitude assemelhada à de Jesus Cristo, ao entrar em nosso mundo: Eis que venho, ó meu Deus, para fazer a tua Vontade (Hb.10,8 e 9).
Mais que afetiva, é devoção empenhativa, consagrando-se à pregação da Palavra de Jesus, à Educação da Juventude, à Formação do Clero e do Laicato e à Obra das Missões em terras ainda não cristianizadas, ou mui subdesenvolvidas, e às Lutas pela Justiça Social, segundo a Doutrina da Igreja Católica.

Pe. André Prévôt scj, teólogo, o 1º Mestre de Noviços da Congregação, em Sittard (Holanda).

 

2- Irmãos Missionários

Nessas atividades, inclui-se, outrossim, boa parte da vida religiosa e do trabalho apostólico do Irmão Religioso. Mais que tudo, quando se trata de Missões. Porquanto, uma constante já proverbial nas atividades missionárias da Igreja Católica resume-se assim: Não evangelizar, sem civilizar. Não civilizar, sem evangelizar.
Por Civilizar, entende-se o auxílio prestado a um povo, em termos de melhoramento das suas condições de vida, e simbolizadas pelo pão da vida terrestre. Evangelizar significa por ao alcance dos missionados o Pão da Vida Eterna. Aliás, em plena consonância com o Evangelho: O homem vive do pão; e de toda Palavra que sai da Boca de Deus (Mt 4,4), simbolizada esta pelo livro do Evangelho.
          Logotipo de Civilização:                                             
     progresso com predominância                                  
      material                                                              

Logotipo de Cultura:
progresso de predominância
 espiritual e religiosa

Vale a pena observar: A Fé Bíblica, há mais de 30 séculos, nos dá a certeza última e necessária de que as Ciências podem ter confiança absoluta nas leis imutáveis do Universo. Porque Deus, o Divino Criador, colocou todas as coisas com medida, quantidade e peso (Sab. 11,20). Sem a seguridade dessas leis, seria impossível a Ciência.
Eis, portanto, a colaboração inicial e indispensável da Religião Bíblica na estruturação do mundo científico (Cf. WOODS JR, p. 71- 78, 2009).
Ora, nossos Irmãos Religiosos já têm prestado um trabalho excelente nas Missões. Notadamente, no campo civilizatório. Exercendo e ensinando várias profissões e ofícios, tais como: a de agricultor, de pecuarista, de veterinário, de arte culinária, de enfermagem; a de motorista, de ferreiro, de marceneiro, de carpinteiro, de sapateiro, de mestre de obras, de engenhei­ro; e participando diretamente da evangelização com as funções de professor, de catequista, de sacristão, de capelão e, naturalmente, pelo seu exemplo de vida religiosa.
Numa conferência aos noviços de 1942, em Brusque, nosso Mestre de Noviços, Pe. Lourenço Foxius, ex-missionário na África -, teceu-nos o seguinte co­mentário: “Fazem-se muitas e merecidas referências elogiosas - disse ele - às atividades missionárias do nosso bispo francês Dom Gabriel Grison scj. Mas é justo lembrar, outrossim, que todos os trabalhos braçais e técnicos, tais como construções de igrejas, de conventos e de escolas, de galpões, bem como de atividades agrícolas: foram realizados pelos Irmãos Religiosos da Província Alemã”.

Pe. Dehon, com Padres e Irmãos Religiosos, na Casa das Missões (Alemanha, nov. de 1909). Isso, no tempo de Paz. Com as duas guerras mundiais, quase tudo foi destruído!

 

3- Devastações Bélicas

Aconteceu que tão pujante atividade missionária sofreu uma calamito­sa decadência. Máxime em virtude da Guerra Mundial. Em 1940, a citada Província Alemã contava 217 Padres e 147 Irmãos Religiosos.
Atualmente, não vai além de 56 Padres e 5 Irmãos. Melhor explicando: Os "tsunames" da 2ª Guerra foram muito mais devastadores que os do Oceano Índico, porque também de muita destruição para os bens da vida espiritual e re­ligiosa nos sobreviventes de todo um Continente, o qual, pela sua importância cultural, contaminou os demais Continentes. (Cf. Elencos da Congrega­ção SCJ de 1940 e 2000).

4- Irmãos Religiosos no Brasil

Com a Proclamação da República, deu-se a separação entre o Estado e a Igreja. Não, porém, entre o Estado e Deus – frisou Ruy Barbosa. A Igreja logo tratou de atrair missionários europeus, por sinal imbuídos de um cristianismo renovado. Chamar a isso de “romanização” creio ser uma redundância, porque em Portugal e no Brasil nunca houve Catolicismo sem Roma.
Para o Brasil Meridional, a partir de 1903, vieram poucos Irmãos Religiosos, porque uma Região já de bons índices de civilização, cultura e evangelização. Mas que exigia, e muito, um apoio missionário no sentido de perseverança e aprofundamento da vida cristã. Notadamente, nas Colônias Européias.

A nova Igreja, já com a casa paroquial: “o mais belo templo”, construído de 1874 a 1877, por iniciativa do então Pároco, Pe. Francisco M. Alberto Gattone (Diocesano)

Por isso mesmo, os Padres Dehonianos que vieram para o Brasil Meridional se movimentaram no sentido de fundar um Seminário para vocações sacerdotais: primeiro, em Brusque (1924); o qual, em 1932, foi transferido para o novo Seminário de Hansa Humboldt (Corupá).


Explicando melhor:
Mais para os fundos, o terreno da Igreja se dividia em duas pequenas colinas. Na 1ª, construiu-se o “Colégio Santo Antônio”, para o Curso Primário. Na 2ª, o Pároco Pe. Germano Brand scj construiu o nosso primeiro Seminário (1924), denominado “Colégio Sagrado Coração de Jesus”.

Segundo Seminário SCJ, em Corupá. Construído pelo arquiteto Pe. Gabriel Lux scj, que construíra o grande hospital de Azambuja, o qual também fora Seminário Diocesano, sendo hoje Museu. Em 1932, o Ir. Luiz Gartner ajardinou o pátio do Seminário.

Mas não se perdia de vista a importância de atrair vocações para Irmão Religioso. Também para ele haveria espaço missionário. No mês de outubro de 1929, Pe. Germano Brand scj fundou em Brusque a revista, em alemão: Der Wegweiser (O Indicador de Rumo), e com tipografia própria. A qual revista, desde seu 1º número até o último de 1938, insistia no seguinte convite, o qual traduzo: “Você teria vocação? Moços de 18 a 30 anos, desde que de boas famílias, e querendo consagrar-se ao Serviço de Deus na Congregação SCJ, na condição de Irmão Religioso, serão bem vindos. Dá-se preferência a candidatos artífices e agricultores”.

O Indicador de Rumo
Revista Missionária 
 Editada pelos Padres do Coração de Jesus
Brusque - SC
Capa permanente da mencionada Revista Missionária. Mas o Presidente Vargas, um pequeno Mussoline, proibiu, em 1938, qualquer publicação em língua estrangeira (1938).


A seguir, completava-se a orientação para candidatos a Irmão Religioso: “Queira dirigir-se aos nossos padres em Jaraguá, Joinville, São Bento, Brusque, Tubarão, Rio Fortuna e Mafra. Ou ao Padre Diretor do Colégio Sagrado Coração de Brusque, SC”. Foi este o nosso 1º Seminário no Brasil Meridional.

5- As Condições para Irmão Religioso

A bem da verdade, cabe anotar. Na época, para ser Irmão Religioso, fazia-se ne­cessária especial dose de humildade. Não sendo ele candidato a Padre, bastava-lhe um curso escolar médio, ou até fundamental, e ser entendido em al­gum ramo profissional prático, a exemplo dos mencionados há pouco (Cf. nº2).
Na hierarquia da Congregação, o seu lugar vinha depois do seminarista-noviço (Constitutiones, 1924, p.9). Nos § 17 e 18 dessas Constituições, falava-se explícito em "duas classes" de religiosos: pertencendo à 1ª, os Padres e Clérigos Menores; e à 2ª, os Irmãos Religiosos, com suas ocupações secundárias.
Antes de entrarem no Aspirantado a Irmão, em Rio Negrinho-SC (1953), certos candidatos tinham o preconceito de que "o Irmão apenas seria um empregado com hábito religioso” (Cf. Eco dos Seminários, junho de 1953, p.25). Mas um bom Noviciado, animado pela Fé Cristã, levou-os a ver e a viver o verdadeiro sentido da Vida Religiosa, inclusive a de um Irmão Religioso.
O que vem confirmado, por exemplo, pelo Irmão Alfredo Engel, que fôra aspirante a Irmão precisamente naquele ano (1953). Em sua carta-resposta, de 27/01/2005, deu-me ele o seguinte testemunho: “O que nos de­ve identificar, diz ele, é o nosso ser religioso, e não as coisas externas do fazer e do ter".
O que também fica bem claro no § 19 das citadas Constituições: pouco importa a que classe pertençam os nossos religiosos: "Todos eles estão sob as mesmas Constituições, e levam uma vida comum sob idêntico regime".
Da parte dos Padres e Seminaristas, geralmente houve especial conside­ração e estima para com os Irmãos Religiosos. No mesmo sentido, Pe. Lourenço Foxius, na acima citada conferência de 1942, advertia os recém chegados noviços clérigos. Dedo em riste, asseverou: "Lasst mir die Brüder in Ruhe”! Isto é: Não se metam com os Irmãos, porque terão de haver-se comigo! E, face contraída, alegava a vida sacrificada que levam.
Nessa época, atuavam no Convento de Brusque os seguintes Irmãos: Ir. Ambrósio Brand, cozinheiro; Ir. Rafael Max Koelling, auxiliar da Tipografia; e Ir. Tomé Vendelino Martins, encarregado da Chácara.
Não obstante estas justas e caridosas ponderações das Constituições e dos Superiores da Congregação, tendo em vista a proteção aos Irmãos Religiosos -, o Concílio Vaticano II motivou os referidos Superiores (e de outras Congregações também) a darem mais um passo na direção de maior igualdade entre Padres e Irmãos.
Nesse sentido, os dehonianos tentaram, junto ao Vaticano, a alteração institucional de "Congregação Clerical” a de "Congregação Religiosa", a fim de reduzir as diferenças entre ambos. Foram, porém, esforços baldados. Porque o Santo Padre alegou a importân­cia de se respeitar o carisma do Fundador! (Pe. Osnildo Carlos Klannn scj, então Sup. Provincial, por e-mail, aos 09/12/2004).
Aliás, com ou sem a oficial igualização religiosa, continuariam as desigualdades naturais, culturais, funcionais e etárias. Por conseqüência, ainda restaria vasto campo onde exercer a compreensão humana e a frater­nidade cristã.
Mas, afinal, quem é o Irmão Luiz? Calma...



II

IRMÃO LUIZ

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Sumário Biográfico do Ir. Luiz
04-07-1905: Nascimento
01-09-1929: Profissão Religiosa
1929-1931: Trabalha em Brusque
31-12-1931: Chega em Corupá.
Sapateiro e enfermeiro por 30 anos
1932: Início do Viveiro.
1933: Início do Museu
01-09-1954: Jubileu de Prata.
01-09-1979: Jubileu de Ouro.
31-12-1981: 50 anos de permanência em Corupá.
08-10-1988: Falecimento em Corupá

Fonte: Seminário de Corupá

Godofredo Gartner é filho de Brusque: uma Colônia de imigrantes ale­mães, fundada aos 04/08/1860. Inicialmente, batizada com o nome de “Colônia - Itajay", situada à margem esquerda do Rio Itajaí-Mirim, a 38 km da Foz do Itajaí-Açu. Seu nome definitivo deve-se ao então Presidente da Provín­cia e Fundador da Colônia: Dr. Francisco Carlos de Araújo Brusque.

l- Ascendência

O historiador Oswaldo R.Cabral, em seu livro Brusque, registrou, nos "Anexos", as levas anuais de imigrantes alemães. Na relação de 22 de maio de 1865, ainda sob a direção do austríaco e católico Barão Maximiliano von Schnéeburg consta: a) Sob o nº 15, o ca­sal Jakob Gartner e Carolina, que são os avós paternos de Godofredo; b) Em 1860, sob o nº 4, aparece o avô materno Frederico Fischer, mais tarde c/c Clara; c) Francisco Gartner e Maria Anna Fischer (já nascidos em Brusque) são os pais de Godofredo, filho que lhes nasceu aos 04/07/1905, na Rua São Pedro, a tradicional Peterstrasse, Bairro de Brusque, hoje, em parte, pertencente ao Município de Guabiruba.

Foto Diácono Edinalte e Lídia Gartner de Souza
Nesta casa, quando ainda em estilo enxaimel, na   Peterstrasse (Rua São Pedro) -, nasceu Godofredo Gartner (cf.certidão).

Família Gartner

Sentados. Os pais: Francisco Gartner e Maria Anna Fischer. Netos: Paula (no colo), Waltrudes, Lúcia, Osvaldo e Olívio (no chão). Em pé os Irmãos: José G. e esposa, Maria, Ana G., Maria e Jacó G. e Antônio G.




foto appal

Certidão de nascimento do Irmão Gartner

 

2- Infância e Adolescência

O mais tarde tão conhecido Irmão Luiz foi registrado com o nome de Godofredo. Mas era conhecido pelo nome popular alemão "Gottfried". Ao tornar-se religioso, acrescentou o nome “Luiz”.




Pe. Francisco Schüler scj

A partir de 1905, foi Vigário Paroquial e Pároco de Brusque. E escreveu o artigo Eine Bugerjagd (cf. Blumenau em Cadernos, Jan/Fev – 2005, trad. Eloy D. Koch scj). A foto do Padre foi tomada deste artigo*.



* Observação – Divulga-se a opinião de que os colonos europeus de S. Catarina massacraram os indígenas, “nossos irmãozinhos”... Importa, porém, anotar: “as invasões” das terras indígenas foram lideradas pelo Governo Brasileiro; que as caçadas indígenas foram autorizadas pelo Governo Provincial, e executadas nesta caçada, por 15 bugreiros serranos, em Brusque, mas em defesa das vidas e propriedades dos colonos; e que o “Serviço de Proteção aos Índios” era, na prática, também Serviço de Proteção aos Colonizadores... (Cf. Eloy D. Koch scj, Tragédias Euro Xokleng e Contexto, 2002). Um século de ações e omissões oficiais, notadamente na demarcação de terras indígenas em nosso Estado, vêm causando tragédias em muitas famílias colonas. (Cf. A Complexidade da Questão Indígena do Deputado Kennedy Nunes, in AL Notícias, 18 de set. 2009).
_________________


Capela de Guabiruba.
Aqui, Pe. Francisco Schüller scj batizou Godofredo Gartner, aos 13/08/1905. Foram seus padrinhos: Theodoro José Fischer e sua esposa Ana.

D. João Becker, o 1º Bispo de Florianópolis. Veio do Rio Grande do Sul, mas nasceu na Alemanha. A criação da 1ª Diocese Catarinense deveu-se, mais que tudo, a Mons. Francisco Topp, também da Alemanha.


Aos dois anos de idade, em agosto de 1907, Gottfried foi crismado na referida Paróquia por Dom João Becker, 1º Bispo Diocesano de Florianópolis. Foi seu padrinho o Sr. Daniel Fischer.


Escola da Rua São Pedro que servia de Capela. A foto de 1923, é de uma festa da Capela


Godofredo, ou Gottfried, frequentou a Escola Primária Particular no seu Bairro da Rua São Pedro, provavelmente, de 1913 a 1917. Foi seu professor o Sr. Carlos Maffezzolli, de origem italiana, nascido em Brusque, e que frequentara o Colégio Santo Antônio – essa merecidamente renomada Escola Paroquial, dirigida pelas Irmãs da Divina Providência. Professor Carlos lecionou na Rua São Pedro du­rante 45 anos! Dava as aulas em português e alemão.

Prof. Carlos Maffezzolli.
 Lecionou 45 anos nessa Escola da Rua São Pedro


É interessante anotar. A 1º de novembro de 1915, o 2º time do "Sport-Club Brusquense" foi jogar uma partida de futebol com o "Peterstrasse F.C.", e "foram recebidos no local pelo Sr. Carlos Maffezzolli, competente professor, e pela Diretoria do Clube. Venceu o quadro visitado” (KOCH; HEIL. Clube Atl.C.Renaux, p. l8). Mestre Carlos faleceu em 1948.

3- Mocidade

Aos 18 anos, Gottfried empregou-se na tecelagem da Fábrica Schlösser, na cidade de Brusque. E participava das atividades desportivas da Empresa (Pe. Irineu Decker scj). Também teria jogado futebol no 2º time do Sport Club Brusquense.

Frederico Heil e Maria (Mimi) Erbs. Na casa desse Casal amigo, o aprendiz de sapateiro também residiu por algum tempo. Cheguei a conhece-los nos anos 40


A seguir, Godofredo optou pela Sapataria do Sr. Frederico Heil. Henri­que Gonçalves, por mim entrevistado, e já falecido, era seu colega de aprendizado. Ambos residiam na casa do Patrão. Em 1943, ainda frater, estive nessa sapataria e mantive uma agradável conversa com o Sr. Heil.
Passados alguns meses, eis como o Sr. Heil falou ao seu esforçado empregado: "Até agora, Gottfried, tu foste aprendiz; daqui em diante, serás oficial: quer dizer, vais trabalhar por peça" (H.Gonçalves). Esta­va, pois, formado o profissional, apto a fabricar calçados, e com autonomia.
Povo que trabalha também dá valor ao trabalho manual e técnico, qual meio digno de ganhar a vida. Além do mais, a profissão de sapateiro exige aquele "diálogo preciso” do cérebro com as mãos. Exercício apto a desenvolver um ser humano, e de especial valia para atividades artesanais e artísticas do futuro Irmão Luiz.
Ao leitor de hoje, talvez possam interessar algumas noções do antigo processo técnico do fabrico de calçados. Do couro de animal, fazia-se o corte (o sapato sem a sola); que era colocado na fôrma de madeira; e a confecção do solado (para a planta do pé), era peça de couro batida com martelo em cima do tijolo de ferro, para estendê-la por completo, evitando esticar-se com o uso; para prender corte e solado, empregavam-se taxas de mão (de metal) ou de torninhos (de madeira); as perfurações (para o cadarço), eram feitas com vasador (ou prego); para o acabamento: a lixadeira (presa numa roda) e tinta (para a pintura do calçado).
A grande máquina de sapateiro (cf. foto) somente servia para costurar couro mais fino. Também havia a peça de ferro com três suportes para con­serto de calçados (Informações prestadas pelos sapateiros H.Gonçalves e J.K.Zirke).

 

4- Vocação em Ambiente Propício

Godofredo estava de bem com a vida: com saúde de atleta, boa pro­fissão, bom emprego, valorizado e estimado pelo patrão, e até uma ligeira paquera não lhe faltou. Igualmente estava de bem com Deus: "rezava ao iniciar o trabalho e freqüentava a igreja” (Elfrida Heil Schaefer). Era um moço "sério e bom" (H.Gonçalves - seu colega de profissão).
E por este lado se foi definindo o rumo de sua vida: re­solveu ser Irmão Religioso. O patrão bem que lamentou a perda de seu valioso profissional.
Não se pode concordar com Hipólito Taine, filósofo francês (+1893), que afirmava ser o homem “apenas um produto do meio". Seria negar-lhe a liberdade. Em termos religiosos, seria esquecer que o amor de Deus é apenas despertado pela educação doméstica, escolar, eclesial e comunitária. E o referido despertar, em termos de fé cristã, pressupõe o germe religioso pelo Divino Criador lançado no âmago da natureza humana. A religiosidade humana, qual girassol, é, por natureza, dirigida para o Sol Divino. No que pode ser favorecida ou prejudicada pelo ambiente social.
O ambiente de Brusque foi favorável. Brotando daí, pelo toque da gra­ça divina, uma especial vocação religiosa, preparada que foi pela graça externa das circunstâncias benfazejas.
a) Às quais se refere, com propriedade, um poema em prosa, publicado no semanário Brusquense O Rebate, por Alvino Graf, seu diretor e proprietário, aos 21-09-1940. Ei-lo:
Vista da cidade de Brusque, nos anos 30
 
 
BRUSQUE
Quem conhece este encantador recanto do Brasil,
sente-se bem aqui.
A Vida calma, o desenvolvimento sempre crescente,
a atividade laboriosa de todos, é um sinal certo,
de que o povo de Brusque é feliz.

Ao romper do dia, ouvem-se
os silvos agudos das fábricas,
chamando os operários a movimentar
motores e teares,
para o desenvolvimento da indústria
e garantia do pão.

Às 6 horas os sinos tocam a “Ave Maria”,
convidando para a prece do dia.
É belo e edificante, ver o templo repleto de fieis
assistindo à Sta Missa.
Em tudo se nota o empenho
de conservar as tradições brasileiras.
Cedo começa o vai-vem de crianças
ligeiras e alegres
a caminho da escola.
A cidade movimenta-se.
Chegam das colônias
os produtos da lavoura,
que vêm abastecer a cidade.
Correm caminhões,
atopetados de fardos, de cargas,
para despejar nos mercados
dos municípios vizinhos.

Brusque progride
e promete colocar-se na vanguarda
das cidades catarinenses,
como uma das mais belas,
laboriosas e ricas.*




* “Poema” que foi transcrito no Almanaque SCJ, 1942, p. 114, impresso na Tipografia Leão Dehon, do Convento SCJ.




b) No entanto, esse benfazejo clima humano-cristão, acima descrito, provinha de pastores e famílias católicas e luteranas. Que procuravam, não só coexistir, mas conviver pacificamente.


Padre João da Cruz Stuep: Vigário Paroquial da Capela de Santa Terezinha, Professor de Filosofia, Fundador, Diretor e Professor das escolas: SENAC, ETC, Ginásio e Escola Normal São Luiz.


Neste sentido, ocorreu um episódio significativo. Certa manhã, na Praça Barão de Schnéeburg, em Brusque, o conhecido Padre João da Cruz Stüpp scj conversava com o Sr. Érico Krieger, da Direção da Igreja Luterana.
Nisso passava um brusquense que os cumprimentou. E, todo gaiato, fez o seguinte comentário:
“ - Ora, ora, vejam só! Um Padre romano fanático num papo descontraído com um Protestante fanático, e em plena Praça...”
Pe. João, sorridente, e de voz mansa e irônica, respondeu assim:
“Meu caro Amigo, eu não tenho culpa, e o Sr. Érico também não tem culpa de os nossos ancestrais terem brigado, já vai para vários séculos, por causa de Religião”. E o moço aceitou o arrazoado. E nós também o aceitamos, pelo menos qual começo de conversa.
Creio benéfico acrescentar que, desde o meado do século XX, deu-se início a um movimento religioso universal, no sentido de restaurar a unidade de todos os cristãos. (cf. Ecumenismo, in Vaticano II).

Papa Bento XVI

Neste sentido, vale citar um exemplo concreto e atual do Papa Bento XVI. Dirigindo-se ao “G8”, insiste no princípio da “subsidiariedade”. E acentua: “Faz-se necessário ter em consideração a minuciosa ação educativa desempenhada pela Igreja Católica e por outras Confissões Religiosas nas regiões mais pobres e abandonadas no globo” (L’osservatore Romano, 11-07-2009). Por sem dúvida, um gesto de boa vontade ecumênica.
c) A liderança católica em Brusque, na formação do salutar ambiente humano-cristão foi iniciado pelo Clero Diocesano, desde o padre Alberto Gattone até o Pe. Antonio Eising. Sem esquecer os zelosos Pastores Luteranos.
Sucederam o clero católico Diocesano: os Sacerdotes Religiosos Dehonianos (1904). E com o mesmo ardor missionário, assim manifestado no final da extensa carta enviada à Holanda, quando chegaram a Paranaguá (PR):
É de Coração que te saudamos, ó Terra Brasileira! Nova Pátria dos Padres do Coração de Jesus. Não te cobiçamos os tesouros e as riquezas. Para cá viemos, não para, maravilhados, sempre contemplarmos as tuas Belezas Naturais. É propósito nosso, consagrar as nossas energias sacerdotais tão somente à grande obra da Propagação e do Fortalecimento da Fé Católica!*

Eis os dois pioneiros:



* (Ass.) Pe. Gabriel Lux e Pe. José Foxius, a bordo do navio “Maceió”. Paranaguá, 21/06/1903.

Pe. Gabriel Lux scj
Pioneiro Missionário e 1º Superior Regional Dehoniano. Pároco de Brusque (1904-1905). Fabriqueiro – Administrador de Azambuja (1905-1920). Arquiteto e construtor dos 1os Seminários: o do hospital – Seminário de Azambuja (diocesano) e o de Corupá (dehoniano).

Pe. José Foxius scj
Pioneiro Missionário e confrade do Pe. Gabriel Lux. Chegou a Florianópolis aos 15/07/1903. Superior Regional (1925/27)

Pe. Germano Brand scj
Pároco (1922/38) – Fundador, em Brusque: do 1º Seminário scj, da Tipografia Pe. Dehon, da Revista Der Wegweiser (O Indicador de Rumo) e da Escola de Agricultura e Comércio (na Casa São José).


d) Mas é hora de retomar, mais diretamente, o fio biográfico do Irmão Luiz.
Das décadas de 20 e 30, vale recordar e ressaltar o dinamismo e o zelo pastoral do Vigário Pe. Germano Brand scj: Fundador, em Brusque, do 1º Seminário Dehoniano (1924) e da Revista Der Wegweiser (O indicador de Rumo, 1929). O Padre também era bom pregador, em alemão e em português. Toda a pastoral dos padres, da Paróquia São Luís Gonzaga e do Santuário de Azambuja, apontava o Caminho para Deus.
Já diziam os antigos: Die Nähe eines Helden macht stark: (a proximidade de um herói infunde coragem). Pe. Germano e outros eram heróis.

5- Irmão Religioso

Tudo começou em Brusque, aos 15 de setembro de 1927. Data em que Gottfried iniciou o seu Postulantado. Ou seja, por quase um ano, o candidato a Irmão Religioso submeter-se-ia a uma preparação primeira em ordem a ser aceito no Noviciado, tempo de preparação imediata para a vida religiosa.
Em ambas as preparações, os superiores eram advertidos no sentido de só aprovarem candidatos idôneos (RP § 22 a 25).

Pe. Lourenço Foxius
Depois de missionário em Camerum (África), missionário em S. Catarina (Brasil, 1919). Dentre os vários cargos que exerceu, sobressai o de Mestre de Noviços.


Aos oito de junho de 1928, Pe. Lourenço Foxius scj foi nomeado Mestre de Noviços. Aos 30 de agosto daquele ano, reunida a Comuni­dade Religiosa de Taubaté (SP), Pe. Lourenço foi oficialmente empossado no cargo pelo Superior Regional, Pe. Pedro Storms scj.
Na mesma data, entravam no Noviciado os três primeiros candidatos a Irmão Religioso, os brusquenses: Godofredo Gartner, Afonso Engelbert Schlindwein e Egídio J. E. Corrêa.


Antigo Convento e Teologado SCJ de Taubaté, já reformado.


O Mestre de Noviços conduziu os candidatos nessa caminhada e, ao mesmo tempo, era encarregado de saber-lhes da autenticidade vocacional.    
Concluída a etapa do Noviciado, Godofredo Gartner e seus dois confrades fizeram a primeira profissão religiosa de vida Consagrada a Deus, mediante os votos de Obediência, de Pobreza e de Castidade. Ato que foi realizado na Capela de Taubaté, na chácara do Conventinho, a 1º de setembro de 1929. Ocasião em que trocou o seu nome Godofredo pelo de Luiz: Irmão Luiz.

6- Duas Transferências

Na vida do Ir. Luiz houve apenas duas transferências: a lª, do Con­vento de Taubaté (SP) para o Convento de Brusque (SC); e a 2ª, e definitiva, daqui para o Seminário de Hansa Humboldt (Corupá - SC).
Logo após a sua profissão religiosa em Taubaté (01/09/1929), o Ir. Luiz foi transferido para Brusque, onde permaneceu por dois anos e quatro meses (até 31/12/1931). Além de exercer a sua profissão de sapateiro, desempenhava as funções de enfermeiro e de porteiro. Em entrevista, Pe. Roque Schmitt recordou este pormenor: "Quando eu entrei no Seminário de Brusque, em 1931, o Irmão Luiz ocupava um quar­to na entrada da antiga tipografia: uma casa de madeira, onde ele já consertava sapatos. José de Modesti, aspirante a Irmão, traba­lhava com ele".
A 2ª e última Transferência. Ocorreu a 01/01/1932. O Ir. Luiz foi transferido para o recém-concluído Seminário de Hansa Humboldt (Corupá). Aqui transcorreu, pois, a maior parte de sua vida tão benfazeja.    

7- O Novo Seminário

Em 1927, os Senhores Adolfo Bäumle, José Müller, Guilherme Thiemann e outros: tomaram-se de vivo interesse pelo plano dos Padres Dehonianos de transferir o Seminário de Brusque para Hansa Humboldt (hoje, "Corupá" - sem sentido histórico).
Em nome da Comunidade Hanseana, os mencionados Senhores propuseram aos Padres a colônia nº 81, ainda à venda. E Pe. José Foxius, então Superior Regional desses Religiosos, entrou em acordo com a proposta. E "logo incumbiu ao Pe. Gabriel Lux dos trabalhos iniciais”. É bom lembrar: os Padres Lux e Foxius foram os pioneiros SCJ no Brasil Meridional
Decisão que, em 1929, foi confirmada pelo novo Superior Regional: Pe Pedro Storms scj. Atitude que lhe exigiu firmeza, porque padres havia que preferiam a permanência do Seminário em Brusque.


Os seminaristas dehonianos de Brusque, transfe- ridos para o Seminário de Corupá (1932). Com eles, também veio o Ir. Luiz, presente na foto: no alto, bem à direta

Detalhe da foto ao lado. No alto: Pe. J. Paulo Kremer, Ir. Rafael Kölling, Pe. Vicente Schmitz e Ir. Luiz Gartner.


Mas o plano foi homologado pelo Pe. José Lourenço Philippe, 2º Superior Geral da Congregação, em visita oficial (1930) a esta Missão Regional da Província Alemã. Visita que se constituiu em grande bênção para o progresso desta Região Missionária. Tanto mais por­que a sua autoridade vinha acompanhada de "modesto e atencioso trato" dispensado aos seus religiosos, e de um frutuoso retiro espiritual que lhes havia pregado em Jaraguá do Sul (Crônica Schmitz, p.14-65).


8- Irmão Luiz no Seminário de Hansa

Aos 31/12/1931, Ir. Luiz partiu de Brusque para o novo Seminário de Hansa Humboldt (Corupá), onde permaneceria até o fim de sua vida (1988).
No dia 17 de janeiro de 1932, ele participava da Festa de Inauguração do Seminário. Dom Pio de Freitas, 1º Bispo Diocesano de Joinville, foi quem deu a bênção inaugural (Crônica Schmitz, p.118).
Dom Pio de Freitas
1º Bispo de Joinville. Deu a bênção ao novo seminário de Corupá, quando ainda em construção. (Foto:http://www.diocesejoinville.com.br/ pt/sobre/bispos.php).



Pe. Bernardo Knob scj relata que, em fevereiro de 1932, o Ir. Luiz foi quem acompanhou os seminaristas na transferência do Seminário de Brusque para o de Hansa (Relato Biográfico - APPAL)
Pode dizer-se que a vida do Ir. Luiz alternava-se com a Espiritualidade (oração) e a Operosidade (trabalho).
  

a) Vida Espiritual e fraterna

Em termos bem simples, é vida pela qual se vive mais diretamente em contato com Deus: através de uma vida virtuosa e na Fé Cristã, alimentada por exercícios de piedade e pela prática do amor ao próximo, fortalecidos pela Graça de Deus.
Neste particular, o Ir. Luiz "sempre foi um religioso exemplar: nunca fal­tava às orações em comum, à meditação, à santa missa e à adoração diária ao Santíssimo" (Pe. Roque Schmitt scj).
Em meio a suas múltiplas atividades, como veremos a seguir, "não omitia as suas obrigações de religioso e consagrado, tornando-se uma censura silenciosa para todos nós, que nos achávamos demasiadamente atarefados e, por isso, frequentemente escusados" (Pe. Bernardo Knob scj: Irmão Luiz, Circular SCJ, 1988, p.287).
Em síntese, e o confirma Pe. Irineu Decker scj, ex-Superior Provincial: Irmão Luiz "era um homem de Deus, um religioso exemplar".
Cabe acrescentar a palavra de especial convicção do Irmão Alfredo Engel scj: "A vida religiosa é o ponto-chave" da vida de um Irmão Religioso (Depoimento).
Vida que também se traduzia na sua convivência com os confrades, seminaristas, empregados e pessoas estranhas. Trazia sempre uma fisionomia serena, bondosa e sorridente. Era propenso a fazer favores e gentile­zas.
Assim, em 1935, Ir.Luiz nos fez a surpresa de uma raridade: num gramofone bem antigo, tocou para nós a canção "La Paloma", gravada em cilindro. Por isso designamos o gramofone como “toca-cilindro”, da marca “Edison”, fotos de 2005. 
Toca-Cilindro
Que não trazia as gravações num disco, mas num cilindro (Semin. Corupá).


Vitrola (toca-discos) das mais antigas.
Adquirida por empenho do Ir. Luiz nos anos 30 (Semin. Corupá).



Um pouco mais tarde, adquiriu para o Seminário um toca-discos. Coisa já bem melhor. Aos sábados, no recreio da noite -, era prazeroso ouvir músicas e canções que, vindas da sala de visitas, no 2º piso, se espalhavam benfazejas pelo pá­tio. Ainda me lembra, por exemplo, a canção "Wien und der Wein" (Viena e o Vinho).
Não era nada fácil conseguir uma fotografia, pessoal ou do Seminário, para enviar a parentes e amigos. Pois lá vinha em socorro o amigo Ir. Luiz, com sua máquina fotográfica!

Máquina fotográfica antiga do Ir. Luiz. Anos 30 (Sem. Corupá).


b) Vida Laboriosa

Costuma dizer-se, e com propriedade: tudo quanto alguém realiza é projeção de si mesmo. Em suas múltiplas atividades, Ir. Luiz reve­lava inteligência, persistência, senso prático e senso estético.
Ele era o "factotum", ou seja, o pau-para-toda-obra do Seminário (Pe. Irineu Decker). Era o enfermeiro. Lembro-me, por exem­plo, de como, em 1937, socorreu a nós seminaristas, vítimas da "caxumba” (inflamação da parótida).
O Irmão tinha bem organizadas coleções de selos: nacionais e estrangeiras. De modo a incentivar e ensinar a muito aluno o segredo de bem organizar um álbum, meio divertido de cultura. Não se sabe do paradeiro dessas valiosas coleções e mesmo de outros pertences pessoais do Irmão após o seu falecimento.
Também era santeiro: fabricava imagens de Santos, com o emprego de gesso, por ele também pintadas, e com arte.

Ir. Luiz também entendia de pintura e da arte santeira.


Além disso, fabricava terços (para a oração do rosário). Tudo somado, dava uns trocadinhos a mais para as compras necessárias ao andamento das várias ativi­dades culturais em curso.
Ir. Luiz Sapateiro: de batina e avental. O sapateiro profissional em ação. Seminário de Corupá nos anos 30.

Porém, a sua atividade principal, como não poderia deixar de ser, era a de fabricante e consertador de calçados. Era o Sapateiro do Seminário: para os Padres, seminaristas e empregados. Mas, bem entendido: um sapateiro profissional, formado pelo seu mestre Frederico Heil, em Brusque.
Conta-nos Pe. Júlio Lenfers: Em 1932, "conheci o Irmão Luiz, sempre sorridente. Na sapataria, "o infatigável bater do martelo no fabrico de sapatos; idos tempos, era difícil ter sapatos. O Irmão não dava conta de fazê-los para todos”. Referindo-se às suas ativida­des no geral, Pe. Júlio acrescenta: "O Irmão Luiz andava sempre atarefado". Cabe observar que, na década de 60, o Irmão Alfredo Engel foi seu aprendiz e dedicado auxiliar.
Para as suas regulares idas ao Correio e a serviço de outros afazeres na Cidade, a 4 km -, o Irmão recebeu da Casa uma bicicleta (1937). Mas o seminarista Henrique Zicke, já moço, e recém-vindo da Alemanha, não resistiu a um atrevimento: pegou a bicicleta e deu algumas voltas pelo pátio. O tempo fechou. O Pe. Diretor (João Stolte) deu-lhe aquele puxão de orelha. Henrique, discretamente, mas com despre­zo, desabafou, à surdina, perante os colegas: "In Hannover bekommt man so ein Rad nachgeschmissen...(Na minha cidade natal (Hannover) isso é coisa que se oferece de graça).

A mobileta do Ir. Luiz com seu apelido onomatopaico de Tef-Tef (Sem. Corupá).


Posteriormente, o Irmão foi contemplado com uma valiosa mobileta: a bicicleta motorizada. A qual recebeu o apelido onomatopaico de Tef-Tef.
O Sr. Alvim Seidel, do Orquidário Catarinense, bem se recorda do Irmão Luiz como “sempre acessível”, nos tempos em que, todas as tardes, “ia com sua bicicleta-motorizada ao correio”. Era o Tef-Tef. (Carta – 15/03/2005).
Tenho o pressentimento de que, a essa altura do “causo”, no leitor esteja se formando uma onda de impaciência: “Ao final e ao cabo, onde ficou o decantado viveiro do Ir. Luiz? Onde ficou o famoso museu do Ir. Luiz?”.
Calma: vem aí o 3º capítulo...



III

ENGENHO E ARTE



1- Viveiros Irmão Luiz


No plural, porque houve dois viveiros sucessivos:

1.1) O Viveiro “Paraíso das Aves”

Nos fundos do histórico e grandioso edifício do Seminário de tijolos à vista, inaugurado em 1932, houve o acréscimo de novas construções. Obras que foram inicia­das em 1953. Seus projetos e construções foram da competência do Pe. Antônio Echelmeier scj, que foi o seu arquiteto e engenheiro, e de bom senso e bom gosto.
Na extremidade lateral, igualmente à esquerda, ergueu-se a nova ala do Seminário; em anexo, a nova e espaçosa Capela, também  aberta ao público. Depois disso (1955), deu-se início, nos fundos do pátio interno do Seminário, à construção do Teatro Padre José de Anchieta. Seu uso sempre foi tido em alto apreço para as festas do Seminário e para a formação geral dos seminaristas.

1.2) Viveiro Novo

Viveiro e Plantas
O Ir. Luiz no seu trato amigo com as aves, no viveiro por ele fundado (Sem. de Corupá).

Viveiro de pássaros do Ir. Luiz (Sem. de Corupá).

O Ir. Luiz e seu apreço por flores e folhagens.

Homem de iniciativas e de senso prático e estético -, e auxiliado por seminaristas, Ir. Luiz logo tratou de remover o Viveiro para trás do novo Teatro, tendo embora que enfrentar um terreno declivoso. O qual foi escavado em três patamares, onde se construíram os variegados e adequados e vistosos abri­gos para plantas e animais.
No 1º patamar, construiu-se um orquidário. Ao lado, uma casinha com três repartições: para um casal de macacos, para cutias e para perus. Além disso, havia cascavéis "protegidas" em caixas gradeadas e envidraçadas.
No 2º patamar, a casinha das aves, com várias divisões: para pavões, perus, rolas e inhambus. No centro de um jardim, uma lagoinha cercada de arame, "no qual se banham dezenas de marrequinhos". E ao lado, uma estilosa gaiola com "três araras falantes". Tudo com trato animal ade­quado, regular, saudável e respeitoso.
No 3º patamar, há “muitas espécies de flores cuidadosamente conservadas” (Cf. Pe. Waldir Vicentini scj, in Eco dos Seminários, agosto de 1957, nº 13, p.23).
Irmão Luiz se desdobrava para povoar de plantas, aves e animais o seu sempre mais conhecido e visitado e admirado Viveiro. Em Corupá, por exemplo, o Sr. Alvim Seidel, do "Orquidário Catarinense Ltda", lhe cedia ou com ele permutava “orquídeas, philodendruns e outras plantas”. Também em Brusque, o Sr. Ernesto Guilherme Hoffmann (Willy), com sua notável fazenda, ainda coberta de mata nativa, era um recurso para o Viveiro.
Em suma. Eram 493 metros de área construída. Onde havia umas 70 espécies de aves, tais como: araras, tucanos, pavões, faisões, periquitos, canários e patos. E macacos, tartarugas e cobras. E muitas flores.
Para todos, mas em especial para os nossos seminaristas, crianças e estudantes de fora -, o Viveiro era de especial incentivo para melhor conhecimento, respeito e amor à flora e à fauna brasileira. E Pe. Roque Schmitt termina dizendo: Infelizmente, o IBAMA fechou este viveiro no início do ano 2000.

2. Extinção do Viveiro


a) Ainda ao tempo do Irmão Luiz, também o Pe. João Sebastião Boeing scj, Diretor do Seminário, iniciou e manteve bom relacionamento com o IBAMA-SC. De sorte que, na medida do possível, iam-se melhorando as condições do Viveiro.
b) Após o falecimento do Ir. Luiz, os Superiores da Congregação nomearam, para zelador do Viveiro, ao Irmão Honorato Corcetti scj. Que também vinha fazendo "um grande trabalho" (Pe. F. Sehnem).
c) No sentido do melhoramento, deram-se os seguintes passos:
1º- O "Viveiro de Aves" passaria a "Criadouro Preservacionista"; 2º- Para legalizá-lo, o Seminário enviou a documentação exigida; 3º- Mas um "Criadouro" só poderia permitir visitas esporádicas de es­tudo, e monitoradas. Isto é, não mais seriam permitidas as tradicionais visitas regulares nos fins de semana e feriados; nem de escolares, de ido­sos e outros grupos durante a semana; 4º- A não ser que o "Criadouro” se transformasse em "Zoológico de Classe A", e cujas condições seriam estas:
-Contratar um biólogo, um médico veterinário e um tratador, a tempo integral;
- Montar um laboratório básico para cuidados dos animais;
- Estabelecer convênio com um laboratório maior para exames mais apropriados (doenças, pestes; quadro de saúde, exames, posturas, venda, permuta, óbito, causa da morte);
- Sexagem de todos os exemplares existentes, implicando exame de DNA;
-          Adequação física dos espaços e praticamente uma reforma total do Viveiro, que agora seria Zoológico. Um Viveiro em finíssima redoma...
- O Seminário, diante da impossibilidade de atender às condições do IBAMA, só ficaria com as aves "domésticas" e não em extinção. Passado um ano, o grosso do Viveiro foi transferido para os "Criadores" de Guabiruba e Jaraguá do Sul; e para os "Zoológicos" de Pomerode e Baln. de Camboriú.Gratuitamente...
- Pe. Tarcísio, na época o Diretor do Seminário, deixou expressamente anotado: "Por parte do IBAMA-SC, fomos atendidos sempre de forma elegante e cordial". Embora dentro do rigor da Lei, e fora das nossas possibilidades...
- E vale acrescentar: Chegava ao fim uma tradição cultural de 70 anos, por sinal muito educativa para os visitantes, e nada prejudicial aos animais. Agora, talvez tenha ocorrido o ótimo qual inimigo do bom... Saía perdendo o turismo cultural. E as ciências naturais nas escolas. Com a presença do Ir. Luiz, a sorte do Viveiro, talvez tivesse sido melhor. (Confira: Pe. F. Sehnem scj: Viveiro, Paraíso das Aves (16/03/05); e Pe. T. D. Feldhaus scj, Informações do Viveiro, Paraíso das Aves (24/02/05)).
Minha observação – Com tais rigores, e sem favores oficiais, quem teria lucrado? O Estado Catarinense? Ou alguma ideologia anti-religiosa? Ao Pe. Erico Ahler scj, o Interventor do Estado (anos trinta), enquanto consultava uma lista de endereços, afirmava: “Aos amigos, os benefícios da Lei; aos inimigos, os rigores da Lei”. Quanto ao sumário fechamento do Viveiro Gartner -, não teria sido ele uma aplicação dos “rigores da lei” a algum desafeto? No direito romano se lê: excesso de justiça [dá em] excesso de injustiça (summum jus, summa injuria). Certamente, dá para alguém ficar com a pulga atrás da orelha...

3) Museu Irmão Luiz


a) Origem

Um palito de fósforo aceso, a esmo atirado num ma­tagal, pode provocar um grande incêndio. E um sabiá morto, encontrado na chácara do Conventinho de Taubaté (SP-1929), foi despertar no Ir.Luiz, ain­da noviço, a grande idéia de um museu zoológico. Eis a sua recordação: “Pe­guei o sabiá, levei-o ao Noviciado, tirei-lhe as tripas e coloquei sal para conservá-lo. E, aí, veio-me a idéia de organizar um museu".
Chegado ao Seminário de Corupá (l932), o Irmão tratou de informar-se, junto a um farmacêutico amigo, sobre o uso de arsênio, bicarbonato, pedra alúmen e formol na conservação da pele de animais. Já em 1935, ele dispunha, no Seminário de Hansa (Corupá), de um pequeno espaço para os primeiros animais empalhados. Melhor dizendo: animais taxidermizados. Técnica na qual o Irmão se tornaria mestre. Foi, por exemplo, com ele, que o Sr. Pedro Wilson Bertelli, prof. da FURB, aprendeu a taxidermia (M.H. Parizotto).
Os primeiros animais empalhados foram um "mão pelada" e um “gato do mato”.A 1ª “cobra-cascavel” foi capturada pelos seminaristas teólogos de Taubaté-SP, em 1938. (Informou Pe. Irineu Decker scj). O pequeno “jacaré” foi uma proeza dos seminaristas de Brusque, que o capturaram na "Chácara do Pe Germano" (D. Koch, Convento SCJ, p.60) Os olhos artificiais, e de boa qualidade, ele os importava de Portugal e de outros países. Uns eram apropriados para esculturas sacras, e outros também para animais empalhados.
Naquele tempo, não havia proibição alguma de caçar ou aprisionar animais silvestres. Em Corupá (Hansa), tal como em quase todas as colônias ger­mânicas, até havia as tradicionais "Sociedades de Caça e Tiro" (Schützenvereine). De sorte que não era difícil obter animais para o museu. O Ir­mão artista empalhava os que morriam "no próprio viveiro"; ou que eram caçados e "doados por benfeitores e amigos", e até de outras regiões. No entanto, os "animais maiores, como o leão e a onça, tive de comprá-los [por exemplo, no Zoológico de Pomerode-SC], mas não custaram muito" (Folheto de 01/09/1979).
Cabe observar que na taxidermização de animais de grande porte, o Irmão era auxiliado pelo amigo Sr. George Hermann. Geralmente, porém, o trabalho era todo do Irmão (informou Irmão Brito).
Maria Helena Parizotto, da FURB, caracteriza muito bem o Irmão técnico-artista nos seguintes termos: "A natureza, os animais e a cultura inspiraram e motivaram a sensibilidade do artista, e estimularam a capacidade criadora. Isto pode ser observado pela forma natural que as peças exibem, [pois nelas] há muita expressão e postura, não sendo meramente estátuas de animais taxidermizados" (idem, p.19).
Pode dizer-se que o berço do Museu foi a sapataria do Irmão, por sinal, sempre animada pela graça e travessuras de seu muy amigo esquilo. As duas atividades tinham algo em comum. Porque as peles mais espessas de animais (= o couro) serviam-lhe para o fabrico de calçados; e, no mesmo local, peles de outras espessuras eram por ele empalhadas para o incipiente museu.
Os primeiros animais empalhados tinham seu cantinho de ex­posição na própria sala de visita do Seminário: à entrada do 1º andar (o 2º piso). Mas o Museu foi crescendo, devagar e sempre. De modo que, nos anos 40, já lhe foi reservado amplo espaço no piso térreo do Antigo Seminário.

b) Exposição Geral

Finalmente, como já relatado, os Superiores houveram por bem construir todo um pavilhão atrás do antigo prédio do Seminário: de dois andares, destinados ao Museu Irmão Luiz: No 1º andar, de 240m2, o "Museu Zoológico", com cerca de l.500 peças; no 2º andar, também de 240m2, o "Museu Mineralógico”, e grande número de objetos e artefatos: perfazendo umas 30 mil peças.

Das Peças coletadas pelo Ir. Luiz
Fotos Appal, no Sem. de Corupá


Dos Insetos conservados pelo Ir. Luiz
Fotos Appal, no Sem. de Corupá






Dos Animais empalhados (taxidermizados) pelo Ir. Luiz
Fotos Appal, no Sem. de Corupá






Nota: Acabamos de apresentar uma pequena amostra do Museu do Sem. de Corupá. Ao todo são mais de 1.500 peças.

No exíguo espaço deste opúsculo não seria possível registrar e comentar tanto material, ainda que por alto. Valho-me, pois, da transcrição dos principais tópicos de um artigo do seminarista Ary D. Rodrigues, do curso colegial, publicado na revista Eco dos Seminários SCJ, agosto de 1957, nº 13 p. 8-10. O autor era um jovem inteligente, que conheceu e admirou o Museu, inclusive através do Irmão Luiz e de numerosos visitantes.
Do Artigo de Ary D. Rodrigues:

[...] Corupá chama a atenção de todo o Estado de Santa Catarina, e o Seminário, com seu rico Museu, atrai visitantes até dos mais longínquos Estados [...] É o Museu fruto dos incansáveis esforços do Revdo. Irmão Luiz Gartner scj, que, com mão de artista consumado, colecionou os mais variados objetos de arte, bem como graciosos representantes da Fauna e Flora, Brasileiras [...] O sempre alegre e dedicado Irmão Luís nos vem atender e nos conduz ao Museu [...].
Penetramos agora no interior do Museu. Num relancear de vista, notamos a ordem e harmonia admiráveis ali existentes. Leve música oriunda de velho gramofone, uma das primeiras invenções do imortal Edison, fere-nos brandamente os ouvidos.
Nosso desejo é ver tudo num momento, mas é impossível. Enquanto as crianças correm a ver o trenzinho elétrico, iniciemos por observar estes interessantes objetos de ourivesaria: finas correntes de ouro e pra­ta, colares, moedas de todas as nacionalidades, brasões, escudos, bolsas, imagens, espadas.
Passamos neste momento em frente à galeria de objetos de nossos indígenas: uma amálgama de flechas, arcos, colares, machadinhas, artefatos de palha, ossos, utensílios de cozinha, e uma infinidade de penas multicolores.
Interessante conjunto de cachimbos decorados e finamente acabados jazem de permeio com os mais variados objetos de madeira.
Grande parte do Museu ostenta representantes da Fauna Brasileira. Na galeria de lepidópteros, distinguimos caprichada e bela coleção de borboletas das mais variegadas cores e qualidades. Entre os coleópteros, grandes e pequenos besouros de lindas cores. A beleza e variedade de penas das aves canoras ali colocadas, desde o vermelho-amarelo dos papagaios, até o verde luzidio dos periquitos [...].
As crianças agora se assustam com os grandes répteis que aqui vemos: ofídios de todas as espécies, venenosos e não venenosos. Jacarés e crocodilos deitados preguiçosamente, peixes e moluscos dos mais variados. Aqui, uma onça estraçalha a caça; ali, um tigre reina soberano em meio ao ver­de da mata. Mirmecófagos: tamanduás de diferentes tamanhos, tatus e preguiças. Níveas garças ostentam suas asas em leque, enquanto a anta prazenteira mete o focinho no silvado.
Passemos agora a examinar as riquezas do reino mineral: pedras preciosas, esmeraldas, ouro e rubis, turmalinas e diamantes. Graciosas pe­dras de cristal, quartzo, granito; exemplares de chumbo, mica, cobre, cal, e, enfim, de todos os elementos da química. Ácidos, areias monazíticas e várias águas-marinhas.
Possui o Museu ricas imagens históricas, de admirável acabamento e per­feição. Trabalhadas em madeira, remontam aos primeiros anos do Império.
Para o estudo de História Natural e Anatomia, possui um esqueleto humano completo, um corpo de massa para estudo dos músculos e principais órgãos. Vejamos agora a vasta e rica coleção de moedas: estas são do Império Romano, aquelas de Portugal, França, Inglaterra, etc. Dinheiro de todas as partes do mundo.

Repetindo o óbvio: melhor que a leitura sobre o museu, seria a defrontação com ele... Até porque, segundo entendidos nessa arte e em turismo cultural -, temos aí o maior museu de Taxidermia do Estado.
Observação – O Seminário de Corupá fez várias tentativas junto ao Governo Catarinense no sentido de obter verba especial para uma organização mais científico-técnica do referido Museu.
Ao que tudo indica, o novo empenho do Pe. Cícero C. Murara scj, desta vez, junto ao atual Governador Catarinense, faz renascer a bem fundada esperança de que irá chover, sim, nessa horta...
Pe. Antônio Echelmeier, dehoniano, completou, em Corupá, o prédio do Seminário do Pe. Lux. A seguir, Pe. Antônio projetou e construiu a nova ala do Seminário, inclusive com a nova, ampla e vistosa Capela. Obra que exigiu a remoção do 1º Viveiro organizado pelo Ir. Luiz. Mas ofereceu novo e folgado espaço para o Museu.




IV

FESTEJOS E REFLEXÕES



Lembrança dos 50 anos de Vida Religiosa do Ir. Luiz.

Irmão Luiz!
Diante de uma vida que, merecidamente, gozava do elevado conceito de humano e religioso, e sempre acompanhada, essa vida, de simpatia geral: bem se explicam as manifestações de amizade que recebia; bem como as homenagens a ele prestadas, e culminantes nos festejos de seu Jubileu de Ouro.

Ir. Luiz, aos 59 anos de Vida Religiosa, quase todas dedicadas ao Sem. de Corupá.


a) Jubileu de Prata.

 Já por essa ocasião (1954), assim se manifestou Pe. Honorato Piazera, Superior Provincial.
Ao Irmão Luiz “nossas felicitações mui cordiais e nossos agradecimentos sinceros por seu devotamento à Congregação! O Museu do Seminário de Corupá é um atestado dos seus interessantes e originais trabalhos, empregando assim sua habilidade para a formação científica dos nossos seminaristas e para gáudio dos visitantes. Que o Coração de Jesus o conserve por longos anos e o recompense por tudo” (Circular SCJ, 05/02/1954).
Sob o ponto de vista humano e religioso, foi muito significativa aquela braçada de flores espirituais que os Seminaristas ofereceram, pelo Coração Imaculado de Maria, ao Sagrado Coração de Jesus, em favor do Irmão Jubilar.
Flores que foram muitas e de variegadas espécies: orações em geral e/ou curtas e fervorosas: visitas à Mãe de Deus, rezas do terço, comunhões sacramentais e espirituais, santas missas, visitas ao Santíssimo, ofertas de boas obras, mortificações dos sentidos, atos de caridade, de obediência e humildade. Perfazendo um total de 421.093 atos de fé cristã (Do Folheto Comemorativo do Seminário).

b) Jubileu de Ouro

Evento que teve o máximo de preparativos: eram o ajardinamento, a ornamentação, os ensaios do coral e do grupo teatral, bem como o tríduo preparatório feito de orações, cânticos e reflexões.
Na véspera do dia dois de setembro, houve sessão litero-musical. Na ocasião, o Irmão foi presenteado com uma TV, e um pintassilgo: o 1º pássaro do Museu. ACAO ofereceu-lhe lindas orquídeas. Um seminarista o saudou em nome dos colegas.
O “Coral S. Cecília", e todos os seminaristas com ele, cantaram o “Hino ao Irmão Luiz”, cujo autor é o Pe. Afonso Maria de Oliveira. E Pe. V. Vicentini declamou o poema "Jubileu do Ir. Luiz”, escrito pelo Pe. Arno Afonso Maria de Miranda. Ao grupo teatral de seminaristas, coube coroar as homenagens com a encenação da peça Tisto, o Menino do Dedo Verde.

Dom Gregório Warmeling, 2° Bispo de Joinville. Presidiu em Corupá, a Missa Jubilar pelos 50 anos de vida religiosa do Ir. Luiz Gartner. (Foto:http://www.diocesejoinville.com.br/ pt/sobre/bispos.php).


No domingo, foi maravilhosa a movimentação do pessoal que afluíra de várias regiões do Estado. Às 9 horas, a missa solene com 26 concelebrantes, e presidida por Dom Gregório Warmling, DD. Bispo de Joinville. Que condividiu a homilia com vários sacerdotes, tendo, cada qual, ocasião de testemunhar a vida exemplar do Irmão.
Ao ofertório, foi entoado o canto alemão Maria zu Lieben (Amar a Maria), tão familiar ao homenageado, desde a sua infância, nas igrejas de Brusque. A seguir, o Irmão renovou a sua profissão religiosa.
No final da missa, a assembléia em peso, e com grande fervor, cantou, em alemão, o hino de louvor a Deus: Grosser Gott wir loben Dich (Deus Eterno, a Vós louvor) -, tão tradicional ao povo brusquense, e a todas as colônias alemãs de Santa Catarina, num passado que já vai distante.
Do citado poema Jubileu do Irmão Luiz, de 88 versos, limito-me a três estrofes:
Aqui, junto do rio Novo,
Progride este nobre povo,
Do qual já é cidadão
Luiz Gartner, nosso irmão.

Neste grande jubileu,
As peças deste Museu         
Ficam novas todas elas,
Formosas, ricas e belas.

Hoje, as aves do viveiro
Vão cantar o dia inteiro,
Cada qual com sua voz,
Em nome de todos nós.
(Padre Miranda)

Pe. Arno Afonso Maria de Miranda, de Itajaí. Homem de profunda vida religiosa. No Convento de Brusque: foi Reitor, mestre de noviços e Prof. de Oratória Sacra. Brusque apreciava a sua pregação.


Irmãos Religiosos no Jubileu de Ouro Ir. Luiz. 1ª fila: Vicente, José de Modesti, Ir. Luiz Gartner, Alfredo Engel, Messias (depois, Padre), Honorato Corseti, Albano Schröder, Rafael Sehnen (depois, Diácono). 2ª fila: Mário Peixe (depois, Padre), Antônio Galvão, Cláudio Mallmann, Pedro Vitorino de Brito.

Após o almoço, as cerca de 400 pessoas se dirigiram ao parque do antigo Seminário, tempos atrás , ajardinado pelo Irmão Luiz, e por ele sempre zelado. Era chegada a hora da Inauguração do Monumento em sua homenagem. Num bloco de granito, assentou-se uma placa de bronze com os seguintes dizeres:

AO IRMÃO LUIZ GODOFREDO GARTNER,
NA COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DE VIDA RELIGIOSA,
HOMENAGEM E GRATIDÃO
DO SEMINÁRIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (Circular SCJ, 1979, nº108).
Jubileu de Ouro: 02 set. 1979. Junto ao monumento dedicado ao Ir. Luiz.
Os três irmãos Gartner: Antônio, Ir. Luiz e Guilherme.

Ao lado direito do Ir. Luiz: os irmãos Antônio e Willi Gartner. E demais parentes.

Jubileu de Ouro do Ir. Luiz. Corupá, 2 de setembro de 1979. Em torno do monumento em sua homenagem. Muitos parentes e amigos.



2- R e f l e x õ e s


No Monumento, há vários detalhes simbólicos da sua Vida Consagrada a Deus e dedicada ao Seminário. Dentre eles, opto por ressaltar o símbolo da "Meia-Lua", a indicar a vida humana: imperfeita, sempre perfectível e nunca acabada no limitado deste mundo.
Realmente, nas profundezas da alma humana, movimentam-se 4 impulsos natu­rais: para a Vida, para a Verdade, para o Amor e para a Beleza. Limitados a este mundo, nenhum desses impulsos alcançará a perfei­ção humana prevista: nem no Atleta, nem no Sábio, nem no Amante, nem no Artista. Para cada um desses quatro impulsos primários, poder-se-ia reunir, dentre homens e mulheres, muitos exemplos de cabal frustração.
Irei limitar-me a três exemplos.
a) Santo Tomás de Aquino, tão genial no campo da Verdade, chegou à conclusão de que tudo quanto escrevera “não passava de pura palha”.
b) Santo Agostinho experimentou a insuficiência do por ele tão perseguido amor mundano. Mas tratou de reagir. Chegando a tornar-se clássica a seguinte formulação de sua Filosofia de Vida: "Fecisti nos ad Te et inquietum est cor nostrum donec requiescat in Te" (Fizeste-nos para Ti, e o nosso coração continua inquieto, até que descanse em Ti) (Confissões, Livro I, cap.l).
c) Irmão Luiz Godofredo Gartner, conquanto em campos tão humildes do conhe­cer e do fazer, deu-se conta, também ele, do muito mais que poderia realizar, tivesse tido mais tempo disponível. Em entrevista sobre a sua realização pessoal, esclareceu: “Estou contente. Mas gostaria de ser 20 anos mais novo. Porque agora que a gente sabe alguma coisa, já está no fim". Já dizia o famoso médico grego Hipócrates (400 ac): Ars longa, Vita brevis (a Arte é longa, a Vida é breve).
De fato, Irmão Luiz não foi contemplado com os “20 anos mais novo”. Mas ele tinha terminado a sua carreira, e a contento de Deus. (2 Tim 4,7-8). Começava o mês de outubro de 1988. Ele sofria do coração. Mas antes de procurar o médico, fez questão de participar do programado "Encontro dos Ex-Seminaristas”.
Em Jaraguá do Sul (2ªfeira) consultou o Dr. Agostinho Bianchi, cardiologista. Em Corupá, Dr. Silvio Lennert o internou e medicou (3ª feira), e o paciente pediu ao Pe. Adolfo Hülse scj, lhe ministrasse o Sacramento da Unção dos Enfermos.
Na noite de 7 de outubro de 1988, Irmão Luiz era novamente assistido pelo Pe. Adolfo. Às 23:45 horas, na tentativa de acomodar-se para o lado esquerdo, sofreu o enfarte fatal, e, tranqüilamente, fechou os olhos para este mundo.
No seu enterro, a piedosa e comovente encomendação a Deus, com o Hino ao Coração de Jesus:

IN TE, COR JESU, SPERAVI,
NON CONFUNDAR IN AETERNUM! (Sl. 30,1)
(Em vós, Coração Jesus, eu esperei,
Não serei eternamente confundido!)
Hino Dehoniano*
Letra e melodia: Pe. Teodoro Borgmann scj. Arranjo Pe. Ney Brasil.



* Hino tradicional dos Dehonianos do Brasil Meridional. Também cantado nas cerimônias fúnebres. Seu muito provável autor: Pe. Teodoro Borgmann scj (+1935). Era instrumentista e compositor. Foi dirigente de banda musical em Brusque e São Bento do Sul. Em 1936, no Seminário de Corupá, Frater Antônio Buss scj ensaiou conosco, seminaristas, uma missa a mais vozes, composta pelo Pe. T. Borgmann. O atual arranjo musical deve-se, agradecidamente, ao Pe. Ney Brasil Pereira, compositor e dirigente de Corais, em Florianópolis. A melodia funerária adotada na ocasião do enterro, foi a do Pe. Afonso Maria Oliveira scj.



C O N C L U S Ã O   E    L E M B R E T E S


Foi de caso pensado, que decidi publicar a presente biografia integrada nas comemorações do Sesquicentenário de Brusque -, da qual também fazia parte a Guabiruba. Livro que não só visa a melhor enaltecer o Biografado, como, outrossim, e mais ainda, para lembrar aos munícipes que a vida deste conterrâneo Irmão Religioso – como, aliás, a de muitos outros religiosos(as) brusquenses também -, constitui uma especial bênção de Deus para toda a Comunidade e, até mesmo, para o mundo inteiro. Bastaria lembrar, neste sentido, a genial sentença espiritual da escritora francesa e católica Elizabeth Leseur: Alma que se eleva, eleva Consigo o Mundo!*
O Ir. Luiz haveria, pois, de alegrar-se com as seguintes referências ao 1º Sino de Brusque. No 6º ano da Fundação Colonial (1865), os imigrantes P. J. Werner e P. L. Heil fizeram, à Primeira Capela, a doação do 1º sino, importado da Alemanha. Essa “Voz de Deus” na colônia, traz em relevo as Armas Imperiais e, ao lado, gravados em alemão, os seguintes versos:
Anna Suzanna bin ich genannt,
Brusque ist mein Vaterland.
Da will ich bleiben,
Will alle Wetter am Himmel vertreiben.

Ana Susana é o meu nome.
Minha pátria é Brusque.
Lá quero ficar,
E do nosso céu,
As tempestades afugentar! (cf. contra-capa)

Creio que o Irmão homenageado também haveria de subscrever as “súplicas” pelo autor aqui dirigidas a todos os sinos do Itajaí-Mirim:

Tocai, Sinos da Fé Cristã,
Afugentai de nossa terra
Os malversores ideológicos,
Os bestiais assassinos,
Os vadios bandos de ladrões:
Incansáveis no semear
Pânicos, tragédias e misérias


Deus nos guarde da formação de algum bairro tipo “Heliópolis” (SP); ou de algum “Morro dos Macacos” (RJ). O lema de nossa Bandeira, “Ordem e Progresso”, também vale para a Lei Federal da “Liberdade de Ir e Vir” (migrantes). O número de assassinatos em nosso Estado é assustador. Nos primeiros 8 meses de 2009, já houve os seguintes números de assassinatos: em Camboriú, 31; em Navegantes, 20; em Biguaçú, 12, em Gaspar, 07; e em Blumenau, 19*. Em Blumenau, já foi criada a “Central de Operações Policiais”, e treinada por Profissionais de Florianópolis. (Jornal de Santa Catarina, 16 de set. e 12 de nov. de 2009).
Alguns pontos da nossa Legislação Pedagógica constituem semeaduras de ventos, que, fatalmente, acabarão em “tsunames” sociais.
A exemplo do patriotismo brusquense declarado no sino “Ana Suzana”, também o Ir. Luiz apoiaria nossos votos por uma Brusque sempre fiel e eficiente em termos de Patriotismo Brasileiro. Tal como ocorreu nos campos de guerra da Itália: com a participação de 47 soldados brusquenses (24 ítalo-brasileiros, 18 teuto-brasileiros e 05 brasileiros).**
Sem negar, todavia, suas naturais afinidades com o tradicional Vale Europeu.*** Nesse sentido, vem a calhar, por exemplo, e graças à Prefeitura Municipal, o resgate da originalidade Cultural da “Fenarreco”. Até porque, mudar de cultura, não é o mesmo que trocar de camisa -, como se pretendeu, a ferro e fogo, na ditadura Vargas.****
Igualmente feliz, o Irmão exclamaria, com o maestro Aldo Krieger: Salve, Brusque Imortal! Enquanto isso, ainda ressoam em Corupá, os versos amigos do Pe. Miranda:
Aos amigos visitantes,
As alegres Boas Vindas.
De novo, sempre de novo,
Ouvireis a Saudação:
“O Seminário Feliz
Festeja o Irmão Luiz.”

Versos que também parecem ecoar por aqui.
Na sua Terra Natal,
Na sua Brusque Imortal.

A Fé Cristã não é fantasiosa. É verdadeiro conhecimento da Verdade integral. Tal como vimos de recordá-lo nesta singela biografia.
Assim como o chocalho infantil encanta crianças de berço -, o “chocalho” tecno-científico de hoje fascina jovens e adultos. E mais: submete-os ao terrenismo, que rejeita os pensamentos e valores supra-terrenos, e até o próprio Deus. Mentalidade que um cidadão farrista assim traduziu: “Acima de mim, senhor padre, só avião”.
De maneira que a bomba atômica de Hiroxima foi tão somente uma vitória das Ciências Exatas; O holocausto na Alemanha? Mera promoção da raça ariana; A Religião? Ópio para o povo; Amor Matrimonial? Não além de amor livre; Disciplina Pedagógica? “É proibido proibir” -, tal como em Woodstock; Cadeias? Só para ladrões de galinha, não para golpistas bilionários, como o do “Boi Gordo”. E por ai vão os assassinatos do Cabo Bruno e os crimes dos anéis de grau...
Ora, escravizar-se às Ciências Exatas e à Tecnologia, com a exclusão dos valores superiores, e até do próprio Deus -, é imitar o avestruz. Porque essa ave gigante, segundo dizem, para livrar-se de caçadores, contenta-se com esconder a cabeça em espessa moita.
E o homem, acima descrito, vem imitando a desmiolada ave. Porquanto, para fugir de Jesus Cristo, o Bom Pastor, que vem, com mansidão, bater à nossa porta para conquistar-nos a conversão para Deus: está sendo simplesmente rejeitado e combatido. (Apoc. 30,20). Prefere-se, pois, meter a cabeça na espessa e tão angustiada “Moita das Ciências Exatas”. E o ser humano acaba truncado, sem identidade, infeliz!
Premissas e Conclusões - Colocadas as premissas da Cultura Materialista e Atéia Moderna: J. Stalin, H. Hitler, B. Mussolini e outros, souberam tirar e aplicar, com lógica de ferro, algumas conclusões catastróficas. Haja vista o “Holocausto”. Mas quais teriam sido os mentores das deletérias premissas? E os fariseus se calam...
Cultivando Similitude - sugerimos divinizar os humanos; humanizar as coisas; não coisificar os humanos.
Quanto à Formação Escolar - Ensinar para viver; Educar para conviver; Cristianizar para bem orientar a vida.
O Bezerro de Ouro? (Êx 32,3-5) - É pura ilusão, a humanidade confiar a sua sorte à “Igreja Universal do Bezerro de Ouro”.
Deus é imprescindível - Você pode ser a favor de Deus, ou contra Deus; mas não pode viver sem Deus (Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz, 1986).
Nosso louvor ao Deus Criador – Pois o homem, até hoje, nada criou; somente sabe transformar.
A verdadeira Cultura - A alma da cultura,é a cultura da alma! (radialista Roquete Pinto).
Estado Brasileiro e Igreja Católica - Com a Proclamação da República Brasileira, a Igreja Católica deixou de ser a Religião Oficial. No entanto, segundo Tancredo Neves, Ela continua sendo a Religião Nacional. Ora, o Estado está a serviço da Nação. Logo, cumpri-lhe, ao Estado, respeitá-la e servi-la, parte integrante que é da Nação. Tanto mais que um Estado “laico-ateu” seria uma contradição nos próprios termos.
Segundo o Salmo 143 - Feliz o Povo de quem Deus é o Senhor.
Progresso Catarinense - Permitam-nos os benévolos leitores que nos alegremos com o resultado da pesquisa feita pela FGV: Santa Catarina é o Estado Brasileiro que tem a menor proporção de pobres no país (Jornal de Santa Catarina, 27 de set. 2009).
A saudação Dehoniana: Vivat Cor Jesu! - Per Cor Mariae!
(Viva o Coração de Jesus! - Pelo Coração de Maria).



* Elisabeth Leseur. A vida Espiritual. p. 37.
* Jornal de Santa Catarina, 3 de setembro e 20 de novembro de 2009.
** Cf. Marlene de Fáveri. Memórias de uma (outra) Guerra. UFSC: Florianópolis, 2005.
*** GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (Brasil). Passaporte Turístico. Letras Brasileiras. [s/d].
**** Quando os Sinos Falavam ao Vale. Eis o sugestivo título que o Sr. Quido Jacob Bauer deu a seu recém -lançado livro em Brusque. Ora, verifico a feliz coincidência de este meu livro tentar a “restituição da fala” aos Sinos do Vale...




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ARQUIVOS

Arquivo Provincial Padre Lux (APPAL) – Brusque – SC

Arquivo da Província SCJ do Brasil Central – São Paulo – Pe. Emílio Mallmann, scj - Secretário.

Arquivo do Seminário SCJ de Corupá, da Província Meridional – Pe. Marilton Nuss, scj – Diretor.


LIVROS E MANUSCRITOS


AHLER, Érico J. scj. Resumo Histórico-Cronológico da Província Brasileira Meridional SCJ, 28p. Taubaté Julho de 1944 (datilografado Appal).

Álbum do 1º Centenário de Brusque (1860-1960). Brusque: SAB, 1960

AUGUSTINI, S. Aurelii. Confessionum, Ratisbonae, 1926.

BUSSARELO, Pe. Raulino scj. Álbum Jubilar. Rio Janeiro: Ouvidor, 1953.

CABRAL, Osvaldo. Brusque: Subsídios para a história de uma colônia nos tempos do império. Brusque: SAB, 1958.

Constitutiones Congregationis Presbyterorum a Sacro Corde Jesu. Typis Fr. Grüterick Lovanii, 1924.

FÁVERI, Marlene de. Memórias de uma (outra) Guerra. 2. ed. UFSC: Florianópolis, 2005.

GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (Brasil). Passaporte Turístico. Letras Brasileiras. [s/d].

KLANN, Pe. Osnildo Carlos scj. Apreciação da Biografia. 2008.

KOCH, Pe. Eloy Dorvalino scj. Catolicismo em Brusque: Recordação do Centenário. Brusque: Mercúrio, 2006. (O original, datilografado, encontra-se no Appal).

___. Convento SCJ. São Paulo: Santuário de Aparecida, 1993.

___. Tragédias Euro-Xokleng e Contexto. Santa Maria – RS: Pallotti, 2002.

KOCH, Pe. Rudi José scj. 50 anos. Escola Apostólica SCJ. Corupá –SC Janeiro de 1982 (folheto de 4 p.).

MARROU, H. I. Do Conhecimento Histórico. Trad. de Ruy Belo. Lisboa: Áster, 1974.

SCHMITZ, Pe. Vicente scj. História do Seminário de Corupá e da Congregação (1928-1943). Manuscrito, traduzido por Pe. Eloy D. Koch scj, 1982. Falta a tradução da parte bélica.

WOODS JR., Thomas E.. Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental. Trad. de Élcio Carillo. 2.ed. São Paulo: Quadrante, 2009.


TRABALHOS ACADÊMICOS

PARIZZOTTO, Maria Helena. Restauração do Acervo Zoológico de Aves do Museu. 21 p. Universidade Regional de Blumenau, 2001.

SARDAGNA, Adriana Ferreira. Restauração do Acervo Zoológico de Mamíferos do Museu Sagrado Coração de Jesus, Corupá – SC, 19 p. Universidade Regional de Blumenau, 2001.


ARTIGOS


Anônimo. Irmão Luiz – 50 anos dedicado ao Seminário de Corupá. Jornal Correio do Povo, de Jaraguá do Sul – SC, 23/12/1981.

Aspirantado, de Fr. Oscar Longen scj in Albores (da academia oratória Tihamer Tóth, 28/06/1955, p.11) Brusque-SC.

Irmão Luiz Godofredo Gartner scj in: Dehonianos: 100 anos de Presença e Missão 1903-2003. Curitiba, pp.19-20.

GRAF, Alvino. Brusque. In: O Rebate, 21/09/1940.

Jubileu de Prata de Vida Religiosa. Folheto dos Seminaristas, com Orações e Sacrifícios praticados em favor do Ir. Luiz. Corupá, 01/09/1954.

KLANN, Pe. Osnildo Carlos scj, diretor do Seminário de Corupá. Jubileu de Ouro do Ir. Luiz G. Gartner scj. Circular SCJ, 1979, nº108, pp. 1649-1653.

KNOB, Pe. Bernardo scj. Irmão Luiz. Circular SCJ, 1988, p.287.

MIRANDA, Pe. Afonso de scj. Jubileu do Irmão Luiz. Jornal Correio do Povo, de Jaraguá do Sul –SC, 01/09/1979.

O Irmão Coadjutor, de Fr. Darci Luis Dutra scj in Ensaios, do Escolasticado de Brusque, 1962, p.5.

PIAZERA, Pe. Honorato scj, Superior Provincial. Jubileu de Prata do Ir. Luiz G. Gartner scj. Circular SCJ, 05/02/1954.

Publicação do Seminário de Corupá (um folheto de 4 p. pelo Jublieu de Ouro): Ir. Luiz Godofredo Gartner scj.

RODRIGUES, Ary D. O Museu do Seminário. Eco dos Seminários, 1957, nº13, pp. 8-10.

SCHMIDT, Ir. Salésio scj. O Irmão Leigo é também um Apóstolo. Eco dos Seminários, 1952, nº6, pp. 25-27.

VICENTINI, Waldir. O Novo Viveiro. Eco dos Seminários, 1957, nº13, p.11.


CARTAS COM DEPOIMENTOS

Irmão Alfredo Engel scj. Noviciado Nossa Senhora de Fátima, 27/01/2005.

Pe Irineu Decker scj – São José dos Campos, 20/05/2004.

Pe. Júlio Luis Lenfers scj. Curitiba, 12/11/2004.

Pe. Roque José Schmitt scj. Brusque, 10/12/2004.


DOCUMENTOS ESPECIAIS SOBRE O VIVEIRO IRMÃO LUIZ



FELDHAUS, Pe. Tarcísio Darrós scj, Diretor do Seminário. Informações do Viveiro “Paraíso das Aves” do Seminário SCJ de Corupá, 24/02/2005.


SEHNEM, Pe. Francisco scj, Superior Regional. Viveiro “Paraíso das Aves”, do Seminário SCJ de Corupá, 2 p., aos 16/03/2005.


ENTREVISTAS, em 2004 e 2005

Irmão Honorato Corsetti scj. Seminário de Corupá, sobre o capítulo final do Viveiro Irmão Luiz.

Sra. Elfrida Heil Schaefer (filha de Frederico Heil).

Sr. José Odovino Zirke (sapateiro). Brusque.

Sr. Henrique Gonçalves, colega-aprendiz de sapateiro do Irmão L. Gartner.

Sr. Ernesto Guilherme Hoffmann (Willy). Brusque.

Sr. Alvin Seidel, Corupá.

Pe. Adolfo Hülse scj, Brusque.

Sr. Damião Luiz Maffezzolli (filho do Professor) e esposa Leonida Kormann.

Sr. Armando Maffezzolli (neto do Professor).


Entrevistas com familiares Gartner:


Waltrudes Gartner Zink, Olídia Gartner de Souza, Vera Gartner Cervi, Carmen Roselis Gartner Visconti.


AGRADECIMENTOS ESPECIAIS


Arquivo Provincial Pe. Lux – APPAL
Dra. Luzia S. Maffezzolli
Ir. Ademir Pohl scj
Ir. Alfredo Engel
Pe. Adolfo Hülse scj
Pe. Arildo José Ferrari scj
Pe. Cícero Murara scj
Pe. Ney Pereira Brasil
Pe. Osnildo Carlos Klann scj
Pe. Vilson Schlichting (Seminário de Azambuja)
Sr. Antônio e Sra. Vera Gartner Cervi
Sr. Diácono Edinalte e Lídia Gartner de Souza
Sr. Maicom Miguel Schlickmann
Sra. Doris Maria Heil
Sra. Lonir Gartner Dirscnabel
Sra. Maria F. Kormann
Sra. Úrsula Rombach
Sra. Waltrudes Gartner Zirke


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APÊNDICE DO LIVRO
CAPA INTERNA


Brasil-Império. Pela foto, renova-se a homenagem dos Pioneiros aos nossos Imperadores. Em especial, pelo rumo salvador que imprimiram à Nação: livrando-a dos braços escravos de Africanos, para confiá-la aos braços livres de Povos Europeus.

A dedicatória dos doadores do sino P. J. Werner e P. L. Heil.

[CAPA EXTERNA]
Muito caro aos brusquenses é o seu 1º sino, importado da Alemanha (1864). Nele estão gravados, em alemão, os versos que aqui traduzo:

Ana Suzana
É o meu nome.
Minha Pátria é Brusque:
Lá quero ficar,
E do nosso céu
As tempestades afugentar.

Quando chegaram os sinos maiores, o “pioneiro” peregrinou por várias Capelas. Por último, esteve “a serviço” da Capelinha do Cemitério Paroquial. “Aposentou-se” no Museu de Azambuja. Aqui, o Appal veio bater as três fotos (Foto Primavera).



(ORELHA I (capa))

APPAL - Arquivo Provincial Padre Lux e sua Bandeira

Eloy Dorvalino Koch scj
Diretor do Appal
Doutorado em Educação / USP

Karina Santos Vieira
Secretária do Appal
Licenciada em História / UNIFEBE
Mestranda em Educação / UDESC


(ORELHA II (contra-capa))

Contato:
Appal - Convento SCJ
Av. das Comunidades, 111 - Cx. Postal: 20
88350-970 – Brusque – SC
(47) 3351-1404 / (47) 3351-1499
__________________________________________________________________________________________________________________
Brusque





Do Seminário Sagrado Coração de Jesus de Brusque


Do Seminário Sagrado Coração de Jesus de Corupá













Trabalhos de taxidermia do Irmão Luiz no Museu Irmão Luiz Gartner do Seminário Sagrado Coração de Jesus de Corupá:

















Trabalhos de taxidermia do Irmão Luiz no Museu Arquidiocesano Dom Joaquim de Azambuja-Brusque












































































































































   














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